quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Chico Bento: HQ "Tomando conta da classe"

Em janeiro de 1995, há exatos 30 anos, era lançada a história "Tomando conta da classe" em que o Chico Bento fica encarregado de tomar conta dos seus amigos enquanto a professora Marocas precisa sair da aula, causando muita confusão. Com 11 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 208' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Chico Bento Nº 208' (Ed. Globo, 1995)

Professora Marocas chega na sala de aula com os alunos fazendo bagunça, ela dá bom dia, manda todos fazerem silêncio e que deviam se comportar como o Valmir, o exemplo da classe. Marocas começa a dar aula e é interrompida por uma funcionária da escola e em seguida Marocas avisa a classe que aconteceu uma emergência e pergunta qual aluno vai tomar conta da classe enquanto ela sai por um tempo. Antes do Valmir se oferecer, Chico sai na frente e Marocas deixa o Chico como representante.

A classe gosta que o Chico salvou do chato do Valmir e começam a fazer bagunça. Chico manda todos fazerem silêncio, diz que a professora confiou nele, é uma tarefa importante e não vai decepcioná-la, vai ajudá-la a tomar conta da classe. Chico faz a chamada se cansa que é nome que não acaba mais e pergunta se quem faltou levanta a mão.

Chico fala que vai começar a aula. Valmir questiona que ele não sabe nada, como pode querer ensinar alguma coisa. Chico dá um ponto negativo para o Valmir por desrespeitar autoridade. Valmir grita que ele não pode fazer isso e Chico acha que tem razão, vai dar dois pontos negativos e conta que ele sabe das plantas, das pedras e dos bichos.

Chico desenha algo no quadro e pergunta para a turma o que é. Eles não acertam e Chico diz que é uma goiaba. Valmir protesta, goiaba não tem aquela pontinha. Chico explica porque está bichada, diz que não sabem diferenciar goiaba boa de bichada e pergunta para o Valmir como se consegue goiaba bem gostosa. Valmir responde que a gente planta, cuida, rega e quando der frutos, colhe. Chico acha muito trabalho, dá zero em esperteza e responde que é mais fácil pedir emprestada no pomar do Nhô Lau.

Zé da Roça dá gargalhada e diz que é para acabar com o metido do Valmir. Chico dá zero em comportamento para o Zé da Roça. A classe protesta, acha que já está abusando, Chico fica invocado e dá uma prova para eles. Manda arrancarem uma folha do caderno e faz todos trocarem de lugar, mudarem posições das carteiras e Valmir ficar em cima do lustre para ninguém colar.

A prova consistiu de uma só questão: contar a História do Brasil desde o Descobrimento até hoje. Os alunos começam a fazer a prova e logo depois Chico dá tempo esgotado e ele comemora que vai ter um festival de zeros. A classe acha palhaçada, ele não é professor deles. Chico diz que a professora mandou tomar conta da classe e eles não vão ficar contra ela. Diz que enquanto a professora não volta, ele é o dono da classe, das carteiras, das cortinas, da mesa, da lousa, dono do mundo e dono de tudo.

Chico começa a dar ordem em todo mundo para apagarem lousa, colocarem carteiras no lugar, varrerem chão e Julinha coçar as costas dele. Valmir fala que ele está maluco e Chico manda ficar de castigo no canto da sala. Reclama com o menino que está respirando alto demais e dá um ponto negativo. Professora Marocas volta, Chico reclama que está interrompendo a aula e manda sair fora. 

Marocas vê como está a sala e faz cara de raiva para o Chico. Depois, Marocas diz para a classe que o erro foi dela de não dizer ao Chico o que podia ou não fazer na ausência dela e que os zeros e pontos negativos estão anulados. Em seguida, a funcionária volta, dizendo que o gato subiu na árvore outra vez. Marocas fala que vai ter que se ausentar de novo e pergunta que vai ficar tomando conta da classe. Antes do Chico se pronunciar, a turma grita que são todos eles e Zé da Roça fala que a professora pode sair sem susto, são eles que vão tomar conta do Chico.

