Mostro uma história em que a emoção da preguiça queria o controle o corpo do Chico Bento aproveitando que ele estava muito preguiçoso. Com 12 páginas, foi história de abertura publicada em 'Chico Bento Nº 97' (Ed. Abril, 1986).
Capa de 'Chico Bento Nº 97' (Ed. Abril, 1986) |
Começa com o Chico Bento recebendo várias reclamações de que está preguiçoso: da mãe mandando acordar para ir para escola, dos amigos mandando andar mais rápido para não chegar atrasado na escola, da Professora Marocas falando que ele não fez a lição de casa.
Na saída da escola, Rosinha queria que o Chico carregasse o material dela, Chico inventa que tinha dado mal jeito nas costas e não podia carregar peso. Rosinha bate os livros na cabeça dele, falando que é preguiça que ele tem. Chico diz que se é isso que ela acha, não vai discutir e a turma comenta que ele está preguiçoso até para brigar.
Depois, Chico para ao lado de uma árvore, diz que a casa ainda está longe e a cada dia demora mais para chegar lá e resolve descansar sentado em frente à árvore. Dá um tempo e grita para os amigos que preguiçoso é a vovozinha, reforçando que estava com pensamento lento. Em seguida, ele vê uma goiaba na ponta da árvore e dorme de boca aberta para quem sabe a goiaba caia de uma hora para outra.
A goiaba cai na cabeça do Chico e vai parar longe. Chico comenta que se tivesse a boca mais aberta, a goiaba cairia bem na goela dele, não consegue alcançá-la com o pé e teria que levantar, aí se dá conta que não consegue . Então, surge uma voz de mulher dizendo que nem vai conseguir, nem adianta tentar. Chico pensa que é um sonho se belisca e mesmo assim não consegue se levantar.
A voz da mulher fala para o Chico que só vai se levantar quando ela quiser. Chico quer saber quem está falando, que não o conhece quando ele está brabo. Então, ela sai do corpo dele, uma versão feminina do Chico com voz de mulher e laço na cabeça. Chico se espanta com o que viu e reclama que ela acabar com a imagem de macho dele.
Ela se apresenta que é a Dona Preguiça, que veio de dentro dele. Cada pessoa tem vários lados como o trabalhador, o inteligente, o alegre, o simpático e ela é o lado preguiçoso dele, conta que o Chico anda preguiçoso para tudo, inclusive para namorar, e isso a fortaleceu, até dominar todos os outros lados e tomar conta do corpo dele. Chico pergunta o que ela vai fazer agora e Dona Preguiça responde que vão ficar ali sem fazer nada, vai ser gostoso ficar sem trabalhar, estudar, brincar, só olhar os outros se cansarem.
Chico fala que não quer ser mais preguiçoso, Dona Preguiça diz que é tarde demais, ela está mais forte que a vontade dele. Chico fica triste que não vai mais poder brincar com o pessoal, nem roubar goiaba do Nhô Lau, nem namorar Rosinha e passear com ela de mãos dadas, e a tristeza dele fortalece o lado triste dele, que sai do corpo. Dona Preguiça manda a Tristeza voltar para o corpo, Chico fica com muita raiva, despertando o lado brabo dele sair do corpo. A Raiva ordena que ela volte para o corpo do Chico e a Tristeza diz que está fazendo mal para ele.
Dona Preguiça se recusa e desperta o lado teimoso do Chico, que quando cisma com alguma coisa, é pior que mula. Então as três emoções, Tristeza, Raiva e Teimosia, partem para cima da Dona Preguiça, conseguem carregá-la fácil porque ela tem preguiça de reagir e todos voltam para o corpo do Chico se tornando um só.
Ele fica feliz que pode se mexer de novo, pega a goiaba do chão e come, carrega material da Rosinha da escola, faz a lição de casa da escola, trabalha na roça com o pai até além da hora. Antes de dormir, diz que aprendeu a lição de que preguiça nunca mais. Quando amanhece, Dona Cotinha chama para acordar, Chico diz que quer ficar mais pouquinho dormindo e as emoções Tristeza, Raiva e Teimosia dão chute bem forte no Chico para sair da cama.
História legal em que o Chico andava preguiçoso além da conta e, assim, o seu lado preguiçoso se fortalece e cria vida querendo ter o controle total do corpo dele. As emoções de tristeza, raiva e teimosia também ganham força através do sentimentos fortes que o Chico sentiu e elas conseguem levar de volta a Dona Preguiça para o corpo do Chico, em melhor mensagem que a união que faz a força e que é a mente que controla tudo no corpo.
