segunda-feira, 13 de março de 2023

Zum e Bum: HQ "Bons planos"

Mostro uma história em que os irmãos Zum e Bum planejam assaltar mais uma vítima só que as coisas não aconteceram como eles imaginavam. Com 5 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 32' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Mônica Nº 32' (Ed. Globo 1989)

Zum avisa ao Bum que tem um vítima para eles assaltarem vindo pela trilha. Bum bate na cabeça do Zum com porrete mandando falar baixo para não chamar atenção de todo mundo. Eles vão esperar a vítima passar, descobrem que era ao delegado e vão presos por causa da mancada do Zum.

Na prisão, Bum fica brabo e Zum comenta que estava pensando que eles podiam emagrecer e passar pelas grades que são bem separadas. Então, eles ficam algumas semanas sem comer e ficam magrinhos. Conseguem fugir pelas grades, mas como estavam fracos sem comer, desmaiam na rua. Quando acordam, estão na prisão de novo, o delegado fala que foi fácil recapturá-los por estarem há 2 metros da delegacia.

Bum avança no Zum com raiva de mais uma mancada dele. Cumprem a pena por um tempo e o delegado os soltam. Para comemorar, Zum quer realizar o assalto do século e Bum cai fora, pretende trabalhar sozinho, cansado das ideias do irmão. Depois de barba feita, Bum vai procurar e avista uma vítima, quando se aproxima era o Bum, que grita pedindo socorro para polícia. O delegado aparece e veem que eram Zum e Bum e os prendem de novo. No final, Bum cheio de raiva do Zum por passar mais uma temporada na prisão.

Engraçada a história em que Bum tem que lidar com as trapalhadas do seu irmão Zum, ia atrás das ideias dele e se davam mal juntos. Seja por falta de atenção ou por idiotice mesmo por parte do Zum, sempre pararam na prisão. Na realidade, os dois eram errados, Zum pelas suas ideias burras e Bum por aceitar as ideias do irmão, por isso se davam mal. Podiam enxergar melhor ao avistar as vítimas ou esperar se aproximar mais para ver quem era mesmo antes de atacar. No final, Bum até fez também a mancada de assaltar quem não deve, mas se Zum não tivesse gritado, no estilo de bandido assaltar bandido, eles não seriam presos de novo.

Foi engraçada também a ideia de emagrecerem e sairem pelas grades, interessante como conseguiram ficar tanto tempo sem comer e não terem morrido e a capacidade de conseguirem escalar parede para fugir pelas grades se estavam fracos.  Foi bom também vê-los barbudos e cabeludos, dando ideia que ficaram muito tempo presos, usar pedra afiada para fazer a barba no lugar de um barbeador e que em um quadrinho estava raspada e no outro, já cresceu mais do estilo de antes. Absurdos de histórias em quadrinhos que sempre eram divertidos. E gostava de inserirem coisas modernas na Pré-História da Turma do Piteco que não existiam como espelho e delegacia.

Divertido também tiradas como Zum perguntar se Zum pensa e tratarem assaltar pessoas como trabalho deles. Os traços muito bem caprichados, teve um erro no terceiro quadrinho da primeira página invertendo as cores dos calções dele, com Zum aparecendo de calção vermelho e Bum, de roxo, que devia ser o contrário. Incorreta hoje em dia pelo tema de envolver bandidos e assaltos, além da pancada na cabeça com porrete no Zum e todos os absurdos.

Histórias de Zum e Bum seguiam esse estilo de irmãos gêmeos bandidos atrapalhados, tentavam assaltar os outros, mas não tinham sucesso e sempre eram presos no final por causa dessas trapalhadas. Um era o líder que criava as estratégias de assaltos e o outro era o mais burro e estragava os planos. Criados em 1963 inspirados em Tweedledee e Tweedledum, de Lewis Carrol, e lembrando os Irmãos Metralha da Disney, tinham muitas histórias deles na Editora Abril e Globo, eram bem frequentes, até porque os gibis em si eram cheias com histórias de bandidos de todos os tipos, principalmente na Editora Abril que quase todos os gibis tinham alguma história assim, mas por causa do politicamente correto de não aceitarem bandidos nas histórias, Zum e Bum foram para o limbo do esquecimento a partir dos anos 2000, quando qualquer bandido foi banido das histórias, até os atrapalhados. Adorava as histórias deles, principalmente das formas que se davam mal, uma pena terem sumido. Mais detalhes de Zum e Bum pode ver AQUI.

