domingo, 25 de agosto de 2024

HQ "Chico Bento O Feirante"

Dia 25 de agosto é o "Dia do Feirante" e em homenagem mostro uma história em que o Chico Bento virou feirante, causando muita confusão. Com 10 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 74' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Chico Bento Nº 74' (Ed. Globo, 1989)

Chico Bento e o pai, Seu Bento, chegam à casa do compadre Nhô Neco de noite para entregar o fornecimento de laranjas para a feira. Neco diz que contava com as laranjas, Seu Bento fala que a colheita atrasou, Nhô Neco diz que pelo menos deu tempo e chama os dois para tomar um cafezinho. Chico Bento acha legal que Nhô Neco trabalha em feira e gostaria de saber como é e Neco o convida pra ficar lá e levá-lo para a feira e Seu Bento busca o filho de tarde.

Chico vai dormir e é acordado por Nhô Neco às três e meia da manhã para trabalharem na feira e Chico não gosta, acha que até o galo ainda está dormindo. Eles carregam caixas de laranjas até o caminhão. No caminho, Chico cochila e é acordado quando chegam para descarregarem material da feira. Fica tudo pronto quando o Sol está nascendo e esperam os fregueses.

Aparece Dona Amélia, perguntando como estão as laranjas. Nhô Neco responde que estão ótimas nem precisa escolher. Chico estava dormindo com cabeça em cima das laranjas, Dona Amélia pega no nariz do Chico pensando que era uma laranja e acha que não estava firme e Chico chama a mulher de enxerida e manda soltar o nariz dele. Dona Amélia se assusta, acha que foi insultada e vai comprar laranja em outro lugar.

Neco fala que é para o Chico ter mais cuidado, perdeu uma antiga freguesa e ensina como faz, que tem que gritar chamando fregueses. Chico manda fazer silêncio, já escutou e não é pra passar vexame. Nhô Neco conta que tem que ser assim se não como vai competir com os outros vendedores que gritam. Nhô Neco ensina outra tática, chamar mulher bonita para querer laranja, que é doce como ela e aí leva 2 dúzias de uma só vez. 

O feirante do lado lembra que vai passar a final do jogo de vôlei e Neco deixa o Chico tomando conta da barraca enquanto assiste ao jogo, para ele anunciar e atender a freguesia e Chico que diz que quando ele voltar, não vai mais ter laranjas. Chico acha uma emoção virar feirante, anuncia as laranjas e pergunta para moça bonita se não quer laranja e chama a outra de nariguda feiosa e leva uma tacada de bacia na cabeça.

O feirante do outro lado percebe que o Neco deixou um bobão tomando conta da barraca e aproveita para roubar a freguesia dele. Chico anuncia que a laranja é da boa e o feirante, que a dele é melhor. Chico fala que a dele é docinha e cardosa, um mel e o feirante, que é mentira. O feirante pede para o Chico provar a laranja que comprou da barraca dele, Chico acha azeda e descobre que deu um limão e o feirante fala que ele não sabe diferenciar limão e laranja.

Vários clientes vão para a barraca do feirante, que diz que a dele é a melhor, Chico anuncia que a dele é mais barata e todos vão para a barraca do Chico. O feirante anuncia que leva três e pague duas e Chico, leve uma dúzia e leva a bacia de graça. O feirante anuncia que laranja dele é mais firme, Chico duvido e o feirante taca uma laranja nele, Chico revida, o feirante se abaixa e laranja vai parar no vendedor de abacaxi, que taca em outro feirante e começa a guerra de frutas entre os feirantes. 

Neco volta do jogo e ansioso para ver como Chico se saiu e se espanta com tudo quebrado e Chico fala que não sobrou laranja, agora tem abacaxi, banana, tomate, berinjela. Depois, Seu Bento busca o Chico e se desculpa com o que ele aprontou, Neco diz que não faz mal, é só uma criança e depois dá um jeito de vender as frutas. Em casa, Dona Cotinha se espanta que o Chico está machucado e resolve preparar uma laranjada. Chico desmaia e Seu Bento fala que hoje o Chico já tomou muita laranjada.

História muito engraçada em que o Chico Bento vira feirante depois que disse que nunca foi em uma feira e Nhô Neco o deixou trabalhando junto com ele. Já tinha aprontado com o Nhô Neco lá, mas piorou quando ficou sozinho, resultando em guerra entre feirantes. No final, Chico ficou com trauma de laranja, por conta das muitas pancadas de laranjas na cabeça. Sem dúvida o Chico nunca mais vai querer ir a uma feira depois de tudo que aconteceu. 

