Compartilho uma história em que o Rei Leonino viu que o Jotalhão não foi ao Palácio na cerimônia do "Beija-Pata Real" e o obrigou a ir lá para beijar. Com 8 páginas, foi publicada por volta de 1979 e republicada em 'Almanaque da Mônica Nº 3' (Ed. Globo, 1987).
Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 3' (Ed. Globo, 1987) |
No fim do dia do "Beija-Pata Real", Rei Leonino pergunta ao Ministro Luís Caxeiro Praxedes se já terminou e ele responde que todos os súditos foram beijar a pata do rei, mas logo olha na lista que o Jotalhão não foi e cometeu um crime de lesa-majestade. Rei Leonino pergunta ao Ministro se não avisou que a cerimônia do "Beija-Pata" era obrigatória, ele diz que todos os súditos ficaram sabendo.
Rei Leonino fica revoltado que Jotalhão desobedeceu uma ordem real e o Ministro acha que deve ter o castigo de mil mortes e Rei Leonino manda chamar a Guarda Real e o pelotão de choque. Luís Caxeiro os chama avisando que um súdito ofendeu o trono, manchou com sua atitude revoltante a sagrada cerimônia, não aparecendo para beijar a pata do Rei. Com todos lá, Rei Leonino ordena que o Jotalhão seja preso na sala do trono para implorar perdão pela falta.
Jotalhão fala que não podia ir no Beija-Pata, só se a pata real fosse lá fora. Luís Caxeiro acha um absurdo, um Rei não deve ir até ao súdito, que alarguem as passagens e as paredes, para que Jotalhão possa entrar, que não deve permitir exceções senão vai perder autoridade. Nenhum súdito merece uma ida de Vossa Majestade lá fora e Rei Leonino fala que também não pretende arrebentar as paredes do palácio. Jotalhão fala que bastaria Rei Leonino se aproximar um pouco da entrada. Luís Caxeiro não permite, falando que um rei não deve dar um passo em direção ao súdito, que ele é que tem que ir ao rei.
Então, Rei Leonino tem ideia de Jotalhão aproximar a tromba até onde ele está, se conseguir, beijar a pata com a tromba. Jotalhão consegue e vai embora. Luís Caxeiro reclama que como pôde consentir isso, foi um desaforo, que ele tinha que beijar com a boca e não com a tromba. Rei Leonino diz que o que vale foi a intenção e a situação. Ministro fala que desse jeito ficou alguém sem beijar a pata real e Rei Leonino lembra que ficou um, sim, e no final, Luís Caxeiro é obrigado a beijar a pata dele sem parar durante o resto do dia.
História legal em que Rei Leonino se deu conta que o Jotalhão não foi na cerimônia de Beija-Pata obrigatória, mas não porque ele não quis ir, mas por causa da impossibilidade de passar na entrada da caverna estreita e ficou o dilema de como fariam para o Jotalhão beijar a pata sem Rei Leonino ir lá fora, já que uma Majestade não podia ir de encontro aos seus súditos e também não queriam arrebentar as paredes da entrada da caverna. A solução foi Jotalhão beijar com a sua tromba e não com a boca. No final, o Rei se deu conta de que o Ministro que reclamava de tudo foi o único que não tinha beijado a pata do rei e foi o brigado a beijar sem parar pelo resto do dia, bem que mereceu.
Foi bem interessante uma cerimônia para todos os súditos do reinos serem obrigados a beijar a pata do Rei Leonino, gostando dele ou não, e se não fossem, seriam punidos, com possibilidades de prisão e até pena de morte. Ficou retratado que era um rei bem autoritário e que povo tinha que obedecê-lo a qualquer custo. O Ministro também queria mandar mais que o rei, mais autoritário ainda, não aceitando que o Rei fosse até o súdito, que, assim, iria perder autoridade. Nisso, também quis mostrar analogia com governos que não gostam de se aproximar do povo, que o governo que é soberano, retratar e criticar como os governantes agiam durante o período da Ditadura no Brasil na época.
Impublicável por conta desse autoritarismo de ambos. Hoje em dia o Rei Leonino não é mais autoritário assim, é bem amigo dos súditos da mata, ouve bem os problemas, típico como um governante deve ser, e o Luís Caxeiro Praxedes é só puxa-saco do rei normal e bobinho. Atualmente, por incrível que pareça, a palavra tromba também é proibida nos gibis, chegando até alterar em almanaques para não dar duplo sentido de tromba de elefante com tromba de cunho sexual. Já vi mudado isso até em republicação de uma história da Rita Najura do livro de luxo atual "Biblioteca do Maurício - Mônica 1970", alterando fala dela que Jotalhão tem "linda e enorme tromba" para "linda cor verde".
