terça-feira, 29 de julho de 2025

A Turma: HQ "O plano do cheirinho infalível"

Em julho de 1995, há exatos 30 anos, era publicada a historia "O plano do cheirinho infalível" em que o Cebolinha quer derrotar a Mônica fazendo com que o Cascão levante os braços e os pés na frente dela para gerar mau cheiro. Com 11 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 103' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Cebolinha Nº 103' (Ed. Globo, 1995)

Cebolinha joga um balde de lama no cascão, depois todo o lixo de uma lata de lixo e ainda tenta borrifar água fazendo o Cascão correr muito e ficar suado ao ficar encurralado diante do muro. Cebolinha diz que está no ponto e Cascão não entende de ele sujá-lo mais ainda e depois o faz correr com medo d'água.


Cebolinha, já com máscara, conta que foi para aumentar mais o mau cheiro do Cascão, que é uma arma infalível para derrotar a Mônica. Cascão fala que o cheiro é dele e não vai usá-lo e nenhum plano infalível. Cebolinha ameaça que se não participar do plano, vai mostrar para turma toda uma foto do Cascão fazendo xixi na cama, que tirou ficando de plantão na janela do quarto dele. Cascão rasga a foto e cebolinha diz que tem muitas cópias.


Cascão é obrigado a participar do plano, amarra o braço do Cascão em um tronco de árvore, servindo como uma alavanca para o braço levantar e descer quando o Cebolinha puxava a corda quando quisesse. Mônica aparece e ri do Cebolinha com máscara, que está parecendo um ET.  Cebolinha diz que está melhor que ela, a chamando de dentuça, baixinha e gorducha e, quando ela vai bater, Cebolinha levanta o braço do Cascão saindo fedor da axila


Mônica manda Cascão abaixar o braço pra dar lição no Cebolinha, que levanta o outro braço do Cascão. Mônica manda abaixar os dois braços e que vai dar lição nele também. Cebolinha levanta os dois, Mônica desmaia e ele aproveita para amarrá-la na árvore. Cebolinha avisa que está no poder dele, Cascão fala que é em "nosso", Cebolinha diz que é quem o controla e tem que fazer o que ele mandar.


Cebolinha pergunta para Mônica se deixa ser o dono da rua, ela recusa e Cebolinha manda Cascão fazer exercícios bem rápido. Cascão sua, Mônica não aguenta e ela aceita, mandando Cascão fazer parar. Cebolinha pergunta se pode ter o Sansão também. Mônica recusa e ele manda o Cascão mostrar o pé para ela. Cascão acha terrível, Cebolinha manda não discutir senão mostra a foto. Cascão mostra o pé, Mônica não aguenta e diz que o Sansão é dele, mas avisa que não está com ela, e, sim, na casa dela.


Cebolinha manda Cascão buscar o coelhinho na casa dela, quando ele volta, diz que passou também na casa do Cebolinha, pegou as fotos, rasga e quem vai dar nós no Sansão é ele. Os meninos brigam, Mônica recupera a força, arrebenta as cordas, sai para pegar e colocar um pregador no nariz. Ela bate nos meninos, Cascão diz que com qualquer pregadorzinho ela se defende. Cebolinha tem ideia para um novo plano infalível, Cascão foge para casa, pega um ventilador jogando seu mau cheiro diante do Cebolinha para não poder participar do plano.


História legal em que o Cebolinha faz plano infalível de Cascão suar e jogar seu mau cheiro em direção á Mônica para poder derrotá-la. Acha que ela não seria páreo para o mau cheiro e conseguiria ser o dono da rua e ficar com o Sansão. Cascão participou por ameaça de mostrar foto fazendo xixi na cama, ele consegue pegar as fotos e, assim, Mônica recupera a força e bate neles no final.


Cebolinha não teve sorte do Sansão estar com a Mônica na hora, não pensou que o Cascão poderia ir na casa dele para pegar as fotos comprometedoras com ele fazendo xixi e nem que a Mônica poderia passar a andar com pregador para fugir do mau cheiro do Cascão. Se o próprio Cebolinha tivesse ido buscar o Sansão ou ter levado a Mônica na casa dela com o Cascão a tiracolo exalando cheiro, poderia ter conseguido triunfar em seu plano.