Nunca tinha visto uma feira porque não precisava comprar já que tinha tido fresco plantado no sítio, mas não precisava ele trabalhar em uma, Seu Bento poderia levar o filho na feira pela manhã que já ia conhecer. Deu uma pena do Chico fazendo esforço de carregando laranjas de madrugada, montar barraca de feira. Nhô Neco foi bem irresponsável, já tinha visto o Chico aprontando com a Dona Amélia, aí como deixa uma criança sozinha na feira para assistir jogo. O outro feirante bem mau-caráter de se aproveitar do Chico pra pegar a clientela do Neco, por culpa dele que aconteceu tudo no final, Chico até poderia não vender as laranjas, mas não teria um pastelão acabando com a feira se não fosse por ele.

Foi de rachar de rir do início ao fim com destaques de nariz do Chico ser confundido com laranja, Dona Amélia apertar o nariz e com onomatopeia "Fonc!", o Chico dizer ao Neco que estava passando vexame ao gritar na feira, chamar a mulher velha de nariguda feiosa, a discussão com o feirante concorrente com direito a dar limão para o Chico, a guerra de frutas entre os feirantes e os galos na cabeça do Chico. 

A história pareceu uma feira de verdade, foi legal ver cotidiano de um feirante e que nada fácil a vida deles para fornecerem frutas para clientela, o Seu Bento ser fornecedor para feirantes com os produtos que planta no sítio, era o trabalho dele. Também era comum na época mostrar o Chico e até outros personagens trabalhando em várias profissões, sempre era engraçado, como a memorável "Chico açougueiro" (CHB # 93, de 1990). 

O  compadre por quem o Seu Bento se referiu a Nhô Neco pode ser que sejam compadres do tipo de padrinho de casamento ou apenas um amigo mesmo de grande consideração, não ficou claro e como Neco apareceu só nessa história, não pode afirmar se tem certo parentesco com os Bento ou não. Gostavam de colocar o termo "Nhô" para se referir a "Seu", "Senhor", o pai do Chico mesmo colocavam como "Nhô Bento" e o "Nhô Lau" é assim até hoje.

Os traços muito caprichados que davam gosto de ver. É completamente incorreta hoje em dia por mostrar uma criança como Chico Bento trabalhando em feira, acordar de madrugada, fazendo esforço em carregar caixas de laranjas, montar barracas, levar pancada de bacia na cabeça e laranjadas, adultos irresponsáveis de deixar criança trabalhando e se aproveitar dela, a guerra pastelão causando desperdício de alimentos, preconceito com narigudos, Dona Cotinha e a velha nariguda com avental, fora as palavras "gozado", "roubar", "bandido" e "diacho" que são proibidas nos gibis atuais. 

39 comentários:

  1. Seu Neco se revela um completo irresponsável ao confiar a estabilidade de seu ganha-pão a um guri que manja nada do ramo. Até Seu Bento se mostra meio sem-noção ao atender o pedido de seu compadre e cliente deixando o filho com ele só por demonstrar certa curiosidade em como funcionam feiras de hortifrutigranjeiros, entretanto, se o pai fosse sensato e educadamente não permitisse que Chico ficasse com o sujeito, a HQ não chegaria a duas páginas completas e toda confusão posterior não ocorreria, "O feirante" não faria parte do histórico do personagem-título se seu progenitor deixasse o bom(-)senso falar mais alto.
    Questão é que determinadas permissividades rolavam - e chamavam certas atenções já naquelas épocas - para que histórias como esta fossem possíveis.

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    1. Todo mundo errou, Neco por querer criança cuidando da barraca e Seu Bento por deixar o filho com ele. O mais prático, sem dúvida, era Seu Bento levar o Chico pra feira outro dia, atenderia o desejo dele e não aconteceria todas essas confusões, mas tem situações que tinham que acontecer, se Seu Bento não deixasse o filho ficar lá, não teria história. Na época ninguém ligava se era criança trabalhando, importante era a diversão e o humor da história contada.

