sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Cebolinha: HQ "Cuidado com a boca!"

Mostro uma história em que o Cebolinha recebeu um feitiço de uma bruxa e então tudo que ele falava se tornava realidade. Com 15 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 8' (Ed. Globo, 1987).

Capa de 'Cebolinha Nº 8' (Ed. Globo, 1987)

Escrita e desenhada por Rosana Munhoz, começa com o Cebolinha reclamando de mais um plano infalível contra a Mônica fracassado, fala palavrões na frente de duas senhoras, Matilde e Malvina, que acham que criança não deviam sair falando essas coisas. Matilde diz ao Cebolinha que devia maneirar na linguagem, ele dá bronca que o que ela tem a ver com isso, teve um dia cheio e reclama quanto quiser. Malvina acha um desaforo e Cebolinha diz que queria todo mundo sumisse. 

Elas, na verdade, são bruxas e Malvina resolve, então, fazer um encanto para dar uma lição no Cebolinha, ter cuidado com o que diz já que tudo que ele falar, vai virar realidade. Em seguida, Cebolinha encontra o Cascão, diz que seu plano infalível falhou, Cascão comenta que devia saber pelo olho roxo dele e acha bom de não ter participado. Cebolinha reclama que o deixou na mão, Cascão diz que foi prudente, Cebolinha não gosta e fala que ele foi um "monstro" desnaturado, e, assim, o Cascão se transforma em um monstro e passa a perseguir o Cebolinha.

Cebolinha sobe em uma árvore e deseja que ele voltasse a ser o Cascão e, assim, ele volta ao normal, sem lembrar do que tinha acontecido e acha que a surra da Mônica o deixou esquisito. Cebolinha diz que foi bom ter de volta o "velho" Cascão e, então, ele se transforma em um velho coroca com dor nas costas. Cascão dá uma bengalada na cabeça do Cebolinha e senta na pedra.

Magali aparece e pergunta quem é o velhinho parecido com o Cascão. Cebolinha diz que é o próprio, só que anda se transformando em coisas esquisitas. Magali dá ideia de levá-lo ao médico, que pode ter sido alguma coisa que ele comeu. No caminho, Cebolinha diz que a Magali é um "doce" e ela se transforma em doce. Ela diz que dá vontade de dar mordida nela mesma e Cebolinha se apavora, acha que deve ser contagioso de todos os seus amigos ficarem estranhos e chora.

Franjinha quer saber motivo da gritaria, Cebolinha conta que seus amigos estão doentes e Franjinha vai preparar um elixir rejuvenescedor para o Cascão com seus estojo de química que sempre leva com ele e para Magali ele não sabe ainda. Cebolinha fica feliz e chama o Franjinha de "o maior" e aí o Franjinha vira um gigante.

Franjinha se intriga que só com o Cebolinha acontece nada e ele diz que acha que é autoimune à doença. Franjinha acha que o Cebolinha é o causador, ele diz que como é que ele poderia fazer isso e quer que um "raio caia na cabeça" se for verdade e um raio cai na cabeça dele e Franjinha confirma que tudo que ele fala, acontece.

Cebolinha acha que isso é terrível, uma calamidade, mas ao olhar a Mônica acha maravilhoso e aproveita para aprontar com ela. Cebolinha pergunta se ela lembra da última surra que deu nele e diz que ele nunca mais vai apanhar e a chama de bobona. Mônica mostra o Sansão e ele diz o que ela vai fazer com uma "pluma", com o Sansão se transformando em pluma. Também a chama de "gorduchona", "baixinha" e "super dentuça" e a Mônica se transforma em uma caricatura que ele rabisca nos muros. Mônica tenta bater nele, a chama de "lesma" e ela se transforma em uma lesma.

Mônica quer voltar ao normal e seus amigos também. Cebolinha diz que está se divertindo muito e que o novo dono da rua tem direito a diversão. Mônica lesma fica braba e Cebolinha a transforma em um elefantão dentuço. Ele ri dos amigos falando que parecem que saíram de um baile de Carnaval. Eles ficam brabos e correm atrás do Cebolinha, que corre para casa e pede ajuda a seus pais, que acham que é tudo imaginação do filho.

Cebolinha acha que os pais são uns "quadradões" e eles viram uns quadrados. Cebolinha se desespera, fala que é um "burro" e se transforma em um. Os amigos se aproximam da casa, diz que ele está em um "mato sem cachorro" e vai parar em um matagal. Ao procurar uma forma de sair, se esbarra na Bruxa Malvina. Cebolinha fala que foi ela quem causou toda aquela confusão, Malvina conta que foi ele mesmo por não ter dito coisas agradáveis.