A obsessão do Cebolinha em ser dono da rua e ficar com o Sansão era grande, era capaz de tudo em seus planos infalíveis. Não só em maldades com a Mônica, também queria a todo custo que o Cascão participasse dos planos, nem que fosse a base de chantagem. Precisou ficar plantado na janela do Cascão enquanto dormia para conseguir prova que ele mijava na cama e poder ameaçá-lo depois, muita falta do que fazer. Histórias de planos infalíveis, sem dúvida, eram o carro-chefe dos gibis deles e eram sempre bons e bem bolados os planos que ele criava, quanto mais perverso era com a Mônica, melhor.


Foi engraçado ver Cebolinha sujando o Cascão e depois fazê-lo correr para fugir de borrifar água para poder suar muito e exalar mais cheiro, a chantagem do Cebolinha de mostrar foto do Cascão fazendo xixi na cama se não participasse do plano, fazer o Cascão de marionete com as cordas, obrigar fazer exercícios de ginástica, Mônica desmaiar e pedir arrego com o mau cheiro, principalmente com o chulé do Cascão.


Curioso de que muitas histórias do Cebolinha nessa fase colocarem titulo como crédito com "A Turma" sem ser direcionado a ele mesmo sendo publicada em gibi dele. Nessa dava tranquilamente ser "Cebolinha em: O Plano do cheirinho infalível" por ele ter sido o protagonista. Pode ser que seja que inicialmente tinha dúvida se poderia sair em gibi do Cebolinha ou da Mônica ou do Cascão e colocavam "A Turma" para decidirem depois qual gibi que daria pra encaixar. 

Incorreta atualmente por Cebolinha jogar lama e lixo no Cascão, mostrar ameaça de Cascão fazer xixi na cama, fazendo traumatizá-lo, histórias de planos infalíveis com meninos perversos com a Mônica, agindo como vilões, Cebolinha amarrar a Mônica e torturá-la, explorar mau cheiro do Cascão, brigas entre eles, meninos aparecerem surrados, Cascão ter gostado de Cebolinha ter o sujado, além da palavra "louco" ser proibida nos gibis atuais. 

Os traços ficaram bons com personagens com língua ocupando mais espaço na boca típicos dos anos 1990. Teve erro de Cascão sem sujeirinha no lado direito no primeiro quadro da penúltima página da história. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Tirinha Nº 117: Chico Bento

Nessa tirinha, uma mulher deixa o Chico Bento tomando conta do seu filho e quando volta, tem surpresa que era outro bebê no lugar, sendo que para o Chico estava tudo certo, compensou  que o carrinho era muito mais bonito que o outro. 

Uma grande irresponsabilidade do Chico trocar o carrinho do bebê, que trocasse o carrinho, mas não o bebê com a outra mãe. So seria pior ainda se deixasse nenhum bebê. Erro também da mulher de deixar uma criança como o Chico tomando conta do filho, nunca devia ter deixado já sabendo que era lerdo, resta imaginarcomo ela recuperou seu filho. Era comum personagens crianças tomando conta de bebês nas histórias,  hoje nem maus isso, nem Cebolinha tomando mais conta sozinho da sua irmã Maria Cebolinha. 

Tirinha publicada em 'Chico Bento Nº 61' (Ed. Globo, 1989).

terça-feira, 22 de julho de 2025

Mônica: HQ "Banho quente em dia frio"

Estamos no inverno no Brasil, então mostro uma história em que a Mônica não tomou banho em um dia de frio intenso e passou sufoco com o Cascão apaixonado por ela. Com 5 páginas, foi história de miolo de 'Mônica Nº 62' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Mônica Nº 68' (Ed. Globo, 1992)

Mônica cria coragem para tomar banho, Dona Luísa cobra se a filha vai demorar muito, Mônica tenta, não consegue, mente para a mãe que tomou banho e que não esqueceu de lavar as orelhas e vai brincar com os amigos. Na rua, Mônica fala que dia de frio não foi feito para tomar banho e só quer ver água no verão. 

Cascão sente mau cheiro vindo da Mônica e comenta que hoje ela está tão bonita, que tem algo diferente nela. Percebe que ela não está com cheiro de sabonete e diz que ela aderiu, não está mais tomando banho e corre atrás dela para lhe dar um abraço. No caminho, pega flores e a encontra atrás da moita, descobrindo por causa das moscas que conhecem de longe quem não toma banho.

