terça-feira, 7 de março de 2023

Chico Bento: HQ "Um aluno de classe"

Em março de 1993, há exatos 30 anos, era publicada a história "Um aluno de classe" em que o Chico bento adquire todo conhecimento do mundo ao levar uma pancada de livro na cabeça e causa uma revolução na escola. Com 17 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 161' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Chico Bento Nº 161' (Ed. Globo, 1993)

Chico Bento chega da pescaria e sua mãe fala que quer ter uma boa conversa com ele. Chico pergunta se quer prosear sobre o tempo ou a plantação de abóbora. Dona Cotinha diz que a professora esteve lá e avisou que ele está indo muito mal na escola. Chico diz que a professora é dedo-duro, se quer o bem dele por que só dá zero para ele.


 Dona Cotinha diz porque não estuda. Chico responde que estuda só que as coisas não entram na cabeça dele. Dona Cotinha manda o filho estudar mais para ser um dos melhores da classe e Chico diz que é alguém importante porque faz os outros alunos darem risada, ser a alegria da classe. Dona Cotinha deixa Chico no quarto para estudar até a hora de ir para escola.


Chico começa estudando História, não consegue memorizar frase de quem proclamou a República foi Marechal Deodoro da Fonseca e estudando Matemática confunde números primos com números dos filhos dos tios que moram na cidade, que, as vezes, são meio caroços. Chico fala que não adianta estudar porque é cabeça dura, bate a cabeça no armário e um livro cai na cabeça dele. 


Dona Cotinha leva um lanche para o Chico, avisando ao Seu Bento que pôs o filho pra estudar e veem o filho desmaiado. Quando ele acorda, Dona Cotinha fala que nem precisa ir para escola para descansar e ele diz, sem falar caipirês, que está perfeitamente bem e quer ir para escola porque será seu dia de triunfo, era um reles ignorante, mas a luz da sabedoria minou a mente dele. 


Os pais estranham o linguajar, acham um milagre e comemoram. Chico pega livros e manda os pais estudarem porque um gênio como ele não pode ter genitores que falam tudo errado, seria uma vergonha, e quer que eles leiam tudo e esteja tudo na ponta da língua quando ele voltar da escola. Os pais comentam que o filho virou um monstro.


No caminho da escola, Zé da Roça estranha Chico ir cedo porque era o último a chegar e brinca que ele nunca estudou. Chico passa na diretoria antes de ir para sala e Zé da Roça acha que ele tinha aprontado, mas estranha ele ter falado certo. Na sala, Marquinhos, o menino mais inteligente da sala e puxa-saco, pergunta para professora Marocas se quer que ele passe lição na lousa e ela diz que não, era dia de chamada oral.


Chico chega atrasado e Marocas fala que ele tem que tomar jeito, está muito relaxado além das notas baixas, que já sabe que esteve na casa dele para falar com a mãe e não quer gracinhas na aula de hoje.  Marocas faz as perguntas para os alunos. Marquinhos responde quando foi proclamada a República, Maria Chiquinha, a raiz quadrada de 144. 


Na vez do Chico, Marocas dá um problema matemático de quantas horas pedreiro erguerá uma dezena de fileira de tijolos. Chico responde cinco em inglês, a classe ri e ele explica que era fácil demais, poderia responder em francês ou em alemão e pensava que perguntaria algo mais desafiador sobre o que são números primos ou sobre Marechal Deodoro da Fonseca ou Química Orgânica, Geografia Humana, Estatística ou Sociologia. 


Marquinhos acha que era cola do  Chico, que manda que faça perguntas para ele. Chico responde tudo na hora e faz pergunta ao Marquinhos qual é a teoria da relatividade descoberta por Einstein. Marquinhos não sabe, procura no livro e Chico diz que só vai aprender na universidade. Marquinhos chora por não ser mais o primeiro da classe. 


Chico diz para Marocas que mudou, não é mais aquele que falava errado e tirava notas baixas e agora que sabe tudo e ela não tem o que ensinar para ele, deseja ser o professor no lugar dela. Marocas acha um absurdo, Chico conta que já falou com o diretor e com a prova cabal das habilidades dele, não pôde recusar. O diretor aparece, confirmando que o Chico é um gênio mirim e o novo professor e Marocas sai da escola.