Cebolinha fala que se arrependeu e chora e a Bruxa faz tudo voltar ao normal. Seus amigos batem na porta de casa, Cebolinha diz que devem estar chateados com ele e que não adianta pedir desculpas e se ainda estiver sob aquele feitiço, ia pedir para eles esquecerem tudo e voltarem a ser amigos deles. A turma fala que eles são amigos, não sabem sobre história de feitiço e foram para chamar para brincar e Mônica o desculpa do último plano. Cebolinha pensa que a bruxa ainda deixou o encanto por mais um tempo e ela diz que não, é porque as palavras são mesmos mágicas, se desejarmos coisas agradáveis, nada poderá sair errado enquanto a turma brinca de roda.

História muito legal em que o Cebolinha recebe castigo de uma bruxa de tudo que falasse ia acontecer por ele ter sido malcriado. À princípio, ficou preocupado com os amigos, achava que era doença contagiosa, mas depois que descobriu que a causa era o que falava, passou a tirar proveito para atacar a Mônica e ser dono da rua e não teve mais pena dos seus amigos. Só voltou a se preocupar quando seus pais e ele próprio sofreram com o que ele disse e, assim, se arrepende e a bruxa faz tudo voltar ao normal.

Para todos os casos, bastava Cebolinha falar que eram para eles voltarem ao normal que estava resolvido, mas não fizeram para ter os conflitos necessários e Cebolinha não perder oportunidade de aprontar com a Mônica e ser dono da rua. De início, o Cascão não sabia que ele se transformou em monstro e em velho com reumatismo, mas depois percebeu o que aconteceu. Todos se esqueceram de fato assim quando tudo voltou ao normal, mas as boas palavras para os amigos deixaram felizes e coincidiu com o momento. 

Além da gente se divertir muito, ainda teve mensagem de que devemos falar coisas boas para atrair coisas boas e não se deve também ser malcriado, responder aos mais velhos. Foi engraçado ver que gírias e sentidos figurados ficaram no sentido real nas falas do Cebolinha como ao dizer que "velho Cascão" de ser o Cascão que ele conhecia antes e acabou virando velho coroca com reumatismo, Magali é um "doce", de meiga, ela virou doce de comer, Franjinha como "o maior" de inteligente, virou um gigante, Cebolinha falar que ele é "burro", de não inteligente, e virar um animal burro estar em um "mato-sem-cachorro", de problema sem solução, foi parar em um matagal. Já outras transformações foram sentidos reais das palavras. Isso também serviu pra leitores aprenderem sentidos duplos de palavras, ou seja, aprendíamos com os gibis sem deixar piegas.

A gente viu que cada palavra que fazia a turma se transformar em alguma coisa tinha um destaque com pontos em volta pra ressaltar que era aquela palavra de destaque que serviu no feitiço da bruxa. Tiveram momentos hilários principalmente das transformações da Mônica, inclusive em lesma e elefante dentuço, a Magali querer comer a si própria só porque era doce, o Franjinha precavido em andar sempre com seu estojo de Química e absurdo como Cascão com dor nas costas, mas conseguiu correr tranquilamente atrás do Cebolinha. 

É toda incorreta atualmente, já nos primeiros quadrinhos com Cebolinha surrado com olho roxo, falando "Droga!" repetidamente, sendo malcriado, responder aos mais velhos e falando palavrões, fora ele levar bengalada e raio na cabeça, dar mau exemplo ao dizer que faz caricaturas da Mônica no muro, já que hoje colocam cartazes no muro para rabiscar, ser comparado ao animal burro. Teria também alteração do Cebolinha pensar trocando "R" pelo "L" no final, já que hoje eles o colocam obrigatoriamente pensando normal sem trocar letras. Teve erro do Cebolinha falar "Franjinha" sem trocar "R" pelo "L" na 6ª página da história (página 8 do gibi), um tipo de erro muito comum que acontecia por distração do letrista.

Os traços ficaram muito lindos, era encantador desenhos assim. Teve uma cena do Cebolinha com dentes a mostra que foi pra indicar que estava com plano maquiavélico contra a Mônica e os dentes foram bem colocado nesse caso. As cores desbotadas eram típicas dos gibis do segundo semestre de 1987, mas com o papel oleoso da revista até que deu um contraste legal, diferente de quando era desbotada em papel comum.  Propaganda inserida na história dessa vez foi do lápis "Labra", sempre presente nas revistas da época. Depois, em 'Cebolinha N° 26' (Ed. Globo, 1989), teve história semelhante a essa, chamada de "O poder da palavra", sendo que nesta o que faz as coisas acontecerem quando o Cebolinha fala foi ele tomar uma poção de um bruxo. Muito boa também essa. 