Cascão dá um abraço nela e diz que podem fundar um clube dos sujinhos. Mônica sai correndo, louca para tomar um banho. Toma, sem pensar muito para entrar no chuveiro. Depois, Dona Luísa pergunta se foi dois banhos seguidos, Mônica confessa que esse foi o primeiro. Ela volta para rua e vê Cascão correndo atrás da Magali e Mônica comenta que a amiga também fugiu do chuveiro.

História legal em que Mônica engana a mãe e não toma banho por causa do frio, fazendo o Cascão se apaixonar por ela por causa do mau cheiro dela. Para Cascão não continuar interessado por ela, resolve tomar banho, aprendendo que se deve tomar banho todos os dias, mesmo em dias frios, para não ficar com mau cheiro. Só um dia sem banho já atraiu olhares para o Cascão, se ficasse o inverno todo sem banho, o cheiro ficaria tão insuportável como ele. Mônica poderia ter batido nele, aí não seria abraçada por ele e continuaria sem precisar tomar banho em dia de frio.

Vimos que o Cascão, mesmo namorando a Cascuda, se interessa por outras meninas, principalmente se forem sujinhas como ele, nessa se apaixonou pela Mônica e Magali. Eles adoravam traições entre casais de personagens. A Cascuda mesmo se tornou namorada dele porque não tomava banho, mas depois resolveram que só o Cascão que não tomava banho e a Cascuda, sim. Já tiveram outras histórias com Cascão apaixonado pela Mônica por esse motivo de vê-la sujinha ou cair na lama.

As roupas de frio ficaram boas nos personagens, Mônica ficou diferente e aparentando mais gorda com gorro, cachecol e casaco grosso e Cascão ficou bem com boina. Mônica foi a mais friorenta de todos com agasalho bem grosso, já Cascão e Magali com pernas de fora e descalços. Para quem gosta de ver Mônica pelada foi um prato cheio, curioso de aparecer pelada de frente, era bem raro meninas aparecerem nuas de frente, eram mais com os meninos que acontecia. 

Foi engraçado ver a Mônica tremendo de frio com a água do chuveiro  caindo no pé, enganando a mãe que tomou banho, Cascão dizer que sabonete tem cheiro horrível, moscas em volta da Mônica,  cachorro com casaco de lã e Magali também fugir do banho.

História mostra de forma divertida cotidiano da gente de tomar banho em dia frio, de dar preguiça, ser um sofrimento até para tirar roupa, mas mesmo assim é necessário, não pode ficar sem banho. Essas situações de cotidiano deixavam os leitores mais próximos. É incorreta atualmente por Mônica mentir para mãe, paixão do Cascão, moscas em volta da Mônica e da Magali e, principalmente, Mônica aparecer nua. 

Traços muito bons, da fase consagrada dos personagens. Tiveram erros da parede do banheiro não ter fundo rosa no topo onde não era azulejo no último quadro da primeira página e a Mônica não aparecer com sujeirinhas no último quadro da penúltima página ao entrar na casa após o abraço do Cascão.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Bidu: HQ "À Procura de um espaço"

Dia 18 de julho é aniversário de criação do Bidu e início da trajetória da MSP, então, em homenagem, mostro uma história em que o Bidu precisou ir para histórias de outros personagens depois do Mauricio querer construir uma biblioteca na história do Bidu. Com 7 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 2' (Ed. Globo, 1987).

Capa de 'Mônica Nº 2' (Ed. Globo, 1987)

Bidu é surpreendido por funcionários da MSP levando livros para sua historinha. Bidu quer saber por que aqueles livros e eles falam que foi ordens do Mauricio de Sousa, que vai construir uma biblioteca ali e que os carpinteiros vem vindo para construírem as estantes.

Bidu vai falar com o Mauricio, fora da história ele pergunta para o Bidu se gostou da novidade da biblioteca. Bidu pergunta se vai colocar todos aqueles livros na historinha dele, Mauricio diz que é o lugar mais adequado e Bidu pergunta como ele fica. Mauricio responde que ele vai poder fazer pesquisas e ter mais ideias para as historietas. Bidu argumenta que o cenário vai ser sempre biblioteca e desenhistas vão se encher de desenhar livros. Mauricio, então, tem ideia de fazer o Bidu participar de histórias de outros personagens.

