Em outubro de 1992, há exatos 30 anos, era lançada a história "O Cascão tá descascando" em que a Mônica cria um plano infalível do Cascão fazer descascar e sair a sua crosta de sujeira para ele poder dançar com a Denise no bailinho sem que ela passe vergonha. Com 15 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 150' (Ed. Globo, 1992).
Capa de 'Cascão Nº 150' (Ed. Globo, 1992) |
Mônica, Magali e Denise levam o Cascão a uma lavandaria para darem banho a seco nele e o atendente chinês fala que não, que isso nem com rios d'água. Na rua, Mônica lamenta que o banho a seco no Cascão não deu certo e Denise fala que precisam dar um jeito de ele ficar limpo.
As meninas tentam arrumar outra solução. Mônica tem ideia de tacar perfume no Cascão e Magali diz que não é bom, perfume misturado com cheiro dele, vai ficar fedor pior e ele não vai querer tomar banho depois para tirar. Magali tem ideia de dar mão de tinta no Cascão para cobrir a sujeira, mas Mônica só tem tinta verde em casa e Magali, só tinta azul e desistem por acharem que a Denise vai estar com um marciano.
Mônica tem ideia de maquiar o Cascão todinho, camadas e camadas de pó-de-arroz e Cascão não deixa, falando que se a Denise quer que vá na festa com ele, tem que ser como ele é senão nada feito. Denise chora e Cascão sai fora para não tomar banho salgado das lágrimas dela. As meninas tentam ver algum plano, ficam horas pensando e não conseguem. Magali reclama que o Cascão tinha que ser tão sujo, que não sabe como a sujeira não descascou. Então, Mônica tem ideia de um plano infalível para fazer o Cascão descascar.
No outro dia, Mônica e Magali estão com roupa de banho, convidam Cascão para ir na piscina da casa da Denise. Cascão acha que é plano para deixá-lo limpo querendo jogá-lo na piscina. Mônica diz que não, só queriam companhia dele e Magali diz que se não quer, os biscoitos e as limonadas geladinhas ficam só para elas. Cascão fica com vontade para comer e vai com elas.
Na casa da Denise, Cascão fica em uma cadeira longe da piscina, Denise lhe oferece biscoito e limonada. Com calor forte, Cascão quer ficar em uma sombra, mas Mônica fala para ele se bronzear para ficar gato, então ela tira a camisa dele e diz que está passando bronzeador, mas na verdade, passou um óleo de pimenta vermelha para fritar a pele dele. Denise oferece limonada e Cascão se bronzeia enquanto as meninas saem.
Depois de se bronzear por horas, elas vão lá e veem Cascão com pele bem vermelha, e não consegue nem ser encostado por estar todo dolorido. Mônica dá um creme para ele passar e vai embora. Depois comenta que o Cascão vai descascar, a cama da de pele suja vai sair e ficar uma pele limpinha e Denise, que não vai ter vergonha de dançar com ele, diz que sem a sujeira ele deve ser um pão.
Durante a semana, Mônica telefona para o Cascão, que diz que está descascando todo, a deixando animada. No dia do bailinho, Cebolinha e Xaveco chegam na casa da Mônica para irem com suas parceiras, Mônica e Magali, respectivamente. Denise estava na porta do bailinho, fala que o Cascão ligou para esperá-la lá, até que chega um menino sósia, Denise fala que Cascão está lindo, mas ele diz que não vai dançar com ela porque já tem par com outra menina. Denise reclama que como ousou fazer isso e ele diz que não é o Cascão, se chama Onofre.
Em seguida, aparece o verdadeiro Cascão com partes limpas e com sujeira. Ele diz que enquanto estava descascando, foi brincar no lixão e aí ficou essas misturas de camadas limpas com sujas e depois do bailinho vai ao lixão e fica sujo por inteiro. No final, Denise dança com Cascão com o vestido no rosto de tanta vergonha e o Cascão que diz que é ela quem está o matando de vergonha.