55 comentários:

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    1. Verdade, tinham muito criatividade que dava gosto de ler. Era muito bom.

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  2. Cebolinha pleno é outra coisa, outro nível, aliás, ele assim é "alto nível"... Falando em alto, parece até que Franjinha errou na dose do Biotônico Fontoura® ou da Emulsão Scott®, e que já vinha exagerando nesse tipo de suplemento alimentar há algum tempo. Se ele fosse holandês ou norueguês ou ituano, estaria dentro da média de estatura desses europeus e do povo do município paulista.
    Não foi transformada em calçado, nem em felino de pequeno porte, no entanto, Mônica foi feita de gato e sapato.
    Em forma de doce, Magali flertou com suicídio.
    O ancião porcalhão se queixa de dores nas costas, mas, até que o velho corre bem, só aí já é um paradoxo, para "paradoxar" ainda mais, e a bengala? Para que serve? Acho que foi o desenfeitiçado comentário cretino do moleque enfeitiçado que deu um "up" no idoso, a raiva revigorante foi porque escutou em alto e bom som, sinal que audição não sofreu efeito da longevidade e/ou efeito da boca maldita do protagonista - talvez este seja o fenômeno mais impressionante da trama, pois para abrir mão da muleta não foi necessário influências externas como pastor neopentecostal ou Cebolinha sob efeito de bruxaria ou aquele fármaco azulzinho, o tal do revolucionário "remedinho do Pelé" (Viagra®), indica que um sentimento negativo como a raiva, caso não nos adoeça e não nos faça sucumbir, pode nos tirar da prostração.
    Cebolinha foi mesmo burro, não por se autotransformar em um, foi por esquecer de eliminar a dislalia, porém, "cachorro" do "mato sem" esse tipo de animal, ele consegue pronunciar certo.

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    1. Cebolinha sem querer aprontou com todos, só com a Mônica que foi de caso pensado, bem proposital. Magali quase fez um suicídio de fato, chamou a atenção mesmo o Cascão que com dor nas costas correu rápido como se não tivesse nada. Ou a raiva dele foi maior que as dores que tinha ou a bruxa tirou a dor dele para poder correr e tentar dar lição no Cebolinha, mas que foi absurdo, foi. E acabou Cebolinha falando certo "cachorro" sem nem ter pedido assim como ele falar "Franjinha" na página 8 do gibi.

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    2. Às vezes penso que pode ser "em alto e bom tom". Som ou tom? Preciso pesquisar.

      Dislalia falhou duas vezes, ou, dependendo, até três, porque o que fala no último quadro da nona página (pág.11) não está muito claro se são duas palavras ou uma. Parece haver sutil separação entre o "R" e o "D", se há mesmo, o que é dito foi grafado correto.
      No penúltimo da sexta (pág.8), a boca da Magali está posicionada na forminha em vez de estar na substância em que foi transformada. Dá para considerar esta parte teoricamente de papel como sendo o que se tornou o vestido. Considerando que fica assim por conta de feitiço e no que foi transformada, talvez seja a forma física mais absurda de todas desta HQ que a magia produz em um corpo humano, daí, não sei se a boca arriada chega ser erro.

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    3. "Superdentuça" foi escrita junta e palavras assim não haviam troca de letras pelo Cebolinha. A boca da Magali apareceu na forminha e aí nessa cena ficou fora do padrão que colocaram no resto da história. Considero um erro nessa parte, podiam ter diminuído proporção dos olhos pra caber a boca ou nem colocar boca já que estava de cabeça abaixada.

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    4. Se for apenas uma palavra, aí é outro erro referente à ausência de dislalia, o certo seria "supeldentuça".
      É! Boca que migrou para outra parte da "doce Magali" parece mesmo um erro.
      Há alguns outros insignificantes, como:

      Mão direita da bruxa, primeiro quadro da penúltima página, faltou traço para separar dois dedos.

      Ausência da haste esquerda nos óculos do ancião, último quadro da quarta (pág.6).

      Camisa do Franjinha no último da oitava (pág.10) e no terceiro da mesma há um mísero fiapo que poderia estar vermelho acima do calção do mesmo.