37 comentários:

  1. Infelizmente parece que a sina dos gêmeos é verem o (S)sol nascer quadr... Peraí! Janelas das celas do presídio de Lem são redondas...
    Marcos, assim como Piteco e Thuga, Bum e Zum também foram criados nos anos 1960? Li algo a respeito, não lembro se são dos 60's ou 70's.

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    1. Essa era sina deles, sem dúvida, não tinha jeito as tentativas de fugas, sempre ficavam na cadeia. As celas nas histórias da Turma do Piteco costumavam ser desenhadas redondas, mesmo não ter sido inventada a roda, apesar de terem histórias com eles criando roda. Coisas dos quadrinhos. E Zum e Bum foram criados nos anos 1960 em tabloides de jornais do Piteco e nos gibis estrearam em Mônica 2 de 1970.

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    2. Desculpe, Marcos! Preguiça de ler, que coisa feia... Foram criados no mesmo ano em que Cebolinha se equilibra no meio-fio e... eis que surge... a Dona da Rua...

      Como são uma dupla pré-histórica e Papa-Capim e Cafuné também são tidos como "primitivos" segundo nossa "ótica civilizada", poderiam ter variado nas cores das "roupitchas", roxo para Cafuné e Bum e vermelho para Zum e Papa-Capim, não que as cores estabelecidas para ambas as duplas tenham ficado visualmente ruins, claro que não interpreto assim, acho até que a junção destas cores é harmoniosa, embora seja uma "combinação separada", ou seja, cada um usa uma cor, diferentes, por exemplo, de Piteco, cuja roupa é bicolor. O que aponto é que mais um par de cores aplicado nas vestes dos indiozinhos ou nas dos criminosos variaria um pouco mais. Correlação que faço com os quatro personagens é só mesmo por conta das bases primitivas e por serem duplas, Papa-Capim funciona muito bem sem Cafuné e vice-versa, não possuem interdependência como Zum e Bum, contudo, é evidente que funcionam como dupla em boa parte das HQs do núcleo indígena.

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    3. É, cheguei a falar no texto, sem problema. Pelo visto acharam cores vermelha e roxa juntas como harmoniosas, por isso a semelhança das duplas nesses núcleos. Lembrando que vale a partir dos anos 1980 porque Papa-Capim e Cafuné apareciam com tangas de cores diferentes a cada história nos anos 1970, quando apareciam nos gibis.

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    4. Acho que essa eu ainda não havia reparado, ou se reparei, não registrei, vou passar observar cores das tangas ou tapa-sexos de Papa-Capim e Cafuné dos 70's.
      Depois que as cores foram efetivadas, para diferenciar(em) de Bum e Zum os índios poderiam usar verde e amarelo, Papa-Capim com verde e Cafuné com amarelo ou vice-versa, representando condição de primeiros brasileiros ou brasileiros verdadeiramente natos. Ao mesmo tempo soaria como hipocrisia devido à população indígena representar uma parcela de pouca expressão no Brasil por conta dos constantes massacres que os ameríndios sofreram durante o processo de colonização portuguesa.

      Acho um barato a criatividade nos concisos nomes dos ladrões, são onomatopeias. Bum significa a prática da função, ou seja, os assaltos, as surpresas e sustos das vítimas abordadas nas tocaias, os furtos, invasões com e sem arrombamentos, explosões para se obter o que é de propriedade alheia ou para escapar do cárcere estando nele ou para furar o cerco que leva a ele, o de roxo possui um "amplo nome curto". Já Zum representa bater em retirada após crimes efetuados, outrossim fugas enquanto detido(s) e como detento(s), o mesmo que os famosos sebo nas canelas, pernas para que te quero e por aí vai...

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    5. Pode reparar nos anos 1970 com eles com tangas azuis, pretas ou qualquer outra cor. Acho que verde é amarelo sairia forçado pra Papa-Capim e Cafuné. Concordo que os nomes de Zum e Bum foram bem criativos, Mauricio mandou bem levando em conta o universo deles.

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    6. No entanto, pior do que soar hipócrita se os indiozinhos trajassem essas duas cores, seriam os gêmeos com elas, um vestindo verde e o outro, amarelo, aí, ainda que não fosse intencional, dado que vivem do banditismo, soaria ofensivo à nação brasileira.
      Uniforme ou traje de combate de personagem gringa que curto pacas é o da x-man Vampira (Rogue), colã (collant) verde e amarelo com jaquetinha marrom, e por vezes essas jaquetinhas são em verde-oliva. Refiro-me ao traje que ficou consagrado nos quadrinhos publicados no Brasil nos anos 1990, provável que essa harmoniosa composição do look de combate dela tenha origem na década anterior, e é bem diferente, por exemplo, do que usa na série animada X-Men Evolution e do traje da versão cinematográfica da personagem. Clássica essa roupa da Vampira do gibi, remete um pouco à bandeira brasileira.

