sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Tina: HQ "O diário da Pipa"


Compartilho uma história em que a Pipa resolveu ter um diário e causou muita confusão por causa disso. Com 7 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 185' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Mônica Nº 185' (Ed. Abril, 1985)

Pipa encontra um livro na casa da Tina, acha bonito e pergunta sobre o que é. Tina toma da mão da amiga e diz para ela não tocar no seu diário. Pipa reclama que não ia olhar e Tina reconhece que é bobagem dela, mas é que diário é coisa muito particular e pergunta se ela não tem ciúmes do dela. Pipa diz que não tem diário e Tina conta que é bom ter, elas registram parte da vida delas, as emoções, as alegrias, pode se tornar seu melhor amigo nos momentos difíceis e que escrever é uma ótima higiene mental.


Pipa se empolga em ter um diário e compra um na papelaria. Chegando em casa, ela começa a escrever nele, acha que tem ser uma obra de arte, capricha na letra na introdução de "Querido diário" só que não sabe o que escrever. Ela telefona para Tina, que diz que é para contar como foi o dia dela e como está se sentindo. 

Então, Pipa volta a escrever, detalha sua rotina com horários exatos como esperar o irmão sair do banho para escovar os dentes depois de ter acordado, lavar rosto e pentear o cabelo, o que tomou no café da manhã e ir para casa da Tina.


Pipa  volta a telefonar para Tina para perguntar a hora exata que foi e saiu da casa dela. Tina diz que não é para fazer relatório, só contar o que foi marcante que aconteceu com ela, que não sabe o que foi marcante no dia e vai à rua com diário na mão para ver se acontece alguma coisa. Em seguida, encontra com o Zecão e vira as costas para escrever isso. Zecão pergunta como ela vai e que estava com saudades e ela vira pra escrever que ficou emocionada com isso.

Zecão pergunta por que Pipa se virou pra lá e deseja dar um beijo nela. Pipa fala que ali não e que é para irem para um lugar mais romântico e ela registra no diário que o namorado a beijou sob um rodeado de carvalho de margaridas e que ele é muito romântico. Zecão pergunta o que ela tem atrás das costas, Pipa diz que nada e pergunta se não vai dizer coisas bonitas para ela. Zecão acha que ela está escondendo bilhetinho de admirador secreto, brigam e ele vai embora.


Pipa escreve no diário que brigou com Zecão, teve ciúmes dela e foi horrível, como pôde ser tão injusto e ela não ocnsegue suportar a dor. Tina aparece depois de fazer compras no mercado, Pipa conta tudo, dizendo que ela tinha medo que ele visse o diário e quisesse ler e Tina promete falar com ele.

Em casa, Pipa escreve que Tina é uma amigona, sempre pronta a ajudar. Zecão toca a campainha, diz que a Tina contou tudo do diário, nunca iria ler. Pipa conta que guarda os seus maiores segredos, diz tudo que pensa, revela pensamentos, dúvidas e emoções e sai para trazer um cafezinho para eles. Sozinho, Zecão tenta ler o diário e Pipa volta com raiva de ele estar com seu diário na mão.


História engraçada em que a Pipa resolve ter um diário, não sabe o que escrever a princípio e depois fica com medo do Zecão querer ler e esconde dele. Após a briga, fazem as pazes, mas no final bateu curiosidade no Zecão ler o diário dela. Ele nem ligava ler o que a Pipa escrevia, mas ao saber o que realmente se tratava um diário, que podia ler todos os segredos da Pipa, a curiosidade falou mais alto. O final ficou aberto do leitor imaginar como foi a briga entre eles quando a Pipa o flagrou tentando ler o diário.

O erro da Pipa foi que ela queria registrar tudo em tempo real, ela teria que viver os momentos e depois que registraria no diário, aí Zecão nem saberia que ela tinha um. Foi engraçado ver a Pipa não sabendo o que escrever, ligar para Tina perturbando a amiga, Pipa detalhar tudo que fazia com precisão de horários, mostrar a letra dela enquanto escrevia, ela esconder do Zecão que estava escrevendo enquanto eles conversavam. Tina mais uma vez fazendo papel apenas de conciliadora como era costume ela assim nos anos 1980.