Uma boa história em que a Mônica cria plano infalível de fazer o Cascão descascar ao usar óleo de pimenta vermelha no lugar do bronzeador, para sair toda a crosta suja e ficar limpo sem tomar banho para a Denise não ter vergonha de dançar com ele no bailinho. Só que as meninas não contavam que ele ia sujar no lixão enquanto estava descascando, ficando partes limpas misturadas com sujas, piorando a situação e dando mais vergonha para Denise.
O sósia do Cascão, o Onofre, foi muito engraçado, por um momento elas acharam que o plano deu certo e que Cascão tinha trocado Denise por outra. Histórias com sósias dos personagens sempre eram divertidas. Foi legal também ver o chinês da lavanderia preconceito com Cascão ser sujo que nem com água resolveria para limpá-lo e o Cascão aparecer mais sujo ainda no bailinho no final. Interessante gíria "pão" (menino bonito) dita pela Denise já era antiga dede aquela época.
Chamou a atenção de casais diferentes dançando no bailinho com Cascão e Denise e Magali com Xaveco. Normalmente seriam Cascão e Cascuda e Magali com Quinzinho. A Cascuda nem sempre era namorada do Cascão nas histórias da época, ele as vezes dava em cima de outras meninas, e pelo roteiro acharam melhor colocar uma menina que implicaria com sujeira e cheiro do Cascão, ja que a Cascuda aceitava. Já não colocarem o Quinzinho que foi mais estranho, pois ele já era namorado oficial da Magali em 1992. Fica na imaginação dos leitores a ausência deles, pode ser, por exemplo, que estariam viajando e não apareceram por isso.
Na época, a Denise aparecia diferente a cada história, não só nos traços como também na personalidade, por isso a vimos nesta história diferente em tudo comparando os gibis atuais. A intenção da MSP ao criá-la em 1989 é de que em vez de criar uma menina secundária a cada história, aí colocavam a menina com nome de Denise. Aí só depois de 1998 que ela passou a ter traços definitivos e personalidade de menina descolada fixa por causa da reformulação que o roteirista Emerson Abreu fez na personagem. Foi a primeira vez que a Denise apareceu em um gibi do Cascão e com destaque, antes disso, aparecia só em gibis da Magali e raras vezes em gibis da Mônica como figuração e que ainda assim sempre com presença da Magali nas histórias em que Denise aparecia em gibis de outros personagens.
Incorreta atualmente por conta das meninas deixarem Cascão queimado, ficando horas sob Sol, e com risco de insolação, usarem um óleo pimenta vermelha para fazê-lo queimar mais ainda e até se passassem bronzeador também seria errado, recomendado seria protetor solar com alto fator UVA, assim como Cascão brincar no lixão e meninas com preconceito, implicarem com o cheiro dele e o Cascão com preconceito de passarem pó-de-arroz nele, com ideia que maquiagem não seria coisa de homem, proibidos hoje também.
Tiveram erros da MSP nessa história como o Cebolinha falar "prontas" em vez de "plontas" (inclusive um erro que era muito comum de letrista colocar o Cebolinha falando certo em um quadrinho), o calção do Cascão aparecer branco em vez de vermelho na 7ª página da história (página 9 do gibi), cabelo da Denise com lateral branca na 11ª página da história (página 13 do gibi), Mônica com pés laranjas e lingua branca na 12ª página da história ( página 14 do gibi), saoato da Denise roxo na última página, erros que seriam corrigidos se tivesse republicação atualmente.
Os traços ficaram bons, já seguindo os novos estilos de traços da MSP lançados em 1992 e dando cara de anos 1990 para os gibis, ainda mais que em histórias de miolo também estavam sendo lançados novos traços também típicos dos anos 1990. As cores também já mais fortes, sem ser tão em tons pasteis, deixando definitivamente os anos 1980 para trás e leitores mais antigos passaram a notar desde então que gibis já tinham diferença em relação aos da Editora Abril e os primeiros da Globo. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.
O ponto alto do politicamente incorreto é aplicar óleo de pimenta vermelha como bronzeador sem que Cascão saiba o que de fato é aplicado nele, de resto, a história se encaixa no padrão atual. Se bem que diz que brincou no lixão e voltará a brincar para deixar a pele com aspecto homogêneo.