      Ausência do recurso que sinaliza palavras e frases enfeitiçadas no que é dito no segundo balão do último da sétima (pág.9).

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    5. Em palavras assim com prefixos como super, hiper, inter, etc, o Cebolinha falava sem dislalia mesmo sendo junta, com exceção do super-homão que virava supelomão porque começava com h. Os outros erros foram insignificantes e esqueceram da grafia enfeitiçada da palavra raio.

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    6. Perdoe, Marcos, mas Cebolinha não pronuncia, por exemplo, "hipertensão, hipérbole, superação, superficial, supérfluo, supervisor, internacional, interno, intercâmbio" sem dislalia. "Super-Homão" é pronunciado correto por ser constituído de duas palavras e o "R" da primeira como última letra da mesma, ele não suprime o hífen, percebe? Já "Superman", passa a "Supelman".
      Perceba que o que Cebolinha diz no último quadro da nona página (pág.11) de fato há espaço entre "R" e "D", as demais letras estão bem juntinhas, o que significa que são duas palavras, daí, a pronúncia sem dislalia está correta, não é erro como a princípio fiquei em dúvida de tal possibilidade, o recurso que representa feitiço faz com que o espaço entre as letras em questão fique ainda mais dichavado.

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    7. Entendi, se bem que não reparo espaço entre super e dentuca, talvez o efeito tirou a visualização melhor.

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  3. Olá. Boa tarde, Marcos. Eu sou JP, de Salvador-Bahia. Por gentileza, você viu as Capas das Revistas da primeira quinzena da Turminha do mês de Agosto do ano de 2023, sim?. Nelas, tem as HQS de Abertura das Revistas da primeira quinzena da Turminha do mês de Agosto, interligadas aos 60 Anos da Personagem Mônica. Por gentileza, você vai comprar as Revistas da primeira quinzena da Turminha do mês de Agosto do ano de 2023 ou não?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    1. Boa tarde, JP. Vi as capas e vão ter histórias comemorativas dos 60 anos da Mônica. Então vou comprar as revistas por serem especiais. Abraços

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    2. Ok. Marcos, por gentileza, é verdade, que, no mês de Novembro do ano de 2023, terão os Relançamentos dos Almanaques Bimestrais: Mônica; Cebolinha e Cascão Edições #13 (Edições #98-Segunda Temporada) e o Relançamento do Almanacão Turma da Mônica Edição #15 (Segunda Temporada), nas Bancas de Revistas e Livrarias das Regiões Todas do Brasil todo, é isto?. Por gentileza, uma pergunta: é verdade, que, no final do mês de Novembro, para o início do mês de Dezembro do ano de 2023, terão as duas Edições da Revista Mônica Especial de Natal: a #16 (Primeira Temporada-Relançamento) e a #17 (Primeira Temporada), nas Bancas de Revistas e Livrarias das Regiões Todas do Brasil todo, e quanto será o Novo Valor do Preço da Revista Mônica Especial de Natal?. Ele será o mesmo valor do Preço do Almanaque Temático, é isto mesmo?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    3. Terão todos esses relançamentos nessas datas e o preço do especial de Natal será o mesmo do último Almanaque Temático a ser lançado até então.

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    4. Ok. Muito obrigado, então, Marcos.

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  4. Gostei da história. Cebolinha em boa parte das histórias é bem cruel né? Recentemente minha sobrinha estava assistindo a um episódio em que ele viajava no tempo pra fazer o Seu Sousa (Pai da Mônica) não conhecer a mãe dela, pra no fim a Mônica nunca existir. Aí o Seu Sousa conhece outra mulher e acaba nascendo uma outra menina "Dona da rua" e ele vai lá e corrige o que fez, mas mesmo assim também achei bem cruel da parte dele.

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    1. Muito legal. Cebolinha era muito cruel, sim, muitas vezes agia como vilão principalmente com a Mônica, chegava a ser perverso. Conheço essa história aí, é boa também.

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  5. Traços espetaculares, ficamos horas admirando. Bem que podiam ter mantido assim.

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  6. Sensacional essa história! Cebolinha foi bem perverso, mas no final, com uma lição de moral que fechou a história com uma mensagem boa . Isso sim é a legítima história educativa dos anos 80: com destaque no humor, sem esconder os defeitos, a personalidade e os problemas dos personagens: eram coisas comuns, e que serviam para que todos (inclusive os leitores) pudessem rever seus atos e aprender com os erros.

