sábado, 25 de setembro de 2021

HQ "Humberto no elevador"


Compartilho uma história em que o Humberto passou sufoco com um ascensorista ao andar em em elevador. Com 3 páginas, foi publicada em "Chico Bento Nº 7' (Ed. Abril, 1982).

Capa de 'Chico Bento Nº 7' (Ed. Abril, 1982)

Humberto entra em um elevador de um prédio para visitar seu primo e o ascensorista pergunta para qual andar ele vai. Como é mudo, Humberto mostra "7" com os dedos, mas o ascensorista pensa que era sinal de "paz e amor" e pergunta de novo para qual andar ele vai. Humberto diz "Hum!" e mostrando "7" com os dedos ao mesmo tempo e o ascensorista o deixa no primeiro andar e manda sair. Humberto tenta dizer que não era aquele andar e o ascensorista pensa que ele mudou de ideia e pergunta para onde quer ir. Humberto fala "Hum!" e o ascensorista fica nervoso, falando que já estão no "Um". 

Humberto tenta dizer dizer que é mudo, que só emite som "Hum! Hum!" e como aponta para boca, o ascensorista pensa que ele quer ir para o restaurante do quinto andar. Humberto fica brabo e resolve apertar o botão do elevador. O ascensorista impede, tira Humberto, o chama de louco, pergunta se ele quer que seja despedido e o deixa no quinto andar. Humberto fica brabo e o ascensorista deixa no térreo. Humberto sai, com ascensorista com pena achando que ele era louco e só resta subir 7 andares. Quando chega, já bem ofegante, no final o seu primo o recebe e pergunta por que ele não usou elevador.



História bem divertida com o Humberto passando sufoco em um elevador sozinho por ascensorista não entender que ele queria ir para o sétimo andar. Acabou é subindo os 7 andares de escada por não ter sido compreendido pelo ascensorista e o primo ficar sem entender por que ele não usou elevador. Foi engraçado ver os problemas de comunicação entre o ascensorista e o Humberto como ascensorista achar que o "7" com os dedos  era "paz e amor" e ele pensar que Humberto queria comer no restaurante ao apontar para boca. Antes o Humberto saísse no quinto andar sem chiar, pelo menos só precisaria subir 2 andares na escada ao invés de 7. Alternativa pra ele seria andar com um bloco e caneta para escrever o que perguntavam pra ele, mas aí não teria história.

Por conta do Humberto só emitir som "Hum! Hum!" passava vários constrangimentos ao andar sozinho e contracenar com alguém não o conhecia nas histórias antigas. Em vez de mudo, ele era sempre considerado louco pelos outros. Não é a toa que já teve história do Humberto publicado em Almanaque "Coleção Um Tema Só Cebolinha e o Louco" por ter muito estilo de loucuras e os outros perdendo paciência com ele. Histórias do Humberto assim eram boas, além de serem bem engraçadas, davam para refletir depois o que os mudos passavam na vida real e não fazer o mesmo com eles. Atualmente impublicável por ter chacota com um deficiente e ainda sofrer e se dar mal no final, povo do politicamente correto ia implicar muito.

Humberto mesmo considerado mudo, tinham histórias em que ele emitia "Hum! Hum!" como foi nessa ou era mudo por completo, sem falar nada. Variavam de acordo com roteiro, quando queriam fazer trocadilhos do tipo "Hum!" com numeral "Um", aí eles colocavam falando "Hum!". Essas eram mais engraçadas ainda. Os traços ficaram bons, típicos de histórias de miolo nos anos 1980, Humberto ainda com short preto, depois mudariam para branco como fixo. Teve um erro do ascensorista não aparecer de bigode no 6º quadrinho da 2ª página e talvez um erro o Humberto no quadrinho seguinte falar um "Grr!", que aí podia ser um balão de pensamento para demonstrar que estava com raiva. O ascensorista e o primo do Humberto só apareceram nessa história, como de costume de personagens secundários.

