domingo, 2 de fevereiro de 2025

Cebolinha: HQ "O plano da calcinha de rendinha"

Compartilho uma história em que Cebolinha cria um plano infalível de dar vergonha à Mônica de saber que fica com calcinha à mostra quando vai bater nos meninos. Com 8 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 11' (Ed. Globo, 1987).

Capa de 'Cebolinha Nº 11' (Ed. Globo, 1987)

No clubinho, Cebolinha fala com o Cascão que a Mônica deve ter um ponto fraco. Cascão responde que até o ponto fraco dela é mais forte que eles. Cebolinha se recusa a aceitar, abaixa uma foto da Mônica e quer conferir se não esqueceram nada. Cascão pergunta por que não deixam como está, ela é a dona da rua e pronto. Cebolinha pergunta onde está a perseverança e coragem e Cascão diz que acha que se foram após a última surra.

Cebolinha lembra que já tentaram derrotar com complexo de dentuça, cabelo tem nada a ver com força nem o coelhinho. Até que lembra um detalhe que nunca exploraram: a calcinha. Toda menina tem vergonha de ser vista de calcinha, conta o plano infalível, acha que depois dessa duvida que a Mônica vai ter coragem de bater neles e Cascão gosta, só que se não der certo vai sobrar sopapo para todo mundo.

Na rua, encontram a Mônica e Cebolinha manda o Cascão xingá-la, afinal já teve que bolar o plano e na hora "H" ele vai aparecer. Cascão xinga e quando a Mônica vai bater nele, Cebolinha diz que  viu a calcinha dela, não adianta esconder que já viu. Mônica pergunta se não dá para virar para lá para dar coelhada no Cascão. Cebolinha a xinga, Mônica quer bater nele e Cascão fala que viu a calcinha dela.

Mônica pergunta por que agora deram para serem indiscretos. Os meninos falam que os movimentos bruscos ficam a calcinha á mostra, não só quando bate neles, como também quando ela corre, pula ou dança. Cebolinha comenta que um dia estava de amarelinha e Cascão lembra da rosinha de rendinha. Falam que querem ajudá-la, uma mocinha não deve sair com tudo aparecendo e propõem de ela passar a andar bem devagarinho, comportada e delicada e nunca correr, pular e bater nos outros e que ela vá para casa que eles tomam conta da rua para ela.

Mônica vai para casa, para pensar no assunto. Cebolinha a xinga de gorducha e dentuça e lembra que não é para ela fazer gestos bruscos. Depois que ela sai, Cebolinha diz que ela vai ficar tão preocupada que nem vai pensar em bater neles, podem xingá-la á vontade e serão donos da rua e ainda pensa como serão aclamados como reis e fazendo amigos a pagarem sorvetes para eles.

Depois, Mônica volta, atrás da moita, Cebolinha a xinga e diz que está atrapalhando os planos futuros deles e não tente bater neles que a calcinha vai aparecer. Mônica diz que a mãe dela achou que realmente o vestidinho estava meio curto e esta usando agora calça jeans enquanto ela conserta a barra. Mônica bate neles e no final Cascão pergunta se Cebolinha tem mais alguma ideia e ele responde que por enquanto não, mas espera quando ela usar sutiã.

Engraçada essa história em que o Cebolinha faz o plano infalível com o Cascão de Mônica ficar envergonhada em ver sua calcinha á mostra e não bater mais neles e serem os novos donos da rua. Até dá certo em um momento, Mônica fica com vergonha e vai para casa só que não contavam que a Mônica ia voltar usando uma calça jeans, resolvendo o problema e bater neles no final. Era óbvio, era só mudar de roupa que a calcinha não ia aparecer, meninos não pensaram nisso.

Os meninos sempre tinham planos infalíveis de achar um ponto fraco da Mônica e nunca conseguiam, dessa vez foi  ideia de menina ficar com vergonha de ter calcinha à mostra. Não foi o Cascão quem estragou o plano. Mãe da Mônica que pode dizer que estragou ao sugerir usar calça jeans enquanto consertava o vestido. Sempre é alguém que dá um toque na Mônica quando não era o Cascão quem estragava os planos, Mônica nunca agia na esperteza, ela própria podia já colocar calça ou vestido mais comprido sem ninguém sugerir. Também nem precisaria a mãe bancar costureira, era só comprar um vestido novo, menos trabalho, apesar de pagar mais.

Cebolinha no final bem safadinho ao pensar em refazer o plano quando a Mônica ficar mocinha e ficar de sutiã, imaginando que ela vai ficar com vergonha quando os peitinhos começarem a aparecer. As melhores tiradas foram do Cascão, foi engraçado ver o Cascão dizer que o ponto fraco da Mônica é mais forte que eles, que a perseverança acabou depois das últimas surras, dormir enquanto analisava qual ponto fraco a Mônica podia ter vendo a foto, pensar em maldade quando o Cebolinha aponta para a calcinha da Mônica da foto, meninos comentando sobre as outras calcinhas que viram outras vezes, imaginarem como donos de rua obrigando todos a pagarem sorvete como eles. 

Foi bem curtinha para padrão de abertura e com muito conteúdo, na época era normal histórias de abertura com poucas páginas, variando com outras edições com histórias de abertura mais desenvolvidas. Gostava quando os meninos estavam reunidos no clubinho, meninas não podiam entrar e normalmente se reuniam para bolar planos infalíveis contra a Mônica ou interesses do universo dos meninos ou elegerem ou um presidente do clubinho, sempre eram divertidas. Legal a Mônica de calça e tênis por uma história, deu uma diferenciada no visual. 


Cascão não sabia o que é "calcanhar de Aquiles" e legal depois que soube dizer que gibi é cultura. De fato, aprendíamos muitas coisas lendo gibis, palavras novas, hoje implicam com expressões assim. É incorreta atualmente por envolver calcinha de menina, hoje não pode nem mostrar as meninas com calcinhas à mostra, muito menos ser o tema de uma história, fora meninos bem safadinhos com maldades e comentando sobre outras calcinhas que viram e Cebolinha imaginar Mônica de sutiã, meninos xingarem a Mônica,  apanharem e sendo surrados com olhos roxo, plano infalível com meninos perversos e envergonhar Mônica, além de expressões populares com duplo sentido como "meu velho", "calcanhar de Aquiles", "vai sobrar sopapo", etc. 

Os traços ficaram encantadores, era muito bonito ver traços bem fofinhos assim. A colorização em meados de 1987 tinha tons bem pasteis, por isso o marrom do sapato do Cebolinha ser quase do tom de pele dele e só não ficaram cores muito desbotadas por causa do papel oleoso que tinham nas revistas do Cebolinha. Teve erro do Cebolinha falando "fraco" sem dislalia no primeiro quadro da história. A capa dessa edição teve referência á história de abertura, o que era raro na Editora Globo embora era comum capas do Cebolinha com alusão à história na Editora Abril, já na Globo só de vez em quando.