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    1. Maravilhosa. Essas que eles aprendiam através dos erros deles eram as melhores. Afinal, a gente mesmo aprende mais com os erros. Fora que tinham mais humor histórias assim até ter a lição no final.

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  7. O Cebolinha é, simultaneamente, o MELHOR e o PIOR personagem da turma, tudo ao mesmo tempo. Ele é aquele personagem que você tem relação amor-ódio, sabe o que quero dizer, né? Ele é quase um mini-psicopata, que causa conflito, drama, confusão, quase nunca aprende nada, e dependendo da história tu pode AMAR ele por suas peripércias, ou sentir RAIVA ou muito ÓDIO dele, quase como um vilão de verdade. Mas as histórias dele sempre ARRASAM, não importa o sentimento que o Cebolinha desperte em você, e essa não foi exceção. Nota 10 essa!

    Nessa eu até achei que ele saiu de levinho, ele não chegou a apanhar nem nada, apesar dos perrengues em algumas horas, e ainda conseguiu um finalzinho feliz! Ele já se deu bem mal em outras histórias, e espero que pelo menos nessa ele tenha aprendido alguma coisa.

    (Ps: admito que, quando criança, nunca entendi bem esse negócio de colocar bruxa no papel de fada. Essa de bruxa boazinha querendo ensinar boa lição sempre achei bem estranho, daria tranquilamente uma fada no lugar).

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    1. Boa observação, Isabella! Penso que no caso deste roteiro, optou-se por bruxa por serem mais intolerantes a desaforos e, claro, por serem vingativas. Fada daria igualmente certo, o que vejo é que bruxa apimentou mais, indiretamente concatenou com lado cruel do protagonista. Lembrando que no universo da TM clássica dos velhos tempos, bruxas não são prioritariamente más, parte sim e parte não, esta, por exemplo, é perceptível que seu objetivo não foi fazer mal ao Cebolinha, conseguiu fazer com que enxergasse e valorizasse o que importa, não está entre as maléficas, contudo, mesmo as do tipo de Malvina, coerente é que se mantenha o pé atrás, pois mesmo as virtuosas não são criaturas confiáveis, e ainda bem, pois bruxas 100% bondosas de nada servem, são disfuncionais.

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    2. Isabella, o Cebolinha encarnava várias personalidades, as vezes era bondoso, outras vezes um pestinha, quase um vilão. Eu gostava dessas variações, não ficava preso a só uma personalidade e sentimentos. Dessa vez ele não apanhou da Mônica no final, apesar de ter apanhado antes da história começar, mas o susto e o sufoco que passou mais para o final com medo das coisas ficarem daquele jeito para sempre, compensou a surra. Só não apanhou da Mônica e dos seus amigos porque eles esqueceram de tudo no final. Como o Zózimo falou, colocaram uma bruxa porque o Cebolinha a desrespeitou no início, foi desaforado com ela e aí queria lhe dar um castigo. Só que esse castigo ao mesmo tempo foi para alguma coisa boa para a vida dele, que também funcionaria bem com uma fada. Da forma que colocassem ia ser boa a história.

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    3. Então, outros questionamentos sobre a história: o Cascão então virou um velho com reumatismo e bengala, mas depois está correndo atrás do Cebolinha na velocidade da luz junto com os outros...? E por que o Franjinha, que é mais velho, está brincando de roda com as crianças de 6 anos no final?

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    4. Franjinha também é criança, tem por volta de nove, dez anos. Até Zé Luís das antigas é aquela criança em pleno trânsito para adolescência. A partir da década de 2000 foi que introduziram neles essa de que são adolescentes, colocando Zé e Teveluisão pareando idade com Xabéu (essa sim é originalmente adolescente) e aquela bobagem de bermudões em Franjinha e nos demais de mesma idade, porém, concordo contigo, é um tipo de brincadeira que destoa dele e de Jeremias, Titi e Manezinho das quatro décadas do século passado. Acho que a intenção do roteirista em incluir Franjinha em um ato voltado para crianças mais novinhas é a união deles para com o endiabrado arrependido Cebolinha, indicando que a amizade é insuperável mesmo diante de determinadas pisadas na bola, e mãos dadas são uma simbologia muito forte para transmitir isto. Poderia ter ficado de fora por conta de ser mais velho, contudo, visto que foi prejudicado pela imprudência e descaso do protagonista assim como os outros três, o elo ficaria incompleto, ficaria aberto sem ele comungando da brincadeira. Ele de mãos dadas com Mônica e Magali, poderiam estar em algum affair passageiro, já com Cascão e Cebolinha, seria baitolagem, daí, um menino de mãos dadas com outro(s) ao brincarem de roda ou ciranda, pega mal não.
      Sobre Cascão gagá e/ou coroca, prefiro me abster de comentar para evitar causar uma overdose a respeito, posso provocar em vossas senhorias azias, quem sabe até mesmo náuseas e espasmos, pois estiquei demais sobre este fenômeno, prezo por vossas saúdes.