Curioso uma história do Humberto em um gibi do Chico Bento, mas acontecia bastante nos primeiros números do Chico da Editora Abril de ter também histórias de secundários da Turma do Limoeiro como Humberto, Anjinho, Titi, Jeremias, Zé Luís, etc, podendo ou não ter participação de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali. Acontecia porque não tinham histórias do Chico suficientes já produzidas para fechar os gibis e, provavelmente, também para demonstrar que o Chico era um personagem do Mauricio, pois era o gibi mais diferente e o personagem ser menos conhecido na época com histórias esporádicas em gibis da Mônica e Cebolinha antes de ter gibi próprio. À medida que tiveram mais histórias do Chico produzidas e ele se tornar personagem mais conhecido, depois colocaram só Papa-Capim como personagem secundário em gibis do Chico.

Essa história foi republicada depois em 'Almanaque do Chico Bento Nº 4' (Ed. Globo, 1988). Termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Chico Bento Nº 4' (Ed. Globo, 1988)

38 comentários:

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    1. Era melhor sem dúvida. Era capricho sem tamanho.

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    2. A "capa antiga" é do gibi de HQs inéditas,e a outra é de um almanaque,que neste caso,é uma compilação de HQs antigas selecionadas.

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    3. É, Almanaques são republicações das inéditas até então. As 2 capas muito bonitas, mas a de 1982 melhor ainda.

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  2. Coitado do Humberto! Sempre sofrendo devido à necessidade especial. Com o retardamento vigente esta trama formidável certamente é vista como humor negro, e quem a elogia deve ser considerado um desnaturado, um insensível, desprovido de empatia e por aí vai...

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    1. Trama que dá pena do Humberto, mas ao mesmo tempo é engraçada. Infelizmente não tem mais hoje em dia, sem chance, só colocam lado educativo com os personagens deficientes.

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    2. Marcos, acho válido Humberto vocalizar grunhidos ou rosnados, o que se tem aqui não é erro, bom, não vejo assim. Em relação ao balão sonoro que indica estar esbaforido, ofegante, não depende de recurso vocal para ser sonorizado, mas pode vir acompanhado dele.

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    3. Ele emite uns sons e então esbravejar não seria considerado um erro total. A intenção mesmo foi pra demonstrar que ele estava muito brabo, podendo ou não ser balão de pensamento.

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    4. Em "??????" - intitulada assim mesmo, seis pontos de interrogação e nada mais, sensacional inclusive, pois ler o título em pensamento é muito fácil, já lê-lo oralmente... - o roteiro é pautado em incompreensão recíproca, Humberto tem contato com um menino mudo, os balões do modelo sonoro são quase todos em branco, exceto um que o desconhecido guri esbraveja um "Grrr...", esbanjam palavras pensando, não há sequer um "Hum!", Humberto literalmente mudo, excelente! Parece ser da fase Abril, conhece, Marcos?

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    5. Conheço essa história. É da Abril, sim. É considerada muda e do tipo de histórias que o Humberto é mudo completamente, sem falar "Hum! Hum!". Muito boa.

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    6. Marcos, eles esbanjam nos pensamentos com textos escritos, a história não pode ser muda já que tem tantas palavras em balões, por ter fartura de balões em branco você está associando como se fosse muda, normal, nossas memórias nos traem de vez em quando.

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    7. Talvez seja isso de ter balões em branco e não lembrar da história totalmente. Apesar de conhecê-la, não lembro detalhes.

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    8. Sim, só pode ser, Marcos! Muitos balões em branco e pensamentos verbalizados idem. Lembrar parcialmente das tramas acontece muito comigo também. Embora entrem mudos e saiam calados, a HQ é falastrona, ou melhor, pensante ou pensativa, avento possibilidade do roteirista ser Gabriel Pensador.
      Tosses e espirros são audíveis não por causa do recurso vocal, mas podem vir acompanhados dele. Consigo executá-los vocalizando e dispensando o recurso, tem gente que não varia, ou é sempre de uma maneira ou só de outra. Esta introdução é para chegar ao Humberto, popularmente conhecido pelos leitores como o mudo da turma do Limoeiro, no entanto, possui voz, o que não consegue é formar palavras, não fala, impossibilidade de falar subentende-se mudez mesmo possuindo voz. Tossindo certamente é "cof, cof", não há por que ser diferente, pela lógica, espirrar também, não lembro ou nunca vi Humberto espirrando, não há motivo para privá-lo da clássica onomatopeia de origem fisiológica, o "atchim", por vezes "atchôô".