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    7. Verdade, seria um falso patriotismo por conta de Zum e Bum se trajassem verde e amarelo, ficou bem assim ser cores da bandeira do Brasil. Traje da vampira Rogue do gibi, de fato, lembra a bandeira brasileira, sim.

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    8. Conheço Zum e Bum desde criança, mas, mesmo que sempre lesse as tramas deles nunca prestei muita atenção nas personalidades de cada um, sei que ambos são atrapalhados desde tenra idade, daí, nesta HQ está claro que Zum é panguado, mas, este é o padrão? Bum é sempre o mais sensato da dupla ou varia?

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    9. Tinham variações, sim. As vezes era o Bum que era o atrapalhado e Zum o mais sensato, ou então histórias giravam como planos do Cebolinha, que quase davam certo, mas um deles estragava no final. O que era fixo é eles serem presos no final.

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    10. As formas dos balões de fala reforçam a rusticidade do núcleo, fora os com ondulações sinuosas, remetendo a movimentos de corpos líquidos e/ou viscosos, indicando intonações elevadas, recurso generalizado, abrange todos os núcleos.

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    11. Sim, era normal isso em todos os núcleos.

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  2. Seja na vida real ou na ficção, é ótimo ver bandido se dar mal.

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    1. Pois é, não vejo problema de ter bandidos nas histórias se eles se dão mal no final, terem castigo que merece.

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    2. Única HQ antiga da TM em que criminoso se dá bem é "Programada para comer" (Magali nº10 1989), pelo menos só conheço essa onde quem apronta feio termina impune, espero que não hajam outras do tipo. Um pizzaiolo chamado Guido pinta e borda, termina história feliz da vida como pasteleiro, xilindró que é bom... necas! Acredito que enaltecer impunidade não foi intenção do roteirista, Mauricio cochilou aprovando roteiro com esse final sem noção até para o punk padrão dos 80's, a trama é muito boa, era só ter mudado desfecho em relação ao malfeitor e seu funcionário comparsa - esse é um tanto ingênuo, parece que foi coagido a colaborar nos atos criminosos.

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    3. Zózimo, nessa história de abertura da Magali o pizzaiolo se deu bem no final, se bem que considero mais como vilão e não como bandido armado, mas de qualquer forma, o vilão se deu bem nessa, foi como que se redimiu com o novo negócio dele que criou sem querer.

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    4. Conheço essa HQ que vocês estão falando, eu tinha ela em um almanaque de quando era criança (nessa época ainda não tinham alterações... ainda bem), e digo que era uma das minhas histórias favoritas da Magali, muito marcante. E sobre o bandido se dar bem no final... confesso que nem tinha me ligado nesse detalhe até tu falar, mas acho que nem me importo na verdade, porque o resto da HQ é muito bem-bolada, e acho que o final dá um certo toque de humor. Tipo, com todo mundo tentando levar crédito, ''não, foi graças a mim que...'', achei um final divertido, ainda que politicamente incorreto.

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    5. Isabella, também achei divertido o final, apesar dele se dar bem, mostrou que ele se redimiu e as meninas o perdoaram, principalmente a Magali que pôde comer a vontade lá.

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    6. Roteiro dessa trama é muito bom, crueldade quase ilimitada do pizzaiolo enriquece demais a história, só acho que deveria terminar cumprindo pena como cozinheiro e relativamente feliz pelo positivo destaque que teria em meio aos detentos e funcionários do sistema prisional por levar para cozinha do xadrez a descoberta culinária ocorrida por conta do embate que travou com as gurias assim que uma descobriu cativeiro em que a outra era mantida. O panguado funcionário comparsa deveria cumprir menos anos em relação à pena do patrão e essa diferença seria resumidamente mencionada. De qualquer modo, mesmo com crime compensando, essa aventura gastronômica é uma baita comédia.

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    7. Zózimo, foi um ótimo roteiro, sem dúvida, e na época nem me toquei que ele merecia mais punição do que se redimir e alavancar seu negócio. Independente disso, não deixa ser uma excelente história.

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    8. Também não me toquei na época, tive Magali nº10 de 1989, adquiri novo(a), só fui me dar conta muito, muito depois mesmo, dez ou doze anos atrás. Falhazinha moral que não conseguiu desqualificar o roteiro.