Assim, Bidu entra na história da Mônica, com título "Foi você!" e Bidu acha chateação entrar em história que não tem nome dele. Entra no momento que o Cebolinha está fazendo caricatura e xingamento da Mônica no muro. Cebolinha vê a Mônica se aproximando, manda Bidu segurar o pincel e balde de tinta. Mônica aparece, pensa que foi o Bidu que rabiscou no muro e bate nele, jogando balde de tinta nele. Bidu diz que não quer levar coelhada e vai procurar outro espaço.

Em seguida, Bidu vai parar na história do Rei Leonino, "O insulto". Ele procura um poste, mija no trono do Rei Leonino. O Ministro Luís Caxeiro Praxedes vê e acha um insulto por ter feito xixi no trono do rei e chama os guardas reais para expulsá-lo. Bidu sai da historinha e vai parar na do Piteco chamada "A caça". Bidu encontra um dinossauro, corre e leva pancada da clava do Piteco, que acha o animalzinho esquisito e não tem coragem de devorá-lo.

Bidu diz que esse negócio de ir para o espaço dos outros não dá certo e implora para o Mauricio que quer sua história de volta. Mauricio não aguenta ver um cãozinho chorando, tira a biblioteca de lá e Bidu recupera sua história, agora com o titulo "A grande conquista". Bidu se pergunta onde será que o Mauricio colocou a Biblioteca e no final descobrimos que foi na sala de roteiros, com os roteiristas Robson Lacerda e Rubão reclamando com o Mauricio que foi bem na sala deles.

História legal em que o Mauricio de Sousa monta uma biblioteca na história do Bidu, que precisa arrumar outro espaço para trabalhar. Vai parar nas histórias da Mônica, do Rei Leonino e do Piteco, se dando mal em todas as presenças. Mauricio fica com pena, devolve a história para o Bidu e monta a biblioteca na sala dos roteiristas.

Mauricio sacaneou o Bidu, com tanto lugar para montar biblioteca, tinha que ser logo na história do Bidu, que tinha toda a razão de reclamar, não seria bom leitores verem cenário de biblioteca em todas as histórias dele. Pior a situação do Bidu rebaixado de protagonismo para fazer participação de histórias de outros personagens para não ficar sem trabalhar. Pelo menos teve final feliz para o Bidu, mas péssimo para os roteiristas, biblioteca na sala deles deixou tudo apertado para eles criarem, tirando concentração deles.

Mostrou estilo de história de Bidu ator de histórias em quadrinhos e metalinguagem. Foi engraçado ver diálogo do Bidu com o Mauricio reclamando da atitude dele e Bidu se dar mal nas histórias dos outros e crossovers entre eles. Mônica batia em todo mundo, até em cachorro como o Bidu  ela batia, Cebolinha sacana também de fazer com que ela pensasse que foi o Bidu quem rabiscou o muro para apanhar no lugar dele, até que o plano deu certo dessa vez. Muito bom também Bidu mijar no trono do Rei Leonino, Luís Caxeiro não gostar por ser capacho do rei e Bidu levar pancada da clava do Piteco. O próprio Rei Leonino não ter aparecido, mas também nem precisava do jeito que colocaram, ficou bom da mesma forma. Esses crossovers ficaram excelentes, tiveram outras histórias do Bidu indo para histórias de outros personagens, sempre era engraçado.

Nos quadrinhos do Bidu, era normal funcionários da MSP serem representados como cachorros. Com exceção de Mônica e Cebolinha, os secundários não conheciam o Bidu nesta história. Isso variava de roteiro, tiveram histórias que os secundários conheciam um ao outro. Curioso também ver palavra "historieta", nem mais usada ou falada popularmente.


Nessa fase da segunda metade dos anos 1980 tinham muitas histórias de metalinguagem com presença de Mauricio e de roteiristas, em todos os núcleos de personagens, nem que fosse só no final como piada final, era bem repetitivo isso. Tudo que acontecia nos bastidores da MSP servia de inspiração para histórias. Pode ser que haviam construído uma grande biblioteca na MSP na vida real e o roteirista quis retratar isso na história. Como apareceram os roteiristas Robson Lacerda e Rubão juntos, pode ter sido escrita por qualquer um dos dois, eram estilos de histórias parecidos e os dois gostavam de histórias de metalinguagem.