Chico, como professor, chama o Marquinhos. Por ele falar "O que é, Chico!", recebe nota zero porque o correto é falar professor Francisco Bento. Depois, ele chama a Rosinha. Pela voz linda, dá nota dez para ela. Zé da Roça fala que isso não é certo, Chico diz que quem decide o que é certo ou não é ele, por ser autoridade máxima e comenta que logo será o diretor e com conhecimento dele, ninguém o segura, primeiro essa escola, depois o mundo.


Com a empolgação, bate na estante e o livro em cima cai na cabeça do Chico e desmaia. Quando acorda, volta a falar errado e todos comemoram. Professora Marocas volta a dar aula, fica aliviada com o Chico que voltou ao normal e faz uma pergunta sobre o que é conjunto vazio. Chico diz que deve ser coisa bem parecida com a cabeça dele agora. Todos dão gargalhadas e Marocas dá nota cinco para ele porque viu que é um menino esforçado. Chico é ovacionado pelos amigos na saída da escola e quando ele chega em casa, quando vai contar novidade para os pais, ele os encontra exaustos de tanto estudar e Chico comenta que se queriam dar bom exemplo, não precisavam exagerar.


História muito engraçada e cheia de reviravoltas em que o Chico fica inteligente ao levar uma pancada de livro e deseja se vingar dos pais que viviam mandando estudar fazendo o mesmo com eles, de todos na escola que caçoavam dele por ser burro e da professora Marocas que vivia dando nota zero para ele. Consegue virar professor no lugar da Marocas, mas com uma nova pancada na cabeça, volta ao normal, voltando a ser o aluno como que sempre foi.


Interessante que além de ficar inteligente, Chico passa a ficar arrogante e perverso, o oposto da humildade que tinha e, ao voltar ao normal, os amigos e a professora o reverenciam e passam a dar valor a ele. Se fosse só inteligência, todos iam gostar. Mesmo que ele tinha todo o conhecimento do mundo, o diretor nunca podia deixar o Chico ser professor, já que ele não tinha faculdade e diploma, coisas de histórias em quadrinhos. Ele não se lembrou o que aconteceu após a primeira pancada em casa quando voltou ao normal, por isso estranhar os pais estudando no final, sem se lembrar que foi ele mesmo quem mandou.


Foi legal ver Chico dando desculpas para mãe do motivo de não estudar, não guardar as coisas que estudava, falar sozinho enquanto estudava no quarto, as burrices de Proclamação da República, números primos e conjunto vazio, falar certo e com palavras difíceis, desafiar Marquinhos e a professora e se tornar professor dando zero para o Marquinhos. Palavras "classe" e "lousa" são mais típicas em São Paulo onde eles moravam, mais comum em outros estados falarem "turma" e "quadro-negro", respectivamente.


Dessa vez eles estudaram de tarde quando normalmente era de manhã porque o roteiro pedia já que o Chico estudou em casa e livro caiu na cabeça dele pela parte da manhã antes de ir para escola. Rosinha não costumava estudar com o Chico, normalmente ele de manhã e ela, de tarde, mas as vezes estudavam juntos de acordo com o roteiro. Zé Lelé dessa não apareceu porque não se encaixava na história.


Marquinhos foi um personagem bem interessante, como o mais inteligente da turma e puxa-saco da professora. Apareceu só nessa história, mas bem que podia ter sido aproveitado em outras histórias, ter virado personagem fixo, já que toda turma tem um aluno super inteligente e puxa-saco. Zé da Roça e Rosinha (quando estudava com o Chico) eram considerados mais inteligentes, mas não a nível do Marquinhos. A escola nessa história teve entrada para outras salas como a do diretor, normalmente tinha formato de uma casa simples de interior só com a sala do Chico, mas dependendo de roteiro, colocavam outras salas e até pátio as vezes.


Incorreta atualmente por mostrar Chico desinteressado por estudos, burro na escola, respondendo à mãe e discutindo com ela, tratar mal a professora, se tornar professor sem faculdade, a professora Marocas ser enérgica com o Chico. Tem palavras proibidas também como "Deus" porque não pode mais envolver religião, "gozado" pra não ter duplo sentido. Os traços muito bonitos e caprichados que davam gosto de ver. Teve erro da Dona Cotinha sem lábios na boca na quarta página da história  (página 6 do gibi) e as cores cada vez mais fortes a cada mês que passava e os tons pasteis marcantes do início da Globo ficando para trás. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

44 comentários:

  1. Consigo entender que Chico intelectualizado pise no nerd Marquinhos por ser antítese de sua versão matuta e burra, contudo, se tornou um ególatra, um egotista, extrapolou ao puxar o tapete da Marocas. Diretor mais sem consideração com a docente, a desliga da escola como se sua relação umbilical com a instituição representasse coisa nenhuma. Se o moleque continuasse com mega Q.I. seria apenas uma questão de tempo para que quem endossou a queda dela fosse a próxima vítima do gênio mirim.