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    5. Isabella, o velho Cascão correr muito mostra absurdos que gostavam de colocar, ou a raiva dele foi mais forte que as dores ou a bruxa tirou as dores dele na hora pra dar lição no Cebolinha. E o Franjinha é criança de 9, 10 anos, só mais velho que os outros aí pode brincar de roda. Aquela Turma do Bermudão era uma bobagem, fora que eles nem eram adolescentes, não gostava, não.

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    6. Marcos, sem querer ser implicante, pois apesar de ter cagado nos quadrinhos da TM clássica, reconheço que Emerson Abreu não é desprovido de talento, daí pergunto: essa de bermudão é uma das peripécias desse profissional?

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    7. Então, de primeira estranhei Cascão coroa ainda correr como pé de vento, mas então me lembrei de várias noticías de idosos ''com dor na coluna'' passando na frente dos mais jovens na hora do pânico, da correria. Acho que com a motivação certa qualquer um pode se superar e correr, afinal. E o Cascão sempre foi o mais rápido da turma de qualquer forma.

      Sobre o Franjinha, admito que sempre achei ele mais arrogante, com ar de superior, mesmo nos anos 90. Tipo, como se ele sempre quisesse trabalhar, experimentar no laboratório, e era como ''essas crianças sempre me interrompem com pedidos fúteis''. Claro que isso vai de história, há roteiros onde ele fica mais amistoso com os menores, mas ele sempre pareceu meio arrogante com eles mesmos. E o Franjinha tem 9-10 anos, realmente? Sempre achei que ele tivesse uns 12 (até porque tem um episódio do desenho onde o Cascão fala que ele tem 12 anos, se bem me lembro). Apesar de já ter lido uma história legalzinha com eles, concordo que a Turma do Bermudão é um porre mesmo, muita abobrinha mesmo, a Xabéu é uma adolescente muito mais natural que eles.

      Apesar desses estranhamentos, não é como se eles prejudicassem o roteiro também. Continua sendo uma história sensacional.

      E Zózimo, durante os anos 2000 os roteiristas que prevaleceram foram Emerson e o Paulo Back, mas todos os outros dos anos 90 ainda estavam lá, pelo que sei (como Robson e Rubão), então vários roteiros e novidades daquela década ainda podem ter sido deles.

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    8. Até que Franjinha sempre me soou de boa, quem por vezes me passa imagem de arrogante e distante dos demais é o Titi das HQs do século XX, teoria que tenho é que, seja quem for o autor disso, enxergou no dentuço a base, foi o muso inspirador para introdução dos bermudões.
      Compreendo sua ótica, Isabella, além da interpretação subjetiva de cada leitor com cada personagem, somos de gerações diferentes, penso que o Franjinha que lhe deixou essa impressão já estava em processo de reformulação, já o Franjinha que se imprimiu em minha mente é do tipo mais amistoso, claro que não é assim integralmente, apresenta outras nuances na personalidade, refiro-me à média comportamental que percebo nele.

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    9. Zózimo, parece que a Turma do Bermudão foi idealizada, criada pelo Paulo Back, tanto que teve volta do Manezinho e o Paulo Back gosta de resgatar personagens antigos e o linguajar das histórias que vi são mais típicos dele na sua fase dos anos 2000. Sei que o Emerson tem nada a ver com isso nesse caso, acho que ele nem fazia histórias com Turma do Bermudão, naquela fase já estava fazendo histórias só com a turminha principal e as vezes com o Chico Bento.

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    10. Isabella, existem velhos com dor na coluna que correm mais que os novos nessa situação de desespero e nos quadrinhos também personagens eram capazes de tudo que nem imaginavam fazer quando estavam em sufoco, aí isso se encaixa nesse caso. O Franjinha sempre foi meio metido principalmente em ser convencido com as suas invenções. Até anos 1990 o Franjinha tinha essa idade de 9, 10 anos, pode ser que depois aumentaram idade dele até pra ele ficar na Turma do Bermudão, devem ter aumentado idade de todos os integrantes desse núcleo pra se encaixar como adolescentes de 12 anos, mostrar início da adolescência deles. E ainda tinham histórias do Robson e do Rubão nos anos 2000 aí podem ter tido histórias deles com a Turma do Bermudão. Hoje o Robson ainda continua na MSP só que infelizmente e basicamente fazendo histórias educativas e com personagens com deficiências como Tati, André, Dorinha, etc, muito pouco pra capacidade que ele possui.