Antigamente, as meninas adolescentes tudo tinham um diário para contar tudo que acontecia na vida deles em segredo, até cadeado colocavam para ninguém ler. Hoje em dia, o pessoal conta tudo que faz nas redes sociais na Internet para todo mundo ver e fazem questão de todo mundo saber em tempo real, não pode nem esperar para o dia seguinte de como foi um evento, por exemplo, e nem vivem o evento preocupado em postar logo para seus seguidores, fora comentários cheios de ódio que muitas vezes recebem. Mentalidade mudou muito, achava melhor a privacidade do diário delas dos anos 1980 e 1990, tudo em segredo, era bem mais terapêutico.


Além do diário, tem outras situações datadas como Tina e Pipa falarem em telefone fixo, hoje colocariam elas falando no celular para atender a realidade da maioria atual, apesar de ainda existir telefone fixo. Tem também sacola de mercado em papel, que eram todas assim nos anos 1980 e hoje são sacolas plásticas. Legal também ver o quadro do Jaime na estante da Tina, provando que era namorado fixo dela na época. Curioso Pipa falar que tinha um irmão que morava com ela, mas nunca foi mostrado nas histórias, ficou apenas como citação nesta história.


É incorreta hoje por ter esse tema de diário que é datado, Zecão querer ler o que era privacidade da Pipa, as coisas datadas em geral, o que era comum em determinada época eles não gostam atualmente e costumam alterar nos almanaques novos. Também proibida a palavra "Credo!" nos gibis atuais. Os tracos excelentes da fase cinsagrada dos anos 1980. Teve erro de Pipa falar de boca fechada no ultimo quadro da segunda página da história e no quinto quadro da quarta páginada história. 

A capa do gibi 'Mônica  185' da Abril foi feita divulgando o brinde que veio nele, costumavam fazer capas destacando só brinde ou promoção na Editora Abril e sem querer teve certa referência a história de abertura na primeira cena e nessa história da Pioa ao mostrar Mônica com diário. Nos gibis, até as meninas crianças tinham diário, coisa incorreta hoje. Essa história da Pipa foi republicada depois em 'Almanaque da Mônica Nº 29' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 29' (Ed. Globo, 1992)

27 comentários:

  1. Apesar de Pipa e Tina serem jovens, estão um tanto crescidinhas para este papo de diário. E, no final, traduzindo em miúdos, o que Zecão quer mesmo saber, é se há concorrência, se está sendo chifrado ou se pelo menos a gordinha está interessada em algum outro cara - creio que se houvesse algo assim na conduta da Pipa, fosse pulada(s) de cerca ou somente desejar outro(s) cara(s) sem ousar partir para prática, não seria orelhuda a ponto de relatar em diário. E se o dela fosse daqueles que é possível trancar conteúdo(s), aí, provável que Zecão pensasse seriamente em terminar o namoro.
    Minha irmã cultivou isto durante três ou quatro anos enquanto criança, ou esta cultura se deu na vida dela entre infância e adolescência, não lembro com exatidão, mas o tempo de vigor desta prática foi por aí mesmo. Minha outra irmã, a caçula, enquanto infantojuvenil, não quis saber de diários.

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    1. Sim, estão crescidinhas pra diários, mais comum era máximo 16 anos. Podem ter colocado porque tinham adolescentes que liam gibis e eles se identificavam muito com a Turma da Tina, mesmo personagens tendo mais de 18 anos. Em contrapartida, crianças da idade da Mônica e Magali eram novas demais pra isso e também tinham, então eles não ligavam com coisas apropriadas para as idades de cada personagem, e, sim, com a idade do público que lia.

      Zecão teria grande chance de saber a vida da Pipa e principalmente se estava sendo traído, ela teve sorte que chegou a tempo. Depois dessa, era mais fácil colocar cadeado no diário pra não voltar a acontecer, só que com a desconfiança podia terminar namoro com ela. Era bem normal as meninas lidarem com diário, seja final de infância ou durante a adolescência, não eram todas, mas muitas tinham esse hábito.