Não teve título como era de costume histórias da Turma da Mata nos anos 1970. Os traços ficaram bons, típicos dos anos 1970, mais da segunda metade daquela década, com direito até de Rei Leonino falar de boca fechada em alguns momentos. Parece ter sido escrita pelo Mauricio de Sousa, até por conta do enquadramento maior de 3 quadrinhos por página e maior número de quadrinhos ocupando largura toda, além de posições e ângulos dos personagens, provavelmente foi estilo de páginas semanais de jornais de São Paulo e depois aproveitaram em algum gibi dos anos 1970 e pelo visto, com o Rei Leonino e seu ministro assim, quis também.
Ainda bem que acima de Luís Caxeiro há o Rei Leonino, o ouriço quase sempre é contra os súditos.
ResponderExcluirO (P)pelotão (E)especial de (C)choque é formado por cães, parecem de raça, seriam buldogues? Não são do tipo que combinam com o ambiente silvestre do núcleo, mesmo assim gostei, diferenciou bem do habitual desses tempos.
Sim, Luís Caxeiro foi pior que o Rei Leonino, que pelo menos entendeu que não dava para Jotalhão entrar na caverna. Luís Caxeiro queria a punição a todo custo. Dessa vez o pelotão foi formado por buldogues, tipo como é na Disney. Devia ser padrão assim nos anos 1970 e passaram a colocar maciços na guarda a partir dos anos 1980.
ExcluirAcho que nunca vi estes cães em HQs dos 80's, se vi, não lembro.
ExcluirEmbora muitos talvez discordem, considero agregadora a postura repressiva do ouriço para com o povo, e ele não é sempre assim, menos mau (ou mal).
Também nunca vi guardas assim, só macacos a partir dos anos 80. Nessa história o Luís Caxeiro agiu assim tão repressor, normalmente não era assim, principalmente a partir dos anos 80. Pra mim, ele agiu mal dessa vez.
ExcluirDeixo claro que considero agregadora porque ele sempre se dá mal por tal conduta, e isto dá um tempero a mais ao núcleo, e, felizmente, não são em todas as HQs antigas que Luís Caxeiro é rude com a plebe, nem sei se são muitas, parece que conheço umas cinco histórias em que atua desta maneira, e é uma faceta do personagem que fixou em minha mente, é uma das referências marcantes que tenho dele.
ExcluirNão foram todas que ele era rude com o povo, mas tiveram algumas. Acho que varia muito também de roteirista, de estilo que gostava de colocar nas histórias.
ExcluirSaindo do silvestre e indo para o urbano, além de "Mônica contra o Capitão Feio", quais outras HQs o vilão aparece como tio do Cascão?
ExcluirAlém dessa, teve também uma história em 1977 pela Editora Abril. Depois disso, só citações da Panini, nem quando ele apareceu na frente dos pais do Cascão em histórias da Abril e Globo não foram reveladas esse parentesco de tio.
ExcluirSendo que parece que querem agora retornar isso, vi folheando nas bancas 2 revistas deste mês de setembro em que aparece como sujeito normal e como tio do Cascão, se transformando em Capitão Feio só no final. Veja bem, isso em 2 revistas no mesmo mês recentes, pode ser que estejam querendo mudar personalidade e estilos de histórias do personagem. Vamos aguardar se vai continuar assim ou não.
É capaz que estejam pretendendo implementar uma ordem invertida ao personagem, isto é, o alter ego dele agora seria a condição de tio do Cascão, não a condição de poderoso malfeitor.
ExcluirPerguntei porque há uma história antiga que só reconheci ao ver o final, conheço de longa data, e há muito, muito mesmo, estava hibernando em minha memória, não me lembrava da bendita há mais de vinte anos, até resgatá-la na rede, e conheci na infância. Está creditada à Mônica, e, na prática, Cebolinha é o protagonista, intitulada "O grande poeta", pelos traços, foi publicada em 1979 ou em um dos dois primeiros anos da década seguinte, final marcante, o tio - Capitão Feio - do Cascão aplica umas palmadas no sobrinho, e ele aparece como um criador de papagaios, avicultor - comerciante de aves. Você deve ter essa história, procure primeiramente na rede, muito provável que a conheça.
Capaz de investirem agora nesse alter ego dele, mas vamos aguardar. Sobre a história dos anos 1970 que vi é justamente essa aí do Cascão apanhando do tio no final. Eu li on line, parece que foi no Almanaque da Mônica 28 (Ed. Abril, 1986) e no código acho que informava que era de 1977. Só vendo de novo pra confirmar, já gibi físico não tenho aqui, nem o original nem Almanaque.