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    2. "Pois a minha é docinha i cardosa! Um mer!"
      "Cardosa", não conhecia a expressão. No Brasil, ademais em Portugal, a palavra "(C)cardoso"* é bastante comum como nome de família e significa ambiente cheio de "cardo(s)", que é uma espécie de vegetação (ex.: terreno cardoso). Parece que existem tipos disso, porém, quanto à variedade, não arrisco afirmar, não tenho certeza.
      *Como sobrenome, há também "Cardozo", grafado com Z.

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    3. Eu acho que o Chico quis dizer carnosa e saiu um erro de digitação ou então o caipirês adotaram como cardosa. Também não conheço essa palavra se foi intenção de ele falar assim, até cheguei a pensar que era derivada de calda (carda no caipirês), mas não faz sentido, já carnosa, sim.

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    4. Acertou sem querer. Não é o Cebolinha pronunciando sobrenome que mencionei acima, "caldoso" existe no nosso idioma e é isto mesmo, frutas e alimentos em geral que contenham bastante caldo, daí, no feminino com caipirês: "cardosa", na mosca, Marcos!

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    5. Valeu. Aí, o caipirês deu impressão de uma palavra nova.

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  2. Olá. Boa noite, Marcos. Eu sou JP, de Salvador-Bahia. Por gentileza, uma pergunta: é verdade, que, no mês de Dezembro do ano de 2024, terá o Kit Verão 2024/2025, da Turma da Mônica, publicado pela Editora PANINI COMICS Brasil, nas Bancas de Revistas, e, Livrarias das Regiões Todas do Brasil todo, inclusive, Salvador, e, Bahia toda, ou, é somente São Paulo, e, Rio de Janeiro, ou, não?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    1. Boa noite, JP. Não sei se terá esse kit verão, se tiver, pode ser somente pra São Paulo e Rio de Janeiro. Abraços

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    2. Ok. Marcos, por gentileza, é verdade, que, na segunda quinzena do mês de Outubro do ano de 2025, terão umas Edições Comemorativas, falando sobre os 90 anos do Mauricio de Sousa, nas Revistas da segunda quinzena da Turminha do mês de Outubro do ano de 2025:
      Mônica; Cebolinha; Cascão; Magali; Chico Bento, e, Turma da Mônica Edições #90 (Edições #260-Terceira Temporada), e, um Livro Comemorativo, falando sobre os 90 anos do Mauricio de Sousa, é isto mesmo?. Por gentileza, uma pergunta: é verdade, que, as Edições das Revistas da Turminha da Terceira Série, eles irão até a Edição #100, e, terão a Quarta Série, das Revistas Todas da Turminha, e, terão as Revistas, em ordem, a partir da Quarta Série das Revistas da Turminha:
      Mônica; Cebolinha; Cascão; Magali; Chico Bento; Milena, e, Turma da Mônica, ou, não?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    3. Revistinha da Milena, cruz-credo, só falta essa, bate na boca, JP Batista!
      Movimento woke vem apresentando sinais de franca queda, daí, acho plausível que lancem uma edição especial com essa personagem, já um título periódico, será que rola?

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    4. JP, devem ter revistas e livros comemorativos de 90 anos do Mauricio. Devem reiniciar numerações depois do N° 100 e pode ter revista da Milena após reiniciarem. Abraços.

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    5. Zózimo, infelizmente não duvido que tenha revista periódica da Milena porque o título "Turma da Mônica" praticamente está sendo histórias dela na abertura em quase todas edições, só faltaria renomear pra Milena. Realmente seria horrível um título dela, mas a tendência é ter um dia.

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    6. Será o Benedito, Marcos? É, seria um erro subestimar, em períodos trevosos, tudo de ruim é possível...

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    7. É a treva com certeza. Nada que possa piorar e ir para o fundo do poço se acontecer a revista da Milena. Tem possibilidade até porque também no marketing a MSP trata agora a Milena como personagem principal, sempre colocando junto com Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali. O jeito é aguardar e tomara que não se concretize.

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    8. "Nada é tão ruim que não possa piorar"... Sábias palavras, Marcos, sábias palavras...
      Questão é que determinadas alas canhoteiras já não estão mais aderindo ao wokismo (ou wokeísmo), não obstante, quem sou eu para subestimar, posso me arrepender amargamente se considerar que tal movimento já se encontra praticamente derrotado, o que vem ocorrendo é um sensato e significativo boicote a conteúdos culturais e de entretenimento fortemente ideologizados e, por consequência, altamente lacradores. Mas, vai que, de repente, essa anomalia revigora... daí, subestimar, jamais!