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    9. O Humberto tem voz já que emite sons. Não lembro de ter o visto espirrando, mas, se teve, na certa teve onomatopeia.

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    10. Levantei a questão porque Humberto não pronuncia o "A", pois espirrar fazendo suspense, tal como "A... a... a..." tem que vocalizar, e mesmo tendo voz ficaria incoerente, mas um "Atchim!" curto e grosso, direto ao ponto desacompanhado de voz não vejo incoerência.

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    11. Eu também não vejo incoerência e ele ainda poderia espirrar com som "Tchim!"

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    12. Sim, e a necessidade especial não o impede de espirrar com suspense, imagino que seja assim: "... ... ... Atchim!!" ou "... ... ... Tchim!!".
      Já choros esgoelados com onomatopeia clássica dá para Humberto não, esgoela em silêncio ou "Huuuuummm!!", estranho, está chorando ou saboreando alguma guloseima?

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    13. Desse jeito daria pra ser as 2 formas, tanto chorando ou saboreando

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    14. Quanto aos "hunfs" e "humpfs", expressões que denotam desinteresses ríspidos, desaprovações e esnobadas, Humberto está habilitado a emiti-los.
      A marca de biscoitos Tostines possuía um slogan que era uma espécie de pergunta meio confusa, lembro que a criançada da época se divertia com ele, era: "Vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?".
      Então, o nome do personagem existe, assim como Magali, Chico (Francisco), Jeremias, Mônica, Tina (Cristina), Horácio, etc, são nomes encontrados em RGs, CPFs e em vários outros tipos de documentos, a pergunta é se a escolha do nome foi inspirada nos sons que o personagem emite ou se os sons é que derivam do nome?
      Pergunta de quem foi criança nos 1980.

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    15. Daria pra o Humberto falar "Hunf!" também. Acredito que o nome foi escolhido pelo som que emitia, geralmente um autor cria o personagem e depois cria o nome que se encaixa melhor de acordo com sua característica. Aí, provavelmente primeiro Mauricio criou a característica e depois pensou no nome do Humberto, mas se é verdade, só Mauricio que pode dizer.

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    16. Faz sentido! Característica levou ao nome, não o contrário, então, é fresquinho porque vende mais, não, não, vende mais porque é fresqu... Não! O menino é macho!
      O primeiro garoto a fazer parte do universo do Limoeiro é Franjinha, aliás, o bairro foi criado para acomodar ele e Bidu, de certa forma Humberto também é o número um do bairro, dos que estão sempre completando sete anos foi o primeiro a ser criado, acho que descobri o motivo de tantos "huns". Diferente do mágico meteorologista esquimó Nimbus, Humberto é homem com "H" e é 1 com a mesma inicial. Primeiro personagem portador de necessidade especial. O nome do mudinho "diz" muito, no nosso idioma o "H" é mudo.
      Modesto, não fica se gabando por ser o número (h)um.

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    17. O Humberto foi criado em 1960, apareceu em Bidu n° 1 da Editora Continental, era da mesma altura dos outros meninos da Turma do Franjinha e falava "Hum!" e adotou idade e altura de 7 anos nos gibis. Então não seria idade o motivo do nome, deve ter relação mesmo com o som "Hum!".

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    18. Sim, mas é o primeirão em determinados aspectos:
      Primeiro com necessidade especial e primeiro mudo ouvinte.
      Primeiro a estar sempre aniversariando sete anos.
      Primeiro menino a trajar rosa, quebrando paradigma.
      Primeiro descalço com pés elípticos - provável que Piteco tenha inaugurado essa característica anatômica e que Cascão tenha sido o primeiro a sentir o gramado do Limoeiro sob os pés, mas, dos descalços do bairro o mais antigo é Humberto.
      Primeiro a possuir crânio horizontalizado, característica anatômica dos cinco titulares clássicos.
      Primeiro a dar voz à inicial muda, abriu caminho para os falantes da língua Hiro e Horácio. Humberto é um pensante do idioma.
      Primeiro personagem modesto, nunca se gaba dos "primeirismos" que detém.
      Os "huns" dizem muito a respeito dele, todavia, apenas alfabetizados nas entrelinhas é que conseguem traduzir.

