sábado, 18 de setembro de 2021

Jotalhão: HQ "Namoro Virtual"


Mostro uma história em que o Jotalhão arrumou namoro virtual na internet, mas as coisas não saíram como ele esperava. Com 5 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 116' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Mônica Nº 116' (Ed. Globo, 1996)

Raposão vê Jotalhão com cara feliz  e diz que está pisando em nuvens e Raposão responde que é no sentido figurado ao ver o chão cheio de pegadas. Jotalhão diz que encontrou a cara-metade dele, que ela é inteligente, sensível e sincera e mostra o computador. Raposão acha legal ter comprado um computador, mas estranho se apaixonar por ele. Jotalhão fala que o computador é só um meio de comunicação, está na internet e o seu endereço na rede é jota.3@mata.com e se comunicam trocando mensagens todos os dias. 


Ouvem um barulho de mensagem e Jotalhão confere que foi poema e Raposão acha ridículo, mas ao ver o Jotalhão não gostar do comentário, Raposão emenda que é ridículo ele não estar ainda "in line". Jotalhão acha sua paquera tão romântica e Raposão pergunta se ela é bonita. Jotalhão diz que nunca a viu e Raposão pergunta como ele se apaixona por alguém que nunca viu. Jotalhão manda não ser tão materialista. Raposão diz que não vai aguentar namoro virtual a vida toda e propõe que eles marquem um encontro pessoalmente, mas peça uma foto antes. 

A paquera manda a foto, Jotalhão a acha linda, mas Raposão diz que ela o enganou, deve ser muito feia, pois mandou foto da famosa modelo Leona Piovani. Jotalhão fica arrasado e não quer nunca mais falar com ela. Raposão diz que é para Jotalhão esquecer o mundo virtual, que há um  mundo de verdade com garotas de verdade lá fora e eles saem. No final, aparece a namorada virtual na toca dela, de fato, era a Leona Piovani, reclamando com a passadeira de roupa que o Jotalhão deu fora nela, que é ruim ser famosa e não encontra sua cara metade nem na internet. 

Uma história legal com Jotalhão arrumando namoro na internet, mas sendo convencido pelo Raposão ser mais pé no chão e acabou sendo desiludido achando que era outra pessoa se passando pela famosa Leona Piovani, já que uma artista nunca ia ficar procurando namoro virtual, mas que no final foi revelado que era a famosa, sim, sem ele nunca saber a verdade.

A Rita Najura que não ia gostar de ver o Jotalhão se engraçando com outra pessoa sem ser ela, mas a paixão da Rita era platônica e só ela quem era apaixonada sem ser correspondida e o Jotalhão, por sua vez, se apaixonava por outras. Interessante que na Turma da Mata nem sempre os personagens se apaixonavam com algum bicho da sua espécie, o mais normal seria Jotalhão se apaixonar por uma elefanta e nessa vez foi por uma leoa. 

Essa história mostra mensagens dos perigos de namoro virtual como risco de uma pessoa não mandar uma foto real de quem é realmente e até querer dar golpe, além de, principalmente, mostrar que é mais vantajoso vivenciar a vida real do que a virtual, sem deixar piegas. A Leona Piovani foi clara referência à atriz Luana Piovani, que estava em evidência na época. Era legal essas paródias com artistas e ainda mais quando eles eram retratados como bichos quando eram parodiados na Turma da Mata ou com Bidu, por exemplo. 

Bons traços, bem típicos dos anos 1990. Poderia ser encaixar com outros núcleos da MSP, principalmente com a Turma da Tina, mas pelo visto preferiram com Jotalhão para diferenciar e ter o ar de absurdo, ser engraçado um elefante como Jotalhão ter computador com internet em plena mata. É impublicável hoje por envolver namoro virtual que não é apropriado para crianças. Mesmo que foi por bichos adultos da Turma da Mata e não pelas crianças da Turma da Mônica, mas ainda poderiam implicar por ser em revista infantil.

Foi a primeira história da MSP envolvendo internet, que estava nos primórdios em 1996. Poucos ainda tinham computador em casa e muito menos ter internet, ainda mais por ser discada, ainda assim com a novidade da rede recém-lançada, a MSP quis fazer a inclusão digital, por isso não foi a toa a explicação sobre o que é internet ao longo da história já que nem todos tinham conhecimento a fundo. Além dessa, também tiveram outras histórias com personagens mexendo no computador, trocadilhos do "mouse" com rato, tudo para ter a inclusão digital dos leitores e que eram assuntos do momento na época. 

