quinta-feira, 22 de setembro de 2022

HQ "Mônica e a Primavera"

Dia 22 de setembro marca o início da Primavera e em homenagem mostro uma história de exatos 40 anos em que a Mônica precisa convencer o Inverno a ir embora para dar lugar para a Primavera. Com 8 páginas, foi história de abertura de 'Mônica Nº 149' (Ed. Abril, 1982).

Capa de 'Mônica Nº 149' (Ed. Abril, 1982)

Mônica deseja colher flores e nota que elas sumiram, só se vê capim barba-de-bode até onde a vista alcança e nada das flores de campo, margaridas, azaleias, etc, e se pergunta onde estão as flores do mundo. Uma abelha interrompe, falando que se descobrir, para avisar para ela.

Mônica pergunta que se não são as abelhas que espalham os pólens entre as flores e por causa desses pólens que nascem as flores e frutos, cadê eles. A abelha diz que não sabe, está com asinhas doendo de tanto procurar e Mônica diz que é o dia da chegada da Primavera, dia 23 de setembro, e nunca viu uma estação se atrasar para chegar.

A abelha diz que deve ser porque é única estação com nome feminino. Mônica não acha graça e acha que é uma estação com nome masculino culpada disso, sente um arzinho gelado vindo e flagra o Inverno escondido atrás de uma árvore.

Mônica vai lá e pergunta ao Inverno por que está encasacado e ainda está por lá. Ele fala que está muito resfriado, é a primeira vez que ele fica resfriado desde que criaram as quatro estações. Mônica pergunta como foi acontecer, já que ele sempre veio com frio e neve. 

O Inverno responde que quase não teve frio no ano, deu até praia, tudo por culpa da poluição. Diz que chegou no dia 21 de junho para espalhar muito frio, mas por causa da poeira, dos gases, as fumaças das fábricas não deixaram, as nuvens de poluição deixaram a Terra uma estufa e ele não resistiu em ir para a praia, tomou banho de Sol, aproveitou o veranico e quando bateu frente fria de final de temporada, o pegou desprevenido de calção na praia. Agora ele não quer ir embora, quer esperar o irmão Verão e pede ao Sol esquentar o corpinho dele, que nunca tinha conhecido de perto.

Mônica pergunta como que fica ela, as abelhas e as flores. Se ele não for embora, a primavera não chega com as flores que ela tem que colher e as abelhas tem que visitar e sem primavera, também não chega o Verão, nem o Outono depois e tudo vira bagunça e então ela ordena que o Inverno curta a gripe em outro lugar. Ele fica triste, mas concorda ir, e a Mônica diz que vai pedir ao Outono deixar um Solzinho para ele no ano que vem.

O Inverno vai embora, Mônica se despede recomendando ele tomar um chazinho quente e o Inverno pede para a Mônica avisar ao pessoal sobre a poluição, mandar abraço para a irmã dele, e pede desculpas por ter se atrasado ir. A medida que ele vai embora, o campo começa a aparecer flores e no final, aparece a Primavera, que agradece a Mônica por ter ajudado a chegar e lhe dá uma flor de agradecimento, com o cenário todo florido. 

História legal com a Mônica precisando impedir o Inverno ficar na Terra após seu período por ele ter gostado de curtir calor e praia no seu período, tudo por causa da poluição que estava bloqueando passagem de frente fria. Mônica conseguiu convencê-lo a ir embora, alegando que sem ele ir, a Primavera e nem outras estações poderiam chegar, virando bagunça no clima. 

Foi bom ver a personificação das estações, mostrar que todas são irmãs uma da outra, com direito do Inverno ficar resfriado, sua voz nasal, inclusive, foi para demonstrar que está resfriado e com nariz entupido, e a Mônica ser amiga de todas as estações e até conversar com abelha. Absurdos que não precisavam dar explicações de como ela era amiga das estações e conversava com abelha, aconteceu e pronto, típico dos gibis antigos para soltar a imaginação. Também ficou na imaginação de onde ficam as estações quando elas vão embora para dar vez a outra estação.  

A grande mensagem da história foi mostrar que poluição afeta e desequilibra o clima da Terra, quanto mais agentes poluidores, maior efeito estufa, provocando aquecimento na Terra, por isso ter invernos bem mais quentes que o normal e até ter frio no verão. Aí ficou o alerta de preservação da natureza, pessoas e governantes precisarem se preocupar em combater poluição para não ter superaquecimento do planeta. E ainda deu para aprender relacade abelhas com flores. Tudo mostrado de forma simples e divertida, sem deixar didático. A história em si não é incorreta, só a parte da abelha fazer piada com mulheres se atrasarem que poderiam tirar por ter lado machista.