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    1. Chico passou a ser arrogante aí extrapolou na vingança. Até poderia dar uma lição ao Marquinhos e à professora, mas sem exagero como foi. O diretor foi totalmente sem ética, não merecia demiti-la, podia deixar o Chico professor em outra turma mais avançada da escola e que ainda assim seria errado porque Chico npodia lecionar sem licenciatura.

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    2. Dado ao estado de extrema afetação, compreensível agir rispidamente com Marquinhos e demais alunos. Posto a personalidade maquiavélica advinda de um Q.I. assustadoramente elevado, também é normal que cresça para cima da professora, lhe dando polidas tiradas, intimidando-a, fazendo com que sinta-se ridicularizada, diminuída perante à classe, o cúmulo do radicalismo é só mesmo a forma abrupta como foi desligada do lugar que é para ela um segundo lar, porém, longe deste escandaloso detalhe deixar o roteiro menos interessante.

      Marcos, existem histórias mostrando ambiente escolar de Vila Abobrinha publicadas antes do lançamento do título quinzenal do núcleo? Refiro-me especificamente com abordagens amplas sobre o tema, isto é, explorando o lugar em vez de somente evidenciar Chico Bento e outros alunos se dirigindo à escola e/ou saindo dela, com a singela instituição pública de ensino literalmente distanciada do olhar do leitor, exibida apenas externamente e, por vezes, ao longe. Falo de tramas como esta, ambientadas totalmente e parcialmente em sala de aula - outrossim nos demais cenários do recinto escolar - com classe reunida perante Dona Marocas e/ou outra(o) docente e tudo mais que o meio exige, como lousa, carteiras individuais ou que acomodam dois, três alunos, mesa e cadeira de professor(a), etc publicadas em Mônica e Cebolinha antes de agosto de 1982, há sequer pelo menos uma do tipo?
      Talvez exista uma dúzia delas ou até bem mais, posso conhecer parte, até mesmo ter posse de algumas republicadas e não saber que são do período pré-títular do personagem, quem sabe...? Lembro de nenhuma (ou não conheço) com personagens caipiras em traços pontudos ou pontiagudos atuando em sala de aula.

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    3. Chico pegou pesado com a professora, coisa impensável e impublicável hoje. Tiveram bem poucas histórias do Chico na escola antes de 1982, normalmente histórias de uma página e algumas curtas de até 3 páginas. Lembro de uma de 1980 e outra de 1981. E também tirinhas de jornais sem ser nos gibis.

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    4. Fuçando em Back Old Mônica encontrei em Mônica nº118 pela Abril duas tramas do núcleo rural.
      A primeira é "Confessa, Chico!", quatro páginas, ambientada na igreja.
      A segunda tem duas páginas, se passa na escola, nome do personagem principal como título. Professora não usa óculos, tem cabelos negros com coque também achatado e arredondado, só não é liso, possui ondulações, mais parecendo uma versão urbana e polida da Dona Cotinha, como nome da docente não é mencionado, difícil saber se é versão da Dona Marocas antes de possuir aparência definida ou se é outra mulher.
      Como é do ano de 1980, quiçá seja essa que você conhece.

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    5. Foi essa mesmo que eu vi. No caso, a professora era a Marocas só que desenhada de outro jeito, ainda não tinha traços definidos, nas sempre aparecia de coque. Só passou a ter traços definidos em 1982, um pouco antes do Chico ter revista.

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    6. Uma que parece ter sido publicada antes da estreia do título caipira é "O ataque dos tatus", se bem que há histórias contidas nas quinze ou vinte primeiras edições de Chico Bento e Cascão com traços no marcante estilo aplicado nos dois primeiros anos e alguns meses conseguintes dos 1980, aí, tenho essa dúvida, o que sei é que encontra-se em dois almanaques: no oitavo de Chico Bento pela Abril e no segundo de Magali pela Globo.

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    7. Essa do ataque de tatus parece que é de 1981, um pouco antes do lançamento da revista do Chico. No Almanaque do Chico Bento 8 que você viu, tem o Código mostrando a revista que saiu originalmente, aí dá pra saber a edição.

