sexta-feira, 19 de abril de 2024

Papa-Capim: HQ "Mani"

Hoje é o "Dia dos Índios" e em homenagem mostro uma história em que as indiazinhas criaram um plano infalível para dar uma lição no Papa-Capim que queria ficar dormindo na rede em vez de plantar mandioca junto com elas. Com 5 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 85' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Chico Bento Nº 85' (Ed. Abril, 1985)

O narrador explica que tem a lenda que mandioca vem de Mani, que foi uma indiazinha que se transformou na planta. Papa-Capim e as indiazinhas vão plantar mandioca. Guaíra diz que nem Mani acreditaria que ele foi lá por sempre disse que isso não é trabalho para um brabo guerreiro. Papa-Capim fala que hoje em dia tem certas coisas que o índio tem que abrir a mão. 

Encontram um bom lugar para as mandiocas e Papa-Capim monta rede que carregava entre as árvores. Sapoti reclama, pensando que ele queria ajudá-las e ele fala que quer ver se elas fazem o serviço direito e é muito cansativo, por isso levou a rede. Sapoti diz que se ele não plantar, elas também não vão e ficarão sentadas ali até ele resolver.

Papa-Capim não gosta da greve e acha que a Mani começou assim e depois não teve jeito e virou mandioca. Sapoti tem uma ideia, carregam Papa-Capim para outro lugar enquanto dorme na rede, sem ele perceber, e depois entram em ação, acordando Papa-Capim fingindo que Mani voltou como fantasminha para assombrá-lo. Contam que zombou dela, não quis plantar mandioca e as amigas pagaram pelo erro dele e se transformaram em mandiocas.

Papa-Capim se assusta com as amigas como mandiocas, se desculpa e acha que a da esquerda é Sapoti porque deu um pé mais fraquinho e a da direita seria a Guaíra por ter um arzinho petulante e chora que nunca mais vai comer mandioca. Uma outra índia aparece, dizendo que ele vai adorar os bolinhos que vai fazer com elas. A índia corta a mandioca para fazer farinha e Papa-Capim acha que cortou a Guaíra no meio. Guaíra e Sapoti aparecem e Papa-Capim descobre que elas não viraram mandioca e fica feliz. No final, as índias fazem com que o Papa-Capim plante mandioca sozinho enquanto elas ficam na rede.

História legal em que o Papa-Capim não queria plantar mandioca junto com as amigas Guaíra e Sapoti para ficar na rede enquanto elas plantavam. As indiazinhas não gostaram e fizeram plano infalível de Papa-Capim se convencer que elas se transformaram em mandioca enquanto esperavam ele dormir para dar lição nele. Papa-Capim acredita e se arrepende e depois é ele quem planta sozinho enquanto Guaíra e Sapoti ficavam de boa na rede. 

Mostrou Papa-Capim bem malandro, folgado e preguiçoso, querendo que suas amigas tivessem todo o trabalho árduo, para ele não era um serviço digno para um brabo guerreiro que ele era. Guaíra e Sapoti tinham razão em reclamar, se fosse só para ele ficar olhando, nem precisaria ir com elas então. Eram boas histórias de planos infalíveis feitos por outros personagens sem ser o Cebolinha, não apanhavam no final, mas se davam mal. Até que dessa vez até o plano deu certo para as autoras, quem se deu mal foi o Papa-Capim e bem merecido.

Foi engraçado ver o Papa-Capim na rede esperando que elas plantem e ele ficar só olhando, elas o levarem para outro local com mandioca para fingirem que se transformaram na planta e fazerem voz de que era assombração da Mani que transformou as amigas em mandioca, o Papa-Capim tentando descobrir quem era quem das duas plantas, apontando os defeitos dela e as duas fazendo com que ele plante sozinho como castigo. Interessante Guaíra e Sapoti terem força para carregarem sozinhas o Papa-Capim na rede, difícil de imaginar que eram tão fortes assim e o sono dele tão grande que nem acordou com o movimento

