segunda-feira, 27 de março de 2023

Cascão: HQ "O ovo da sujeira"

Em março de 1993, há exatos 30 anos, era publicada a história "O ovo da sujeira" em que o Cascão tenta desvendar o mistério de como ficou limpo sem tomar banho da noite para o dia, assim como toda a cidade limpa. Com 17 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 162' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Cascão Nº 162' (Ed. Globo, 1993)

Cascão acorda para mais um dia para se sujar e escapar do banho, quando abre a janela e vê que o quarto está todo limpo. Fica lamentando que não tem mais manchas na parede nem sujeira acumulada por tantos anos e percebe também falta do seu cheirinho. Corre para o espelho e vê que está limpo e desmaia.

Cascão não acredita que deram banho nele enquanto dormia e se pergunta como não sentiu e acha que devem ter dado anestesia geral nele. Reclama que acabaram com ele e com seu charme, veste a roupa e diz que de agora em diante vai viver para descobrir o malvado quem fez isso com ele e suspeita dos seus pais.

Quando vai falar com a mãe, Dona Lurdinha nem presta atenção, só quer comemorar que a louça, roupas sujas e a casa toda estão limpas, alguém tirou o serviço dela de uma semana e vai ao clube tomar sol por não ter o que fazer e Cascão deduz que não foi ela quem lhe deu banho. Então, ele vai falar com o pai, que chega comemorando que não precisa mais pintar a casa, está limpinha e lavaram o carro também e Seu Antenor vai também ao clube com a esposa.

Cascão diz que ninguém reparou na desgraça dele e aproveita para sair de fininho disfarçado, se sujar de novo e o mundo não saberá que um dia deram banho nele. Chegando no lixão, tem a surpresa que também estava tudo limpo, até as coisas que jogaram fora lá e vê também que a rua e a cidade toda limpinha, não tem um papel no chão e até as latas de lixo vazias e limpas e grita que só pode ser um pesadelo e manda acordá-lo.

Cebolinha pergunta por que a gritaria, Cascão avança nele, afirmando que foi ele quem deu banho e limpar a cidade em mais um de seus planos infalíveis. Cebolinha diz que não foi ele, nem poderia, e Cascão acredita porque os planos dele nunca deram certo. Cebolinha fala que o lado bom é quem fez isso, deixou a cidade mais limpa e mais saudável e pergunta se Cascão não está se sentindo melhor limpo assim. Cascão diz que está só mais sem graça e vai embora para ficar sozinho.

Cascão se pergunta quem é o limpo quem fez isso com ele e queria que a terra se abrisse e o engolisse, quando uma mão se estende e o carrega para o subsolo terrestre. O monstrinho de sujeira, também limpo, foge. Cascão acha que era familiar e aparece o Capitão Feio, que diz que foi ele quem limpou a cidade toda. Cascão estranha porque ele sempre gostou de sujeira. 

Capitão Feio conta que fez isso momentaneamente para a boa causa de sujar o mundo de vez. Graças e Engenharia Genética avançando e com seus conhecimentos de cientista, resolveu criar um ser poderosíssimo para poluir o mundo e como precisava de muita sujeira, aspirou toda a sujeira da cidade durante a noite com o seu superaspirador, inclusive as sujeiras dele e do Cascão. Aí, pegou toda a sujeira concentrada e as células de DNA e injetou dentro de um enorme ovo artificial para produzir um monstro poluidor que jamais existiu.

Cascão fica feliz que não ficou limpo por causa de banho e estranha que o bicho não nasceu ainda. Capitão Feio diz que ele tem que ser chocado á moda antiga para ser saudável, ele já está com a bunda doendo, não confia nos seus monstrinhos de lama e quer que o Cascão choque porque gosta de sujeira. Cascão não aceita porque não gosta de sujeira como ele, não obriga ninguém a não tomar banho e nunca limparia a cidade como ele fez.

Capitão Feio explica que mesmo se o monstro não sujasse mais, a cidade se autopoluiria de novo por causas das fábricas, gente produzindo lixo, fumaça e vai voltar como era antes sem interferência dele. Cascão acha ótimo, tem nada para fazer lá e deseja ir embora. Capitão Feio não deixa e o obriga a chocar ovo ameaçando a lhe dar banho.

