domingo, 10 de agosto de 2025

Cascão: HQ "Videogueime? Gamei!"

Em homenagem ao "Dia dos Pais", mostro uma história em que o Seu Antenor dá um videogame para o Cascão para deixá-lo mais quieto e sem quebrar as coisas dentro de casa, mas não fica como bem o pai esperava. Com 13 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 165' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Cascão Nº 165' (Ed. Globo, 1993)

Seu Antenor reclama com a Dona Lurdinha quem desmontou o barbeador e ela diz que o mesmo quem quebrou o vaso de estimação dela, o querido e superativo filhinho Cascão, que quebra o bibelô jogando bola na sala. Seu Antenor corre para bater no Cascão, que foge, dizendo que está atrasadíssimo para  uma partida de futebol. Seu Antenor queria que o filho fosse menos ativo e sai para fazer investimento que vai fazer o filho ficar mais quieto e ajudar a economizar em muitos consertos.

Mais tarde, Cascão volta do jogo, feliz que fez 3 gols e vai ser duro enfrentar o pai em casa, mas quem sabe ele já esqueceu tudo. Antenor reclama que o filho anda impossível ultimamente, quebrando tudo e resolveu dar uma coisa. Cascão acha que é palmada no bumbum e Seu Antenor lhe dá um videogame. Cascão adora e diz que vai passar a quebrar mais coisas em casa e Antenor quer que ele fique mais quieto.

Cascão joga o videogame, Lurdinha comenta que está tudo quieto, Antenor diz que Cascão está na sala, Lurdinha acha que está com a bola e quer salvar seus bibelôs e vê que estava quieto por causa do videogame e fica feliz que ele vai dar sossego algumas horas por dia e Antenor diz que até ele quebrar o videogame.

Na hora da janta, Cascão ainda está jogando, Antenor quer que o filho pare para jantar. Cascão dá uma pausa, come depressa em questão de segundos e voltar a jogar na sala. Antenor diz para a esposa que por ser primeiro dia, eles podem deixar. Nos dias seguintes, Cascão continua jogando, Antenor vai trabalhar, Cebolinha aparece chamando Cascão para o jogo de futebol, que é final de campeonato, Cascão recusa, Cebolinha fala que se não for, vão tirá-lo do time, Cascão diz, paciência se tirarem, sempre sem tirar olho da tela.

Depois, Xaveco convida Cascão para brincar, ele diz que só se for de videogame, dá um controle para o Xaveco, dizendo que quando ele perder, o Xaveco joga. Só que Cascão segue jogando sem perder nunca, entedia o Xaveco, que vai embora. Em seguida, Lurdinha limpa a casa com aspirador de pó, Cascão não sai do lugar enquanto joga o videogame, nem quando a mãe o levanta para limpar abaixo de onde estava. Lurdinha manda o filho parar de jogar e brincar lá fora e ele vai mesmo sem vontade.

Na rua, Cascão vai jogar futebol, mas só pensa em videogame, deixa o garoto driblar a bola e faz gol. Depois, o garoto faz pênalti com o Franjinha, Cascão é chamado para bater o pênalti e a bola sai para fora. Cascão sai do jogo e em seguida a Cascuda o chama para tomar refrigerante e diz que ela paga porque recebeu a mesada. Cascão fala que quer a parte dele em fichas de fliperama. Cascão joga sem dar atenção para a Cascuda, que se irrita e vai embora, chamando Cascão de mal-educado e avisa que não é mais para procurá-la.

A ficha do fliperama acaba, Cascão volta para casa e joga seu videogame. De noite, Seu Antenor volta do trabalho, Cascão não quer saber de conversa. Antenor fica feliz que o vaso está no lugar e Lurdinha reclama com o marido que o Cascão não sai da frente da TV e não fala mais com eles, parece que não tem mais filho e quer seu Cascãozinho de volta.

Antenor vai falar com o Cascão, diz que a vida não é só videogame e que a partir de agora vai ser só duas horas por dia, Cascão pergunta o que vai fazer no resto do tempo, Antenor fala que pode jogar bola, brincar de bangue-bangue, corrida, só que dentro de casa ele pode ler. Antenor entrega livro do Robin Hood, Cascão gosta e depois resolve pegar outro livro e acaba derrubando o vaso e os pais adoram que o hiperativo voltou e Cascão fala que precisa fazer umas artes mais vezes.  

História legal em que o Cascão ganha videogame do pai Antenor para que ele não fosse mais hiperativo e parasse de quebrar as coisas dentro de casa nas brincadeiras. Só que o videogame acabou sendo um problema maior porque o Cascão se viciou no jogo e não queria sair da frente da tela para fazer outras atividades. Depois de muitos problemas, o pai decide que videogame só duas horas por dia e nas horas vagas dentro de casa é para ler livro. No final, Cascão sobe para prateleira pra pegar livro, quebra o vaso e os pais adoram por ter voltado a ser hiperativo. 

Cascão era hiperativo, não conseguia ficar sem brincar nem dentro de casa, favorecendo a quebrar os objetos em casa. O videogame fez Cascão ficar quieto, só que também fez arrumar outro problema de vício no jogo, nem pra jogar futebol ou curtir namoro com Cascuda queria mais, bem grave.