São bem curiosas e datadas essas histórias de primórdios de computador e internet, como podem ver que Jotalhão trocava mensagens por e-mail e que ainda demorava um pouco para receber resposta do e-mail, hoje recebe resposta na mesma hora e as conversas são mais por aplicativos de chats e o meio de comunicação de preferência através de um smartphone. Gosto de ver essas mudanças ao longo dos anos retratadas nas histórias antigas. Quem sabe também crianças que tinham internet na época não tentaram mandar e-mail para o Jotalhão, se alguém tentou, com certeza não funcionou.

40 comentários:

  1. Sinceridade hilária de Raposão achando ridícula a mensagem da admiradora virtual, para não se indispor com o entusiasmado compadre contorna atribuindo a si a desagradável condição, dizendo que está por fora do que há de mais moderno, afinal, de nada serve sincericídio.
    O tema é apresentado nos primórdios da popularização, em vez de "on", "in line".

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu ri nessa parte do poema com Raposão achando ridículo, só não foi 100% sincero porque precisou disfarçar pra não apanhar do Jotalhão. Foi nos primórdios porque a internet chegou em 1995, aí por isso esses termos como "in line" e explicações sobre o tema para o pessoal entender do que se trata.

      Excluir
    2. O que Raposão cometeu foi quase uma gafe, gafes só ocorrem com percepção alheia, são inexistentes se não forem percebidas, como raposas naturalmente são velhacas, o elefante não sacou a desenvoltura do amigo evitando embaraço.
      "Namoro virtual" comprova que a Turma da Mata tem acesso à eletricidade.

      Excluir
    3. Reparei isso de que eles têm eletricidade, por isso foi o absurdo. E interessante bichos da Turma da Mata terem luz e o Chico Bento não ter.

      Excluir
    4. O sítio da família do Chico Bento não tem energia elétrica, mas, muitas residências, determinados estabelecimentos comerciais, igreja, delegacia, etc de Vila Abobrinha têm acesso ao recurso, comparando os dois núcleos, per capita, o rural certamente tem mais acesso, contudo, a comparação é de fato interessante, enquanto o selvagem civilizado elefante tem energia elétrica em sua cavernosa residência, a família Bento resiste ao recurso.
      Agora uma pergunta capciosa e encafifante:
      Se a tal Leona solicitasse uma foto de corpo inteiro do paquiderme, estaria Jotalhão enviando um nude?

      Excluir
    5. Sim, mas pelo menos em relação ao sítio do Chico bento, o Jotalhão está mais evoluído que o Chico na energia elétrica, tendo até computador. Foto do corpo todo do Jotalhão seria nude, pois ele não tem roupa.

      Excluir
    6. Tem razão, minha dúvida é se a tal Leona interpretaria como assanhamento, correndo risco de tomar tromba adentro um tabefe virtual ou se sentiria atração pela nudez paquidérmica, pensando que pudesse ser um libertário, um sujeito desprendido, um minimalista antimoralismo.
      Para um "ridículo" desconectado, Raposão desembola bem mesmo, é quem sugere marcar encontro e pedir retrato, coisas que o conectado orelhudo não atinou fora da companhia do compadre que ainda reconhece a celebridade da fotografia e suspeita que a namorada virtual não é quem diz ser, se deixasse ridicularidade de lado se conectando, muito provável que se tornasse uma "hackerposa", Deus não dá asas às cobras, isto é, em se tratando de orelhas, elefantes deixam os burros nos chinelos, estão mais propensos a voos de galinha do que as raposas, Dumbo não me deixa mentir, desembola melhor que os galináceos por ser um infante, um filhote, "elefantil".

      Excluir
    7. Acho que a Leona não ia achar assanhamento porque sabe que elefantes não usam roupa, a não ser que ele desse destaque à parte de baixo.

      Excluir
    8. Concordo! Se em fotografia enfatizasse os "Países Baixos" não seria bom para a relação virtual, só se fosse por solicitação dela, querendo ver de perto os holandeses, aí não teria problema, vai que além de modelar pode ser também geógrafa ou historiadora, ou formada em Sociologia, até mesmo uma urologista topmodel silvestre, talvez rolasse acanhamento por parte do elefante que poderia ficar vermelho feito extrato de tomate.
      Veja que povo ousado, invadiram o mar para angariarem mais território, os diques holandeses são mundialmente famosos. Faltou uma história do Cascão referente ao tema, onde uma cultura se sobrepõe à água, dar um macro chega para lá na água tem tudo a ver com o personagem, quiçá é a cultura que ele mais admira, o povo dos moinhos, dos tamancos, das tulipas e da agricultura vertical, fico imaginando como seria, mais ou menos no estilo da sensacional "Cada um na sua!" de Cascão nº54 da Editora Abril, sempre que acesso a trama me vem à mente nações como Holanda, Áustria, Suíça, Bélgica e os escandinavos.