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    8. MSP900474-AMG2/12 é o que consta na republicação contida em Almanaque da Magali nº2 (Ed.Globo). No Almanaque do Chico Bento nº8 (Ed.Abril) parece não haver código impresso na primeira página da HQ (pág.3 da edição), olhei atentamente para os quatro cantos dos cinco quadros e não encontrei, talvez esteja localizado na página seguinte ou não contém código nessa republicação, não tenho esse gibi e nem tive enquanto infantojuvenil, já o da Magali eu tenho, readquiri, pertenceu à minha coleção dos velhos tempos.

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    9. Geralmente códigos vinham na primeira página, se não teve nesse Almanaque do Chico, esqueceram de colocar, o que é uma pena. Já da Globo, colocavam códigos de histórias da Editora Abril referentes como o almanaque atual por isso fazer referência ao próprio Almanaque da Magali. Legal que você tem esse, muito boa essa edição.

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  2. Vou começar falando da única coisa que não gostei: não gostei de como a Marocas falou com o Chico, meio que ''humilhando'' ele. Ela assim não parece nada profissional. Os outros alunos provocando o Chico eu entendo completamente, porque crianças serão crianças, então legal, mas a professora fazendo ''bullying'' no Chico não me caiu bem porque me trouxe memórias de tempos ruins na escola (até hoje odeio aquela professora de química, que raiva...)
    Mas quanto a história em si, o Chico é muito ótimo. Começa dando cada desculpa para não estudar (''Se ela quer o meu bem porque só me dá zero?''kkkkkkkk, lembrei de um episódio do Chaves onde a Chiquinha fala mais ou menos a mesma coisa). Então acontece o que acontece, e o Chico vira um super gênio, achei bem merecido até, mas então vira um egomaníaco, um ditador, um terrorista, meu. Admito que achei que o Chico até merecia um pouco de vingança contra os colegas (especialmente a professora Marocas), mas meu Deus, até eu fiquei com medo do futuro daquela escola. Acho que é melhor o Chico ser um caipira simplório mas gente-boa do que um gênio pseudo-psicopata, e acho que todo mundo aprendeu isso no final também, fico feliz com a lição. Mas fiquei meio mal pelos pais dele, que só queriam o melhor pro filho...

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    1. Normalmente eu gosto da professora Marocas. Eu entendo totalmente o que Chico faz ela passar, que ela tem muito trabalho por causa dele, mas nessa história ela pareceu mais antipática do que o normal. Achei desnecessária aquela parte do ''vamos ver se aprendeu algo... se bem que duvido''. Como professor, você deveria incentivar e acreditar em seu aluno, só não gostei por causa disso. Mas principalmente porque já passei por isso na escola, e sempre fica um certo trauma. Sofrer bullying de colega é uma coisa, crianças não tem consciência nem maturidade, mas sofrer bullying de professor aí já é inaceitável, como adulto deveria ter mais consciência.

      Não quero parecer chata. Tirando essa ressalva, essa é uma ótima história, adoro essas que o Chico fica ''doidão'' de alguma forma.

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    2. A Marocas era assim mais enérgica, humilhava mesmo nas broncas, puxava orelha, até de burro já chamou o Chico. Não era uma didática que professora devia ter, apesar de ser um retrato da época, hoje já dosam isso nas histórias com mais psicologia, mesmo nas raras vezes que os alunos aprontam. Aí por causa dessas humilhações, o Chico até estava certo de se vingar dela quando teve essa oportunidade. Foi muito legal isso da mudança que o Chico virou, ditador, personalidade que nunca ia imaginar que pudesse ter. Foi bom pra todos na escola aprenderem lição de dar mais valor ao Chico. Só os pais se deram mal naquela tarde.

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    3. Isabella, sobre as falas da Dona Marocas, não vejo sentido em comparar isso com a vida real, ainda mais se tratando de um roteiro antigo. Era bem comum esse tipo de abordagem na época, o que dava uma certa acidez ao roteiro para realçar o humor. Ninguém reclamava disso e normalmente, os leitores sabiam distinguir ficção da vida real. Assim, eram histórias que permitiam mais liberdade criativa aos roteiristas, sem ter todo esse receio atual de ser "cancelado " a todo momento.

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    4. Verdade, Ricardo, ninguém ligava da professora agir assim, achava engraçado, fora que ainda se identificava com professores assim. Quando tinham mais liberdade de criação eram bem melhores.