Cascão fica em cima do ovo e quando choca, Capitão Feio tem expectativa do monstro ser ameaçador desde pequeno e quando crescer vai poluir o mundo. Só que o filhote é um pintinho sujo inofensivo e amoroso. Capitão Feio fica com raiva de ser um cientista genético fracassado, Cascão e os monstrinhos de sujeira riem e Cascão sai do esgoto. No final, a cidade já está suja de novo, Cascão se suja de novo na lama e entrando na lata de lixo, fica feliz em tudo voltar o normal, mas reflete se a verdadeira ameaça ao mundo são eles mesmo, já que as pessoas sujam tudo sozinhas.

História legal em que o Cascão vê que ficou limpo ao acordar e quer descobrir quem fez isso com ele. Na rua, descobre que a cidade toda estava limpa também. Era o capitão Feio por trás disso que precisou tirar toda a sujeira da cidade para criar um monstro que poluiria tudo depois, mas depois do Cascão chocar o ovo, o monstro era só um pintinho que não faria mal para a cidade nem depois de grande. 

Foi toda engraçada com destaques para o susto e o desespero do Cascão em se ver limpo e ter achado que deram banho sem ter visto, achando até que deram anestesia geral nele e sair disfarçado até  o lixão pra ninguém vê-lo limpo, a surpresa de ver até o lixão e lata de lixos limpos, tentar questionar os pais e o Cebolinha, de fato ser engolido ao falar que queria que a terra se abrisse e o engolisse, os monstrinhos limpos, a surpresa do Capitão Feio limpar a cidade para criação de um monstro genético e o plano dele ter fracassado.

Do nada não tinha mais sujeira no mundo, Capitão Feio tinha que limpar tudo para sujar tudo outra vez com os monstro que criaria. Dava para pensar, a princípio, com até cidade limpa, que era coisa do Doutor Olimpo. Se fosse ele, o plano tinha dado certo e estilo de história seguiria diferente, só restaria depois o Cascão conseguir um jeito de reverter para voltar ao normal.

Capitão Feio se saiu um excelente cientista criando um mostro de laboratório  e um superaspirador que suga a sujeira da cidade de São Paulo. Com certeza o mundo precisaria de um superaspirador desse. Os vilões da Turma da Mônica muitas vezes eram cientistas que usavam seus inventos criativos para fazer suas maldades, eles eram bem mais perversos e interessantes antigamente.

Teve até envolvimento a Engenharia Genética, que era uma novidade na época e estava sendo bem falada na mídia, ou seja, foi um tema bem inovador e Capitão Feio a frente do seu tempo, só não contava ter seu plano fracassado por erros de cálculos, ter pego uma célula de DNA errada de uma galinha ou teria que pegar toda sujeira do Brasil ou do mundo para o monstro ter mais sujeira concentrada. 

Foi uma das histórias que Cascão aparece limpo sem ter tomado banho, tinham várias formas que ele aparecia limpo sem sequer ter encostado em água como quebrar a crosta de sujeira ao cair no chão ou a Mônica bater nele, ou então por maquiagem, ou Mônica assoprar e a sujeira voar, entre tantos outros casos, era engraçado quando acontecia. Também adorava os personagens falando sozinho como malucos quase histórias todas e o Cascão era "expert" nisso, era o melhor em histórias de monólogos, nessa ficou bastante tempo falando sozinho com maestria. Excelente também a referência ao Baby do seriado "Família Dinossauros", um grande sucesso na televisão na época, quando Cascão fala "não é a mamãe", sem querer imitar ninguém.

No final, uma boa mensagem de reflexão de meio ambiente, que os homens que são os culpados pela poluição do mundo, não adianta limpar, se ninguém respeita e forma os lixos, se fossem mais responsáveis a cidade continuaria limpa após a intervenção do Capitão Feio. Mesmo com essa mensagem no final, é impublicável hoje em dia por causa da apologia a sujeira do Cascão, se sujar na lama e entrar em lata de lixo, Capitão Feio querer sujar mundo, Cascão chocando ovo como galinha, ser comparado a um animal, além de tentar desafiar os pais e querer surrar o Cebolinha.  A palavra "desgraça" não pode ter mais nas revistas e "gozado", bem comum na época, também é proibida hoje por ter duplo sentido. De curiosidade, as mães dos personagens antigamente eram só dona-de-casa, hoje elas trabalham, sejam fora ou por home office, então hoje provavelmente mudariam que em vez de ir ao clube, a Dona Lurdinha poderia trabalhar ou uma forma sem dar ideia que era só dona-de-casa.