      Excluir
    9. Acho que não teve, se teve não tenho conhecimento, seria uma boa.

      Excluir
    10. Também acho que não existe, ficaria supimpa um roteiro abordando isso, de preferência nos traços de qualquer ano dos 1980 com o personagem em plena performance.
      Não conheço a HQ que abre Cebolinha nº6 de 1973, percebe-se pela arte da capa de que trata-se de uma paródia do famoso conto dos (I)irmãos Grimm chamado "O Flautista de Hamelin", onde galinhas substituem os ratos, pelo menos é o que parece tendo como referência o que é mostrado na capa da edição. Por muito tempo acreditei que a trama que figura entre os contos de fadas se passava nos Países Baixos, recentemente descobri que é na Alemanha. A gag de Cebolinha nº152 de 1985 também é sobre esse clássico infantil, flauta desbancada por radinho de pilha.

      Excluir
    11. Ficaria legal mesmo uma história assim. Em Cebolinha 6, a flauta atrai bichos toda vez que tocavam, é boa também.

      Excluir
    12. Marcos, a maquilagem perde o efeito a partir do segundo quadrinho, a tromba de Jotalhão está desenrugada no quadrão.

      Excluir
    13. Verdade, as vezes acontecia isso de mudarem tromba deleção longo das histórias.

      Excluir
    14. Parece um mísero detalhe, mas não é, sem rugas a tromba fica sem aspecto tridimensional, no quadrão não se percebe o perímetro do membro devido à ausência delas, os pequenos risquinhos horizontais são um acabamento e tanto na aparência do elefante.

      Excluir
    15. Concordo que as rugas nas trombas ficam melhores. Quem sabe esquecimento do desenhista.

      Excluir
    16. Característica mais ou menos estranha que Jotalhão possui é alternância nos aspectos de suas patas superiores, ou melhor, mãos e braços, quando estão semelhantes às inferiores, isto é, pernas e pés, os braços ficam nitidamente mais curtos, quando as mãos apresentam polegares e meio que mais dois dedos cada uma, os braços ficam mais compridos e flexíveis, destacando os cotovelos, isto ocorre nos traços de praticamente todos os desenhistas dos velhos tempos.

      Excluir
    17. Tem razão, bem observado. Até que eu gostava dessa característica nele, não achava ruim.

      Excluir
    18. Também não desaprovo, porém, acho meio estranho a constante metamorfose, unhas e palmas riscadas, depois mudam completamente, parecendo as mãos de Penadinho e de outros fantasmas, acompanhadas de braços compridos e articulados com direito a usar relógio, pois se vê os pulsos, e vão assim, alternando, alternando... O modelo mais comprido e mais detalhado permite também que Jotalhão sinta com mais intensidade a dor de cotovelo provocada pelo fim do namoro virtual, em momentos assim é melhor ficar com o modelo curto por ser desprovido de cotovelos, dói menos, certamente quem lida melhor com esse tipo de sofrimento é o Horácio.

      Excluir
    19. Na verdade quando mostravam dedos era pra mostrar algum movimento com as mãos, tipo apontar para alguma coisa, e quando mostrava reto e unhas é porque ele estava parado. Até poderiam padronizar ser sempre com 3 dedos até quando ele está parado, mas pelo menos nas antigas eles faziam essa distinção. Não sei se eles passaram a padronizar nos dias de hoje.

      Excluir
    20. De qualquer modo, constante alternância no aspecto do par de membros superiores em nada deprecia o visual do personagem bonachão. Na função de garoto-propaganda, ou melhor, "paquiderme-propaganda" conseguiu superar a Mônica.

      Excluir
    21. Verdade, não depreciava, não achava ruim. Nas propagandas Jotalhão teve destaque ser garoto propaganda oficial do extrato de tomate Elefante, que continua até hoje.