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    11. Pelo menos os bermudões deram visibilidade ao Manezinho.
      Bom saber que essa moda não saiu da mente do Emerson, ele não pode ser responsabilizado por tudo de ruim que foi introduzido nas HQs da TM clássica, e isso é impossível, seria muito poder para apenas uma pessoa. Tamanha mudança se deve a muitos fatores.

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    12. Acho que o mais amistoso com as crianças dos mais velhos sempre foi o Jeremias, ele sim parecia genuinamente gostar da companhia dos menores e ás vezes até parecia nem registrar diferença de idade entre eles. Ele e o Zé Luís, antes de tomar chá de sumiço a partir de meados dos anos 2000.
      E quanto ao Emerson, bem, meu julgamento dele ficam meio 50/50. Apesar de muitas avacalhações que ele fez, irei ressaltar algumas contribuições positivas da parte dele, para equilibrar o jogo. A idéia de separação dos pais do Xaveco foi dele, e foi uma boa idéia para representar familías separadas na vida real, que nunca teve nas HQs antes, e ainda deu maior visibilidade ao personagem. A criação da bruxa Viviane, uma das maiores vilãs da turma, também partiu dele e foi uma ótima personagem. E também as histórias interligadas, cujas tramas casavam entre si, também foi uma idéia legal, várias tramas complementares acontecendo em gibis diferentes. Isso foi mais proeminente em 2005-2008.

      Sei que muitos aqui reclamam da Denise, mas eu não a considero entre os piores personagens- talvez apenas usada em excesso. Acho que a Denise só fica irritante de fato se for participação exagerada, em pequenas doses o humor ácido da personagem funciona muito bem. E apesar da vibe adolecentista, ainda a considero mais engraçada do que a Turma do Bermudão, que é completamente sem sal. Arrisco dizer que ela ainda conseguiu arrancar ''uma ou duas risadas'' de você a mais que a Turma composta por Titi, Franjinha, Jeremias e Manesinho.

      E finalmente, ainda digo que algumas das melhores histórias da década de 2000 ainda foram dele. Vejam só, ''Os Micos que a Gente Paga Para ir a Praia'' e ''Causando na Roça'' são ótimas HQs dele dessa época, quem conhece sabe do que estou falando. Até certas histórias no final dos anos 90, como aquela ''Ovo e Farinha'' ainda foi uma boa história dele.

      Então sim, no final das contas o Emerson teve seu lado positivo E negativo na turma. Suas reclamações (como as malditas caretas) são legitimas, mas o cara ainda teve seus momentos de brilhantismo. Crédito aonde é devido.

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    13. Zózimo, apesar do Emerson ter tido contribuição pra mudanças na MSP, mas ele não é o grande responsável por isso, culpa maior do Mauricio de aprovar tais mudanças e também da sociedade que já estava mudando e pediam outros estilos de histórias e sem coisas incorretas.

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    14. Isabella, o Jeremias se dava bem tanto com os personagens mais novos e com os mais velhos, Zé Luís, idem, eram vantagens deles. O Emerson teve suas histórias boas, chato era o exagero em algumas. Essas que você citou já li e foram boas.

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    15. Não sabia que Viviane é do Emerson, parece que o visual dela foi inspirado na Tiazinha, ou foi coincidência mesmo, porque às vezes penso que essa personagem da Turma da Mônica surgiu antes da tia que parava o trânsito ter explodido na grande mídia.

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    16. Zózimo, a Bruxa Viviane foi criação do Emerson, sim. Era bem maquiavélica e aparecia de vez em quando, agora ficou descaracterizada, uma bruxa mais cômica, por causa do politicamente correto e com outros roteiristas escrevendo histórias com ela. Parece que ela não foi inspirada na Tiazinha, ele só queria uma bruxa jovem e gostosona diferente de como eram retratadas as bruxas na MSP. Bruxa Viviane surgiu em 1998 e a Tiazinha em 1999, então não tem ligação mesmo em inspiração.