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    9. Zózimo, tem razão e um caminho sem volta. No caso de uma revista da Milena pode dizer que é para as pessoas do politicamente correto se orgulharem de uma personagem negra ter sua própria revista.

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    10. Compreendo, mas, o negócio é que se trata de uma personagem 100% artificial, para se orgulhar de algo assim tem que ser lesado da cabeça ou deveras ingênuo.
      Tipo o que fizeram com Branca de Neve em seu novo filme, uma atriz de fenótipo hispânico é quem a interpreta e o mais ridículo é que não tem anões, e filmes com essa agenda identitária e politicamente correta lançados em 2023 e neste ano, floparam feio, não há um caso bem-sucedido dentre os estreados neste período. Audiovisual é uma coisa e quadrinhos são outra, porém, wokeísmo impregnou nessas duas formas de entretenimento e esse movimento tem dado claros sinais de que está fraquejando, pois vem dando mais prejuízos do que lucros. Boicotar é a melhor arma contra isso, porque, ao afetar os caixas das corporações que atuam no ramo do entretenimento, se veem obrigadas a abandonar tais ideologias. Claro que isso é um processo gradativo, não quer dizer que se continuarmos boicotando incessantemente que esse lixo será eliminado dentro de cinco ou seis anos, não é assim que funciona, seria bom que fosse, mas não é.

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    11. Concordo, Milena é super artificial, acrescenta em nada e dão cartaz a ela à toa. Novo filme da Branca de Neve também ficou muito ruim. É que querem dar visibilidade a negros, serem protagonistas, aí fazem essas coisas. Até podemos boicotar, mas muitos pedem isso, aí o número de quem boicota é menor do quem apoia, não faz muita diferença em diminuir caixas das corporações.

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    12. Plantaram a Milena no meio do então quarteto protagonista.
      Uma personagem que chegou do nada e já puseram "sentada na janela".

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    13. Isso mesmo, Julio Cesar. Um erro da MSP foi não ter criado personagens negros no tempo certo, ficaram só com Jeremias e com núcleo do Pelezinho. Mandaram mal, poderiam ter inserido negros no núcleo da Tina, em Vila Abobrinha e na turma do Bairro do Limoeiro que, por décadas, só contou com Jeremias e, lá uma vez ou outra, em HQs antigas, aparecem mãe e pai dele.
      Hoje temos de aturar uma Milena da vida, com seus pais e outros parentes que, são tão certinhos, tão perfeitinhos, agregam nada de positivo, são, como a juventude da nossa geração costumava dizer: muito "paia(s)".

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    14. Pois é, Julio Cesar, a Milena foi alçada como personagem principal assim como os outros quatro, só pra verem que tem negro na Turma da Mônica. Se tivesse personalidade , até daria pra aceitar.

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    15. Sim, Zózimo, Milena poderia ser só figurante. Ela de caracteristicas que deram que gosta de animais e de ciência, isso nada acrescenta em uma personagem. Qualquer personagem negro ou branco com personalidade assim seria sem graça. Tem também de ser perfeita porque não pode acontecer nada de ruim com os negros porque seria maltrato. Se tivesse sido criada na fase de ouro, a Milena teria conteúdo, hoje até Jeremias está igual, bem sem graça, antigamente acontecia de tudo com ele, por isso ele era legal.

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    16. Milena é woke, fruto de histeria militante, ela e os que a orbitam foram criados a toque de caixa, e todos personagens que têm em seus cernes essas características, por questão de lógica, não prestam, pois são elementos doutrinadores agindo por meio do lúdico.
      MSP negligenciou essa questão, não deram devida atenção quando revistinhas da TM bombavam pela excelente qualidade de sua equipe combinada com censura quase nula. Pelo menos, a partir de 1981, lembraram de resgatar Jeremias e explorá-lo de modo relativamente significativo, claro que, apesar de positivo, muito longe do suficiente tendo em vista o expressivo número de cidadãos negros brasileiros que haviam, por exemplo, nos anos 1960, década essa que é o berço da Turma da Mônica.

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    17. Milena é o maior erro cometido nessa turma. Se eu fosse uma pessoa negra, me sentiria ofendida com o quão vazia é essa personagem. Acredito em me identificar por personalidade e experiências, não por aparência.

      Militância na Disney tá mais forte ainda. Ariel sempre foi minha princesa favorita, e quando saiu aquele elenco do live-action, fiquei bem chateada de como a personagem foi totalmente mudada sem necessidade. E não pode nunca falar nada, ''senão vc é só um racista''.

