terça-feira, 8 de agosto de 2023

Piteco: HQ "Uma noiva para Deus Tigre"


Mostro uma história em que o Piteco precisa salvar a Thuga de se casar com um Deus Tigre. Com 7 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 21' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Mônica Nº 21' (Ed. Globo, 1988)

Um sacerdote reclama com a imagem do Deus Tigre que as colheitas do povo estão destruídas, as crianças passam fome e pergunta o que eles devem fazer para aplacar a ira do Deus, conquistarem sua simpatia e terminar com o sofrimento deles. O sacerdote recebe a mensagem que Deus Tigre quer uma noiva, os outros perguntam onde vão arranjar uma e o Sacerdote diz que em Lem há muitas garotas bonitas e, então, vão lá buscar.

Enquanto isso, Thuga está correndo atrás do Piteco, ela fala que não fica bem um caçador fugindo de uma garota e reclama quando ele consegue escapar. Os sacerdotes olham a Thuga, acham linda e que Deus Tigre vai adorar, só é um pouco magra, que dão um jeito nisso, e, assim, a sequestram carregando em uma rede. Thuga grita pedindo socorro para o Piteco, que ouve enquanto estava dentro do lago e vai atrás das pegadas de tigres que encontrava no chão. 

Na aldeia dos homens-trigres, as mulheres ficam aliviadas que e escolhida não foi uma delas e Thuga é uma verdadeira gata selvagem. Thuga fala que vai ter pena quando o Piteco for salvá-la. O sacerdote manda as mulheres buscarem comida, elas levam banquete e Thuga pergunta o que acontece se ela recusar e eles ameaçam tacar lança nela. Com isso, Thuga come tudo sem entender o que querem com ela.

Piteco vê a aldeia de longe, acha que está movimentada e captura um velho sacerdote para saber o que está acontecendo. Depois, as mulheres preparam a Thuga de noiva, ela diz que só se casa com o Piteco, não o troca por homem algum. Elas falam que Deus Tigre não é homem e a deixam sozinha diante dele. Thuga fala que sonhou tanto com a Lua-de-Mel e não pensava que seria assim, ser devorada por um tigre, e chora. 

Piteco aparece e afugenta o tigre com fogo. Ele solta a Thuga e fogem dos homens-tigres, sobem em uma montanha e Piteco joga uma pedrona neles. No final, ela fica feliz por Piteco a ter salvo e pergunta como eles vão terminar essa história. Piteco diz que será Thuga correndo atrás dele só que não conta que outros homens querem uma noiva para Deuses Jacaré, Urso e Búfalo e só resta Piteco correr com Thuga no colo dele para salvá-la.

História de aventura legal em que homens-tigres raptaram a Thuga para se casar com o Deus Tigre deles para que em troca acabasse com o sofrimento do povo. O casamento seria o Deus Tigre devorar a sua noiva só que Piteco conseguiu estragaram o plano deles, salvando a Thuga, só que no final precisou também livrá-la de outros homens que queriam noiva para os deuses deles.

Os homens-tigres achavam que se fizessem o que Deus Tigre queria, iam acabar com a pobreza do deles. Era uma idolatria que tinham, tanto que se vestiam de tigres para representar seu deus. Não foi representado só por uma imagem, eles tinham um tigre na aldeia que adotavam como um deus. Thuga já era gorda e eles ainda achavam que era magra para Deus Tigre devorá-la por isso a fizeram comer muito. Ela se deu bem no final ser carregada no colo pelo Piteco, mesmo que ele não tinha alguma intenção com ela, só ser carregada já foi romântico para ela e fugiu da mesmice de terminar ela correr atrás do Piteco.

Foi engraçado ver tiradas como Thuga falar que só casa com o Piteco e que sempre imaginou que sua Lua-de-Mel seria diferente, etc, que serviram para dar humor à aventura, dar uma leveza diante dos perigos dela. Legal também Piteco se esconder no rio com uma espécie de canudo para respirar, ficaria muitas horas lá se não fosse o pedido de socorro da Thuga e a metalinguagem de eles saberem que estão em uma história em quadrinhos, que nem tinha sido inventada na Pré-História assim como vestido de noiva da Thuga. Esses absurdos eram muito bons. Na época estava muito frequente metalinguagem nas histórias de qualquer núcleo da MSP.