História legal em que a professora Marocas precisa se ausentar da sala de aula e deixa o Chico Bento tomando conta da classe só que ele pensa que é um professor e passa a mandar em todo mundo e até dar aula e prova. Ele só ameniza quando a professora Marocas volta e quando ela precisa sair de novo é a classe toda que resolve tomar tomar conta do Chico para não aprontar de novo.

Chico confundiu tomar conta da classe com ser professor no lugar, era só para fiscalizar para não fazerem bagunça. Achou responsabilidade grande e não queria decepcionar a professora. Ficou autoritário, sem didática, inclusive querendo ser chamado de "senhor Chico" e dar ponto negativo só porque o menino respirou alto. Os alunos sofreram com ele, por isso fizeram questão de ficarem tomando conta dele no final. Uma irresponsabilidade da Marocas ter deixado o Chico tomando conta da classe, o certo era a classe ter um aluno representante fixo ou ter deixado um funcionário adulto da escola na sala que aí não teria acontecido.

Motivo da ausência da Marocas foi seu gato subir na árvore perto da escola, ficou tratado como motivo banal e que ela não cuidou direito do gato, deixando em casa. Foi engraçado o Valmir ser o alvo maior do Chico por ele ser certinho e exemplo da classe, e ser considerado metido pelos alunos. Ficaria tudo bem se o Chico não resolvesse aprontar pesado também com o resto da classe. 

Divertido também Chico dizer na chamada que quem faltou levanta a mão, dando zero  e pontos negativos para os outros, desenhar goiaba bichada e dizer que mais fácil pegar as goiabas do Nhô Lau do que plantar, dar prova de questão única, mandar todos carregarem carteiras, varrer, coçar e abanar costas dele, Valmir dizer que como o Chico vai ensinar se não sabe nada das matérias. 

O Valmir só apareceu nessa história, como de costume de figurantes criados para aparições únicas. Rosinha não costumava aparecer muito em histórias na escola, só quando roteiro pedia, aí da turma principal apareceram só o Zé da Roça e o Zé Lelé, os demais também figurantes de aparições únicas. 

Teve homenagem ao filme "O grandes Ditador", de 1940, com Charles Chaplin e à abertura da novela "O Dono do Mundo" de 1991 da TV Globo na cena do Chico com o globo terrestre e dizer que vai se tornar o dono do mundo. Era comum histórias de Chico na escola em janeiro, mesmo sendo período de férias escolares. Não tinham um padrão, colocavam histórias na escola em qualquer época do ano, quando conseguiam encaixar no gibi.

Os traços ficaram muito bons, típicos dos anos 1990. É incorreta atualmente por mostrar Chico agindo como professor sem ser na verdade e agir pesado com os amigos da classe com constrangimentos, chegando até explorá-los com trabalho de carregar carteira e varrer sala e Valmir de castigo no canto da sala com chapéu de burro, irresponsabilidade da professora de deixar uma criança tomando conta de outras crianças, mostrar uma classe bagunceira. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

24 comentários:

  1. Muito engraçada essa história, de verdade! A minha parte favorita foi quando o Chico deu dois pontos negativos pro Valmir por querer dar uma de protesto pro Chico, e o Chico dar zero pra ele por esperteza. Agora, eu gostaria de fazer uma pergunta: se você fosse um supervisor de animação e outro de roteiros, o que você mudaria drasticamente?

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    1. Eu também ri muito nessas partes, principalmente dar zero em esperteza. Muito trabalho plantar goiaba, bem melhor pegar do Nhô Lau. Eu mudaria o excesso do politicamente correto que deixam chatos demais.

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    2. Pois é. E sobre os desenhos dos gibis?

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    3. Mudaria completamente, sem os traços digitais de copiar e colar. Ficam tudo sem vida assim.

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  2. A história é engraçadinha, mas não gostei muito do final. Acho que o Valmir merecia lição melhor. Tudo bem, ele pode prestar mais atenção na aula do que os outros ou estudar e fazer mais lição de casa, mas não precisa ser convencido, como eles estavam falando.