Cada emoção do Chico saía do corpo dele quando estava fortalecida, se dividiam e eram independentes. Chico sempre foi marcado por várias facetas de personalidades e nessa cada uma delas criaram vida própria e, juntas, se tornava um só Chico Bento. A princípio até dava para pensar que era plano da turma para ver se davam lição no Chico, já que falaram que precisam fazer alguma coisa, mas vimos depois que era verdade as emoções criando vida. Mesmo com tudo que passou, Chico não aprendeu lição no final, precisando as emoções darem chute para sair da cama, se deixassem, a preguiça ia dominar de novo o corpo dele.
No inicio, vimos o Chico extremamente preguiçoso, sendo que na parte de não carregar material, além de preguiçoso, ainda foi mentiroso, era capaz de tudo para fazer nada. Gostei também das interações entre as emoções dele e cada uma representada como cópia do Chico sem dente e com expressão do sentimento mostrado. A Preguiça foi única representada por mulher e, então, vimos como seria uma versão feminina do Chico.
Foi engraçado ver o pensamento lento do Chico de só depois de muito tempo responder provocação que ele era preguiçoso, ele dormir de boca aberta (se não tivesse preguiçoso, ia subir na árvore para pegar a goiaba), dizer que a forma da Dona Preguiça iria acabar com a imagem de macho dele, pensamento de Chico velho com teia de aranha parado olhando os outros passarem.
Incorreta por tema de Chico ser preguiçoso, já que hoje ele não é mais assim, Rosinha bater nele com livros, Chico comer goiaba que caiu do chão, trabalhar na roça, falarem que crianças namoram, Chico levar chute das suas emoções. Além disso tiveram várias palavras proibidas nos gibis novos como "Diacho!", "azar", "gozado", "trabalhar" (no sentido de criança trabalhar), "roubar" (goiaba do Nhô Lau), termo "é a vovozinha", Chico dizer "acabar com a minha imagem de macho" e certas palavras do caipirês não são mais usadas como "mió". Ou seja, se resolvessem republicar hoje, teria um festival de alterações.
Traços muito bons, já da fase consagrada dos personagens. A Rosinha ficou diferente com nariz em formato " ^ " e sem brilho no cabelo, isso variava de desenhista, pois ela já apareceu outras vezes assim. Propaganda inserida na história foi do lápis "Labra", muito comum nos gibis da Editora Abril. Foi republicada depois em 'Almanacão de Férias Nº 20' (Ed. Globo, 1996).
Capa de 'Almanacão de Férias Nº 20' (Ed. Globo, 1996) |
Mais uma antológica... Lembro de Chico Bento nº97 (1986) quando estava nas bancas de revistas, não fez parte da minha antiga coleção, porém, tenho exemplar deste número e só pelo que diz Chico Bento no quarto e no último quadros da sexta página (pág.8) já compensa tê-lo(a) - óbvio que a edição é muito mais que isto e "Ô preguiça!" é muito mais que esta hilária passagem.
ResponderExcluirÉ impressão minha ou essa foi uma das últimas edições da revista do Chico Bento pela Editora Abril, onde essa historinha foi publicada?
ExcluirZózimo, um clássico, sem dúvida, muito engraçadas essas falas do Chico, rachei de rir. Legal que você tem essa edição, é boa do início ao fim, como a maioria da época.
ExcluirMarília, foi uma das últimas edições dele da Abril, foi o último ano, depois dessa Chico teve mais 17 edições ou 7 meses até acabar em dezembro de 1986.
ExcluirSobre narizes metamórficos, creio que sejam pelas frequências maiores com que ocorrem em determinados personagens nas HQs antigas que, meu cérebro, que sempre vê com certa estranheza, até que assimila bem tais alternâncias, já em Rosinha, cuja frequência da anomalia é baixa ou mediana, parece outra personagem em todas aparições do período oitentista em que está com nariz triangulado, consideravelmente diferente de sua face consagrada.
ExcluirSim, Zózimo, causa estranheza quando apareciam com narizes diferentes, quem sabe também era como forma de experiência pra ver se agradava, ainda mais que a Rosinha passou a ser conhecida mesmo menos de 4 anos antes dessa , com a criação do gibi do Chico. Outro que teve nariz mudado bastante foi o Papa-Capim e inclusive na fase da Globo ainda mudavam.
ExcluirDiferente(s) de Rosinha, frequências nas variações dos narizes de Aninha, Zé Luís e Papa-Capim são altas e, dos três, por ser personagem nuclear (principal do núcleo), com o índio é mais gritante.
