segunda-feira, 8 de julho de 2024

HQ "Cascão o inteligente"

Compartilho uma história em que o Cascão fica inteligente após ficar debaixo de um invento de um cientista que deixava as pessoas inteligentes. Com 12 páginas, foi história de abertura publicada em 'Cascão Nº 70' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Cascão Nº 70' (Ed. Abril, 1985)

O cientista Souza apresenta para o chefe Garibaldi seu invento "Mata-Burro", máquina que vai revolucionar o ensino, meninos não iriam repetir na escola, adeus às notas baixas e às perguntas cretinas para os professores. Garibaldi quer saber para que serve a geringonça e ordena que funcione senão ele vai para a rua, ninguém gasta tempo dele à toa.

Souza explica que a invenção amplifica 20 vezes a inteligência de qualquer um, é só ficar embaixo dela e ligar que até o menino mais burro vai ficar superinteligente e quer que o chefe seja o primeiro a testar. Garibaldi dá um soco na cabeça do Souza, grita que está chamando o patrão e dono da firma que trabalhava de burro, Souza diz que se com a inteligência normal ficou rico, imagine depois de usar a máquina.

Nessa hora, Cascão foge de uma nuvem escura, passa em frente à firma e rouba a invenção por ter formato de guarda-chuva enquanto Garibaldi e Souza continuam discutindo e nem veem. Garibaldi fica animado que pode ficar trilionário com a máquina, quando percebem que sumiu e leem um bilhete do Cascão, dizendo que pegou o guarda-chuva emprestado e daqui a pouco devolve. Garibaldi manda Souza ir atrás do Cascão e avisa que é bom encontrar o mata-burro senão vai ser demitido.

Cascão comenta que a nuvem quase o pegou desprevenido se não fosse o guarda-chuva esquisito e vai passar em casa para pegar o dele e devolver aquele, quando se esbarra com o Cebolinha, que estava fazendo plano infalível contra a Mônica. Cebolinha faz cara que queria chamar o Cascão para o plano, Cascão recusa, Cebolinha fala que esse é bom, Cascão completa que bom como os outros 120 que falharam e aciona o botão do Mata-Burro sem querer, recebendo carga de raios de inteligência.

Cebolinha acha que Cascão está com cara esquisita, Cascão dá olhada nos planos e rasga os papeis, manda testar o que ele acabou de criar e diz que vão se encontrar daqui 6 minutos. Cebolinha acha que o amigo está doidão e que negócio de não tomar banho ia afetar o cérebro dele. O nome do plano é "Mônica com a cara na lama" e diz que "quando avistar a Mônica, colocar um palito no chão e esperar".

Cebolinha avista a Mônica e com medo faz como Cascão escreveu e põe o palito no chão. Uma minhoca tropeça no palito, um pássaro quer comer a minhoca, que se segura na pedra ao lado e faz com que a Mônica tropece na minhoca esticada e caia na lama. Cebolinha aparece exatos 6 minutos, feliz que o plano deu certo, só que ela está atrás furiosa. Cascão cria o plano "Lata de tinta na cabeça" que era só jogar uma moeda para o alto.

Cebolinha joga a moeda, a mulher na janela do prédio pega a moeda, derruba o vaso de flores, que cai na cabeça do pintor que pintava a fachada do prédio e a lata de tinta cai em cima da cabeça da Mônica. Cebolinha quer saber como criar planos infalíveis, Cascão fala que não sabe, simplesmente ficou fácil de derrotar a Mônica e que já criou mais um plano infalível.

Enquanto cientista Souza procura emprego no jornal por não ter encontrado o mata-Burro, vê Mônica correndo dos meninos enquanto eles ovacionam Cascão como novo dono da rua e mandam criar mais um plano infalível. Souza ouve nome de Cascão e vai atrás. Os meninos encurralam a Mônica, que decide entregar o Sansão pra eles. Cascão quer executar seu plano tacando tijolo nela, quando Souza aparece e pega o mata-burro de volta.