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    1. Parece que no final quiseram dar lição só para o Chico porque passou dos limites, fez coisas piores, e o Valmir teve sua punição de ser convencido no início graças ao Chico.

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  3. Chico ditador... 'Quer conhecer melhor os indivíduos? Dê-lhes poder!'... Assim dizia Abraham Lincoln... Na verdade, há controvérsia, dizem que não foi ele quem falou tal frase, parece que foi um orador e escritor chamado Robert G. Ingersoll, e teria dito isso num discurso se referindo sobre a pessoa desse presidente dos EUA.
    E o Valmir, pelo jeito, é aquele aluno almofadinha, superaplicado e, por isto, parece não cultivar amigos no âmbito escolar. Mais ou menos parecido com Ptolomeu, aquele aluno da Escolinha do Professor Raimundo, interpretado por Nizo Neto, que sabia as respostas de absolutamente tudo que o docente lhe perguntava.

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    1. Foi um grande ditador, sem dúvida, aprontou demais com os amigos. O Valmir era típico aluno que sabia tudo e ainda puxava saco da professora, por isso os amigos não gostavam dele. Se fosse só inteligente nem ligariam muito, problema era bajular professora. Nessa parte eles gostaram do Chico aprontar com o Valmir.

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    2. E além de obrigar Valmir a usar chapéu de burro, também teve de trocar as calças por um calção, só para não ficar tão alinhadinho... Chico foi cruel com o janota, sorte não ter implicado com a gravatinha...

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    3. Verdade, o Valmir apareceu de bermuda quando estava de castigo com chapéu de burro. Deixou de ficar alinhado como gosta, pelo menos no final voltou a usar calça. Ou então tudo um erro do desenhista ou do colorista por estarem acostumados com crianças com bermudas.

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    4. Vai que foi vacilo de desenhista, mas, parece que o short em Valmir foi distração de colorista.

      Cheguei pensar que Julinha, no quadro de abertura, fosse o Hiro.

      "Tomando conta da classe" não conta com a ilustre presença de Rosinha, no entanto, ela, vamos dizer, parece rondar dichavadamente pelo ambiente, pois, há um lação no quadro de abertura, sobre uma moleira, acompanhados de uma franja de curumim que, até onde sei, Cafuné e Papa-Capim não são chegados em adereços femininos caraíbas e a classe comandada por Dona Marocas não faz parte do núcleo indígena, ademais não há crossover na trama. Portanto, mesmo "ausente", a guria "testemunhou" - fora das lentes - a faceta ditatorial de sua cara-metade.

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    5. Realmente parece a Rosinha. Só pode ser. Bem reparado, Zózimo.

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    6. Colorista teve culpa. Deu impressão da Julinha ser o Hiro porque ficou oculta a trança no cabelo. No quadro de abertura, de fato seria a Rosinha ou então uma menina com mesmo penteado dela, também não inserida na história. Talvez no rascunho da história tinha intenção de colocar a Rosinha, mas depois roteirista viu que não teria função na história e esqueceram de redesenhar o quadro, de tirá-la da cena.

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    7. Posto que as costas da "autoridade interina" foi coçada pelo Hir... digo, pela Maria Ceb... n-não, er... digo, por outra menina e com Rosinha numa espécie de "presença oculta", "ocultação presencial", ou seja lá qual denominação para tamanha dichavação de alguém que não está ausente, ou não parece estar, daí, se o cabelo com laço na moleira que aparecem no quadro de abertura forem mesmo dela, esta coçada nas costas deve ter rendido algum pano para manga - deve ter dado B.O. para o protagonista. E Rosinha caberia tranquilamente em "Tomando conta da classe", e não apenas para coçar o "otoritário" namorado.

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  4. Marcos, ao ler a hq postada, me veio a lembrança que o nome da professora do Chico é o mesmo da professora da Luluzinha. Dona Marocas. Coincidência? Não sei!! só achei estranho. Já li na internet que o Maurício se espelhou em algumas coisas da turma da Lulu pra criar a da Mônica.

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    1. Acredito que o Mauricio se inspirou na Luluzinha para criar o nome da professora Marocas. Muitas coisas levam a crer que foram inspiradas em Luluzinha como estilo de vestido das meninas, cenários, clubinho dos meninos, era tudo parecido.