Misturou características de histórias do Piteco com ele fugindo da Thuga e povos idolatrando um deus. Gostavam de colocar histórias de Piteco com personagens idolatrando um Deus, geralmente era um tigre, uma montanha, um fogo e Piteco se aproveitava para tirar vantagem com isso como ficar com as oferendas que davam para o deus deles, eram bem frequentes e eram boas histórias assim. Na Pré-História tinham tigres-dentes-de-sabre como foi retratado na trama.

Os traços ficaram excelentes, era muito bom ver desenhos assim. As cores eram boas assim, com destaque do rosa mais escuro, mais próximo do roxo, bem frequentes nos gibis do segundo semestre de 1988 e início de 1989, quando as vezes até o rosa era substituído pelo roxo. Incorreta hoje em dia por envolver Deus, religião, idolatria, sequestro, prender Thuga em uma rede e comer muito, ter lanças pontudas, tacape e clava que representam armas, absurdos de coisas que não existiam na Pré-História, e nem Thuga correr atrás de Piteco não pode mais atualmente. 

30 comentários:

  1. Gosto muito das suas analises e de poder rever essas historinhas antigas, fico pensando se existem historinhas antigas que não seriam mutiladas pelo politicamente correto de hoje.

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    1. Obrigado, Gabriel. Muitas são mutiladas hoje em dia, por isso nem vale comprar almanaques, mas ainda assim tem as que não são alteradas, seguem estilo que dariam pra publicar principalmente as de miolo.

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  2. Para quem conhece como funcionam Thuga e Piteco, este final é assaz inusitado.
    Não tive Mônica nº21 de 1988, nem sequer toquei em um exemplar da edição, conheço nadica de nada deste gibi, exceto esta HQ, graças a este tópico.

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    1. Bem inusitado mesmo, Thuga se sentiu como uma Lua-De-Mel com Piteco a carregando até ao quarto. Esse gibi é muito bom com destaque a história de abertura com Mônica boxeadora lutando com o Maguila e a de encerramento com os personagens lidando com histórias inacabadas e com crossover com vários núcleos. O Ricardo Ribeiro postou esse gibi na integra no canal dele no YouTube e pode ser que ache disponível pra download na internet.

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    2. Conheço essa do boxeador, a de encerramento não devo conhecer. Bom você ter falado, sinal que conheço mais sobre Mônica nº21 da Editora Globo do que pensei. Vou ver no canal do Ricardo Ribeiro, valeu pela dica, Marcos!

      A trama trata de um tema barra-pesada de modo sutil, até mesmo superficial, bem resumido. Ainda que com total liberdade para escrever, não haveria como ser diferente, embora os gibis agradassem todas as idades, eram as crianças o público alvo da MSP.

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    3. Como você se lembrou dessa do boxeador, você deve conhecer algumas histórias dessa edição, ou por ter visto no YouTube ou em almanaques diversos físicos. Foi barra pesada, mas leve ao mesmo tempo e cheia de absurdos, não podiam deixar totalmente pesado porque tinham crianças lendo, eram o público alvo, tinham que ter um limite e eles sabiam fazer isso com maestria. Traços também espetaculares nessa.

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    4. Roteirista teve cuidado de deixar menos tensa possível a cena em que o tigre se aproxima da Thuga.

      Gibi top de linha! Na época, qualquer revistinha da MSP prestava, era regra. Mônica nº21 de 1988 foi comum, só mais uma excelente edição.
      Além da de abertura, conhecia apenas a do Titi e o tabloide com Seu Cebola que não consegue pregar um quadro na parede sem se machucar.

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    5. É, eles tinham cuidado de deixarem cenas tensas menos impactantes, precisavam mostrar, era só ter um equilíbrio. Esse gibi é muito bom mesmo, qualquer um que pegasse na época tinha o mesmo nível, sabia que tinha qualidade.

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    6. Afinal de contas, Marcos, qual é o grau do parentesco entre Nena e Magali? Se for apenas tia, é irmã da mãe ou do pai dela, ou é tia-avó?
      Caso seja tia do Carlito, imagino ser irmã do pai dele, caso não, porém, ainda como tia-avó paterna, aí sua irmã seria a avó nordestina da Magali - o terror do Mingau, não sei se esse tipo de relação esticou para outras histórias, isso se caso a personagem não pertencer à galeria das aparições únicas, pelo menos na primeira aparição da idosa foi assim, péssima impressão que o bichano teve dela.