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    2. Sabe se há, Marcos, alguma HQ deste núcleo em que Tina ou Pipa ou até mesmo Mariazinha aparece(m) dirigindo - guiando automóvel?

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    3. Já teve uma da Tina dirigindo, é de 1980, fora ela agindo como mecânica em um gibizinho de 1992. A Pipa acho que nunca teve, pelo menos na fase clássica, já a Mariazinha não teve, o Rubão nunca deixaria, iria alegar que não é coisa pra mulher.

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    4. Esse é o tipo de coisa que deveriam ter explorado mais entre as mulheres deste núcleo.
      Não sei se de fato vi ou se é mais uma memória falsa. Tenho vaga recordação de que há uma HQ em que a mulher* do Souza* aparece dirigindo.
      **Ou Sousa, com um segundo "S". Esposa e cunhada da dupla de irmãos cujo o mais novo é um tanto desajuizado.

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    5. Sim, tem essa da mulher do Souza dirigindo, não é do núcleo da Tina, mas segue esse estilo de mulheres independentes. Teve também uma da Dona Cebola aprendendo a dirigir, Seu Cebola ensinando pra ela. De fato foi pouco explorado esse tema, como é gibi infantil não deixavam tanto, só algumas vezes. Hoje sem chance ter isso de temas mais adultos nem que seja pra crítica.

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    6. Mulher dirigindo talvez mostrassem

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    7. Miguel, devem mostrar ainda, mas não mulheres tratadas como burras no volante, inferiorizando. Isso que eu dizer como foram nas histórias citadas, principalmente a com a Dona Cebola. No caso, hoje até mostrariam mães dirigindo para levar os filhos pra algum lugar, só não abordariam mulheres dirigindo mal porque preferem temáticas de universo infantil.

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    8. Citei esposa e cunhada dos Souza guiando automóvel pelo costume de olhar para esse núcleo como sendo conjugado ao da Tina. Aliás, parece que já vi breve interação entre Rolo e o Souza mais novo, caso não seja memória falsa, ainda que possa ser considerado, não vejo como crossover.

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    9. Entendi, mas não são dom esmo núcleo mesmo, apesar de serem jovens adultos. Não lembro de ter visto interação do Rolo com o Souza, se foi, pode ser aparição rápida como figurante.

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    10. Dos três personagens de (O)os Souza, único que de fato exala vibe (vaibe) de jovem é o de cabelos castanhos - às vezes acho que ele é ruivo - e olhos claros (verdes ou azuis), esse folgado e carismático sujeito é quem faz com que eu conecte o núcleo deles ao da Tina.
      Como falei, Marcos, pode ser mais um dos meus equívocos de memória, no entanto, parece mesmo que já vi essa interação entre o jovem Souza e Rolo, e essa, digamos, "suposta" HQ não pertencera (ou pertenceria) ao barba azul, seria focada no ruivo (ou castanho) folgado. Sei lá, parece que vi isso em algum número de Cebolinha pela Editora Abril, quiçá até tive a edição.

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    11. Esse é o Mano e tem cabeça mais jovem que o irmão e a cunhada, por isso dá uma impressão mais próxima ao núcleo da Tina, mais parecido com o Rolo, mas de fato não são do mesmo núcleo, inclusive Os Souza foram criados antes da Tina. Se chegou a ter interação entre eles foi do tipo crossover, pode ser que seja da Abril e não tenho todos da época pra confirmar. Dentre os que tenho, não cheguei a ver.

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  2. Esse irmão misterioso da Pipa, acredito que só foi mencionado nessa história mesmo, nunca mais se ouviu falar!

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    1. Pois é, nem eu, o irmão da Pipa nunca deu as caras, só mencionado, não sabemos se era mais novo ou mais velho que ela, quem sabe tinha idade do Toneco. Pelo visto ideia do roteirista que não quiseram seguir adiante, família da Pipa fixa ficaram só pai e mãe.