ExcluirZé Vampir faz parte da lista, porém, com frequência baixa ou quase isso, pois parece que apenas um profissional o desenhava com nariz redondinho. Na verdade, não foi só um, no entanto, esse que suspeito ser Alvim (ou Alvin) Lacerda é que de fato marcou, dado que o formato que melhor assenta ao vampiro é o triangulado.
Nos anos 1980, variação de formato de nariz da Rosinha é numa frequência baixa, entretanto, para mim, o que faz com que a impressão não seja permanente é que conheço pelo menos três histórias marcantes em que muda de formato dentro de cada uma das tramas e, isso, por se tratar de quem é, pelo menos para um detalhista como eu, passa noção de descuido ainda maior, pois Rosinha não é, por exemplo, dos naipes de Zé Luís e Aninha, está acima desses dois. "O professor" (ChB90•1986) é uma dessas, o nariz de Rosinha nessa HQ conta com dois formatos.
De todos, também acho o Papa-Capim ficava pior com variação de nariz. A frequência da Risinha foi baixa, sim, e nessas vezes que aparece com nariz diferente em mesma história, aí já foi erro de desenhista, não faria sentido mudarem em mesma história.
ExcluirAcho que Rosinha é a que fica mais diferente sem o nariz convencional e percebo assim pela variação ser pouco frequente.
ExcluirPapa-Capim não tem nariz convencional, os dois modelos têm mesmo nível de presença no rosto dele.
Na republicação, tom de pele da personificação do lado preguiçoso do Chico Bento difere sutilmente da cor da roupa, no entanto, o discreto contraste não foi estendido para última página com presença da, digamos, "entidade" que foi colorida de modo inteiriço assim como em todos os quadros da primeira publicação dos quais a criatura é parte.
É, Rosinha fica bem diferente com outro nariz, ainda bem que foram poucas vezes. Apesar de eu ter a republicação no Almanacão, não lembrava dessa diferença de cor na Dona Preguiça.
ExcluirO que (ou quem) foi corrigido(a) na republicação é a "fantasminha" no primeiro quadro da segunda página, até então vagava, assombrava escola, quando em quando se manifestando para alguns alunos e alguns docentes até ser inserida no mundo dos vivos. Se a pele estivesse no tom do papel, seria normal se fosse esse tipo de esquecimento, agora, por que confundir colorindo-a de branco? Estranho, parece até que foi feito de propósito.
ExcluirAcredito que não coloriu, esqueceram de pintar. Acho que a colorização da história tem tom diferente do papel, aí o tom de branco fica diferente do papel.
ExcluirVocê pode estar certo, Marcos, mas, repare que o branco na pele da garotinha é aceso, mesmo tom empregado no avental da Cotinha; meias da Rosinha; travesseiro do Chico Bento; camisa(s) do Hiro, esse não foi escalado sequer para uma pontinha em "Ô preguiça!"; olhos; dentes; páginas do livro ou do caderno que Marocas segura entre outros detalhes. O que parece estar no mesmo tom do papel é o branco dos balões, ainda assim não ouso afirmar que não foram pintados, sei lá, quiçá o tom gelo seja mesmo ausência de tinta.
ExcluirBalões são sempre coloridos, assim como fundo de olhos e outros que você descreveu, o que não pintam quando quadrinhos sem moldura com fundo branco como o segundo quadro da penúltima página. Então, sua teoria está mais certa que pintaram a parte que mudaram na republicação.
ExcluirEm compensação, na republicação, para equilibrar com acerto em "ressuscitar" a menina outrora "alma penada", mandaram mal no penúltimo quadro da antepenúltima página e certamente é o clássico caso de erro que induz erro, pois tudo indica que quem recoloriu pensou que braço, mão e cabeça ou rosto vermelhos fossem os erros na personificação do lado brabo do protagonista com base no pé rosa em tom de pele que é o que consta na publicação original.
ExcluirComo se um Chico Bento trajado de vermelho empurrando ou carregando uma Chica Bento (ou Chica "Benta") que aparentemente ou supostamente teria sido submetida a uma ou mais sessões de raios gama magicamente adentrassem no corpo de outro Chico Bento trajado nas cores tradicionais, sugerindo algo como possessão efetuada por dois seres metafísicos, imagino que seria assim que eu interpretaria o conteúdo deste quadro pela versão republicada caso não conhecesse "Ô preguiça!" e o encontrasse separado, isolado, aleatório em algum espaço virtual ou físico.