Tudo indica ser história do Mauricio de Sousa, que gostava de mostrar filosofia, problemas sociais e assuntos para leitor refletir nas suas histórias da Editora Abril, alémdo estilo de enquadramento. O dia exato da chegada de estação varia a cada ano, no caso da Primavera pode ser entre dias 21 a 23 de setembro,  por isso na história a Mônica falou que em 1982 a Primavera chegou dia 23. Teve cena com abelha falando de boca fechada, erro bem comum na época.

Traços ficaram muito bonitos, principalmente ver a Mônica vestida de jardineira, diferente do seu vestido tradicional, apesar de preservado o vermelho. Nas propagandas inseridas na história, dessa vez foram nas laterais direitas em várias páginas do lápis "Labra", sempre presente nos gibis da Editora Abril.

Essa revista 'Mônica Nº 149' completa 40 anos agora em setembro de 2022, marcou a nova fase da revista com lombada quadrada e com 84 páginas e junto com estreias de várias seções. Capa até teve alusão ao tema da história de abertura juntando com informações das novidades da nova fase da revista. Com a mudança, o número de páginas com histórias continuou praticamente o mesmo de antes com 68 páginas, e para suprir essas páginas a mais, colocaram 2 páginas de seções de correspondências "Vamos bater um papo?" e Passatempos (antes era uma página de cada), além da estreia das seções "Horóscopo da Mônica", "É fácil desenhar", de como aprender a desenhar os personagens, e artigo "O Mundo Encantado dos Animais". Foram seções bem criativas e inovadoras que ajudaram a incrementar a revista sem precisar criar histórias novas no lugar e conseguiram dar conta do recado. Cheguei a falar sobre as seções das revistas da Editora Abril AQUI. Assim, foi mais uma novidade da MSP em 1982, junto com os lançamentos das revistas do Cascão e do Chico Bento, só Cebolinha que não teve novidade no formato da revista, mas que foi lembrado no final do ano com comemoração de história especial em 'Cebolinha Nº 120', em homenagem antecipada de 10 anos da sua revista, que seria em janeiro de 1983.

Essa história "Mônica e a Primavera" foi republicada depois em 'Almanaque da Mônica Nº 14' (Ed. Globo, 1989). Termino postagem mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 14' (Ed. Globo, 1989)

35 comentários:

  1. Das quatro estações, primavera é a mais romantizada, a mais aguardada, e o tapete vermelho para esta estação se deve ao fato do cinzento inverno, é o radical contraste da transição que a deixa como se fosse uma entidade no imaginário (e subconsciente) popular. Não há outra transição tão contrastante.
    Mônica nº149 de 1982 é um dos marcos da fase dourada da TM.

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    1. Você tem certa razão, Fabiano! Dá para considerar (P)primavera como a parte amena do (V)verão, e o mesmo para o (I)inverno, tendo como parte de menor intensidade, o (O)outono. O negócio é resumir mesmo, muita romantização em relação às estações do ano, você está certo.

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    2. Zózimo, a Primavera tem esse lado romantizado mesmo, até por ser considerada estação das flores. Não é a toa que tiveram histórias retratando Primavera com personagens apaixonados ou procurando namorada (o) na virada da estação.

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    3. Fabiano, o que determina as estações é a rotação da Terra e nem o clima em si. No caso, a duração de horas com céu claro por mais tempo durante um dia. No caso da Primavera já teria mais horas de Sol comparado ao Inverno e menos horas de Sol comparado ao Verão. Já em clima não interfere muito, tem calor e frio o ano todo sem mudanças.

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    4. Primavera é mais romantizada,mas a mais aguardada é o verão mesmo.No Brasil,coincinde com as férias de fim de ano,combinação perfeita.

      Só não combina com o Natal nevado que é idealizado neste país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza,que beleza,em fevereiro(fevereiro)tem carnaval,eu tenho um Fusca e um violão,sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza...

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    5. Jorge Ben Jor... Foi-se o tempo em que cantores desse naipe surfavam na crista da onda, hoje em dia, a boa música é vista como coisa de intelectual, coisa de gente exigente, gente metida, coisa de pequenos nichos. Hoje, popularmente falando, música chinfrim é imbatível, e não é um fenômeno que se restringe ao país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza, que beleza, em fevereiro (fevereiro) tem Carnaval, eu tenho um Fus... - na verdade, eu tenho um Chevette 1978.