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    5. Falando em pescotapa, também já passei por isso, fui surpreendido com três taponas consecutivas na parte superior da cabeça, mais uns cinco ou seis garotos passaram pelo mesmo tipo de reprimenda naquele momento, ela foi, digamos, "democrática", porque todos os estapeados receberam três, lembro que observei detalhadamente a cena, ninguém levou tapa a mais ou a menos, essa foi única vez que apanhei de docente, achei aquilo surreal e ao mesmo tempo hilário, claro que achei engraçado sem ameaçar um mínimo traço de sorriso naquele tenso momento, do contrário, poderia sofrer uma punição ainda maior, e os tapas doeram. Eu tinha nove de idade, já sabia ponderar determinadas situações, se eu quisesse, poderia ver o circo pegar fogo, meu pai foi um sujeito afeito a arroubos, estressava muito fácil, por vezes, um tanto animalesco, caso eu contasse para ele, certamente daria algum B.O., e B.O. no sentido literal mesmo, pois ele não registraria boletim de ocorrência por conta dos tapas que levei da professora e sim registrariam contra ele devido ao que aprontaria na escola, provavelmente sairia do local detido pela polícia. Graças a Deus que não herdei esse gênio bestial. Minha mãe só ficou sabendo uns seis ou sete anos depois e creio que ela não contou para meu pai mesmo já sendo um assunto frio. Na época, não deixei ela saber por receio de que poderia contar para ele e também por ter considerado o acontecimento como um evento e tanto, valorizei positivamente - aí, já era meu lado retardado se pronunciando, acho que essa mentalidade se devia ao fato de eu não ter histórico de atritos com professores, sempre os respeitei e era um respeito movido por certo medo que eu tinha desses profissionais, daí, aqueles tapões passaram longe de serem algo traumatizante.
      De qualquer forma, tenho empatia pelo o que professores de rede(s) pública(s) (estaduais, municipais) passam com alunos em nosso Brasilzão, pois perderam autoridade, e isso é muito grave, é um dos pilares de nossa falência intelectual.

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    6. Zózimo, se quisessem podiam reclamar na diretoria da escola, osso é uma coisa que professora jamais pode fazer. Mas como seria pior por causa do seu pai, aí menos mal.

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    7. Eu me indentifiquei... e não foi num bom sentido (memórias nada agradáveis).

      Agora brincadeiras a parte, acho que o que me pegou é que nunca tive essa imagem da Dona Marocas. Já li várias (mas não todas as) histórias do anos 90, mas nunca vi ela com esse porte, até tu falar. Geralmente vejo ela mais estressada com o Chico, chamando a atenção dele, mas não como foi nessa história. Não conhecia esse lado dela, por isso estranhei.

      Agora, agradeço por ser de 2000 e nunca ter pego essa fase de pescotapa, ou professores assim (tirando aquela de química, mas ela ficou só uns cinco meses com a turma, então nem foi muito tempo).

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    8. Isabella, a Marocas já foi pior até nisso em relação a humilhação do Chico, principalmente na Editora Abril. Já teve até tirinha com ela reclamando assim, que ele tirou zero de novo na prova, é muita burrice. Com o tempo ela melhorou a didática.

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    9. Determinados aspectos bastante comuns nas três últimas décadas do século XX são sim muito negativos, já foram tarde, não há como sentir falta dessa obscuridade, todavia, o lado positivo desses tempos superava o lado negativo.
      O que hoje em dia de certo modo me impressiona negativamente é o que Zygmunt Bauman magistralmente definiu por "relações líquidas", fenômeno original deste século, consiste em uma expressiva carência substancial em praticamente todos os tipos de relações que compõem as sociedades, os aprofundamentos, as grandes experimentações não fazem parte do atual modelo social, parece que tudo é uma grande balada e há uma considerável histeria advinda de um literalismo ferrenho, não há mais flexibilidade, o radicalismo tomou conta, as sociedades ocidentais estão, grosso modo, enxergando as coisas por uma ótica infantilmente binária, estão polarizadas, tornou-se obsoleto o outrora famoso jogo de cintura. Ferro e fogo, muito comum na primeira metade do século passado, está de volta a todo vapor... Gostaria de saber se daqui trinta anos estaremos piores, melhores ou no mesmo nível que estamos atualmente. Mudanças são constantes em se tratando da espécie humana a partir de quando adquire capacidade de produzir História, no entanto, retrocessos e longas estagnações também estão dentro do que se compreende por mudanças.

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    10. Zózimo, como tudo anda, acredito que daqui 30 anos será pior, politicamente correto é pra ficar e tendência piorar. Não tenho otimismo em relação a isso.

