Mostro uma história em que o Papa-Capim tenta descobrir porque se chama assim. Com 4 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 47' (Ed. Globo, 1988).
Capa de 'Chico Bento Nº 47' (Ed. Globo, 1988) |
Papa-Capim está reunido com seus amigos e cada um conta sobre o significado de seus nomes. Pequeno Trovão diz que seus pais o chamaram assim porque no dia que nasceu chovia e trovejava muito. A Jaci se chama assim porque a Lua brilhava cheia e redonda no céu e Jaci significa Lua. Já Cafuné conta que tem esse nome porque ele gostava muito de cafunezinho da mãe quando era pequeno.
Jaci pergunta ao Papa-Capim porque tem esse nome e ele não sabe. Pequeno Trovão diz que é porque ele comia capim quando criança ou a mãe chamava: "Vem papar capim!". Brabo, Papa-Capim fala que não é nada disso e Pequeno Trovão diz que vai ver que os pais adivinharam que ele não seria um grande guerreiro senão teriam dado um nome mais valoroso. Papa-Capim fala que deviam chamar Pequeno Trovão de Piolho-Chato e vai embora para não ouvir mais desaforos.
Cafuné vai atrás e diz que Pequeno Trovão é um grande falador e não ligar pra ele. Papa-Capim diz que ele tem razão, os pais colocaram um nome bobo e sem graça e não gostam dele e pergunta por que não o chamaram de "Onça Esperta", "Flecha veloz" ou "Mandioca Cozida" e com tanto nome bonito, colocaram esse para todo mundo rir dele e começa a chorar. Cafuné fala que um nome bonito não quer dizer nada, pode provar que é valoroso e tem ideia do Papa-Capim perguntar aos pais o significado do nome dele.
Papa-Capim pergunta para a mãe porque ele tem esse nome sem significar alguma coisa como os outros indiozinhos. A mãe explica que quando nasceu, o pai dele viu vários passarinhos no campo, os "Papa-Capim". Então, ele tem nome de pássaro e que significa liberdade. Papa-Capim fica feliz em saber que não tem nada a ver em comer capim. Ele conta a novidade para os seus amigos, deixando Pequeno Trovão com raiva. Jaci acha lindo e Cafuné queria saber por que esses pássaros se chamam Papa-Capim. No final, mostra os pássaros comendo capim e conversando que está gostoso e o outro comenta que falta sal. Ou seja, os pássaros se chamam assim porque realmente comem capim.
História legal com o Papa-Capim sendo zoado por ter esse nome e pensar que é porque come capim até descobrir o real significado que era liberdade, mas os pássaros realmente tinham esse nome por comerem capim. Cada nome tem um significado importante, mas para os índios eles se preocupam em criar nomes pensando em um significado e criaram essa história baseada na cultura indígena e foi bom ver os significados dos nomes dos personagens.
O Cafuné a gente já imaginava de se chamar assim por gostar de cafuné na cabeça. Jaci é nome de Lua na cultura indígena, fica bonito em nome de índia. Já tiveram outras historias com indiazinha Jaci só que desenhada diferente a cada história e dessa vez como namorada do Papa-Capim. A Jurema é considerada atualmente como namorada oficial do Papa-Capim, mas no início ela ainda não era oficial e era comum ele aparecer namorando outras indiazinhas. O Papa-Capim foi criando e 1963, mas ele só teve histórias mais desenvolvidas nas revistas do Chico Bento a partir de 1982 e, então, em 1988 ainda era pouco tempo e ainda faziam experiências com o estilo de suas histórias.
O pai do Papa-Capim não apareceu nessa história, era raro aparecer na fase clássica, atualmente colocaram que é o pai dele é o Cacique da aldeia. Foi bom ver o Pequeno Trovão zoando o Papa-Capim. Ele só apareceu nessa história, mas podiam ter continuado como um antagonista fixo ao Papa-Capim, teria potencial.
Os traços ficaram muito bonitos, principalmente os desenhos da selva, como sempre caprichavam bem nisso. Deu para notar que no primeiro quadrinho tinha uma indiazinha na roda de amigos, mas que nem deu seu depoimento de nome e ainda sumiu no resto da história. Era normal acontecer de personagens aparecerem no início e sumirem no decorrer da história, uma que exemplificou bem foi a "Vai provar ou não?" (MN # 168 - Ed. Abril, 1984) em que a Magali e alguns meninos sumiram durante a história. Quem sabe era falta de atenção do roteirista já que o personagem não tinha importância na trama, mas nada que isso tirasse o mérito das histórias, eram boas assim mesmo.