ResponderExcluirSim, nada correto óleo de pimenta vermelho pra queimá-lo mais ainda, fora ele brincar no lixão. A ideia de se bronzear também é incorreto, bronzeadores não são aceitos por dermatologistas por não terem fator UVA para se proteger bem do Sol, indicam protetores solares e que ainda assim também bronzeiam de alguma forma, só que mais devagar. Ele também ficar se torrando no Sol é errado. Ou seja, vários elementos incorretos, não acho que fariam história assim de novo hoje.
ExcluirO lixão ficava no Limoeiro mesmo,que seria,por isso,um bairro carente e inóspito,ou em outro bairro,fazendo uma criança desacompanhada caminhar longe?
ExcluirE lixão é algo caindo em desuso hoje em dia.
Os erros são bem discretos, o que chama mais atenção é o calção e suspensório brancos no quinto quadrinho da sétima página (pág.9), outros com cores são:
ExcluirBolsa com uma pequena parte esbranquiçada no primeiro quadro da oitava (pág.10).
Denise com parte do(s) cabelo(s) branco(s) no quarto quadro da décima primeira (pág.13).
Mônica com pés bronzeados (alaranjados) no quinto quadro da décima segunda (pág.14). Há outro nesta página, não com cor, é a palavra "prontas" no balão do Cebolinha.
Zózimo, os erros foram discretos mesmo, só tinha reparado o calção do Cascão branco e o Cebolinha falar "prontas". Nessa parte da Mônica com pé laranja, esqueceram também de pintar a língua dela de vermelho, língua ficou branca.
ExcluirÉ mesmo, esta passou em "branco" pelo meu detalhismo, língua branca e pés laranjas... Mônica estaria doente neste quadrinho? Se estiver, o reflexo no espelho aparenta o contrário, está com língua vermelha.
ExcluirOutro erro são os sapatos da Denise no quadro em que o par dela se apresenta como mapa-múndi ambulante, susto tão intenso que passam a combinar com vestido e laço, deixando por alguns segundos a bolsa sem combinação. O bom e velho Cascão consegue desestabilizar até o look alheio.
Não tinha reparado no sapato da Denise. Definitivamente nessa história erraram muito na colorização, ficaram desatentos nisso, embora não acho ruim erros assim, até gosto.
ExcluirFora o da roupa do Cascão e Cebolinha falando certo (em vez de "celto"), os demais são tão insignificantes que considero que erraram pouco.
ExcluirPerceba que no chinês a dislalia está presente. Talvez se mudassem a cidadania do dono da lavanderia para japonesa Cebolinha pronunciasse "plontas", só que há um porém, no lugar de "aliás", o comerciante diria "ariás".
Imagino que conheça a trama chamada "O Camaleão", creditada à Turma da Mônica, certamente é de gibi editado pela Abril, não descarto ser original de Cebolinha, entretanto, remete-me mais ao título Mônica. Caso não for de abertura, certamente é de encerramento. Sabe dizer qual gibi essa HQ pertence, Marcos?
Sim, os erros foram bem sutis e insignificantes, tanto que a gente até não percebeu algumas olhando de cara. Tinham vezes que colocavam chinês falando língua do "R", outras vezes, língua do "L" como Cebolinha, não tinham um padrão. Sobre essa história "O camaleão" talvez conheça, mas não estou lembrando, com título mais parecido foi "O cogumelão" de Mônica 101 de 1978.
ExcluirO padrão é o seguinte:
ExcluirLíngua do "R" é para japoneses, língua do "L" é para chineses. MSP sempre soube diferenciar esses dois povos por meio desses esteriótipos de fala.
Chineses são dislálicos e japoneses são imunes à dislalia a ponto de não conseguirem pronunciar corretamente palavras contendo "L".
Entendi, se bem que muitas vezes não ficavam claros se o cara retratado é chinês ou japonês, são bem parecidos nas histórias, muitas vezes.
ExcluirProprietários de lavanderias e pastelarias nas antigas HQs da TM são majoritariamente chineses.
ExcluirPastelarias eu sabia, já lavanderias, não. Interessante.