Os traços muito bem desenhados, foi legal o efeito dos dois quadrinhos iniciais da primeira página para dar um ar de mistério, sem impacto inicial que Cascão estava limpo. História teve vários erros como o Cascão falar de boca fechada na página 7 da revista, Monstrinho de sujeira aparecer com mão de cor de pele já que tinha que estar com mão pintada de azul no terceiro quadrinho da página 10 e o Cascão com olho fechado pintado de branco na página 15. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

47 comentários:

  1. Esse foi um dos meus primeiros gibis do Cascão, minha mãe me comprou quando eu tinha 6 anos de idade. Pena que um moleque infeliz me roubou esse gibi na escola ahahah! Muita nostalgia essa capa e essa história !

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    1. Legal que esse gibi foi o primeiro que você teve, muito bom esse, tanto capas e histórias, teve até o Michael Jackson na história de encerramento do Bidu. Pena ter perdido depois, também já tive gibis perdidos assim de outros levarem, por isso não empresto mais, certíssimo quem não empresta. E sinal que se comprava com frequência, agora você vai ver com mais aqui os primeiros gibis que teve ou ainda tem.

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    2. Na verdade o moleque tinha me furtado o Cascão 166, o 162 acho que eu vendi. E, sim, a partir de 1993 passei a comprar os gibis, 30 aninhos atrás...

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    3. De qualquer forma furtram gibi seu, o que foi muito ruim. O Cascão 166 foi muito bom também.

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  2. Lixão brilhando de limpo... batuta!!
    O sujã..., ou melhor, o "limpão" apertando o dislálico também é maneiro, quando se fala em planos infalíveis o que vem às cabeças dos leitores é Mônica como alvo, contudo, muitos dos planos para limpar o Cascão têm como autor o Cebolinha.
    O diálogo dos três últimos quadros da décima segunda página (14) ilustra muito bem a grande diferença entre o vilão e o guri.

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    1. Só Capitão Feio pra conseguir façanha de lixo brilhando. O Cebolinha fazia muitos planos contra o Cascão, na vantagem de que não apanhava no final, mas também não davam certo, por isso o Cebolinha foi um dos suspeito de deixar o Cascão limpo na história. Cebolinha também fazia planos contra a Magali muito bem. E deixaram bem claro aí as diferenças entre Cascão e Capitão Feio e por isso ele não ajudá-lo a poluir o mundo.

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    2. É mesmo, nem a Magali escapou dessa paranoia, só não bolou planos contra o Chico Bento porque esse é de outro núcleo, Cebolinha é obcecado...
      Outro ponto gozado* é Cascão não botar* fé em Capitão Feio enquanto uma ameaça para humanidade, o desqualificando no primeiro quadrinho da última página.
      **Não botou, mas, chocou. Capitão Feio deu uma de godero (ou godelo) para cima do Cascão que, acaba dando a volta por cima, já que melhor é rir por último, goza o vilão - "sarro", "gozar", maldade encontra-se nas mentes indecentes dos que fizeram pressão para que estes termos se tornassem proibidos no vocabulário empregado nos gibis da TM clássica. Quanto mais puritano, mais obsceno é o íntimo dessa gente, pois reprimem a libido de modo inconsequente, essa mentalidade só presta para ferrar quem a segue.

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    3. É, Cebolinha fazia planos bons com qualquer pessoa, Chico bento escapou por ser outro núcleo. O Cascão não acreditava que o plano do Capitão Feio daria certo e depois de ter confirmado no final, caiu na gargalhada. Bem feito pra ele.

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    4. "É... Pelo jeito, a culpada, sem querer imitar ninguém... NÃO É A MAMÃE!"
      Baita bordão das antigas... Será que leitores mais novos conseguem pescar esta referência?
      Como preservação de memória é algo que a MSP passou não dar a mínima, atualizando vários elementos através de republicações, será que em uma possível republicação desta história esta fala seria mantida?

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    5. Na época era fácil decifrar quem falava o bordão, ainda mais que Família Dinossauros estava no ar, acho que novas gerações não conhecem, só iria saber no texto que coloquei informando. Acredito que eles alterariam hoje essa parte para não deixar algo datado que eles não gostam, tudo datado eles costumam mudar em almanaques.

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    6. "(...)chocando ovo como galinha, ser comparado a um animal,(...)"
      Foi obrigado a pagar de tico-tico para o godero malfeitor.