ExcluirEsqueci como se chama o canal em que assisti/li.
ExcluirNão aparenta ser de 1977, parece 1979-1981, imagino que a primeira publicação seja de um desses três anos.
Então, ao que tudo indica, existem só duas HQs em que Capitão Feio aparece como tio do Cascão, certo?
Tenho que ver de novo pra ver se é de 1979 ou não, quando ver, respondo aqui. Parece que foram só essas 2 histórias mesmo na fase clássica não conheço outras do Capitão Feio como tio do Cascão.
ExcluirE ele seria irmão de quem? Do Antenor ou da Lurdinha? A feição facial do vilão é meio parecida com a do Cascão, e o garoto é a cara do progenitor, parece que o parentesco é por via paterna.
ExcluirNão informaram se Capitão Feio era irmão do Seu Antenor ou Dona Lurdinha, nenhuma colocação oficial por parte do estúdio, eu colocaria também como irmão do Seu Antenor. E vi a história, não informou código pra ver a edição exata, pelos traços parece ser de 1980, quase certeza 1980, no mínimo 1979, maioria das histórias daquele almanaque são daquele ano.
ExcluirPode ser que Antenor sinta vergonha de ter um irmão noiado e não revela publicamente o parentesco, já Cascão, por ser criança e principalmente por ter um espírito* essencialmente punk, não se envergonha do tio vilão que tem, e Capitão Feio também deve sentir vergonha do irmão que toma banho todos os dias.
Excluir*Cascão não pertence ao núcleo do Penadinho, porém, outrossim é um espírito de porco, assim como a entidade que habita o corpo de Chovinista.
Pode ser. Seu Antenor deve ter vergonha disso. Lembrando que não sabe que o seu irmão é um vilão, das vezes que apareceram juntos, não reconheceu por não ter falado nada.
ExcluirTem razão! Ele, esposa e filho não associam Príncipe Adam (irmão, cunhado, tio) ao He-Man (vilão). Até que minha analogia não ficou descabida.
ExcluirOutra curiosidade de "O grande poeta" é informar no primeiro quadro sobre participação especial de Gonçalves Dias, sendo que não há presença de imagem do intelectual na trama, todavia, são de autoria dele os poemas recitados por Cebolinha. Isso sim é HQ didática que dá gosto de ler, bem melhor até que histórias de gibis institucionais dos velhos tempos, pois é um modo didático descompromissado, sem compromisso oficial, isso sim é aprender de forma relaxante.
Verdade, assim que é muito melhor, aprender se divertindo.
ExcluirExcelente capa de almanaque contendo piada típica das dos gibis de HQs inéditas.
ResponderExcluirBem engraçada essa capa. Nos primeiros almanaques da Globo ainda seguiam estilo de piadinhas como eram os almanaques da Editora Abril, depois que mudaram.
ExcluirMarcos Tu Acha A Pipa E A Dona Cebola Parecidas Assim Como O Astronauta E O Franjinha
ResponderExcluirAté que não acho. Semelhança mesmo são de Pipa e Dona Cebola serem gordas e o Astronauta é Franjinha serem loiros. Fora isso, visualmente não vejo iguais, principalmente cabelos da Pipa e Dona Cebola.
ExcluirE a Thuga,então?
ExcluirMaurício já respondeu sobre a pronúncia do nome do Cranicola.Agora falta a da Thuga.
A Thuga já acho mais parecida com a Pipa, essas lembram mais. Seria interessante se fizessem histórias com as suas, tipo máquina do tempo levar Thuga ao presente. Sobre pronúncia, o correto é "Tuga", foi confirmado no filme "Uma aventura no tempo".
ExcluirTambém acho a pipa e a thuga um pouco parecidas , já que as duas tem olhos tradicionais com fundo branco , cabelos pretos e são gordas .
ExcluirPois é, Matheus, por essas características são parecidas. Se colocassem Pipa com cabelo preso e rabo de cavalo ia ser mais ainda parecidas.
ExcluirTava pensando nessa história por esses dias, só não recordava desse negócio de 'castigo de mil mortes'. Na minha cabeça, era ser chicoteado. Contudo, tem razão sobre a não-republicação, sem contar como o Luis era insuportável.
ResponderExcluirEssa não dá mesmo pra republicarem hoje, fora isso dá personalidade insuportável do Ministro, ele não age mais assim.
ExcluirUma ideia que podia ter dado certo era o Leonino baixar um decreto em que um súdito por mês teria o privilégio de receber uma ida do rei e assim se resolvia tudo.
ResponderExcluirSeria uma possibilidade boa e sem dúvida resolveria.
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