quarta-feira, 5 de março de 2025

HQ "Cebolinha de boca aberta"

Mostro uma história em que o cebolinha não consegue fechar a boca depois de bocejar causando muita confusão para ele. Com 5 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 97' (Ed. Abril, 1981).

Capa de 'Cebolinha Nº 97' (Ed. Abril, 1981)

Cebolinha acorda, não consegue fechar a boca depois de bocejar e lamenta que justo hoje quando tinha um plano infalível para derrotar a Mônica e determina que não é uma simples boca aberta que vai atrapalhá-lo. Troca de roupa e vai para a rua sem tomar café-da-manhã.

Na rua, repara que não enxerga quase nada com a boca aberta e lembra do ditado que em boca fechada não entra mosquito, quando um mosquito entra na boca dele. Cascão aparece e diz que pensou que já estivesse nascendo dente no Cebolinha e acha que estava querendo mostrar os dentes com a boca daquele jeito. Cebolinha nega, cascão acha que é problema na garganta, Cebolinha conta que quando acordou foi abrir a boca e não fechou mais e Cascão acha que pode ficar assim para sempre, Cebolinha pergunta e agora e Cascão manda o amigo tirar as calças e jogar fora.

Cebolinha quer bater no Cascão, diz que o problema é grave e Cascão fala que agora vai poder engolir a Mônica e nunca mais bater neles. Cebolinha corre atrás do Cascão, tropeça em uma pedra e engole o Cascão ao cair em cima dele. Mônica aparece, acha que o Cebolinha imita bem a voz do Cascão e diz que está doida para pôr as mãos nele por ter dado nó nas orelhas no coelhinho novamente. Mônica ouve Cascão falando que é para tirá-lo dali e ela acha que o Cebolinha deixou o Cascão dentro de um buraco e ficou em cima para ela não ver.

Mônica levanta o Cebolinha, vê que tinha nada ali. Cascão sai da boca do Cebolinha dizendo que pode bater, tudo, menos apanhar dentro da boca do Cebolinha. Mônica bate nele e também no Cebolinha para não aprender esconder o Cascão dela. No final, Cebolinha fica com boca fechada, mas cabeça toda para cima e pega o coelhinho da Mônica com esperança que ela bata de novo e consiga voltar ao normal.

História legal em que o Cebolinha desloca o maxilar e não fecha a boca após bocejar e é azucrinado pelo Cascão por isso. Cebolinha consegue engoli-lo ao tropeçar na pedra e de certa forma foi bom para o cascão pra ficar escondido e não apanhar da Mônica. Só que ela descobre, bate no Cascão e Cebolinha, que consegue ficar pior do que quando estava só com boca aberta.

Cebolinha tinha que ter contado para a mãe e ido ao médico, aí evitava maiores problemas que teve. Nem tomou café para praticar logo o seu plano contra a Mônica, obsessão grande para derrotá-la até de boca aberta. O pescoço também ficou com paralisia, ficando olhando para cima o tempo todo. Cascão também um amigo sacana, em vez de ajudar, só ficou zoando. Para não apanhar da Mônica dentro da boca do Cebolinha,  Cascão encontrou a saída rapidinho. E o Cebolinha ficou parecendo o Zum e Bum no final.

Teve absurdos do início ao fim, típico das histórias de 1981, o melhor o absurdo de Cascão entrar dentro da boca após o Cebolinha cair em cima dele. Boca gigante que consegue engolir outra pessoa. Eram muito boas essas histórias nonsenses nada com nada, dava para fugir bem da realidade, humor de alta qualidade. 

Engraçado também o Cebolinha conseguir falar normal com a boca aberta, Dona Cebola dizer que pode fechar a boca depois de escovar os dentes, entrar uma mosca quando Cebolinha lembra do ditado que boca fechada não entra mosquito,  a rima do Cascão "tirar as calças e jogar fora" com "agora". Na época, o Sansão ainda não tinha nome, por isso chamado de coelhinho.