"Papa-Capim" é de fato um nome sujeito a bullying, agora, preferir se chamar "Mandioca Cozida" e deduzir que ficaria livre de chacotas é ingenuidade.
ResponderExcluirDeduzia que o pequeno índio fosse tipo Horácio, órfão, bom saber que não, faltou a presença do pai na HQ.
Jaci parece se engraçar com ele, aproveitando a ausência de Jurema.
Pensei o mesmo desse caso da Mandioca Cozida.Como assim,deseja ter o nome de algo que todo mundo quer comer?
ExcluirFalando em Papa-Capim,existe um homem-meme que atende por esse nome,visto em vídeos com seu belo sorriso!Só perde para o Galo Cego,outro meme ambulante.
E falando nisso,veja só o que acabei de encontrar!
Excluirhttp://pm1.narvii.com/6208/3e77f4e12009bbcdff32de555d38cb3f9a275da3_00.jpg
Galo Cego conheço, cruel o que fazem com o sujeito, tínhamos que parar de ver graça nesse tipo de coisa.
ExcluirQuem é a persona, o polivalente que representa o quarteto mauriciano?
É ele mesmo,o Galo Cego!
ExcluirFalando na TM(não sei porquê lembrei dela aqui,viu?),lembrei da atriz que encarnou a Mônica em "Laços" e,como já disse antes,o cabelo dela não tem nada de Mônica.Na verdade,o cabelo dela é da Pipa!
Creio então que hajam dois com a mesma alcunha, o que conheço é um sujeito atarracado proveniente de algum estado nordestino e não é negro, pode ser considerado pardo, mulato, jambo, sei lá, negro de fato não é, ainda que passe como sendo. Possui um olho cego e detesta o apelido que cruelmente lhe foi atribuído, reage ferozmente quando lhe chamam dessa forma, daí vem o humor negro e daí também vem minha crítica quanto ao caso específico, pois fazer chacotas com infelicidades alheias é de um nível moral muito rasteiro.
ExcluirPersonagens que são oriundos dos quadrinhos e são levados para a (S)sétima (A)arte e para seriados televisivos, costumam ficar muito diferentes de seus aspectos originais, exceto quando misturam animações com realidade, como ocorreu com Garfield, Smurfs e Hulk, o monstro verde de Stan Lee na série de TV é muito diferente do personagem das HQs, são inúmeros outros exemplos.
O tal "Laços" infelizmente não poderia fugir à regra. Os cabelos da Mônica no filme está mesmo bem mais para Pipa e um pouco parecidos com os cabelos de sua mãe.
O pior cabelo do live-action "Laços" foi,insuperavelmente,o do Cebolinha!
ExcluirNo caso da Mônica,que também serviria à Tina,acho que cairia bem daquelas tranças tipo dread,que criam "lacunas" no cabelo.
Sobre o Galo Cego do meme,eu falava de outro,um de bigode e que dava entrevistas falando frases desconexas,e que não tinha nenhum olho cego como sugere a alcunha.Parece que já morreu.
ExcluirUma das características marcantes do Cebolinha são seus cinco (chegam até a nove quando vistos de cima) fios capilares espetados, um menino careca, já no filme é tão cabeludo quanto Chico Bento, Franjinha, Xaveco, etc, ou seja, não assisti e nem cogito.
ExcluirMuitos memes são tóxicos, conseguindo ver humor na dor, dores que esses alvos nem sabem que possuem, pelo menos boa parte não sabe, cabe a nós que possuímos um mínimo de discernimento boicotarmos.
ExcluirZózimo, realmente seria zoado também se chamasse de Mandioca Cozida, eu ri nessa parte. Também acho que a Jaci estava a fim dele, se não eram namorados nessa história, pelo menos estava interessada nele.
ExcluirJulio Cesar nesses live actions cabelo definitivamente não é o grande forte deles, a aparência dos atores no geral também não condizem com os personagens, mas cabelos são os que nada lembram mesmo. E sobre os memes tóxicos citados, só nos resta boicotá-los.
ExcluirReparou que Jaci também é mais uma vítima da até então recorrente falta de atenção, Marcos?