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  3. O Genesinho apesar de metido não era superinteligente e fora que ele nunca estudou com o Chico porque estudava em escola particular de alto gabarito e o Chico, em escola pública bem pobre, aí acho que nesse caso precisariam criar um personagem novo pra retratar um nerd na escola. Também noto que Zé da Roça e Hiro aparecem muito pouco hoje, Hiro, inclusive, bem mais raro, uma pena porque são bem carismáticos. Todos os personagens estão mudados pra pior, por isso nem compro esses gibis novos

    Histórias antigas do Chico na escola eram ótimas, Chico aprontava demais e eram muito divertidas. Sobre móveis, eles colocavam só o básico sem poluir muito cenário porque acredito que fica melhor visualmente para as crianças e também a demanda era grande, desenhavam a mão e seria mais trabalhoso inserir muitos detalhes, aí deixavam diferentes só em uma ou outra história.

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  4. Que engraçado... Ou melhor... Que gozado, a mesma lição de ser do jeito que você é também foi dita na história "Quando ser forte incomoda". E olha que a história foi publicada há 5 anos antes. Isso me incomoda às vezes, mas OK.

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    1. As vezes tinham lição no final, também poderia ser igual, pelo menos se divertia ao longo da história e sempre tinha uma piadinha pra encerrar.

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  5. Gostei demais dessa história, super criativa e um roteiro muito bem desenvolvido. Nunca tinha lido essa história, pena não sabermos quem é o roteirista, gostaria de saber.

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    1. Até pensava que você tinha essa edição. História muito legal mesmo, tenho quase certeza ter sido escrita pela Rosana, por conta de roteiro desenvolvido com reviravoltas, histórias maiores costumavam ser dela e também nos traços os personagens com dentes a mostra com mais frequência, seja quando aprontava ou com expressão de medo, notei essa caracacterística nas histórias da Rosana. De qualquer forma, sempre devia ter tido créditos nas histórias, ajudaria bastante em clássicos assim.

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  6. Vc pode me dizer porque essas histórias aí são impublicáveis ​​pelas palavras citadas como "Droga!", "Bandido", etc?

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    1. É porque eles agora tiram tudo que é incorreto ou de duplo sentido. Aí ficam com essas bobeira de proibindo até palavras assim. Acho ridículo.

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  7. Ta legal, vou ver. Aqui ainda não chegou essa da Magali 600, quando chegar aqui vou comprar essa por ser comemorativa. Estranho não aparecer Quinzinho na história por conta de parecer que ele aparece na contracapa, pelo menos na capa divulgada tem uma presença dele cortado.

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  8. Por Quinzinho fazer parte da revista da Magali poderia ter aparecido, bola fora deles. História do Chico pode ter em qualquer revista, não só as dele, agora conteúdo do Chico ser bom hoje não é garantido. Legal que você gostou da revista, amanhã vou ver.

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  9. Ótima capa, muito boa e bem desenhada, mas com tema de pescaria hoje em dia, nem pensar.

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    1. Capa bem legal. Também não aceitaria por causa do Chico ter interesse por sereias.

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  10. O final... Minha Nossa... Muito bom! O Chico vê os pais desmaiados de tanto estudar. Morri de rir.

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  11. Fico imaginando qual teria sido a reação dos pais do Chico quando eles recuperaram os sentidos e viram que o Chico não lembra de nada.

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    1. Ficou vago e na imaginação dos leitores. Eles não devem ter gostado de ficarem estudando a toa e depois a professora deve ter contado o que aconteceu na escola naquela tarde.

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  12. Muito boa! Nunca tinha lido.
    Dona Marocas quase teve um colapso nervoso!
    E o diretor da escola foi muito ingênuo em dar o cargo para o Chico... poderia até ter todo o conhecimento do mundo, mas não tinha sabedoria quase nenhuma, como pudemos ver por suas atitudes...

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    1. É, Marocas ficou desesperada e esse diretor não podia ter feito isso, tinha didática nenhuma de professor, nenhum preparo e comportamento para isso, apenas conhecimentos de ensinar as coisas.

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  13. Chico deu uma lição em todo mundo depois desses anos, mas levou tudo longe demais. Mesmo assim, ainda acho essa atitude dele boa, apesar dele responder a mãe e discutir com a professora Marocas.

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    1. O Chico exagerou na lição, o conhecimento subiu a sua cabeça, se fosse metade do que fez, já dava pra ter a sua vingança com eles. Era normal nas histórias de antigamente filhos responderem os pais e Chico discutir com professora.

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