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    6. Julio Cesar, também prefiro o Verão, bem calor. No Natal seguem costumes europeus em um país tropical, não dá muito certo, podia ter adaptações. E foi-se tempo de quando tinham músicas de qualidade.

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    7. Zózimo,Ben nem é um Bob Dylan da vida para ser taxado de "intelectual",apenas fazia música boa com seu imenso talento,que gerou uma grande discografia,comparável a de Roberto Carlos,Martinho da Vila ou The Fevers.Não sei definir se o som dele seria sofisticado,mas em comparação com o que se tem hoje...

      Marcos,não entendo esse povo brasileirinho,que,apenas por ser "tradição de Natal",faz questão de comer avelãs e nozes puros,sem sabor,que são frutos quentes,em pleno verão.Se fosse no meio de pudins,pavês,sorvetes,etc.,até faria sentido.

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    8. Pois é, Julio Cesar, não deu pra entender porque quiseram seguir no Natal os costumes europeus do Inverno deles, além de não combinar com clima de verão aqui, são bem caros também. Agora que não vão mudar mesmo. Ainda assim, tem famílias que fazem também pudim, pavê no Natal, cada uma segue como gosta mais.

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    9. Jorge Ben certamente está entre os cantores brasileiros de qualidade, não figura entre os que prefiro, mas, fez história, deixou um legado positivo, assim como muitos outros da época em ele fazia sucesso.

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    1. Legal! Eu li primeiro nesse almanaque, muito bom também esse, só clássicos.

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  3. Eu achei essa um estilo diferente do que faziam, mas não achei tão bobinha, como gibis são pra crianças ficou apropriada pra elas e ainda assim teve crítica contra poluição. O que era bom na época que faziam histórias pra todos os gostos e idades, nessa quiseram agradar as crianças menores, mas as outras desse gibi seguiram o normal de muitos absurdos, pancadaria, intrigas de sempre.

    Quando os gibis aumentam de páginas, normal não ter histespeciaus, costumam ser as mesmas histórias normais. O mesmo aconteceu também com Cascão, Chico e Magali na Globo quando passaram a ter 68 páginas. Então esse da Mônica fora lombada, mais páginas e seções novas, de resto foi tudo normal. De qualquer forma não deixa de ter sido um marco. E a Mônica 120 da Abril teve lombada porque teve reedição da N°1 nessa, mas a Mônica 149 foi a primeira continua e só histórias inéditas a ser assim.

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  4. "Histespeciaus", sei lá, me soa meio polonês, quiçá tcheco. Sou tipo Zé Luís em "Outras palavras", ao ser chamado de "borigodofo" por Cascão e logo em seguida o autor do termo pergunta o que ele acha disso, para não dar pinta de "anarfa", finjo que conheço a palavra de longa data, até tento dar a entender que conheço de berço, isto é, aprendi a falar histespeciaus antes de aprender a falar mamãe, depois, lógico, corro para a biblioteca (Google) mais próxima. Brincadeira, Marcos! A intenção é quebrar o gelo da personificação do (I)inverno da HQ deste tópico.

    Esta história é de fato infantilzinha, mesmo assim, ela tem duas coisas que prezo muito: traços de primeira linha, visual dá gosto de mergulhar e a inconfundível sintonia da TM 80's, viajo nesta vibe, o negócio é do passado, no entanto, é vivo, não morre, é visceral, é orgânico.

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  5. Zózimo, eu quis dizer "Histórias especiais", o corretor do celular saiu errado. Essa história tem uma pegada mais infantil que adultos com outra visão podem não gostar, mas as crianças, sim. Eu adorava essa quando era criança, acho encantadora principalmente os traços. Lembrando que os gibis do Mauricio são com foco para crianças. Já as outras histórias deste gibi seguiram o padrão que colocavam, atendendo a todos os gostos, mas não deixando ser pra crianças também.

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  6. Ilustração da capa deste almanaque tem algo em comum com a da capa de Cascão nº100 (Ed.Abril), pois não parecem bolsas o que Mônica e Magali estão portando, Cebolinha também segura algo, o que leva a crer que o arco-da-velha desemboca numa escola, então, Bidu pode ser barrado no portão, se entrar de gaiato, pior ainda, pode ser enxotado. Nem Marocas tolera pets em ambiente escolar, curioso é que tolera híbridos, pois leciona para Zé Lelé e Chico Bento que são humanamente burros.