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    7. A Tia Nena é tia da Magali como irmã da mãe dela, a Dona Lili, bem simples o parentesco. Já retrataram isso nas histórias.

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    8. Tia Nena tem vibe de avó, por isso fiquei em dúvida quanto ao tipo de parentesco com Magali. Então é tia de primeiro grau, bom saber. Deve ser mais velha que a irmã pelo menos uns quinze anos.
      E Tio Glunc? Há alguma aparição em HQ dos 80's?

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    9. Tia Nena tem traços de mais velha, com certeza mais velha que a Dona Lili e por ser gorda aparenta mais velha. Não vi histórias com o Tio Glunc nos anos 1980, só nos anos 1990 a partir de 1996.

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    10. Engraçado essa palavra, "(G)glunc" é um tipo de onomatopeia, sendo uma das formas gráficas do ato de engolir, há também terminada com H: "glunch", diferente de engolir seco e/ou apenas saliva para indicar preocupação e medo, como "glup" e "gulp" - não tenho certeza, acho que essas são interjeições onomatopeicas ("onomatopéicas"... não sei se cabe acento...).
      "Gronch" e "chomp" representam tanto engolir quanto o ato da mastigação.
      Penso que a grafia arredondada e sonoridade (fonética) um tanto primária, isto é, que superficialmente dá ideia de algo primitivo, foram elementos que fizeram Mauricio decidir por esse nome.

      Reli "Pedido de aniversário" e percebi que, fora Bruxa Viviane, ninguém fica surpreso com embate de Tia Nena com a boazuda, não há um comentário nesse sentido por parte dos integrantes da festinha. Será que foi mesmo nessa história que a irmã da Dona Lili se revela como tal, Marcos?

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    11. Sempre achei que a Tia Nena era tia da Dona Lili e Tia-Avó da Magali. Acho que faria mais sentido considerando sua aparência e idade mais aparente.

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    12. Tem jeito não, a mulher tem pegada de avó, é versão mauriciana de Dona Benta (Vó Benta) do Sítio do Picapau Amarelo. Se bem que Vó Dita é que acaba sendo versão oficial da personagem lobatiana, contudo, versão urbana é Tia Nena, até pelo reforço do dote culinário, pois Vovoca pertence a um núcleo que mesmo nos velhos tempos é desprovido da magnífica sintonia do aconchego entre avós e netos e tias e tios com sobrinhos, esse tipo de sensação sublime é inerente aos núcleos de Vila Abobrinha e Bairro do Limoeiro, o prafrentex é focado em agitação jovial, combina nada com isso.

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    13. Zózimo, nunca vi origem do Mauricio ter criado o nome do Glunc, acho que foi só que nome remete a Pré-História. Nome com som mais parecido nos anos 1960 foi do desenho animado "Grump o feiticeiro trapalhão", não sei se Mauricio se inspirou nisso.

      Não lembro se teve alguma outra história antes dessa que revela Tia Nena como bruxa, pois tenho poucos gibis depois de 1999. Fora que as vezes que mostrou ela como bruxa foi um segredo apenas dela, nem Magali sabia, pelo menos dentre as que eu vi. E ela tem mais aparência de avó mesmo.

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    14. Esse desenho animado eu não conheço, pode ser que tenha inspirado o nome do personagem.

      Se essa for a primeira que aborda Tia Nena como bruxa, o roteirista ficou devendo uma explicação para os leitores, pois dá entender que Magali parece saber dessa capacidade, na verdade, a maneira como se dirige à tia para que faça algo para impedir a vilã deixa meio a meio, isto é, pode ser que não sabia e sendo mesmo uma revelação, estranho ninguém comentar a respeito, não haver surpresa por parte dos demais, a única que claramente se surpreende é a Viviane.

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    15. Zózimo, é uma possibilidade do nome do Glunc ter sido inspirado no desenho, pelo menos a pronúncia é parecida. Porém, nada confirmado se foi isso mesmo. E nessa história da Magali podia dar explicação maior da Nena ser bruxa, talvez por gibi ser quinzenal, tinha que agilizar sem se preocupar muito com explicações e depois eles explicariam em outras histórias.

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  3. Boa tarde. Terão relançamentos desses almanaques. Abraços

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  4. Vai ter edição comemorativa de 15 anos da Turma da Mônica Jovem e essa não vou comprar. Abraços.

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  5. Adivinhe só, Marcos... Mais uma nova postagem!