Cascão volta ao normal, esquece como era o plano, resolve tacar tijolo pra cima e cai no Cebolinha. Depois, tenta girar o tijolo e cai no pé dele. Mônica vê que o plano não deu certo e corre atrás dos meninos. Garibaldi vê a correria das crianças pela janela, Mônica fica feliz que tudo voltou ao normal, só que no final, vimos que o cientista Souza virou o chefe do Garibaldi, que passou a ser faxineiro da firma.

História muito engraçada em que o Cascão pega a invenção do cientista que faz uma pessoa ficar inteligente pensando que era guarda-chuva e fica inteligente a ponto de bolar planos realmente infalíveis contra a Mônica sem precisar grandes esforços. Quase consegue derrotá-la por completa se não fosse o cientista pegar de volta o seu invento. 


Interessante que os planos do Cascão precisava apenas de um objeto para tudo fluir naturalmente até a Mônica se dar mal. Apenas um palito no chão e depois uma moeda no alto acontecia tudo. Com a sabedoria adquirida pelo invento, Cascão teve uma mistura de inteligência com vidente e previsão do futuro. Como no primeiro plano, por exemplo, ele saberia que uma minhoca ia passar ali bem na hora, se não passasse, ia acontecer nada. 

Foi engraçado ver tiradas como Cascão dizer que plano é bom como todos os outros 120 que falharam (na verdade, nunca fizeram levantamento quantos planos infalíveis foram criados, colocavam qualquer número alto para dar graça), Cebolinha dizer que negócio de não tomar banho ia afetar o cérebro do Cascão, os planos cada um com nomes, a Mônica se dar mal e correr dos meninos.


Foi bem legal a trama à parte do chefe Garibaldi com o cientista Souza, o papo inicial entre eles com o chefe humilhando o funcionário e que no final a situação se inverteu com o Souza se tornando patrão e Garibaldi, faxineiro. 

Ficava superinteligente quem ficava debaixo do "Mata-Burro", mas se sai ou desliga o botão,  volta com a inteligência normal que tem. Com um invento desse, era mais fácil testar nele mesmo, só que não queria ser cobaia, aí como Souza viu que funcionou com o Cascão, aí usou para mudar vida dele. Bem que podia ter um "mata-burro na vida real para todos ficarem inteligentes, e para crianças seria bom já que ficavam inteligentes, então nem precisariam mais professores ensinando, não precisariam ir para escola. O nome do cientista podia ter sido outro porque confunde com o núcleo "Os Souza" que ainda existia na época, a não ser que esse cientista fosse parente deles. 

Apesar do foco não ser história do Cascão sobre banho, mas precisou da invenção ter formato de guarda-chuva e o medo do Cascão da nuvem para roubar a invenção e desenrolar a história, muitas vezes a sua característica principal era só citada, sem ser o foco principal. Legal o Zé Luís participando do plano, mesmo sendo adolescente e não criança como os outros e era muito comum ele participar dos planos infalíveis, isso quando ele não criava os planos como nos anos 1970 e inicio dos anos 1980.

Incorreta hoje em dia por ter violência como soco na cabeça do Souza, tentativa de dar tijolada na Mônica, Cascão ter pancada de tijolo no pé, pintor levar vaso de flor na cabeça, Mônica cair na lama e ter lata de tinta na cabeça, Cebolinha trocando letras em pensamento seria alterado hoje em dia, assim como a palavra "louco", que também é proibida hoje, provavelmente para não confundirem com o personagem Louco. 


Traços ficaram bonitos, quase parecido com a fase consagrada, sendo que as bochechas com curvaturas ainda levemente diferentes. Detalhe de brilho azul nos cabelos de personagens como Zé Luís e Titi em vez de branco, coisa bem característica nos gibis de 1985. Propaganda inserida na história, muito comum nos gibis da Editora Abril, dessa vez foi do lápis "Labra" na lateral da primeira página. Foi republicada depois em 'Almanaque do Cascão Nº 28' (Ed. Globo, 1994). Termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 28' (Ed. Globo, 1994)

19 comentários:

  1. Basta de submissão e opressão! Volta por cima mais rápida do mundo foi a do Souza, antes de terminar a história, Sr. Garibaldi passa a funcionário do "Professor Pardal" tupiniquim.
    Valeu mesmo, Marcos! Esta é a primeira vez que revejo e releio "O inteligente" depois que abri mão de Cascão nº70 pela Editora Abril.

