sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Uma história de Natal do Horácio

Mostro uma história de exatos 50 anos em que Papai Noel vai parar na Pré-História na caverna do Horácio depois de suas renas desviarem rota do tempo. Com 9 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 68' (Ed. Abril, 1975).

Capa de 'Mônica Nº 68' (Ed. Abril, 1975)

Escrita por Mauricio de Sousa, Papai Noel aparece na caverna do Horácio e pergunta se tem alguém ali e como Horácio não responde, ele entra para descansar um pouco. Com a escuridão Papai Noel não vê o Horácio e comenta que as renas novas deviam ser quietinhas e doces e algum anãozinho deve ter colocado renas selvagens para puxar o trenó e elas voaram rápido, galoparam mais rápido que o som, a luz e o tempo e está perdido nos confins do passado às vésperas do Natal.

Papai Noel tem esperança que os anõezinhos já descoberto o desvio do trenó e que para alguma coisa deve servir aqueles computadores caríssimos que têm lá agora e que não adianta ficar preocupado e aguardar que os computadores vasculhem o passado e que o encontrem a tempo da distribuição de presentes e aproveita para dormir.

Horácio pensa que Papai Noel deve está pregado, é tão estranho com roupas esquisitas, deve ter vindo de terras muito distantes, estava tão preocupado que nem o viu e foi bom porque ficaria envergonhado já que nunca recebeu alguém como ele na sua caverna, e repara que se cobre de pele bonita e carrega uma sacola.

Bate a curiosidade do que tem na sacola, Horácio não sabe se é direito, mas arrasta a sacola para o lado de fora da caverna, diz que vai pegar nada, apenas olhar o que tem e acha que isso tem nada de mais. Horácio olha e coloca os brinquedos do saco no chão, acha que são coisas esquisitas, nunca tinha visto e ao mesmo tempo acha bonitas e se pergunta para que servem, não são coisas para comer.


Aparece uma Mamãe Dinossauro com 3 filhos e fala para o filho não mexer nas coisas do Horácio. Aparecem outros filhos e ficam animados com os brinquedos achando que eram presentes para eles e levam tudo. A Mamãe Dinossauro pede desculpas para o Horácio, que se preocupa que as coisas não eram dele, é de um  homem que está na caverna dele. A Dinossaura repara que há muitos anos eles não brincavam assim tão felizes e estão adorando aqueles brinquedos esquisitos.

Horácio não teve coragem de pedir tudo aquilo de volta e vai falar com o Papai Noel, que ainda estava dormindo e não acordava nem com a tosse dele. Assim, Horácio espera Papai Noel acordar e dorme também. 

Os anõezinhos chegam com renas novas, chamam e explicam o ocorrido do desvio do tempo para o Papai Noel, que fica feliz que vieram logo por estar preocupado em distribuir os presentes e voltam à oficina. Papai Noel diz que esqueceu dos brinquedos, mas não faz mal, passa no Polo Norte e pega outros e espera que algum dinossaurozinho faça bom uso daquilo tudo.

No final , Horácio acorda e vê que Papai Noel se foi, acha que não ligou muito pela perda dos presentes e que gostou de ver a criançada feliz e bem que ele poderia voltar de vez em quando, nem que fosse pelo menos uma vez por ano.

História legal em que o Papai Noel foi parar na Pré-História devido ao desvio da alta velocidade das renas do trenó através do tempo. Horácio fica surpreso com Papai Noel na sua caverna e curioso com o que tinha no saco. Ia só olhar, mas não contava que crianças dinossauros iam ver e ficarem com os brinquedos e Horácio deixou para não estragar a felicidade das crianças. Papai Noel volta para a sua época, sem se importar que os brinquedos ficaram lá e Horácio tem esperança que ele volte um dia, nem que fosse uma vez por ano.

Como a cultura de Natal surgiu após o nascimento do Menino Jesus, Horácio não conhecia o Papai Noel Papai Noel e não sabia que distribuía brinquedos para a criançada, não sabia nem o que eram aqueles brinquedos, mas ficou encantado com os brinquedos e com a felicidade dos dinossaurinhos e sem querer acabou sendo o Papai Noel dos filhos da Dinossaura. Foi preciso o desvio das renas fazer o Papai Noel parar no passado para dar felicidade aos dinossaurinhos.

Horácio estava preocupado com ética, que não deve pegar coisas dos outros sem permissão e com que o Papai Noel iria achar dele, mas curiosidade bateu mais alto, poderia ter aberto o saco na caverna se não fosse tão escura, o que ajudou a proporcionar alegria das crianças da região. A escuridão também fez com que Papai Noel não visse o Horácio enquanto esteve lá senão teria conversa entre eles e teria que explicar sobre o Natal.

Horácio aprendeu sobre a cultura natalina do Papai Noel sem ficar sabendo o que é o Natal. Tinha desejo que Papai Noel voltasse lá nem que fosse uma vez por ano para voltar a dar alegria para as crianças, mas nunca mais voltou. Foi engraçado o Horácio dizer "sacola de não-sei-o-quê" e curiosamente foi usado anõezinhos no lugar de duendes e oficina no lugar de fábrica de brinquedos, diferente da cultura tradicional e ainda teve uma modernidade de que Papai Noel tinha computadores na oficina, já que computadores era raro de se ver na época e não á toa que ele falou que foram caríssimos.

Como Mauricio gostava de várias interpretações nas suas histórias, quem sabe o próprio Papai Noel não planejou de propósito de trocar as renas para poder voltar à Pré-História e que dinossauros crianças também pudessem ter mesma felicidade de receber brinquedos como as crianças da Era Cristã por pelo menos uma vez, afinal difícil anõezinhos terem trocado renas do nada. Aí, fica a interpretação de cada um.

Apesar de estar na Pré-História, Horácio teve algumas histórias de Natal nos anos 1970 e 1980, como o personagem era auto ego do Mauricio, fazia alguma adaptação para que pudesse transmitir sua mensagem de Natal. Todos os núcleos de personagens da MSP tiveram histórias de Natal, com exceção do Piteco, justamente por isso de ser antes do nascimento do Menino Jesus, mas se quisessem poderiam ter Natal com Piteco colocando com essa pegada de viagem no tempo, com alguém do futuro querer ensinar as tradições do Natal ou o Piteco sem querer viajar no tempo para a atualidade, ou até Piteco inventar uma festa parecida com o Natal, tinham várias possiblidades.

Pela mensagem dada não considero história incorreta, só se implicassem de ser absurdo retratar Papai Noel na Pré-História, mas acho que não iam ligar para isso, e podem implicar com palavras proibidas de duplo sentido como "pregado". 

Traços muito bons, cheios de detalhes, típicos dos anos 1970. Interessante que Horácio já seguiu estilo de traços que conhecemos, foi o primeiro a ter os traços arredondados, diferente dos outros personagens que ainda tinham bochechas pontiagudas em 1975. Nunca foi republicada até hoje, poderia ter sido a partir de 1980, mas como colocavam histórias inéditas nos almanaques de Natal da Mônica da Editora Abril acabaram não republicando e depois nos anos 1990 não foi por estar velha demais,  se tornando rara. Muito bom relembrar essa história há exatos 50 anos.

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