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  6. Eu vou dizer que eu não era muito fã da Thuga quando era menor não. Eu sempre gostei bastante das histórias do Piteco, mas a Thuga sempre foi meio irritante e sem-noção para mim. Acho que só com uns 12, 13 anos que eu comecei a gostar mais, aí as histórias dela ficaram mais divertidas para mim, com todo o jeito atrapalhado dela. Ela é a praticamente a Pipa das cavernas!
    Uma das histórias que eu gosto muito é quando ela desiste do Piteco, ele ACHA que vai ficar feliz com isso, só que não fica, aí ouve que a Pipa se mudou de Lem, fica preocupado e vai atrás dela, chegando a brigar com um dinossauro- só que no final era uma mentira da amiga da Pipa, a Ogra! Que conseguiu provar por A + B que Piteco gostava da Thuga.
    Outra que ocorre um dilúvio, Piteco e Thuga pensam que são os últimos da mesma espécie e decidem ainda ficar juntos, só que no final acabou que os outros estavam numa espécie de Arca De Noé, e o Piteco desiste do casamento, que não era mais necessário para a continuação da humanidade.

    Enfim histórias memoráveis, porém impúblicaveils hoje em dia.

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    1. Até que eu sempre gostei das histórias com a Thuga. Essas aí citadas foram muito boas, o Piteco gosta da Thuga só não quer saber de casamento, gosta da vida de solteiro, por isso fugia dela. Todas essas impublicáveis, sem dúvida.

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    2. Admito que sempre me perguntei o que Thuga viu no Piteco, quer dizer, ele não é exatamente bonito, nem um dos maiores caçadores, parece não querer nada com a vida... o que será que a fez se apaixonar por ele em primeiro lugar? Sem contar que algumas histórias mostram que alguns caçadores maiores e mais fortes gostariam dela, e ela insiste que sempre será ''só do Piteco''. Vai entender...

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    3. Para tentarmos compreendê-la, temos que olhar pela ótica dela, ou seja, pela ótica da mulher pré-histórica, nos despir dos séculos XX e XXI e até mesmo dos Sumérios - segundo historiadores, é esse povo que inaugura o que conhecemos por História.
      Analisar como é a "realidade lúdica"* da Thuga... Penso que Piteco, um convicto solteirão, pode representar algo como um partidão para as mulheres descompromissadas de Lem. Deixando claro que ele é bem diferente, por exemplo, de Rolo, até porque, mesmo a ficcional Pré-História da qual é membro principal, é regida pela escassez, escassez e precariedade de tudo que se possa imaginar pelo estágio evolutivo em que está inserido, já o barba azul, além de ter suporte de pai e mãe, goza das benesses da nossa (E)era, ou seja, é um folgado convicto.
      Outro fator que deve ser levado em conta é que o cartunista genialmente inverteu os papéis do enlatado clichê pré-histórico que consiste em homens literalmente caçando mulheres para acasalarem e, claro, casarem, conquistando seus corações com porretadas nas cabeças.
      *Seria sensacional se a Pré-História da vida real fosse tipo a que saiu da cachola de Mauricio de Sousa, pois a História real da humanidade outrossim seria soft. Realidade em que vivemos é tanto freak quanto trhash - no sentido musical, daí a grafia com dois "Hs" ("agás" ou "hagás"), não confundam com trash, embora este plano também é meio que uma lixeira e não estou com esta afirmação depreciando nosso habitat dimensional, é só constatação.

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    4. É, a Thuga podia se interessar por outros homens, se Piteco não queria, que procurasse outros. Acho que corre atrás dele por obsessão, paixão mal resolvida, só que rebaixa mulheres que ficam atrás de homens. Movimento feminista deve ter influenciado em hoje Thuga não correr atrás dele.

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  7. Teve uma história onde o Piteco salva a Thuga de se casar com um cara, também. E ele tinha vários monstros como capangas. Um ciclope gigante, um homem de duas cabeças, e um dragão. Depois de vencer todos eles, a Thuga dizia que iriam comemoram com mil beijos e mil abraços, mas o Piteco desmaia de exaustão e a Thuga diz ao roteirista que da próxima vez que ele salvar ela, vê se deixa ele mais inteiro no final.

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    1. Lembro dessa, tiveram algumas nesse estilo de tentarem casar com a Thuga e o Piteco impedir. Eram boas histórias assim.

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