      Erro que a princípio parece somente de colorista é o piso verde do subsolo no sexto quadrinho da oitava página (pág.10), porém, quem coloriu foi induzido ao erro, os traços de ambos os lados do personagem remetem a gramado.

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    7. Foi obrigado, com certeza. Nesse erro, o certo seria chão cinza, erraram em deixar verde já que não tem grama no esgoto. Deve ser o costume de desenharem grama nas histórias.

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    8. Quem aqui conhece o antagonista do Batman que atende pela alcunha de Duas-Caras? Pois o guri saltitando de alegria ao saber que, embora limpo, continua invicto, o vilão para ele afirma:
      "Claro! Isso eu JAMAIS faria!"
      Detalhe: "jamais" está em negrito, daí, a fala iniciada pelo mesmo no último quadro da décima terceira e concluída no primeiro da décima quarta (15,16) é uma senhora contradição.
      Neste ponto o malfeitor da DC é o mais confiável da classe vilanesca, pois "está na cara" - seu rosto é literalmente dividido em duas faces - que desdiz tudo que diz, permitindo mais previsibilidade para quem o combate. Para policiais e heróis, classes acostumadas com perrengues, é mais, digamos, "confortável" lidar com ele do que com os demais vilões.
      Entretanto, o Capitão Feio pagando de "Judas Carioca"* ficou na medida certa, afinal, vilão que se preza não cumpre a palavra, não tem compromissos ético e moral.
      *O personagem de Renato Aragão, Didi Mocó, de vez em quando proferia esta pérola.

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    9. Zózimo, interessante a comparação, nem lembrava disso, bem verdade. E o Capitão Feio entrou em contradição mesmo já que ameaçou de dar banho no Cascão se não chocasse o ovo. Talvez até falou só pra dar susto e na hora H não daria banho nele, de qualquer forma, foi o suficiente para Cascão chocar o ovo.

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    1. A maioria da minha coleccao vem desta fase entre 1989 (quando comecei a saber ler, com 3-4 anos) e 1999-2000, quando ja estava adolescente (mas ainda lia, e li durante mais uns dez anos!) A minha Tia comprava-me quase todas as semanas, pelo menos uma das revistinhas da Turma. Tive mesmo muita sorte em ser crianca durante estes anos de ouro da Turma, e deixar de comprar/receber revistinhas novas justamente quando a qualidade comecou a decair a pique. A partir de 1999, sao mais as historinhas de que nao gosto do que as que gosto, apesar de ainda haver historias muito boas como O Filminho da Marina, O Melhor Plano Que Eu Ja Bolei em Toda a Minha Vida, Era Uma Vez..., e uma em que o Cascao deixa fugir uma figurinha e corre pelo Bairro do Limoeiro inteiro para tentar apanhar (nao me recordo do titulo desta ultima.) Mas a maioria acho muito 'enrolada', e nao suporto as caretas do Emerson Abreu (por sinal, estas historias que citei tem muito poucas, apesar de terem muitos personagens 'saltitantes' e com linguajar de giria moderna, agindo como dez anos mais velhos do que a sua suposta idade.)

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    2. Pois é, quem foi criança nos anos 1980 e 1990 puderam usufruir de excelentes gibis, um melhor que o outro. De fato, os de 1999 em diante já estavam dando queda, mas tinha as que salvavam. Também não gostava das caretas exageradas do Emerson que começaram em 2000, no máximo língua pra fora com mais frequência na segunda metade dos anos 1990, que até ficavam bons.

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  4. Edita o texto pra falar que "Desgraça" também não se fala na Turma da Mônica.

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  5. Fala sobre a história "A arte" no dia da mentira (01/04)?

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    1. Acho que não vai dar história no dia da mentira, está muito perto, mas nesse ano ainda posto essa história "A arte".

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  6. Muito bonitos esses traços dos dois primeiros quadrinhos.

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  7. Muito boa... não tenho essa na coleção! rs ;)

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    1. Muito boa mesmo. Tomara que consiga encontrar edição :D

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  8. Marcos Sobre O Politicamente Correto Que Nos Tanto Debatemos Aqui Temos Que Concordar Uma Coisa A Melhor E Mais Clássica Fase da MSP Foi Entre 1984 E 2009 Nesses 25 Anos As Histórias Eram Mais Livres E Criativas E Os Roteiros Eram Mais Inteligentes A Partir de 2010 O Politicamente Correto Foi Ganhando Cada Vez Mais Força E A Cada Ano Começou A Piorar E Sobre O Emerson Abreu Dá Pra Perceber Que Nos Anos 90 E 2000 As Histórias Dele Eram Até Mais Grotescas do Que As Demais Como Por Exemplo Os Micos Que A Gente Paga Pra Ir A Praia de Magali 391 de 2005 E Tem Uma Estranha No Meu Banheiro de Cascão 459 de 2006 Entre Outras

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    1. Verdade, o Emerson ainda colocava histórias incorretas, mais diferente do que as outras. Ele anda sumido das revistas.