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    1. Mônica e Magali estão portando uma mochila pasta e Cebolinha uma pasta ou livro, provavelmente destino do arco-íris seja escola mesmo. Bidu como figuração como gostavam na época, se for escola, ele ficaria no lado de fora da escola quando chegarem no destino. Capa seguiu o estilo de desenho bonito sem piada como tinha as vezes, semelhança com Cascão 100 só a mochila pasta ao lado naquela capa dele.

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    2. A da capa do Cascão lembra mais uma merendeira, não acha? É que parece ter uma protuberante tampa arredondada na parte superior do acessório, o que pode ser de garrafa para transportar suco, refrigerante, achocolatado, café com leite, chá, alimentos líquidos em geral.

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    3. Pode ser merendeira, assim como as meninas na capa desse almanaque, desenhos bem parecidos com a diferença do relevo branco na capa do Cascão.

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  7. São esses corretores que de vez em quando nos confundem. Que palavra bonita você distraidamente criou, nem queimou pestana assim como fez Cascão para criar o vocábulo de dois gêneros: borigodofa(o).
    Se fosse eu, registraria como direito autoral, sei lá, alguém pode se apropriar indevidamente, e não é piada, tanto grafia, como foneticamente, a expressão é mesmo bonita.

    Mesmo sendo mais infante que o habitual da época, não deixa de ser encantadora, mesmo *adúlter... Ops! Caham! Er... digo, digo, mesmo adulto... a-dul-to, ainda consigo captar a verve desta singela trama.
    *Que deslize!

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  8. Zózimo, só teria que inventar um significado pra essa palavra. E só sei que com 6 anos eu adorava essa história no Almanaque, hoje tenho outra visão, mas continuo gostando sob outro olhar. Sempre fica a nostalgia.

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  9. Também conheço desde infância esta HQ, e outrossim por meio do mesmo gibi ao qual você conheceu, não chegou a ser marcante para mim, mas, mesmo já há muito adulto, só de vê-la ainda consigo captar a essência positiva que emana, sem ler, independente do roteiro. E é perfeitamente normal quem é da minha geração e que curtia gibis TM na infância não ter a mesma impressão que eu sobre esta trama, pois pessoas são "indivíduos", o próprio termo em destaque por si só já diz, somos únicos, sendo assim, subjetividade é natural, ou seja, o que me agrada, não necessariamente agrada o outro.

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  10. Verdade Zózimo, cada um tem seu gosto, aí nem tudo agrada a todos. Normal.

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  11. Gostei. Parece conto de fadas.

    Já li uma que mostra personificações das quatro estações na Revista Parque da Mônica. O Cebolinha teve com a Primavera, a Mônica com o Verão(que aliás, também tinha pavio curto que nem ela), a Magali com o Outono, e o Cascão com o Inverno.

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    1. Verdade, pareceu conto de fadas, fábula, até pela roupa da Mônica e abelha falante. Sobre a história do Parque da Mônica, foi baseada na peça de teatro do Parque na época. Foi legal também ver os próprios personagens caracterizados como as estações.

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    2. Essa do parque da Mônica eu tive. Muito legal. Eles confundem o Louco com o Sol por causa do cabelo dele (interessante porque era algo que eu sempre tinha reparado e não entendia porque ninguém tinha comparado ele com o Sol antes...)
      O inverno faz dupla com o Cascão porque também não gosta de tomar banho rs

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  12. Muito bonita a história, com traços bem naquele estilo artesanal, remetendo a ilustrações de livros infantis antigos... ai, ai, não fazem mais histórias assim... isso precisa mudar, urgentemente.

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    1. Pois é, os traços a deixam mais encantadora ainda, era muito lindo ver desenhos assim. Infelizmente hoje tendência é piorar do que está por ser tudo digital e feito as pressas.

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    2. Pois é, bem que poderia surgir uma historinha concorrente feita de forma mais artesanal, para concorrer com essas que dizem que são da turma da Mônica e que são publicadas hoje em dia. Pra mim, depois de meados dos anos 2000 não é mais turma da Mônica, é outra coisa que se apossou do nome e dos personagens mas não é de verdade a Turma da Mônica...

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    3. Concordo, todos estão completamente descaracterizados hoje, são outros personagens com o nome e a marca da Turma da Mônica, apenas. Nem vale a pena comprar os novos, melhor correr a sebos pra ter histórias de qualidade.

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  13. que historia linda e que visual bonito , é uma pena não ter mais quadrinhos nessa qualidade feitos a mão nos dias atuais,tudo muito artificial e sem graça.

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    1. Bem encantadores esses traços a mão. Hoje os desenhos estão péssimos, tudo digitais no pior estilo copiar e colar.

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