      Excluir
    22. Para veteranos como nós, quando se fala em comerciais televisivos relacionados à MSP, primeiros que nos vêm às cacholas são os da marca de produtos alimentícios Cica, nem todos são referentes ao clássico Extrato de Tomate Elefante, há de maionese, catchup, goiabada, marrom glacê, etc, desses outros produtos nem todos contam com a presença ilustre do elefante, parece que maioria não é com ele, deixando espaço para outros personagens de Mauricio além de Mônica que participa dos da massa de tomate fazendo dupla com Jota, inclusive, há um que é primoroso, parece ser de maionese, conta somente com personagens do Limoeiro, todos como bailarinos no melhor estilo do início dos 1980, além do quarteto clássico, Bidu e Franjinha também estão presentes abrilhantando ainda mais a animação do comercial que é simplesmente formidável! Aproveitando o gancho, um adendo: se todos os longas e curtas animados da MSP relacionados à TM clássica, tanto os antigões quanto os mais recentes e os atuais fossem com esse nível de traços, com esse visual espetacular, com técnica de animação idem, em suma, com a qualidade técnica e artística excepcional desse comercialzinho, eu teria muito prazer em volta e meia assisti-los, pois seriam visualmente no mesmo nível dos quadrinhos dos nossos tempos de infância e adolescência.
      Retomando: contudo, personagem mauriciano que se consolidou como astro de TV dos 1970, 80 e até dos 90, aí não tem nem para a Mônica, é Jotalhão mesmo.

      Excluir
  2. Que legal ...época de trocar e emails..em 96 nem sabia o que era computador e internet fui conhecer isso só depois do ano 2000 .apesar de já abordarem esses assuntos novelas e filmes ..hoje virou parte de nossa vida..nao é um novidade paquerar virtualmente..a maioria dos encontros hoje e assim..ha propósito o antigo site da Mônica era muito bom.tinha muitas historinhas la

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bem nostálgico conversar por e-mail. Hoje tem até sites e aplicativos específicos de namoro. Eu só fui ter computador e internet no ano 2000, aí já tinha um certo avanço comparado a 1995/96. Acho também que criavam histórias assim com computador pra famializarem com a tecnologia e acessarem o site da Turma da Mônica. Era legal o site deles, via sempre. Interessante que quando criaram o site em 1996 colocaram o endereço dele nas capas, até estranhava site nas capas e poluir.

      Excluir
  3. O comecinho da Internet,altamente inferior à de hoje.Antes ela era um complemento de mídias,hoje ela é a regra.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, ela era apenas um meio de comunicação novo pra acrescentar, hoje ninguém mais vive sem internet e até obrigado a ter de certa forma.

      Excluir
    2. Boa escolha de HQ para recordar! Em 1996 ter computador com internet em casa era como a pessoa ter um carro elétrico hoje rsrsrs! Esse tema do Namoro Virtual era bem forte nos primórdios da internet, lembro do filme com o Tom Hanks e Meg Ryan.

      Excluir
    3. Verdade resiak74. era artigo de luxo. Primeiro teria que ter dinheiro pra computador e depois ainda ter condições de bancar uma internet discada. Só ricos mesmo. E namoro virtual era bem frequente, uma novidade de namorar pelo computador, tinham bastante curiosidade de ter internet só para isso.

      Excluir
  4. Sugestão: faz um post falando de todas as vezes em que o cebolinha falou certo. Seja por erro de digitação ou por alguma bruxaria.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa ideia. As vezes que foi erro de digitação nem considero que ele falou certo de fato, mas poderia colocar também. Quando der, faço post assim.

      Excluir
    2. Ah, e não esqueça de citar o Episódio a gruta do diabo.em que ele fala morreu com r

      Excluir
    3. Seriam mais histórias em quadrinhos e não animações. Como vc citou essa, aí dá pra citar, o mesmo não daria em outros desenhos.

      Excluir
  5. Gostei bastante bem que o Maurício de Sousa podia colocar o jotalhao e o raposão no desenho que passa na tv seria demais

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Também gostei. Podia mesmo ter animação do Jotalhão, Raposão e toda a Turma da Mata.

      Excluir
    2. Já até sei quem poderiam ser os dubladores,
      Jotalhão - Pedro leite, (dublou ele em feliz natal pra todos)
      Raposão - Hugo Picchi Neto, (dublou o Bidu em o babado do cão falante)

      Excluir
    3. Tbm consigo pensar no Bruno dias fazendo o coelho caolho, o Paulo Cavalcante fazendo o tarugo, e o Alex minei fazendo o ministro Luís caxeiro

      Excluir