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  3. Boa hq e lindo esse traço... não tenho o gibi original onde essa hq saiu.. mais tenho o almanaque rsrs

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    1. Traços perfeitos e história muito legal. Pelo menos você tem o almanaque, esse é muito bom também.

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  4. Vi um comentário sobre o irmão da Pipa, e eu também nunca ouvi falar dele. Ele realmente nunca apareceu, só foi mencionado nessa história.

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    1. De fato o irmão foi só mencionado nesta, ficou só na imaginação da gente de saber como ele era.

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  5. Na minha vida, já tive uns três ou quatro diários. Até hoje meio que tenho, ás vezes... sempre fui uma garota emocionada.

    Pipa, tão bobinha, tão simplória, parece ainda ter mentalidade de 10 anos ela. Ela só podia mesmo ser amiga da Tina, aquela que tem mais a cabeça no lugar, as duas se complementam, mantém os pés no chão juntas. Ela e o Zecão se merecem, agem feito crianças, bem baixa maturidade deles. É o charme deles, por isso adoramos esses dois. Eu também adoro esses dois, sem dúvida. Mas que eles não sirvam de exemplo para nenhum relacionamento!

    Uma história que eu gosto dessa época é quando Tina fica noiva, e espera que seus amigos fiquem impressionados, mas ninguém da bola ou acha clichê ou careta.

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  6. O diário é bom pelo lado de servir como terapia, pode mostrar suas emoções, desabafar, sem que ninguém veja. É, a Tina tem que ter muita paciência pra lidar com a doida da Pipa, sem dúvida vira verdadeiro complemento entre elas, uma equilibrada e outra doida. O Zecão bem crianção também, se merecem, só ele mesmo para namorar com ela. Eu gosto dessa história da Tina noiva, ninguém ligou, mas quando desmanchou o noivado todos ficaram falando e criticando que terminou, bem legal essa.

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  7. História legal e também fiquei surpreso com o fato de a Pipa ter um irmão. Essa foi mesmo a única referência a ele? Deve ser o personagem mais misterioso da turminha!

    Essa história prova que é possível a msp escrever boas historinhas sem apelar para caretas, palhaçadas, referências à cultura pop, etc.
    Acho que meninas ainda têm diários, então não está tão datada assim.

    Outra coisa boa foi ver pessoas agindo normalmente, sem caretas e palhaçadas exageradas, sem humor cínico, sem humor autodepreciativo, sem humor metalinguistico (ficar fazendo eferências só por fazer, um dos piores legados que os filmes da marvel deixaram para a cultura contemporânea), sem a atitude tão em voga hoje em dia de não levar quase nada a sério , enfim, sem o exagero típico das historinhas e até dos desenhos animados de hoje em dia.

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    1. Foi uma surpresa, acho que foi só nesta história como menção desse irmão, nunca nem apareceu fisicamente pra saber se é mais novo ou mais velho que ela, não seguiram adiante essa ideia. Sempre dá pra ter história assim sem apelações e exageros, falta é permitirem hoje roteiros que não atendam ao politicamente correto. Pode ser que algumas meninas tenham diário, mas devem ser poucas, pelo menos não falam ou não deixam perceber que têm dentre as que eu conheço, maioria preferem redes sociais da internet.

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  8. Eu tinha um diário em pequeno, entre os 6 e 9/10 anos, e mais tarde em adolescente, com 16/17 anos.

    Li esta historinha no Almanaque.

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    1. Marcos no Instagram dá turminha tá mostrando edições da segunda quinzena de novembro com temática do pequeno príncipe..como são edições especiais talvez valesse a pena você dar uma olhada e mostrar aqui.tambem achei legal a Monica de novembro com todos com medo dela por conta de um gibi feito por ia ..(essa e da primeira quinzena)

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    2. Pedro, legal, tinha bastante gente que tinha naquela época. Eu também li primeiro essa história da Pipa no Almanaque.

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    3. Miguel, eu não vou comprar as edições Nº 44 da segunda quinzena, não considero especiais, só capas bonitas com mosaico e serem histórias interligadas, não me interessou. Assim, como as interligadas de Copa do Mundo 2022 eu não comprei, essas Nº 44 também vão ficar de fora.

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