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    17. Da Bruxa Viviane nunca fiz conexão com ninguém, mas sempre achei que o Bóris o gato foi inspirado pelo Salem, da Sabrina Aprendiz de Feitiçeira. Gato preto sarcástico, vibe era a mesma para mim.

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    18. Já vi esse gato em algumas HQs, entretanto, confesso que ainda não conheço o personagem muito bem, já não colecionava gibis da MSP quando surgiu Bruxa Viviane, comprava esporadicamente e dava preferência para almanaques por causa das republicações.
      Há uma em que a malfeitora surge ou se revela (talvez estava disfarçada, não lembro bem) de maneira pirotécnica em festa de aniversário de alguém da turma e Titi ou Xaveco a confunde com Tiazinha, no caso, "Tiazica", mais hilário é que o nome parodiado encaixou perfeitamente, pois se tem bruxa, tem ziquizira, urucubaca, infortúnio, não há como passar sem zica.

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    19. Isabella, esse gato é engraçado. No início o Emerson deve ter se inspirado no Salem, mas depois já com outros roteiristas deixaram que esse gato era um dos irmãos do Mingau.

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    20. Zózimo, essa história é de aniversário da Magali. Eles confundirem coma Tiazinha por não a conhecerem até então e ficou bom esse trocadilho e comparação deles com a Tiazinha. De qualquer forma, não foi inspirada nela, em 2002 se permitia essa comparação por Tiazinha já ser famosa.

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    21. Xaveco e Titi até então não conhecem a bruxa, já Mônica, Cascão, Magali e Cebolinha a reconhecem assim que se revela em grande estilo. Pensava que fosse de 1999 ou 2000.
      Marcos, é nessa história que Tia Nena se revela como feiticeira?

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    22. Marco, o irmão do Mingau não se chamava Percival? Não pode ser o Bóris.

      Agora me alembro até de uma edição da TMJ em que revelam que o Bóris já foi humano, que foi transformado em gato- exatamente como Salem! Basicamente o mesmo personagem.

      Enfim, é bom termos uma discussão mais positiva a respeito do Emerson, pra variar. Já que normalmente apenas reclamamos dos tropeços e vacilos dele com certos roteiros, pelo menos ficou aqui alguma impressão mais positiva dele.

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    23. Zózimo, apesar de que Cascão só foi conhecer a Bruxa na segunda história. Na Globo, foram só 3 histórias com ela, Magali 239 de 1998, Magali 264 de 1999 e essa de Magali 336 de 2002. Eram até intervalos grande em aparição e outra. Na Panini que teve frequência maior dela. E essa de 2002 foi a primeira vez revelando Tia Nena como feiticeira, sim.

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    24. Tem razão, Isabella, me confundi, o Percival passou a ser gato da Bruxa Xanda. O Emerson fez coisas boas, mas infelizmente têm também os seus vacilos, principalmente em exageros.

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    25. A partir de determinada altura Emerson Abreu optou pelo caminho fácil dos excessos em detrimento de se manter no desafio de não abrir mão da criatividade, lamentável é que foi uma espécie de autoboicote, daí, volta e meia é associado por tal conduta, criou fama e deitou na cama, e isso, claro, de modo algum invalida contribuições positivas que deu ao principal segmento da MSP.

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    26. Concordo, Zózimo, porque as histórias dele nos primeiros anos eram mais criativas e até ajudava a ter um estilo diferente das demais, que ainda circulavam, depois ele deixou o exagero prevalecer.

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  8. Bah, se eu ganhasse esse poder que a bruxa Malvina deu pro Cebolinha, tentaria fazer todas pessoas más se tornarem boas.

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    1. É. O Cebolinha tinha tudo pra melhorar o mundo, mas única preocupação dele foi derrotar a Mônica. Sem dúvida esse seria um excelente pedido.

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  9. Não sabia que foi a Rosana Munhoz que escreveu essa história. Como você sabia disso?

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    1. Eu já vi isso em algum lugar. Fora que histórias envolvendo bruxas, magia, fantasia mais desenvolvidas e com desenhos nesse estilo eram típicos em histórias da Rosana.

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  10. Muito obrigado, Marcos! É a história que eu pedi já faz tempo! Estou muito feliz que a postou!

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    1. De nada. Pois é, deu pra postar agora. Que bom que você gostou.

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  11. Essa história é semelhante à do Cebolinha 26 - O poder da palavra, que veio em 1989.

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    1. Sim, bem semelhante, diferença que Cebolinha bebeu uma poção em "O poder da palavra".

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