Traços ficaram bons, típicos de histórias de miolo do início dos anos 1980. Incorreta por fazer piada com problema sério, absurdos exagerados de Cebolinha falar normal com boca aberta e Cascão entrar e sair da boca do Cebolinha, hoje absurdos assim só em histórias do Louco e mesmo assim mais controlado do que era antes, além de meninos aparecerem surrados, Mônica com calcinha à mostra, sem final feliz para o Cebolinha com o seu problema e Dona Cebola aparecer de avental e fazendo tarefa doméstica dando ideia que é dona-de-casa. Foi republicada depois em 'Almanaque do Cebolinha Nº 2' (Ed. Globo, 1987).

Capa de 'Almanaque do Cebolinha Nº 2' (Ed. Globo, 1987)

22 comentários:

  1. Na verdade, o coelhinho dela não era novo, mas ela disse que o Cascão deu nó no Sansão de novo, então ele já tinha dado antes. História legal e muito louca, um dos meus estilos de histórias favorito. Muito maluca mesmo.

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    1. Tem razão, esqueci de ler o "de" de "de novo". Então vou apagar a informação. Acontecia as vezes da Mônica ganhar coelhinho novo principalmente como presente de Natal, aí devo ter associado isso pra ler errado. Essa foi maluca o tempo todo, do início ao fim, muito legal.

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  2. Pelo menos a porrada fechou a boca, problema é que ficou nhato (prógnato), mandíbula estilo Bum e Zum.
    Qual será o sabor do Cascão? Toucinho podre, pururuca azeda ou chouriço decomposto?

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    1. Cebolinha teve alívio que fechou a boca com a surra, mas não do jeito que se esperava, ficou engraçado parecido com Zum e Bum. Acredito que não deu para o Cebolinha sentir gosto do Cascão por ter engolido de uma vez só, porém o mau cheiro que ficou na boca e por dentro do corpo deve ter ficado impregnado por muitos meses.

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    2. Acidentalmente o abocanha... li-te-ral-men-te(!). Entretanto, mesmo Cascão dizendo que foi devorado, como não foi parar no estômago, não foi engolido, ficou alojado no interior da bocarra e até certo momento preso devido posição do Cebolinha, teve autonomia para sair graças involuntária mudança de posição - ou voluntária, Mônica se voluntariou a tirá-lo de onde estava, se dependesse dele, permaneceria de bruços enquanto ela não sumisse de vista.
      Não foi, por exemplo, regurgitado, para isso teria de ficar alojado na barriga ou no esôfago e só Cebolinha teria autonomia para tal, fosse colocando dedo na garganta ou por vômito involuntário.
      Boca ressecada, não? Pois se Cascão saísse todo babado, a trama ficaria ainda mais hilariante e, para que não mudasse rumo do desfecho, Mônica não poderia desistir de porrá-lo por eventual nojo, mesmo que ficasse enojada, a raiva superaria o embrulhar de estômago - se saísse correndo por nojo, não teríamos a lindeza do "caçulinha de Zum e Bum"...

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    3. Sim, abocanhou o Cascão, mas não foi devorado, bom frisar isso porque se tivesse sido digerido, não voltaria depois. A mudança de posição que fez ele sair da boca. Pelo certo deveria o Cascão ter saído babado pela saliva, mas como é história em quadrinhos e cheia de absurdos preferiram assim para que o Cebolinha conseguisse fechar a boca e se dar muito mal no final.

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    4. Bocejo fatal, "torcicolo bucal"(?). Comer de boca fechada ficou claro que não tinha jeito, mas, e morder, mastigar, beber...? Como fez com café da manhã? Dona Cebola aparece lavando louças e no canto superior esquerdo do quadro consta, em forma reticente, a palavra "depois", indicando que após trocar de roupa não saiu de casa logo em seguida, rolando assim um ínterim entre as duas ações evidenciadas... Escovar os dentes com boca arreganhadamente travada não parece difícil, ou, mesmo que não seja fácil, não é impossível, contudo, como fez para enxaguar? Bochechar, cuspir...? Vai que foi no gargarejo, ainda assim fica dúvida de como fez para cuspir, é também plausível que tenha engolido a água gargarejada ou, nenhum modo de enxague foi utilizado, removendo com toalha ou guardanapo o creme dental salivado e espumado da parte externa da boca.