Guaíra e Sapoti e a outra índia só apareceram nessa história. Podiam ter colocado qualquer índio conhecido da Turma do Papa-Capim como Jurema e Cafuné ou só meninos, mas roteirista preferiu duas indiazinhas desconhecidas, provavelmente por causa da lenda da Mani por ter sido indiazinha e também para dar um ar feminista no final como queria. A terceira índia que pegou as plantas no final não foi revelado seu nome, bem que podia ter dado um nome para ela. Os traços ficaram muito bonitos, já com o estilo consagrado que adotaram nos anos 1980, em especial na selva em geral que sempre caprichavam. Teve erro de Guaíra com fundos dos olhos da cor de pele no penúltimo quadrinho da última página.

História foi baseada na lenda da mandioca em que a indiazinha Mani morreu e foi enterrada dentro da oca e através das lágrimas do choro da mãe e da família, depois nasceu um pé de mandioca onde ela foi enterrada e como os índios não conheciam a planta, acharam que Mani se transformou em mandioca. Eles deram nome de Manioca, que depois com a modernidade a planta passou a ser chamada de mandioca.  Esse nome adotado em São Paulo e em outros estados e regiões do Brasil, pode ser chamada de aipim e macaxeira. Aí na história, foi adaptada que Mani virou mandioca de tanto esperar e Guaíra e Sapoti fingem que Mani voltou como assombração e que as transformou em mandiocas por saberem dessa lenda da Mani, que se foi verdade ou não essa origem da mandioca, fica na imaginação de cada um.

Hoje não tem mais histórias mostrando índios primitivos e selvagens e mostrando culturas, crenças e lendas indígenas antigas, inclusive a aldeia da Turma do Papa-Capim é tratada como moderna com eles com roupas morando em casas simples sem ser ocas e já mostraram até eles usando celular. Atualmente é errado chamá-los de índios, agora são povos indígenas e a MSP fez a modernização para adequá-los aos indígenas dos tempos atuais. Também implicariam com o plano delas de fingirem par ao papa-Capim e ele se dar mal no final. Foi republicada depois em 'Almanaque do Chico Bento Nº 30' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Almanaque do Chico Bento Nº 30' (Ed. Globo, 1995)

15 comentários:

  1. Guaíra, Sapoti... Pena que não foram efetivadas...
    "Mani", conheci a expressão e seu significado graças à MSP, foi em HQ do Papa-Capim de "gibi platinado" dos primeiros anos, e não era almanaque, ou seja, a história que li sobre isto pela primeira vez é do período Globo, 1989 ou 1990, por aí.

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    1. Pois é, dariam pra elas terem sido efetivadas, davam pra ser opositoras do Papa-Capim ou mesmo fazerem parte de amiguinhos todos reunidos. Não lembro dessa outra história com a Mônica e que até devia lembrar por ter lido primeiro que essa, com certeza eu li, só não lembro.

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    2. Não lembro como se chama, isto é, como foi intitulada, difícil lembrar, mas, que há a expressão "mani" proferida por Papa-Capim e talvez por mais algum indígena para se referir a mandioca, isto há. O que não há é crossover com a Mônica, creio que não pretendia se referir a ela, publicou sem antes revisar, acontece.

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    3. Então, pelo que entendi foi só uma citação rápida a esse nome Mani, que pode se referir à mandioca ou a uma índia ser chamada assim, mas sem ser o foco principal da história. Não ia lembrar mesmo e acho que nada a ver com crossover com Mônica, estaria certa a expressão. Aí só vendo.

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    4. Incluiu Mônica e nem percebeu, está no seu comentário de 19/04/24, postado às 23:33.
      Marcos, aquela saga do Papa-Capim, do período Abril, em que se afasta da tribo, embrenhando na floresta em busca de alguma coisa, um tipo de planta, ou, sei lá, algum artefato considerado místico, já esqueci o que o motiva para a epopeia, como possui um considerável número de páginas, parece que não foi publicada em Chico Bento, saindo em título mensal, sabe dizer em qual edição? Acho que já falou a respeito, talvez eu perguntei, não sei, não lembro mais, o que tenho é uma impressão nesse sentido, só isso.