Teoria plausível que dá aquela justificada isenta de passação de pano consiste em "pegar o bonde andando", isto é, quem recoloriu, por algum motivo não concluiu e teria dado conta de mais ou menos 80% e quem assumiu o restante seria responsável pela pérola em questão.
Quando puder, Marcos, confira no seu exemplar da edição que contém republicação desta HQ para entender melhor sobre o que abordo neste comentário, conseguiram transformar um erro médio em um "errão".
Tenho que ver esse Almanacão pra ver as cores na republicação e opinar melhor. Capaz ser isso de não terem concluído a colorização na hora. Pelo menos foi só cores, melhor do que se fosse texto ou redesenhar cenas como fazem nos almanaques da Panini.
ExcluirO Mauricio saiu na frente com esse tal de Divertidamente rsrs TENHO O ALMANACÃO com essa hq... ;)
ResponderExcluirPois é, lembra muito Divertida Mente, até por causa das interações entre as emoções. Mauricio sempre a frente do seu tempo. Esse Almanacão foi muito bom, mistura de histórias da Abril e Globo, uma melhor que a outra.
ExcluirOlá. Boa noite, Marcos. Por gentileza, uma pergunta: é verdade, que, no mês de Setembro do ano de 2024, a Magali irá ganhar um Livro Comemorativo, falando sobre os 60 Anos dela, e o preço do Livro Magali 60 Anos, ele será R$ 44,90 (45,00), a menos, do que o Livro Mônica 60 Anos, ou, não?. Por gentileza, você irá comprar o Livro Magali 60 Anos, neste ano de 2024, ou, quando o Livro Magali 60 Anos, ele estiver com promoção, no próximo ano de 2025, é isto?. Eu aguardo respostas. Abraços.
ResponderExcluirBoa noite. Vai ter Magali 60 Anos, mais barato que o da Mônica porque parece que vai ser capa cartonada, e não capa dura, e vou comprar quando tiver promoção. Abraços.
ExcluirNão vi isso, devem ter esquecido então e depois atualizam no site até em setembro. Devem ter várias comemorações em homenagem aos 90 anos do Mauricio em 2925, inclusive essas aí. Abraços.
ExcluirOk. Muito obrigado, então, Marcos.
ExcluirSó acho que o lado triste do Chico devia ser azul, e não amarelo.
ResponderExcluirTalvez preferiram amarelo porque azul ficaria um tom parecido com o verde da Dona Preguiça, fora que tiveram muito fundos azuis, sendo que nisto nada impediria de mudar cor do fundo se optassem pelo azul.
ExcluirChico e os Divertida mente, muito legal!
ResponderExcluirNesse momento que ele não se mexia, parecia que ele estava tendo uma paralisia do sono. É bem estranho, as vezes dá pra ver tudo ao redor, mas não dá pra falar nem se mexer. Acontece também de a gente enxergar algo assombroso, como um casaco numa cadeira, que enquanto a gente está paralisado pode enxergar uma pessoa armada, por exemplo.
Verdade, lembrou muito Divertida Mente. É uma possibilidade de paralisia do sono que teve se bem que a Dona Preguiça disse que foi por causa dela que o Chico não se mexia porque estava controlando corpo dele.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSim, são boas.
ExcluirVibe bem DivertidaMente, áliais, adoro esse filme e estou doida para ver o segundo. Só acho que azul combinaria muito mais com o Lado Triste do Chico. Mas ficou bom do jeito que tá. Preguicinha... já sabemos como o Chico seria se fosse menina. Até que fofa.
ResponderExcluirAgora, acho que também teria que ter O Lado Mentiroso do Chico que, junto com a preguiça, é seu principal defeito. Senti meio que falta nessa história, mas entendo o porque de não terem colocado.
Pior que quando criança eu era muito que nem o Chico, mentirosa, preguiçosa, odiava a escola, travessa... posso me indentificar muito (não me orgulho disso, deixando claro).
Já tinha ouvido falar dessa história e foi bom conhecer mesmo.
Ah, só uma pequena correção: no ínicio da história, a Rosinha quem pede para o Chico carregar o material dela e ele dá desculpa para não ajudar, não o contrário. Só uma observação mesmo.
Ficaria mais legal o lado triste ser azul, mas não ficou ruim assim. Chico ficaria muito bem menina. Lado mentiroso até que se uniu à preguiça quando ele conta mentira como desculpa pra não fazer alguma coisa. Vou corrigir essa parte do material escolar.
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