O tema da história não considero incorreta, apesar de hoje eles evitarem histórias com metalinguagem, mas tem ainda em histórias especiais. Só que tem elementos incorretos que iriam censurar como personagens rabiscarem Mônica no muro (colocam cartazes agora), inadmissível Bidu mijar em poste e no trono do Rei Leonino (completamente proibido por causa de outros países que proíbem cachorros mijarem em postes), Bidu apanhar e ser surrado pela Mônica e pelo Piteco (violência e maltrato a animais), clava do Piteco com prego, palavra "Diacho!" (por lembrar diabo), expressões "Minha Nossa! "Pelo amor de Deus!" (tudo de cunho religioso é proibido agora) e palavra "historieta" (por ser datada). Além disso, Bidu e outros personagens iam para as outras histórias naturalmente, sem explicações. Hoje, para personagens irem para outras histórias é sempre com lápis mágico da Marina, fariam adaptação nisso. Teve erro do Cebolinha falar "segura" sem trocar "R" pelo "L".

Os traços ficaram muito bons, típicos de histórias dos anos 1980. A colorização bonita também do início da Globo de 1987 com personagens com peles mais rosadas, com destaque ao azul em tom aquarela, sem variações de azul, então por isso o tom do Bidu mais escuro, também em azul aquarela. O tom de cor azul do Bidu nos últimos anos da Editora Abril e por toda a Editora Globo variava com a colorização da época, não tinha um padrão, por isso às vezes ele aparecia mais escuro que o normal e podia até ser azul claro quase branco. Assim, essa postagem fica uma homenagem de aniversário de 66 anos do Bidu, criado em 18 de julho de 1959, e do início da carreira profissional do Mauricio nos quadrinhos.

PARABÉNS, BIDU!!! PARABÉNS, MSP!!!

domingo, 13 de julho de 2025

Cascão: HQ "Cascóquio"

Compartilho uma história de paródia de Pinóquio em que o Cascão é Cascóquio, que sofre sendo um boneco de madeira que nariz cresce cada vez que conta mentira. Com 17 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 68' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Cascão Nº 68' (Ed. Globo, 1989)

Escrita por Rosana Munhoz, conta que o carpinteiro Pepeto, que construía bonecos de madeira, era solitário e conversava sozinho provocando risadas de quem passava na rua, sendo taxado de louco. Pepeto compra um gato e um peixinho, mas mesmo assim não tapou a boca do povo. Em um dia que se sentia mais solitário do que nunca, constrói o boneco de madeira mais perfeito que fez, resolve chamá-lo de Cascóquio e queria que ele fosse gente para conversar com ele.

Uma boa estrela no céu ouve, se transforma em fada-madrinha e faz Cascóquio a se portar e falar como  gente. Cascóquio não gosta que ela bateu na cabeça dele com a varinha de condão, a Fada acha que ele é malcriado e diz que vai continuar sendo boneco de pau até merecer ser gente, nariz vai crescer toda vez que contar mentira e deixa uma mosca falante com ele por não ter consciência e vai embora.

Cascóquio mostra a língua e chama a Fada de chata, a Mosca Falante lhe dá lição de moral e Cascóquio corre pela casa jogando inseticida na Mosca, acordando Pepeto, que fica feliz que seu boneco se mexe e fala, mesmo sendo de madeira e passa a conviver com Cascóquio, o gato e o peixe. 

Cascóquio só tem defeito de morrer de medo de água porque a madeira faz a madeira empenar e, depois de uns dias, apareceram manchas de sujeira nele e o cabelo pareceu impressão digital e passou a contar mentiras para o pai que tomava banho e lavava tudo, e seu nariz passou a crescer. Pepeto avisa que ele vai passar a ir para escola para aprender a ser asseado.

Cascóquio vai para a escola, com a Mosca falante a tiracolo e outras moscas se juntam a ela, ficam falando e ele manda se calarem. O lobo Lobórgio e o porco Torniquete veem o boneco de madeira falante, Lobórgio acha que pode ficar rico com ele e inventa que na escola tem mais de 20 banhos por dia ao saber que ele iria pra lá e que detesta banho e faz com que Cascóquio vá com ele para outro lugar. A Mosca tenta impedir, Lobórgio sopra, fazendo parar longe e Cascóquio vai com Lobórgio e Torniquete.