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  5. Há um erro no último quadro, que um olho do Zé da Roça está com a cor da pele dele ao em vez de branco.

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    1. Também neste quadro, Julia R., a pálpebra do Zé Lelé está branca.

      No último quadro da penúltima página há um detalhe que parece erro, carteira carregada por Zé da Roça apresenta um amarelo, cor esta que representa a parede. Talvez não seja erro, existem carteiras cujos tampões são removíveis e também há aquelas que dispõem de tampas com dobradiças, cujos interiores acomodam objetos dos alunos. Caso não seja erro, a que o guri carrega não é do tipo que conta com fundo, seja fundo de acesso frontal ou superior. Erro ou não(?), eis a questão...

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    2. Pois é, difícil de classificar.

      Da pálpebra do Zé Lelé, eu vi assim que eu havia publicado o comentário. Brincadeira, não?

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    3. É pálpebra de um, fundo de olho de outro...
      Observem também nos sapatos e na camisa do aluno de penteado pega-rapaz*. Dos sete quadros da sétima página (pág.9) o dito-cujo aparece em cinco, é o que interjeiciona com "Ufa!". Aparece em alguns outros além da página em questão, porém, é nesta que, neste figurante, a falta de padrão extrapola, com duas cores nos sapatos e duas outrossim na camisa, que ainda apresenta dois tipos de gola.
      *Perdoem meu lado politicamente incorreto, mas, a verdadeira sacanagem foi de quem escreveu a história, que decidiu colocar no coitado umas "chuquinhas", tsc, tsc... Sou das antigas e, por isto, às vezes, não "arresisto", isto é, perco o amigo, por não perder a piada...

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    4. Eu reparei de cara do olho do Zé da Roça e da camisa do menino com cores e golas diferentes, já a pálpebra do Zé Lelé não reparei. Não foi bem chuquinhas no cabelo do menino, intenção seria ondulações nos cabelos que pela posição de deixaram acabou parecendo chuquinhas. Essas ondulações poderiam ser no topete, aí daria menos confusão.

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    5. Só não venham dizer que as "chucadas" madeixas do figurante lembram o anelamento ou os cachos do Xaveco, porque, aí, eu "potresto", pois não há semelhança.

      Outro detalhe é Marocas chegar trajada nas cores da Estação Primeira de Mangueira* e retornar com sapatos e camisa roxos. A galega de cabelos soltos deve ser consultora de moda nas horas vagas e, se realmente for, não esperou o término do expediente se caso sugeriu combinação mais sóbria para o look da professora.
      *Escola que Marocas leciona não é de samba, mas, vai que a galega de coque sabe sambar e, para tal, carece de uns goles... Desde tenra idade ouço dizer que 'quem não gosta de samba, bom sujeito não é, ou é ruim da cabeça, ou doente do pé'...

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    6. Ela também muda de batom, pois antes estava com um rosa (ou vermelho, é difícil de perceber direito) e depois fica laranja.

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    7. Puxa vida, Julia R., que olhar sherlockiano! Confesso que não consegui identificar a diferença ressaltada por ti, mas, não repare, sou meio tapado para determinadas minúcias e, de batom, vocês, damas e senhoritas, entendem bem - espero não soar machista e, se soei, não foi intencional. Agora, se através deste comentário, eu soe brega, antiquado, demodê ou coisa do tipo, aí, tudo bem. Não quero é ser mal interpretado.
      Para que trocasse até o batom, acho que "gato na árvore" deve ser um código... Marocas com bochechas avermelhadas... Sei não, parece que aí tem truta... Para não levantar suspeitas, deveria cuidar de algo assim na penumbra, ou seja, fora da luz do dia, porque, à noite, "todos os gatos são pardos"... Criançada não manja de "pulo do gato", não saca tais táticas, mas, os adultos, cidade pequena, rural, gente quadrada, conservadora e, normalmente, alcoviteiros são o que mais têm em cidadezinhas interioranas do Brasilzão nosso de cada dia.

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