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    19. Sim, ele foi primeiro em muitos aspectos. Só não digo sobre os pés descalços e forma sem dedos porque os primeiros seriam Mônica, Cascão, Xaveco, Anjinho, Piteco, ainda nas tiras antigas dos anos 1960. O Humberto nas revistas do Bidu de 1969 usava sapato e pés com dedos.

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  3. Essas histórias do Humberto eram bem comuns nos gibis da Mônica e Cebolinha. Mas, num gibi do Chico Bento, não me lembro de ter visto. Essas histórias em que o pessoal não entendia o que Humberto queria dizer rendia vários roteiros engraçados. Parece que entre 1981 e 1983 foi o período em que Humberto teve mais histórias. Pena que o personagem agora aparece bem pouco e quando aparece, só entra em cena para reforçar o politicamente correto.

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    1. Histórias do Humberto eram mais comuns nos gibis da Mônica e Cebolinha, uma vez ou outra em Chico Bento que acredito que foi pra preencher gibi por não terem criado histórias do Chico suficientes. Era raro, mas tinha as vezes. O período com histórias do Humberto foram mais frequentes entre 1981 a 1983, mas ainda assim tinham as vezes ao longo dos anos 1980 e início dos 1990. Hoje quando ele aparece e só mesmo com figuração ou querem ensinar algo sobre deficientes, tudo didático, aí fica sem graça

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  4. Acho ate engracado esse tipo de historia em que o Humberto passa por dificuldade por causa de sua deficiencia,mas não da pra negar que as vezes eu fico com pena do garoto,porque ele se mete em cada roubada kkkk

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    1. Eram engraçadas enquanto lia, mas depois olhando par ao lado Humberto dava pena, sim. O coitado se metia em muita encrenca e ainda se passava por louco.

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    2. E as vezes parece que ele esta sofrendo bulying.mesmo que não seja a intenção do personagem que interage com ele.e o que eu acho mais curioso é que as vezes a propria turma da monica tira um sarrinho dele,mesmo sabendo que ele é mudo.

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    3. Sim, a turma também provocava o Humberto, mesmo sabendo suas condições. Cascão era um que trolava demais e até Magali já recusou dar comida para o Humberto, mesmo sabendo que era mudo e entendendo muito bem que ele queria o que ela estava comendo, só fingia que não estava sabendo.

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  5. Só agora que notei!
    Na tradicional capa de almanaque da MSP,como sempre,aparecem os personagens secundários da turma do Chico Bento mais os personagens de outros núcleos,como o do Papa-Capim.

    Pois aí aparece um elemento que não é personagem de turma nenhuma,é o travesso do Saci!

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    1. O Saci até considero ser do núcleo do Chico visto que já tiveram histórias com ele e outros seres do Folclore. Aí só não seria um personagem fixo como os outros.

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    2. Marcos,por um momento tive uma ideia de uma turma/núcleo só desses seres mitológicos da roça,que a exemplo da Turma do Penadinho,contaria com o saci,sereia/iara,mula-sem-cabeça,curupira,boitatá,etc,e o lobisomem,que dividiria o expediente com o núcleo do cemitério,assim como o Bidu se desdobra em dois núcleos diferentes,e no caso da Warner Bros./Looney Toons/Merrie Melodies,no qual Frajola ora persegue Piu Piu,ora persegue o Ligeirinho.

      Voltando à MSP,se hoje se admitisse o "capiroto",este também se dividiria entre a roça e o cemitério.

      Fico só imaginando como seriam os enredos das HQs da turma do folclore brasileiro!

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    3. Não seria ruim um núcleo só do folclore brasileiro. Se bem que hoje iam acaba deixando didático demais, sem travessuras e com foco à preservação da natureza e talz.

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    4. Algo tipo a Turma do Pererê, do Ziraldo?

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    5. Andrey, desse tipo, sim. Talvez não fizeram antes pra não parecer cópia de Turma do Pererê.

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  6. Cara, não é por moralismo, mas eu sempre sentia pena do Humberto porque ele só vivia sendo sacaneado, parecia que o povo se fazia de burro perto dele. xP

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    1. Também sentia pena depois de olhar o lado do Humberto. Pra quem não o conhecia, até menos mal, mas a turminha zoando, seus próprios amigos, era de admirar.

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