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    5. Mesmo com o "depois", acho que o Cebolinha saiu de casa sem tomar café da manhã, até por não conseguir comer e beber, só se engolisse, e a mãe iria tomar uma providência vendo que era sério o filho com boca aberta, até porque se ela não tomasse atitude e deixasse o filho sair de casa daquele jeito seria uma mãe irresponsável. Acho que nem escovou dente porque ele não conseguiria, apenas trocou de roupa e foi pra rua. Ele poderia passar pasta nos dentes, mas enxaguar e cuspir não daria.

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    6. A mãe comenta sobre ter escovado dentes e ponto de interrogação direciona-se a ele. Vai que não escovou e não comentou para não alardeá-la e daí obstruir seu objetivo de colocar em prática mais um plano contra Mônica. Penso que ficaria melhor sem ponto de interrogação, já os dois juntos, interrogação e exclamação (?!), fariam mais sentido.
      Para evitar tais questionamentos, como os por mim indagados acima, Cebolinha teria de sair da cama cerca de uma hora e meia mais cedo que de costume e seria pelo tal plano exigir isso, tal detalhe teria de ficar bem enfatizado por ele que, em vez de monólogo, seria por pensamento, no quadrão de abertura teríamos o protagonista do lado de fora da casa, fechando a porta e pensando: "Ainda bem que nem desconfiou da desculpa que dei 'pala' sair bem mais cedo que o habitual! De fato a 'glande' final do campeonato de bafo vai começar daqui a pouco, mas não é isso que me 'intelessa', afinal, eu e o Cascão já fomos desclassificados mesmo! E a mamãe não 'plocula' saber detalhes 'soble' essas "coisas de moleques", como assim ela costuma chamar nossos eventos!". No segundo quadro: "Meu negócio é com aquela dentuça, desta vez 'caplichei' no plano, não tem como dar 'elado'! Dona da 'lua' nunca mais! Vai valer muito a pena ter saído da cama bem mais ced... UÁÁÁÁÁÁ..." e "tréc", dispensando assim a travada bucal ocorrer no primeiro bocejo do fatídico dia e evitando levantar tais indagações de como fez isso, como que deve ter sido para fazer aquilo, mais aquilo outro, se é que conseguiu executar, se deixou para lá e coisa e tal...

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    7. A interrogação foi pra dizer que ele não entendeu o que a mãe disse, pra mim nesse caso acho opcional só (?) ou (?!), com a exclamação junto teria sentido de maior emoção, mas nada que interfira de forma significativa. Se o Cebolinha conseguisse evitar o bocejo que causou o deslocamento do maxilar e ficar com boca aberta seria ótimo para ele.

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    8. É que não parece fazer sentido não entender o equivocado comentário da mãe, pois sabe que ela não percebeu o que lhe aconteceu e preferiu deixar quieto para que não atrapalhasse seu objetivo de mais uma vez tentar derrotar a Mônica. Dois pontos, sendo um de cada, denotariam coerência na interpretação do que ouviu. Indagação por relativa surpresa, por exemplo. Traduzindo e sintetizando em fala, seria algo como "Nossa! Então não 'pelcebeu' até 'agola' o que aconteceu com minha boca? Melhor assim! Hoje não posso desviar o foco de jeito nenhum!".