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    1. De nada. Realmente também não encontrei essa no YouTube e olha que lá tem de tudo. A não ser que esteja com outro nome que não identificamos. Foi uma super volta por cima do Souza, não só se tornou dono da firma como ainda conseguiu o Garibaldi ser um faxineiro, nem foi só um funcionário qualquer da empresa com cargo melhor como recepcionista ou assistente.

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    2. Antes deste post nunca havia visto "O inteligente" pela via virtual. Sem exagero, meu "jejum" com esta HQ se estendeu por mais ou menos trinta anos.
      Falando em "histórias fora do papel", há uma do Franjinha em que conserta (ou pelo menos tenta, já não lembro direito) torradeira a pedido de Dona Elza, faz uns sete anos que conheci pelo YouTube e uns três anos que não a encontro na rede. Como falou na possibilidade de estar com outro nome e isso dificulta busca, me veio à mente essa. Mesmo não sabendo qual edição pertence, posso afirmar que é oitentista, de miolo e do período Abril.

      Se o sujeito atingido pelo vaso de flores for o Seu Juca, não exatamente como manda a tradição, contudo, foi prejudicado de tabela pelas ações das crianças que ele tanto abomina.

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    3. Bem rara na internet, bom que você reviu aqui. Lembro por alto essa do Franjinha, mas não lembro detalhes, muito menos título, aí difícil de procurar, tudo indica ser da Abril anos 1980. O pintor parece o Seu Juca, mas não sei se a intenção era ser ele, se tivesse sem boné, ia confirmar. E se for, com certeza sofreu mais uma vez indiretamente com eles.

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    4. Capaz do canal ter sido removido e infelizmente era o único que tinha disponível história. Deve ser esse período que falou do pouco que lembro. Se for, devo ter visto em algum almanaque entre 1989 a 1994. Como o Seu Juca era personagem de destaque, teria uma presença maior, por exemplo, ia mostrar uma sequência com ele biruta pela pancada, por isso também acho que não é ele, apesar de ter sido desenhado parecido.

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    5. E como pintor se parece com Seu Juca, aparência da mulher que pega moeda lembra Chiquinha, prima de Seu Bento e esposa de Irineu de "O televiciado" (ChB29•1983), quem sabe é ela? Segundo a HQ esse casal mora em região urbana.

      Cebolinha pensando com dislalia é outro naipe, entretanto, pronuncia "furiosa" no terceiro quadro da oitava página (pág.10).

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    6. A mulher ficou parecida com a Chpiquinha, talvez seja a mesma se as duas histórias foram escritas pelo mesmo roteirista, embora acredito que foi só coincidência de traços também. A fala do Cebolinha foi erro do letrista, acontecia muito. Mesmo se fosse um pensamento dele também seria erro visto que ele pensava trocando as letras.

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    7. Essa prima de segundo grau do Chico Bento provavelmente conta apenas com uma aparição, e, diferente do pintor se fosse Seu Juca, visto que esse pertence ao núcleo do Limoeiro, daí, se quem pega moeda fosse a Chiquinha, ainda que sem interação direta, não deixaria de ser um crossover.

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    8. Tirando Mônica com rosto e corpo limpos em quatro quadros após ficar toda lambrecada por tinta e lama, os demais erros são insignificantes:

      Está branca a armação dos óculos de Zé Luís nos dois quadros da penúltima página em que o nerd aparece.

      No primeiro quadro da última, além de suspensórios brancos em Sr. Garibaldi, há três espacinhos brancos entre Zé Luís, Xaveco e silhueta de algum outro moleque, pelas posições destes pequeninos espaços, considerando gramado e cor de fundo, certo seria se estivessem em verde e azul.