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    2. Até que no início (de 96 Até 2000) as histórias do Emerson eram boas. Depois, deram liberdade demais pra ele e começou a fazer só história sem pé nem cabeça, descaracterizando personagens e implantando as terríveis caretas e expressões exageradas. Por mim, que ele continue bem longe da TM clássica, deveria ficar só na TMJ.

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    3. Já comentei isso a um tempo atrás, mas digo que as histórias do Emerson são meio que ''hit-or-miss'' para mim, entendo que muita gente não gosta das histórias dele, mas acho que a questão com ele seria ''concepção vs execução''. Em teoria, eu acho que histórias do Emerson tem muitas idéias boas; essa que ele citou ''Tem uma Estranha no Meu Banheiro'', por exemplo, é uma história sobre todos os meninos verem a mãe do Cascão molhada de toalha e se apaixonarem por ela- uma ótima idéia de história, concordam (e bem incorreta)? Mas o que estraga mesmo a história é o excesso de caretas, movimento e correria, essa é a fraqueza do Emerson. Mas a idéia da história em si é bem legal, o problema é a execução.
      E vamos combinar que com ou sem o Emerson, as histórias da turma continuam ruins de qualquer jeito. O politicamente correto existe e persiste, independentemente dele.

      Agora pensando melhor... acho que o Emerson se daria melhor como escritor de desenhos animados. Acho que o estilo dele, com todo dinamismo e caretice, se daria melhor em um desenho como ''Ren e Stimpy'' ou ''Looney Tunes'' do que nos quadrinhos. Essa história mesmo acima virou desenho animado, e acho que se traduziu melhor em animação do que em papel. É um estilo bem ''Cartoon Network''.

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    4. Concordo com o Ricardo que histórias dele eram melhores até em 2000. O que estraga mais são os traços com muitas caretas sem condizer com momento da história. Lado positivo dele que as histórias dele não tinha roteiro bem infantiloide como estão agora, se pelo menos não tivesse caretas, dava pra aceitar mais.

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    5. Ricardo, para mim o problema traduz-se no seguinte. Vou inventar uma cena para exemplificar.

      CENA: Os meninos fazem um plano quando um deles ve a Monica chegando.

      ANOS 80: Desenho dos meninos bolando plano, um deles olhando para o horizonte com cara de 'Glup' e balao de pensamento 'A Monica!'. Segundo quadrinho, esse menino avisa os outros e todos arrumam e fogem com a Monica perseguindo. SOC! TUM! POF! e todos se retiram, feridos e magoados, culpando o Cebolinha.

      ANOS 90: Igual a acima, mas com desenhos mais expressivos e expressoes de medo/aflicao. Todos fogem com a Monica correndo atras, uma imagem super-dinamica e engracada. SOC! TUM! POF! e todos ficam no chao, empilhados, culpando o Cebolinha.

      ANOS 2000: A crianca em causa vem saltitando, olhando para cima de forma que so se ve a boca, e grita 'Pessoal! A Monica vem vindo! Salve-se quem puder!' ou algo assim. Os outros fazem caretas exageradas. Segundo quadrinho, todos correm (pulam) como baratas tontas, gesticulando e esbracejando, enquanto gritam 'Salve-se quem puder! Ai, meu Deus! Catastrofe! O Apocalipse chegou! Meninos e criancas primeiro!' e outras expressoes. Gastam nisto mais dois quadrinhos. A Monica chega com olhos redondos e careta exagerada de raiva e os meninos dizem mais umas exclamacoes daquele tipo. Depois SOC! TUM! POF! e a Monica se retira dizendo uma frase de efeito tipo telenovela, em giria. Os meninos dizem mais umas seis frases pseudo-engracadas para culpar o Cebolinha.