ExcluirNão importa quem faça plano infalível na Turma da Mônica... sempre dá errado.😋
ResponderExcluirJá vi uma HQ bem mais simples,acho que de página única e sem título,em que está muito frio e a agasalhada Mônica estranha ao ver Cascão vestido do mesmo jeito de sempre.Ela dá uma analisada nele,chega a uma conclusão e dá-lhe um soco no topo da cabeça,desencadeando a quebra e descolamento da crosta de sujeira que,afinal,lhe protegia do frio.
ResponderExcluirE essa capa da arca de Noé,inédita para mim,foi hilária!
ExcluirPois é, tiveram algumas histórias brincando com a crosta de sujeira do Cascão, bastasse bater nele ou cair forte que caía e ficava limpo. lembro dessa história citada, foi da Editora Abril de 2 páginas, se passava no inverno, muito legal.
ExcluirA capa foi excelente, muito criativa e bem desenhada. Eles arrebentavam nas capas na época.
ExcluirMuito boa... nunca tinha visto essa antes rs ;)
ResponderExcluirÉ legal mesmo. Pensava que você conhecia essa, nem sei se foi republicada um dia, acho que não.
ExcluirEssa realmente é impublicável hoje em dia. Fora o que você falou sobre o Cascão brincar no lixão e as meninas usando pimenta como bronzeador, ainda tem piada com o chinês estereotipado na primeira página, e a calcinha da Denise aparecendo no último quadrinho. Uma pena, porque a historinha é divertidíssima. Ri muito com a participação do Onofre.
ResponderExcluirSim, o bullying com chinês também não iam aceitar, calcinha a mostra também não, o óleo de pimenta foi o pior de tudo, podem pensar que crianças iam querer imitar. Não tem jeito, as mais incorretas são as mais divertidas. Eu também achei engraçada essa parte com o Onofre, por um momento pensava que era o Cascão.
ExcluirHistórias de deixar cascao limpo são muito malucas.. essa época que eje podia brincar no lição tinha muita história legal nem absurda...a Mônica nessa história fez quase um plano infalivel fez jus ao título de dona da rua
ResponderExcluirEram boas mesmo, o Cascão ficava limpo e melhor que sem tomar banho, absurdos eram grandes.
ExcluirMais uma que eu tinha e li muitas vezes, da melhor fase!
ResponderExcluirMarcos, encontrei online umas revistinhas de 87/88 (logo antes de eu comecar a ler) e a 'onda' delas é meio estranha, as historinhas parece que acabam meio abruptamente, ou com piadinhas ou finais estranhos. Prefiro a fase anos 90!
Também nesse lote, tinha uma revistinha de 2001 com historinha de abertura bem divertida, e sem grandes caras e bocas (uma em que os meninos estao brincando com dinossauros, em que o roteiro é exactamente o mesmo do classico absoluto 'Duelo em Quadrinhos', e que podia perfeitamente ser usada para um 'Historinhas Semelhantes') e uma de 1997 com uma historinha meio que boba, bem ao estilo anos 2000. Parecia até que tinham trocado as historinhas de abertura das duas revistinhas!
Parabéns por ter encontrado lote com essas raridades. Normalmente as dos anos 1980 eram mais curtas, aí podem ter algumas com essa impressão de terminar abruptamente. Eu gostava tanto dos anos 1980 quanto anos 1990. Não conheço essa história de 2001 pra confirmar se é semelhante a "Duelo em quadrinhos". E histórias de 1997 tinham semelhanças ainda com as dos primeiros anos da década de 2000, por isso você achar parecidas.
ExcluirEu achei elas, sim, Marcos - mas so em PDF, mesmo! Tenho-me divertido a reler as historinhas da minha infancia nesse formato, e a descobrir outras novas, de antes e depois do periodo que eu lia. As que eu referia estao aqui:
Excluirhttps://archive.org/details/cascao-424_202108/Casc%C3%A3o%20383/mode/2up
A 'Uni, Duni, Dinossauros!' esta no Cascao 383.
Tbem noto que as revistas até da,Mônica de 87 até 89 as histórias de abertura eram muito curtas...as histórias são maneiras vc vai se envolvendo e acaba de repente..até da Mônica que tinha mais páginas...a fase panini no início ainda tem histórias boas ...a lei da Murphy do gibi de estreia eu gosto....prefiro histórias até 20 páginas
Excluir