Os pais não deram limites, não determinaram horas que o Cascão devia jogar, achavam melhor jogar do que ficar quebrando as coisas na casa, depois se arrependeram, viram que ser hiperativo é bem melhor. Se os pais falassem que só podia brincar no lado de fora da casa enquanto era hiperativo, nem precisa de videogame e depois de dado o presente, tinha que ter o limite, aí nada disso tinha acontecido.

Foi engraçado Cascão quebrando as coisas e dizer que vai passar a quebrar mais coisas em casa para poder ganhar presentes caros como videogame, comer rápido para voltar a jogar, não sair do lugar nem quando a mãe o segura ao limpar a sala com aspirador de pó, a desatenção no futebol fazendo o time perder, Xaveco entediado por Cascão não perder no jogo, Cascuda irritada com a falta de atenção, Cascão responder ao pai que o mundo não é só videogame, mas também fliperama, minigame. Só não retratou se o Cascão parava de jogar para ir dormir, ficou na imaginação dos leitores.

A grafia de videogame acabou sendo aportuguesada história toda, colocando "videogueime", talvez pra melhor entendimento de leitura para as crianças. Livro do Robin Hood não teve paródia do nome dele.  Eu gostava de absurdos de que as crianças não iam para a escola, mas sabiam ler e escrever perfeitamente. Tiveram outras histórias com Cascão hiperativo e sempre eram boas com ele agindo assim. A Cascuda apareceu com sujeirinhas no rosto,  na época variava de cada história,  não era padronizado.  Hoje, ela sempre aparece sem sujeirinhas.

Dessa vez não teve roteiro de banho, sujeira. História retratou de forma divertida problemas de crianças superativas e com TDAH, os perigos das telas para as crianças e também alertar  pais que ficam dando presentes como videogames ou celular para os filhos para ficarem quietos e que pode ser pior do que ficassem brincando e quebrando coisas Em vez de educarem, pais dão celular para os filhos achando que é solução de não ter trabalho com os filhos e vira problema maior no vício deles da tela. 

Apesar da mensagem, é incorreta atualmente por Cascão desobediente, responder o pai, dizer que o pai pode dar palmada no bumbum de leve, dizer que não vai gostar de ler livro, Antenor querer bater no filho, Lurdinha com avental e fazendo tarefas domésticas dando ideia de que é só dona-de-casa, Cascuda com sujeirinhas no rosto, expressões populares de duplo sentido "vai ser duro" e "estou duro". Como não gostam de coisas datadas, hoje em dia mudariam a TV de tubo para uma TV LED, poderiam adaptar o Seu Antenor dar um celular para o Cascão no lugar daquele videogame Atari e o povo considera lição de melhor filho tempo todo em celular e videogame do que ficar brincando em casa quebrando tudo.

Traços muito bons da fase consagrada dos personagens. Tiveram alguns erros como Seu Antenor sem bigode e falando de boca fechada no antepenúltimo quadro da 2ª página da história e Dona Lurdinha sem lábios com batom em alguns quadros e de cabelo lateral branco no último quadro da 7ª página da história e uma seta do ladode fora do olho do Cascão no primeiro quadro da última página. 

16 comentários:

  1. Compulsão por games, um viciado em jogos eletrônicos. Temos um clássico caso de "gaming disorder". Ora! Então, psicoterapia* nele!
    Isto, lá nos anos 1990, já era abordado e tratado como um transtorno hipermoderno.
    *Seu Antenor meio que bancou o psicoterapeuta. E Cascão, sentado na perna do pai, lembra um pouco sua versão de Pinóquio, o Cascóquio.

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    1. Sim, nos anos 1990 esse transtorno era novidade, estava começando crianças e adolescentes com mais acesso a videogames e consequentemente passar a ter transtornos com excesso de tempo jogando. Aí, a história foi inovadora para a época e serviu alertar sobre o problema moderno.

      Com Seu Antenor bancando psicotécnico, ajudou a economizar com tratamento profissional par ao Cascão, mas infelizmente na vida real precisam fazer tratamento que tem esse transtorno. Foi legal o Cascão sentado na perna do pai, lembrou "Cascóquio", sim, provavelmente estilo de roteirista retratar assim convívio de pais e filhos.

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  2. Uma história que poderia muito bem ser adaptada para os dias de hoje, colocando os celulares que se tornaram um vício para várias crianças.

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    1. Verdade, o que foi inovador para a época, acabou sendo frequente e pior agora, daria pra substituir por celular tranquilamente, e pior ainda porque, além de jogarem, tem ainda redes sociais e internet que afetam profundamente psicológico das crianças.

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  3. Esses desenhos tão bonitos mostram os personagens um tanto diferentes, comparados com os traços horríveis atuais. Neste, dá a impressão que eles podem ter entre 9 a 11 anos, tranquilamente, pois atualmente percebo que estão muito fofinhos. A única coisaque eu penso é se alguém da produção não tem saudade desses traços e desses tipos mais "soltos" de enredo. Chega ser angustiante ver no que se tornou a MSP.