      Descontinuidades, se é que dão para denominar assim os ínfimos detalhes que se encontram no antebraço esquerdo da Mônica ao tirar o balde da cabeça e cabelo do Cascão no segundo da oitava (pág.10) que, para não passar impressão de calvície o borrão deveria ter avançado um pouquinho para direita, se delimitando com a haste do Mata-Burro.

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    9. Considerando a Chiquinha seria um crossover já que ela é do núcleo rural. Realmente são erros bem mínimos que nem dão pra notar, nem tinha reparado, só da Mônica com alguns quadrinhos com cara limpa após o balde de tinta que percebe mais.

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    10. Só Mônica "deslabreada" que não há como passar pano*, totalmente limpa girando coelhinho no último da penúltima, sendo que no antepenúltimo da mesma está imunda, porém, mesmo quatro quadros faltando-lhe emporcalhamento, é o tipo de erro que não desfavorece, isto é, prejudica em nada a história.
      *Gerou chiste desintencional: Mônica "passou pano" em si mesma.
      Há outros errinhos minúsculos no tocante a cores, como no terceiro da primeira página, está branco abaixo da dobra da manga direita do Sr. Garibaldi, correto seria o laranja neste pedacinho, e na mão esquerda do mesmo está em cor da pele um mísero pedacinho do jaleco do funcionário oprimido. No quadro de encerramento, espacinho entre a mesa e perna esquerda do Souza teria de estar em amarelo, por ser a cor das paredes.

      Marcos, você tem a edição ou ao menos conhece conteúdo de Cascão nº67 da Editora Abril? Frase na capa é sobre HQ de abertura ou, às vezes, incomum nos antigos gibis da MSP, saindo da regra de maneira charmosa, pode ter a ver com a de encerramento, por exemplo. Enfim, minha curiosidade é se a ilustração também é alusiva ou se é gag que não pesquei.

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    11. Esses erros bem minúsculos devem ser porque faziam com pressa, aí acabava ficando pedacinhos assim errados. Tenho Cascão 67 da Abril e a chamada é da história de abertura mesmo. A ilustração é uma gag qualquer e colocaram uma chamada da história, o que era comum na Editora Abril, as vezes faziam chamadas de histórias de miolo ou encerramento.

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    12. Então, se é uma gag, o que você depreende de Cascão dormindo numa canoa situada em seu quarto substituindo sua cama? Ao lado e sobre um banquinho há uma flor num jarro circundados pelo que parece ser uma miniboia e o que está na parede com sua própria imagem pode até decorar, mas não parece simples enfeite, algo como um medidor, régua ou termômetro ou, quem sabe, um pluviômetro. Provavelmente deve conter água no jarro e sabendo como medo que tem disso é absurdamente exagerado, estaria se precavendo da possibilidade de seu quarto ser inundado? Piada seria isso? Jarros e vasos que acomodam flores e plantas contêm furos, daí, pode não ser boia e sim uma bacia para segurar a água vazada. Se de fato há gag nessa capa, parece que finalmente a decifrei...

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    13. A piada é que o Cascão usou a canoa como uma cama. Pelo visto ganhou canoa e boia de presente e como não ia usar na água, substituiu a cama e deixou a boia no jarro da cabeceira por não ter onde colocar e ainda serviu de decoração.

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    14. Sua interpretação pode ser a correta, entretanto, essa gag não possui clareza e, se nós, adultos, não a compreendemos facilmente, pois exige um raciocínio extra e gera mais de uma interpretação, imagine-a diante dos olhos das crianças. Outras piadas com essa pegada estão nas capas de Chico Bento nº68 (1985) e Magali nº120 (1994), não são objetivas, não dispõem de clareza.

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    15. Pode ser que essa do Cascão tenha outra interpretação que não captamos, crianças também podem interpretar de outra forma e tiveram muitas capas assim que permitiam várias interpretações e isso era bom para as crianças.

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    1. Era bem raro a Mônica ser derrotada, pelo menos nessa ela deu a volta por cima. Teve sorte de jornal vir gibi grátis, aqui nunca teve.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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