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    9. Pra crianças não percebem esses detalhes de vilão ou bandido se dar mal, bem normal, e não desqualificou roteiro mesmo por causa disso.

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    10. Tem uma história do Papa Capim que o bandido foge da prisão por baixo da terra e cai na tribo dles. Lá ele toca o "zaralho"..arranca as penas de umas aves raras lá, sai com uma índia adulta (com os peitos de fora, como era bastante comum na Abril), brinca com os indiozinhos, e começa a fazer várias coisas por lá! No final ele vê que se sentiu tão bem na aldeia que prefere ficar morando pro resto da vida! Ou seja, se deu bem também! Não aprendeu nada e ainda no final das contas ficou num lugar tranquilo pra passar os seus dias! De vez em quando eles se davam bem sim haha

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    11. Luan, lembro dessa do Papa-Capim, também foi outro caso do bandido ter se dado bem no final, pelo menos se a polícia não o encontrar lá depois. As vezes acontecia isso, principalmente Editora Abril anos 1980.

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    12. Roteiro punk, não sei se conheço, me deixaram curioso.
      Pela descrição do Luan dá impressão de que há algo mais, isto é, embora zoe bastante o plantão após escapar da penitenciária, perturbando, intoxicando ambiente silvestre como forasteiro de má índole, terminando de boa em um paraíso selvagem, parece conter alguma coisa aí, sei lá, algo filosófico, algum aprendizado ou mensagem, pode até ser que não, mas pelo menos sugere isso. Diferença que há entre esse tal prisioneiro fugitivo e o pizzaiolo é que, apesar de não se dar mal no final, na clausura já vinha comendo o pão amassado pelo Dianho, ou seja, a trama possui equilíbrio.

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    13. Zózimo, essa é por volta de 1984, 1985. Lado filosófico que vejo é o bandido se arrepender dos crimes e ver que na selva é melhor de se viver do que na cidade e melhor ficar lá na selva do que na prisãopelo resto dos seus dias. Se ele não roubar os índios a partir daí, se regenerando, aí menos mal.

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    14. O criminoso expõe de fato essa reflexão ou o que você está dizendo é da seara interpretativa de cada leitor? Ou seja, ao término da trama essa seria uma possibilidade, é isso?

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    15. Uma possibilidade, não pode afirmar isso. E foi apenas um criminoso na história.

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    16. Parece que conheço essa HQ... Sendo de meados da década é mais provável ser de Chico Bento do que de Cebolinha ou Mônica, aliás, nem sei se há tramas desse núcleo em edições mensais de 1983 a 1986.

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    17. Zózimo, parece que foi de gibi do Chico Bento. Era raro ter histórias do Papa-Capim nos gibis da Mônica e do Cebolinha, só quando eram maiores que não teriam espaço em gibis do Chico Bento quinzenais, salvo exceções.

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    18. Encontrei essa bendita história no canal JRXILU, "Nem tudo que reluz é ouro (ou diamante)". Quase certo que a conheço por republicação, embora antigamente tenha tido, entre novos e usados, mais ou menos uns quinze gibis do Chico de periodicidade quinzenal editados pela Abril, pode ser que conheci por meio de um do tipo, sei lá, creio que não.
      Seios da índia estão sem mamilos, mesmo conhecendo a HQ não sei se ausência disso é original ou se é censura do canal.

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  3. Se não teve o gibi talvez tenha visto a história por acaso na internet. Tinha bastante histórias com bandidos com as crianças para todos os gostos, os atrapalhados, assaltando, apontando arma, sequestrando, as próprias crianças forçadas a assaltar pelos bandidos ou assaltando sem querer e por aí vai. Eu nem ligava, achava normal até porque tinha isso nos desenhos e também os bandidos se davam mal no final. Nas atuais, uma ou outra rara se salva, já maioria apenas cartilha educativa xarope.

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  4. Ótima história do Zum e Bum. Adorei as partes do Bum acertando o Zum com o porrete, eles tentando fugir e o final.

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    1. Muito legal. também gostei dessas partes, principalmente batendo com o porrete.

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  5. Boa história... eles andam sumidos e pena mesmo é não ter essa edição na coleção! :p rs

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    1. Bem sumidos mesmo, há muitos anos. Caso voltarem um dia, serão bem bobinhos, descaracterizados, que se forem mudar personalidade deles, melhor continuarem sumidos rs.

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  6. Zum&Bum, Rubão e Mariazinha, Teveluizão, Zé Luís,... um monte de personagem bom e interessante que foram deixados na geladeira...
    Não leio nada da tirma da Mônica há muitos anos, mas também tenho a impressão de que até a Marina está sumida

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