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    18. Zózimo, com o Jeremias poderia ter dado mais espaço desde que voltou aos gibis. Até teve presença grande na primeira década dos anos 1980, com direito a histórias solo, inclusive, mas depois apareceu pouco sem grande destaque. Davam pra ter mais presença dele com os pais, ter uma namorada, colocarem mais amigos negros e o pessoal se acostumaria e melhor sem a lacração.

      Isabella, infelizmente a militância está em tudo, como todos estilos de gibis e filmes, uma tendência mundial, de fato Disney está pior e a MSP também acatou. Qualquer personagem novo que criarem agora vão ser certinhos e de preferência pra defender alguma causa, fica chato assim. Melhor se contentar com os gibis antigos.

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  3. História massa, muito bem corrida! O coitado do Chico, que sofreu a história toda por culpa da irresponsabilidade dos adultos, tanto do Compadre Neco quanto do pai. O Compadre, um completo sem-noção, colocar criança no batente, fazer ele madrugar, ainda achar bom ''porque geralmente faz tudo sozinho'', que então contratasse um assistente de verdade. Seu Bento então, entregou o filho na mão do feirante sem muitas perguntas, simplesmente diz ''pode dar trabalho'' e ''juízo'', queria só ver o que Dona Cotinha achou disso. Quinzinho trabalha diariamente na padaria, voluntariamente, e é muito melhor tratado na padaria.
    Acho meio inacreditável o Chico, com essa idade, nunca ter ido a uma feira ou pelo menos saber como é uma, mas tá valendo né? Pior que nem se deram ao trabalho de explicar coisas direito para o guri, só dá uma explicação vaga e depois deixa ele para assistir o jogo e confia totalmente na sorte. No final nem percebeu que a culpa foi dele, ao que parece, só coisa de criança. E a sinceridade infantil do Chico me mata ''Solta meu nariz, velha inxirida'' e francamente, a dona mereceu essa tacada, confundir e apertar o nariz do menino. E ''a nariguda feiosa'', essa lavou a alma.

    A parte dele e do feirante rival brigando me lembrou aqueles episódios de Chaves aonde ele e Quico competem por vender alguma coisa, cada um jogando sujo e sabotando o outro. Me passou mesma vibe (acho que vou até ver um episódio de Chaves agora, deu saudade). E pena que a gente não viu que fim aquele feirante concorrente levou, pela falta de resolução pode até ter saído impune. Ah, é a vida né.
    No final, o moleque todo machucado e maltratado, os pais podiam até dar queixa, não sabem pelo que o filho passou. Se fosse meu filho eu certamente ia dar denúncia, olha o estado e o trauma dele. Mas nem isso fazem, muito irresponsáveis nessa história mesmo.

    Enfim, a história é tão boa que me deu vontade de comentar até cada trechinho dela, mas tive que escolher as mais marcantes, senão o comentário ia ficar até quilométrico. Já tá grande demais por aqui. Nota 9.

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    1. Muito engraçada, adoro essa. Seu Bento deixou filho lá por Seu Neco ser amigo dele, de confiança, mas não deveria deixá-lo trabalhar lá. Dona Cotinha não deve ter achado ruim também por conta disso. O Neco mais irresponsável ainda, primeiro por criança pegar no pesado pra montar a feira e ainda deixar o Chico sozinho e que já tinha visto o vexame com a Dona Amélia, como castigo teve prejuízo com a mercadoria e vendas. Uma solução seria levar um rádio pra ouvir o jogo, pelo visto Neco queria assistir.

      O Chico era bem sincero e autêntico, adorava histórias com ele assim, ficava muito engraçado. Acho que não tinha ido à feira porque tinha tudo no sítio que plantavam. A briga com o concorrente foi boa, lembrou Chaves, sim, na certa ficou impune e voltou a vender na feira no dia seguinte. Não era pra ter dois vendedores de laranja ao lado do outro, devia ter um espaço entre as barracas que vendem as mesmas coisas. Pais acharam tudo normal, por isso não acharam ruim o estado que o Chico ficou, tanto físico e psicológico.

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    2. No final das contas, Neco foi irresponsável e aproveitador, o Chico só falou que queria ver uma feira; atenção as palavras, ele queria ''ver'', não trabalhar numa. O cara ainda coloca assistir um jogo antes do próprio negócio, no fim todo aquele prejuízo foi completamente merecido. Por se aproveitar do Chico e ser irresponsável, mereceu mesmo aquilo com a frutas.