ExcluirMuito linda a indiazinha Jurema e não teve tanto destaque quanto o feioso Cafuné, na fase brilhante tinha tudo para ser bem mais atuante e simplesmente não foi, Mauricio deveria ter investido nela assim como fez com Rosinha, Aninha, Maria Cascuda e Zecão que por sinal é outro feioso.
Concordo, a Jurema podia ter mais destaque, mas ainda assim nas histórias em que ela apareceu foram bem marcantes.
ExcluirRealmente,cabelo não é o forte mesmo não.E esqueci de citar o Seu Cebola live-action,tão ou mais-nada-a-ver que o filho.
ExcluirComo seria um live-action oficial dos pais do Cascão e Magali?Quero nem imaginar!
Julio Cesar, bem lembrado, os pais do Cascão e Magali não apareceram no filme. Quem sabe apareçam no próximo "Lições". Se aparecerem, quem ainda pode lembrar alguma coisa seria o pai da Magali, os outros seriam um pior que o outro.
ExcluirRealmente Jurema teve lá algum destaque, sem dúvida! Creio que sua frequência de aparições nas décadas de 1980 e 1990 dê para comparar com a frequência de aparições de Jaime no mesmo período, sei lá, talvez até apareceu mais que ela pelo fato de pertencer a um núcleo de mais (I)ibope, de mais audiência que o indígena (Tina talvez conseguisse sustentar um título nessas décadas, Papa-Capim é certo que não), mesmo que tenha aparecido um pouco mais creio que minha comparação seja cabível.
ExcluirJurema podia ter aparecido mais, mas pelo menos aparecia. Jaime também aparecia bem nos anos 1980, sejam histórias com foco namorando a Tina ou fazendo participação rápida como namorado dela ou até sem ela.
ExcluirEspecificamente na década de 1980, com certeza Jurema apareceu mais que Toneco e creio que tenha aparecido mais que a dinossaurinha Simone.
ExcluirToneco já era personagem esquecido nos anos 80 embora vi aparecendo 3 vezes com participações rápidas. Simone aparecia pouco, logo a Jurema apareceu bem mais que eles. Ela era personagem fixa, só não era a namorada oficial do Papa-Capim
ExcluirHá uma HQ chamada "Nomes" em que Jurema passa tanta raiva com os nomes dos amigos do namorado que termina fazendo piada com nome dele, não com tom de deboche e sim nervosa lhe mandando comer capim.
ExcluirParece ser de 1994, conhece?
Conheço bem, é engraçada essa. É de Chico Bento 197 de 1994.
ExcluirImaginei que era por isso que o Papa Capim tem esse nome,eu tinha um passarinho com esse nome,antes as histórias do Papa Capim vinham no gibi do Chico Bento.
ResponderExcluirPois é, a grande maioria das histórias do Papa-Capim foram nas revistas do Chico Bento. Algumas vezes vinham na Mônica e Cebolinha quando queriam desenvolver mais e não dava pra colocar em revista do Chico Bento porque eram quinzenais com menos páginas.
Excluir"(...)o Papa-Capim sendo zoado por ter esse nome".
ResponderExcluirDe acordo com a atualização de gírias,agora é "'trolado' por ter esse nome".
Hoje se diz "meter o pé" para dizer que vai embora;vinte anos atrás era "ralar peito" ou o simples "fui!".
Sim,mas também há casos em que a propria pessoa diz que vai "vazar".
ExcluirE bem antigamente se dizia "dar no pé",do tempo em que as expressões eram "boiota","boco moco","brasa","mora","bicho","caranga"...
Algumas sobrevivem ao tempo,como "caô",dita por Bezerra da Silva quarenta e poucos anos atrás.
O clássico "dar no pé" indica não apenas se retirar e sim de modo apressado podendo também ser sorrateiro, lembro-me de outro sinônimo que é "queimar chão", já "pernas para que te quero" e "sebo nas canelas" são muito recorrentes nas memoráveis HQs da TM.
ExcluirSim, algumas gírias sobrevivem, outras não. Dessas de ir embora, hoje tem mais vazar ou meter o pé. Ralar peito não falam mais. O "Fui" até se originou pelo ator Eri Johnson da novela "Barriga de Aluguel", te os que falam ainda. Zoar e trolar também são falado normais atualmente.
ExcluirEntão o clássico e inoxidável "fui" tem origem em novela, pensava que fosse de alguma letra de funk daquela fase em que a "playboyzada" enquanto público invadiu o gênero, por volta de 1995, 96, é gíria mais antiga ainda, global.