      Evitar o bocejo fatal? Não, de jeito nenhum! Pois aí não teríamos esta pérola. O que descrevi significa que travaria lá pela terceira ou quarta bocejada e ocorreria fora de casa, evitando assim ter de passar por Dona Cebola nesta condição e maior número de bocejos seria(m) por sair da cama bem mais cedo que de costume e isso por conta do pretenso plano infalível que teria caráter matinal, obviamente que o plano não seria revelado aos leitores pela simples razão de que não seria posto em prática devido incidente da bocarra travada, assim como de fato ocorre.
      "Reescrevi" primeira página como eventual e suposta alternativa para que Cebolinha tomasse café, escovasse dentes e despedisse da progenitora com boca em estado normal e, claro, essas ações rotineiras não seriam evidenciadas, ficariam subentendidas.
      Compreende, Marcos? Da forma que coloquei, se tivesse saído de cachola de roteirista, não promoveriam indagações como de que modo mordeu e mastigou pão, bolo, biscoitos, como fez para beber café, leite, se enxaguou ou não após escovação, se é que escovou e por aí vai...

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    9. A Dona Cebola viu o filho de boca aberta, mas não tinha percebido que era algo grave, por isso ela fez o comentário brincando e ele falou nada do que estava passando pra poder fazer seu plano contra a Mônica. Entendi que você descreveu uma alternativa, não seria ruim assim.

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  3. Vendo essa capa de "Cebolinha número 97", achei muito engraçado ele saindo com um gatinho do tamborim. Muito boas essas capas assim...

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    1. Ilustração desta capa é alusiva à história de abertura e ao mesmo tempo é uma gag sofisticada, pois contém um elemento sociológico interessante, Marília Almeida.
      Há um filme chamado 'Cinco Vezes Favela', o longa reúne cinco histórias e em uma delas é abordado isto, couros de gatos em tamborins. Sei que é uma parada cruel, mas ocorria com frequência nas favelas cariocas e nas da Baixada Fluminense em épocas carnavalescas dos anos 1960, 1950, 1940 e, nessas décadas, na cidade do Rio de Janeiro e em boa parte de sua respectiva região metropolitana, sambas carnavalescos, mais conhecidos por sambas de enredo, ficavam restritos aos morros, porque, eram as marchinhas que predominavam nos Carnavais do asfalto.
      Desculpe, Marília Almeida. Não quero bancar o professor ou o jornalista com vossa senhoria, mas, acabei ensejando, visto que abordou a respeito do que há na capa. Todas as vezes que vejo esta ilustração lembro desse filme que é um dos que compõem o antigo movimento cultural denominado por Cinema Novo.

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    2. A capa fez alusão à história de abertura, o Cebolinha queria salvar o gatinho que ia virar tamborim. Aí, a capa até deu um ar de ação e ficou muito boa. Infelizmente foi um costume muito usado, ainda bem que mudaram isso.

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    3. Zózimo, não sabia disso. Rapaz, dá nem pra acreditar. Foi muito produtivo sua explicação.

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    4. Disponha, caro Roniere! Tipo espetinho de gato, por mais que possa parecer, essa iguaria nunca foi lenda urbana.

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    5. "O pandeiro" é outra que comunga do tema da de abertura de Cebolinha nº97 (1981) - como possui conjunção "e" em vez de preposição "em", também é correto chamá-la de "Mônica e o pandeiro". Esqueci a qual edição pertence, quase certo ser de 1982.
      Determinada altura da trama Mônica imagina uma conversa, sei lá, imagina ou lembra de um diálogo em que um sujeito diz para outro o seguinte: "Um bom pandeiro se faz com couro de gato!".

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    6. "O pandeiro" foi de Mônica Nº 139 de 1981. Interessante que foi uma história de Carnaval fora de época, já que a revista foi de novembro. Diálogo assim nunca seria feito hoje, já na época era normal.

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    7. Errei por pouco. Pelos traços imaginava que fosse de alguma edição de Mônica entre números 141, 142 e 143, por serem publicações dos três primeiros meses de 1982.
      Levando em conta que na vida real há comunidades que se preparam para o Carnaval com considerável antecedência. Ensaios, por exemplo, que ocorrem setenta, noventa, cem dias antes da tão aguardada data e o mesmo nível de antecipação em relação às confecções dos carros alegóricos, dos trajes, fantasias, etc. Portanto, até que não ficou estranha(o) essa HQ em edição de (N)novembro, pelo contrário, caiu bem.

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