      O Chico foi o que menos teve culpa para ser sincero. O único erro dele foi chamar a cliente de ''nariguda feiosa'' (a outra mereceu aquilo por apertar o nariz dele e nem se desculpar), de resto foi o universo e coincidências conspirando contra ele e o outro feirante que começou e provocou. No fim ele é o menos culpado de tudo que aconteceu, pelo menos nessa história específica.

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    3. Verdade, foi merecido, afinal ver é diferente de trabalhar. Chico foi inocente, se o outro comerciante não tivesse atrapalhado, Chico até poderia não vender, mas não teria o prejuízo que foi, culpa foi dele.

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    4. Isso aí, pessoal. Outro detalhe que chama atenção é o modo como Seu Bento se desculpa, um tanto ingênuo para um adulto cujo filho está bastante ferido por irresponsabilidade alheia. Óbvio que se trata de uma lúdica historinha em quadrinhos, digo isto porque pode soar que não sabemos separar ficcional de realidade - como lacradores de plantão habitualmente fazem - e claro que não é isso, não somos bitolados, todavia, certo seria que o/a roteirista optasse pelo contrário, quem deveria ser exibido se desculpando, e de modo bem sincero, é o feirante, com postura física encolhida, bem humilde, denotando arrependimento, vergonha e até um certo receio diante do pai do Chico, pois ele realmente abusa da inocência do protagonista, superando, por exemplo, o concorrente antagonista, porém, diferença entre os dois é que Nhô Neco não foi mal-intencionado, foi expansivo e negligente.

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    5. É, poderiam ter escolhido outra reação do Seu Bento como descreveu, mas quiseram prevalecer o humor, Seu Bento agindo assim deixou até mais engraçada e continuou o Chico sendo chacota para ter o final do desmaio. Acho que ficou legal assim.

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    6. Conheço outras histórias em que Cotinha vê o filho todo machucado, em umas ela fica um tanto chocada e, em outras, nem tanto, e, até aí, tudo bem, entretanto, nesta, diante do que vê e sabendo que o filho estava na companhia de um compadre que parece não residir* em Vila Abobrinha, apresenta um comportamento, sei lá, frio, ou estranho para uma mãe, ainda mais para alguém caipira e religiosa. Ideal seria que quem escreveu optasse pela ausência da personagem, deixando para Seu Bento mencionar sobre laranjada no desfecho ou até mesmo Rosinha que, não é da família, mora em outra residência, mas, por ser namorada, é, digamos, "de casa" e poderia preencher a função de tecer tal comentário que provoca desmaio no protagonista.
      *Quiçá Neco reside na mesma em que mora a família do Chico Bento, ou em cidadezinha vizinha tão ruralizada quanto, não obstante, está claro que o local da feira tem nada de rural, sejam os feirantes, seja clientela, todo mundo denota um ar urbano e, bem paulistano, inclusive.

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    7. Zózimo, normalmente a mãe tem uma preocupação maior e o pai mais relaxado, nessa ela não se preocupou nem com o filho junto com o Neco, pode ser porque conhece o cara e achava que era confortável. Uma outra opção melhor seria a Rosinha pra ter a ideia de outra pessoa que não vivenciou o que o Chico passou e dar mancada sem querer. Acredito que o Neco more em cidade vizinha e a feira mais próxima a casa dele e longe do sítio do Chico Bento por ele nunca ter ido a uma.

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  4. Época em que o pessoal da MSP sabia desenhar. O traço dessa história é bem típico de histórias do final dos anos 80 e começo dos anos 90.

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    1. Verdade, caprichavam nos desenhos, podiam ter mantido assim. De cara a gente vê que são traços da transição das décadas 1980 e 1990.

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  5. Além dessa cena da Dona Amélia pensando que o nariz do Chico era uma laranja, também teve uma capa de uma revista do Chico Bento onde ele e o Zé Lelé tavam roubando goiabas e o Chico puxa o nariz do Zé Lelé por engano, confundindo ele com uma goiaba.

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    1. Teve sim, foi engraçada, é de Chico Bento 279, de 1997.

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  6. Eu tava esperando aquele esporro no final... xP

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    1. Ia ser engraçado também, os pais foram bem tolerantes tanto com o Chico quanto com o Neco.

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