      ANOS 2010/2020: Os meninos demoram tres paginas para comecar a colar cartazes na parede, enquanto explicam/repassam todos os detalhes do plano. Finalmente, colam os cartazes mas alguem ve a Monica vindo e inexpressivamente avisa. Os meninos inexpressivamente debatem o que fazer, e acabam por inexpressivamente fugir, com a Monica inexpressivamente perseguindo. Nao chega a haver TUM! SOC! POF! porque promove a violencia e os pais nao iam gostar.

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    6. Pedro, seria nesse estilo aí mesmo. Decairam muito, infelizmente.

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  9. Tenho essa história duas vezes! Tanto no gibi original quanto no almanaque do Cascão! Acho um clássico! Gosto da mensagem final!

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    1. Esta mensagem final vai na mesma toada da que se encontra no encerramento da HQ do Astronauta postada aqui em 25/02/2023.

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    2. Adryz, é muito boa essa, o almanaque é que não tenho. Também gostei da mensagem, era bem comum colocarem reflexões ambientais quando davam, sempre eram bem vindas.

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  10. História que mostra o Cascão raiz, com ele se esbaldando na sujeira. E a lição de moral se resumia ao final da história, depois de um roteiro super divertido. Assim que era legal. Interessante também a capa, com a Mônica falando no saudoso orelhão vermelho de fichas telefônicas, este que, em poucos meses, começaria a ser substituído pelos orelhoes de cartão telefônico, isso no final de 1993 e início de 1994, aqui na minha cidade.

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    1. Assim que era bom ver o Cascão, esse era autêntico e muito divertido, saudades dele assim. A lição ficou só no final, se fosse hoje iam ficar quase história toda com lacração de explicar os problemas ambientais do lixo. E não lembrava quando deixaram de ter fichas nos orelhões, acho que aqui foi também por volta de 1994, sei que quando passou a ser com cartões telefônicos, eles deixaram de ser vermelhos

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  11. Eu lembro dessa história de quando criança, acho que consegui num sebo na época. E eu realmente amo todo o chilique do Cascão, ele praticamente carrega a história com monólogos. Preciso dizer que achei o plano do Capitão Feio meio fraco, tipo ''limpar para depois sujar'', acho que ele já teve idéias melhores. A humanidade faz um trabalho melhor poluindo a natureza do que ele.
    Mas só uma observação, acho meio triste que os ''suspeitos número 1'' do Cascão sejam seu pai e sua mãe. Quer dizer, ele tem uma lista inteira de vilões atrás dele para lhe dar banho (doutor Olimpo, as gêmeas Cremilda e Clotilde), sem mencionar os próprios amigos (especialmente Cebolinha) que também já tramaram contra ele... e os primeiros que ele desconfia são sua própria familía? Ele não pode confiar nem mesmo neles? Sei lá, meio triste de se pensar.

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    1. O ponto alto foi o monólogo do Cascão, com revolta, drama ele era muito engraçado quando falava sozinho. Intenção do Capitão Feio era ter muita sujeira concentrada na criação do monstro, por isso precisaria limpar tudo pra sujar depois e ele sempre quis um mundo extremamente poluído, mais que o povo suja. Sobre os suspeitos, Cremilda e Clotilde também seriam ótimas opções, mas como depois apareceu cidade limpa também, aí seria mais fácil ser o Doutor Olimpo. Cebolinha também daria se não tivesse limpo a cidade também. Cascão desconfiar primeiro dos próprios pais foi triste, sim, talvez porque viu a casa toda limpa e só tinha os pais em casa e eles não tinham empregada doméstica.

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    2. Desconfiar dos pais logo de cara faz sentido, pois vai pela ordem, são quem reside com ele, e ambos têm histórico(s) de tentar limpá-lo, claro que não no nível de radicalismo empregado pela turma e pelos antagonistas pró-limpeza, são arapucas mais sutis, providas de psicologias materna e paterna, há momentos que tiveram de arrastá-lo para o chuveiro e/ou banheira. Diretamente, quem mais sofre com apreço que tem por sujeira é a mãe, daí, é legítimo desconfiar primeiramente deles visto que o que ocorre com ele foi dentro do próprio lar, no entanto, compreendo que nem todo mundo veja por este prisma, afinal, na maioria das sociedades, pai e mãe são tidos como portos seguros, e faz todo sentido que tenham esse status.

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    3. Sim, Zózimo, até também porque já tiveram histórias dos pais querendo dar banho no Cascão, aí como ele estava em casa, mais natural seria primeiro desconfiar dos pais.

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Eu também curto muito histórias e coisas retrô, pra ver como era na época.

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