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    1. Esses traços eram muito caprichados, quando tinham gosto de desenhar. Nem tem comparação com traços atuais. Os personagens pareciam e agiam como crianças de 9 a 11 anos, por isso tinham conteúdos melhores, abrangendo o público infanto-juvenil. Acho que os profissionais antigos devem ter saudades de produções assim, tanto pra roteirizar e desenhar histórias melhores, mas como a direção quer gibis voltados para crianças até 9 anos no máximo, aí eles tem que acatar. Eu não culpo os profissionais com histórias de como estão, eles são capazes de fazerem coisas melhores se permitissem. Como direção quer seguir cartilha do politicamente correto, tudo é censurado pra não traumatizar, aí não dá pra terem criatividade para fazerem coisas melhores.

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  4. Ótima histórinha, muito divertida e ainda dá uma boa mensagem. Assim que era bom antigamente.
    Me identifiquei com Cascão, também era muito hiperativa quando criança, não parava quieta, aprontava de tudo. Eu tenho TDAH, na escola isso ficava claro. E também era apaixonada por videogames, tinha um do Sonic e um do Mickey que adorava sempre jogar. Ainda jogo até hoje na verdade. Porém não era um vício como o Cascão, eu fazia outras coisas, inclusive ler livros, eu adoro livros. Coitados dos amigos dele e da Cascuda, Cascão ligava para mais nada, assim não dá também. O pai até fez bem em comprar o jogo, mas tinha que dar limites, a mãe teve razão. Bom que no final ficaram felizes do filho ''voltar ao normal'', entre aspas porque não sabemos se realmente voltou, ficou vago. Mas pela fala dele de fazer mais artes, talvez volte a aprontar mais dali para frente.
    A mensagem que a história quis passar foi boa, nada em excesso faz bem, mas já vi até umas reportagens sobre os beneficíos dos videogames, parece há algumas coisas boas também. Ainda assim, impublicável hoje em dia.

    Adorei a história, nota 8.5.

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    1. Eu também gostava assim, se aprendia com os erros dos personagens. Muitas crianças se identificaram com essa história, vê que até você com TDAH se sentiu representada, ainda bem que não caiu em vício, coisa que infelizmente pode acontecer com muitos. O problema do Seu Antenor foi não dar limites, esperou vários dias pra impor alguma coisa, no segundo dia já vendo o excesso, já tinha que dar um basta. Cascão deve ter voltado ao normal, por isso de dizer que vai fazer mais artes para agradar os pais. O videogame pode ajudar em certos transtornos, só não pode ser em excesso, tem que fazer outras atividades, ficou uma bonita mensagem de alerta, sim, pena ser impublicável hoje como maioria das histórias antigas, sem dúvida tinham muito mais conteúdo aproveitável.

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  5. O vício do Cascão é atual até hoje, só que comcelular e se aplica a pessoas de todas as idades.

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    1. Pois é, mesmo passado mais de 30 anos continua atual e com agravante que hoje muito mais pessoas com TDAH, inclusive adultos. Daria tranquilamente adaptar substituindo por celular que traria a mesma mensagem. Pior que nos gibis atuais até incentivam uso de celulares, o que mais tem são personagens com celulares, acessando internet e redes sociais, envolvidos com tecnologia, até tirinha recente com IA já teve, problematizam com tanta bobeira e com celular eles não reclamam, vai entender.

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    2. Outra história de Dia dos Pais que eu me lembrei, não com a mesma mensagem, mas um final que eu achei bem bonito foi uma do Anjinho, em que ele via outros personagens celebrando o Dia dos Pais com seus respectivos pais(A Magali com o pai e o avô), e aí uma anjinha convida ele pro almoço de Dia dos Pais, e aí Deus fala com os anjinhos e diz: "Meus filhos..."

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    3. Lembro dessa, foi bonita com Deus sendo pai de todos os anjinhos. Pena não fazerem mais histórias assim.

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    4. Sim, foi exatamente o que eu pensei, quem fica dizendo que as crianças de hoje em dia são viciadas em celular e que no tempo delas era diferente, mente de forma descarada. Cresci nos anos 90 criado pela televisão. E quando tive video-game, era ele quem cuidava de mim, kkkk. Fora os gibis, que eu era muito viciado também.

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    5. Gabriel, é tudo adaptação de forma de tela que vicia. Cada época teve a sua tela viciante, tudo é ruim de qualquer jeito. Não tinha celular, mas tinha televisão e não deixa de ser vício. Nas histórias antigas até anos 80 tinham até histórias retratando quem quem era viciado em televisão, nos anos 90 já adaptaram para videogame.

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  6. Qual é a história em que eles estão jogando ""Mortal Kombat"" e umo vilão do jogo sai da tela para o mundo real? Eu lembro de nomes de personagens do jogo como "Boboka" e "Vampiresca". Mas qual era o nome da história? Acho que é dos idos de 1995 ou 1996. Talvez 1997.

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    1. Eu lembro dessa história, é legal, se chama "Combate total", é de Cascão Nº 290 de 1998.

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