ExcluirPois é, a gíria foi mais antiga um pouco do que você pensava, mas não deixa de ser anos 90. Depois foi mais adotada pelo público do Funk.
ExcluirFalando em gíria originada de novela,fiquei bobo quando li que a expressão "espigão"-referindo-se a prédios altos-foi criada por uma telenovela de Dias Gomes exibida na Globo pré-Hans Donner em 1974,chamada "O Espigão".
ExcluirAliás,a trama de sucesso de audiência tornou-se polêmica pois deu dor de cabeça nas grandes empreiteiras que imperavam no Rio,numa época em que a zona Sul estava perdendo suas últimas casas unifamiliares.Vale destacar que a época era o auge do êxodo rural (e das mudanças de comportamento da sociedade)e que,portanto,o intenso povoamento da zona Sul era realidade,já atingindo o bairro de São Conrado e chegando na desértica Barra da Tijuca,no começo da zona Oeste,numa porção conhecida como Baixada de Jacarepaguá.A novela criticava as construtoras e imobiliárias sedentas por vender,e plantando espigões em ruas outrora dominada por casas simples
A trama estava prestes a ser reprisada em 1982,quando houve pressão das empreiteiras,ainda incomodadas com o tema já superado,e a emissora do Jardim Botânico,de filial em Curicica,desistiu da reexibição.
Não sabia dessa curiosidade da novela, é bem rara de ser ver mesmo por aí.
ExcluirAliás, uma coisa que não é de hoje, a Turma da Mônica pelo menos desde a época da Globo é meio datada em termos de gíria. Frequentemente os personagens dizem coisas que ninguém hoje mais fala ("bolas!" acho que é o melhor exemplo disso). Só agora com a presença nas redes sociais é que estão cobrindo um pouco essa diferença.
ExcluirContinuando: isso, claro, sem contar os termos mais, digamos, objecionáveis. "Zoar" e "trollar" (ou melhor, "trolar", porque com dois LL é estrangeirismo e também não rola) pode, "sacanear" não pode. O que é engraçado é que eu já li a palavra "babaca" numa história antiga (que normalmente escrevem no lugar "boboca", que é outra coisa que eu nunca vi ninguém falar por aí).
ExcluirAndre, acho que certas palavras não colocam pra não deixar tão explícito um xingamento ou palavras ruins. Aí essas que substituem, acabam não sendo muito uadas no dia a dia, algumas até só em linguagens do quadrinhos deles como "boboca", "bolas" e "pindarolas", por exemplo.
ExcluirSem dúvida foi a melhor fase deles. Desenhos encantadores e também adorava as cores assim, no caso do Papa-Capim ficava muito bem, um meio termo entre brancos e negros. Tinham épocas que pintavam muito escuro e mesmo com o marrom normal ainda não fica se parecendo com índio.
ResponderExcluirÓtima história, realmente esse índio 'Trovão " deveria ter sido mantido como personagem fixo, uma espécie de rival do Papa-Capim. Renderia roteiros excelentes, como desafios de quem seria o melhor caçador, ou o indiozinho que tivesse mais habimidades, entre outros desafios, sempre com o Trovão provocando o Papa-Capim. Faltou foi alguém do estúdio ter tido esse olhar para o personagem.
ResponderExcluirVerdade, seria bem legal. Uma vez ou outra tinha algum índio rivalizando com o Papa-Capim, mas seria bom um personagem fixo, ainda mais nas caçadas. Perderam chance mesmo.
ExcluirCorrigindo a palavra: "habilidades" foi digitação errada aqui.
ResponderExcluirNão entendo por que razão o Mauricio de Sousa usa nomes de indígenas brasileiros para alguns personagens e de indígenas americanos para outros personagens... o que o impede de ter um padrão? E, é claro... de preferência, nos moldes brasileiros!
ResponderExcluirMas enfim... excelente sua postagem aí! Meus parabéns... firmeza e tranquilidade?
Tudo certo comigo. Obrigado por ter gostado. O mais certo seria nomes indígenas brasileiros por aldeia ser no Brasil, mas eles nunca tiveram um padrão, por isso essas diferenças nos nomes.
ExcluirEntendi tudo no caso, amigão!
Excluireu tinha essa historia ,muito legal
ResponderExcluirMuito boa essa :D
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