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    5. Aí foi erro de digitação, mas precisamente corretor de celular, queria ter escrito "Mani". Sobre essa do Papa-Capim não foi saga de história sair dividida em várias edições. Não saiu em gibi do Chico Bento, e, sim, completa como história de encerramento de Cebolinha Nº 164 de 1986.

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    6. É uma saga pelo tamanho da trama e pela aventura vivida pelo protagonista, usei o termo por isso. Não cogitei possibilidade de ter sido publicada em partes em mais de uma edição.
      Cebolinha nº164, bom saber. Grato pela informação, Marcos!

      Edições da Mônica com lombadas quadradas ou retas pela Editora Abril, entre novas e usadas, tive mais ou menos umas quatorze e não lembro do núcleo indígena em pelo menos algumas, o fato de não lembrar também não diz coisa alguma, visto que Papa-Capim, embora eu goste muito, não é um núcleo que minha mente considera marcante, principalmente a nível de subconsciente, e é nesse campo que nossos gostos mais profundos e nossas tendências, tanto as positivas quanto as negativas, costumam ficar.
      Sabemos que o núcleo indígena foi praticamente arrebatado pelo título focado no núcleo rural assim que este surge, daí, Marcos, existe pelo menos umas dez edições de Mônica, das publicadas entre setembro de 1982 e dezembro de 1986, que contenham tramas de Papa-Capim e sua tribo/turma?

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    7. É, por ser uma história grande, preferiram colocar em um gibi do Cebolinha, seria inviável em gibi do Chico Bento onde as histórias do Papa-Capim a maioria tinha 5 páginas no máximo, com raríssimas vezes além disso, só vi uma com 10 páginas em gibi do Chico. Tiveram algumas histórias do Papa-Capim em gibis da Mônica da Editora Abril, não foram muito longas. Quando passaram a desenvolver o Papa-Capim a partir de 1982, a predominância foi em gibis do Chico, mas quando eram histórias grandes ou não teve vaga em gibi do Chico, colocavam em gibis da Mônica e Cebolinha, era raro também em gibis do Cebolinha, não só da Mônica,.Essa de Cebolinha 164 da Abril foi a maior que o Papa-Capim teve até primeira metade dos anos 1990.

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  2. A internet não imbeciliza população, o que pode é gente fraca e sem entendimento cair ou acreditar em tudo no que lê ou assiste. Se for assim, televisão também deixa pessoas burras.

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  3. "(...)em vez de plantar mandioca junto com elas."

    O espírito da 5ª série bateu forte aqui. :v

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    1. kkkk, dá um duplo sentido frase assim, sendo que eles estavam plantando mandioca (alimento) mesmo, na inocência rs.

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  4. Eu sei que isso não tem muito a ver com a história, mas você acha que a Dona Pedra deveria ter um rosto, ou continuar sem rosto? Porque eu me lembrei do Zé Cremadinho, isso pode parecer estranho, mas quando ele passou a ter um rosto, na minha opinião ele ganhou muito mais personalidade

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    1. Não acho que a Dona Pedra deveria ter um rosto, fica muito humanizada, tiraria jeito de uma pedra normal. Até já a vi com rosto uma vez, não achei que ficou legal. O Floquinho estão colocando agora uma boca fixa nele para saberem onde está a cabeça dele e mostrar expressão se está feliz, triste, etc. Também não gostei, tirou o ar de mistério e até a dúvida se era um cachorro mesmo. O Zé Cremadinho também não gostei, era melhor ser uma cinza normal, acho que todos esses deviam manter o jeito como foram criados, mas vai de gosto de cada um.

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  5. Li uma vez no livro de português da 3° série essa lenda, mas lá escreveram "Mandi" no lugar de "Mani". Talvez para a história ser mais direta e ficar mais fácil para as crianças entenderem.

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    1. "Mani" é o nome correto da lenda, pode ser que colocaram "Mandi" no livro que leu para crianças associarem melhor que se trata de mandioca. O "d" adotado depois para mandioca, seria uma consoante de ligação para formar a palavra.

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