Na segunda parte da história, Cascóquio é levado para um circo, é vendido por Lobórgio e passa a ser  a atração de único boneco falante do mundo e o dono, Zé Trambolho, manda cantar e dançar. Cascóquio fica parado, com medo, a plateia reclama que boneco não se mexe e querem dinheiro de volta. Cascóquio começa a suar de nervoso, fazendo a plateia fugir por causa do mal cheiro.

Zé Trambolho expulsa Cascóquio, que fica triste perdido na rua, quando passa um trem da alegria e dos prazeres o chamando que ali criança se diverte sem pagar, sem trabalho, escola e responsabilidades. Cascóquio entra e depois vê que todas as crianças viraram porcos, inclusive ele. Era um trem mágico que crianças malcriadas viravam porquinhos e o maquinista as vendiam na feira.

Cascóquio salva todos, tirando os vagões do maquinista e promete voltar depois para fazê-los voltarem ao normal. Após dias de caminhada, ele consegue voltar para casa e tem a surpresa que estava vazia, Pepeto havia saído pelo mundo a procura dele, que começa a chorar, achando que foi um menino mal. A Mosca falante volta e avisa que Pepeto foi engolido por uma baleia, maior bicho do planeta e que vive no mar.

Cascóquio entra no barco com medo rezando para Fada Da Estrela que se sair desta, promete que vai ser um bom menino. Encontram a baleia, Cascóquio tira a pena do seu chapéu faz cosquinha no nariz da baleia, que espirra, jogando Cascóquio para longe e soltando Pepeto, o gato e o peixe. A baleia tenta pegá-los de novo, caem no mar e se afogam. Cascóquio diz que não sabe e nem quer nadar.

A Mosca Falante tem uma ideia e manda Cascóquio contar mentira atrás da outra. Ele conta, dentre outras coisas, que gosta de água, tomou 10 banhos hoje, que ele é mais bonito que o "Edson Celuloso", que o "Pato Ronald" é personagem do Mauricio de Sousa, o nariz cresce muito, fazendo uma ponte para Pepeto sair do mar junto com o gato e o peixe.

A Fada viu tudo e transforma Cascóquio em um menino de verdade como recompensa e faz a baleia voltar a ser uma menina gulosa, a Magali, que ela tinha transformado em baleia. Cascóquio pede para a Fada destransformar os meninos do trem que viraram porquinhos e ela realiza desejo dele. No final, Pepeto, antes solitário, passou a ter dois filhos, um sujinho e uma gulosinha, e todos viveram felizes para sempre.

História legal de paródia do filme Pinóquio, sem dúvida muito organizada, vários detalhes e reviravoltas e dividida em dois capítulos, em que uma fada faz o boneco de madeira Cascóquio criar vida só que por ter sido malcriado com ela, faz com que o nariz cresça toda vez que conta mentira. Cascóquio passa vários sufocos virando atração de circo por ser enganado por dois vilões, vai parar em um trem mágico virando porco que nem outras crianças que estavam lá e tem que salvar Pepeto que foi engolido por uma baleia. No final, a fada recompensa transformando Cascóquio em menino de verdade, a baleia em uma menina gulosa, fazendo Pepeto ter dois filhos que não tinha.

Pepeto poderia deixar os outros pensarem que era louco, ninguém tinha a ver com isso. Se não se importasse com o que outros pensavam, não teria criado o Cascóquio, mas também não conseguiria um casal de filhos no final, o chamado males que vem para o bem. A Fada foi bem esquentada, só porque Cascóquio reclamou da varinha na cabeça deu castigo nele. 

A Mosca Falante era toda correta para ver se Cascóquio se tornava obediente, ele não gostou da mosca a tiracolo. Se Cascóquio fosse obediente e fosse para escola como o pai mandou, não teria passado tanto sufoco. Foi muito inocente de não saber o que era escola e baleia, mas não tem culpa, afinal, ele antes era só um boneco inanimado sem conhecimento do mundo real, mas sabia que pena dava cócegas, oque ajudo a tirar seu pai e os bichos dentro da baleia. 

Uma surpresa a Magali ter sido a baleia por causa de castigo da Fada não ter gostado que era muito gulosa. Encaixou muito bem com ela já que ela come de tudo igual uma baleia. A Fada só fez voltar ao normal porque seria bom para o Pepeto ter dois filhos. História passou mensagem de forma divertida de não ser malcriado,  desobediente e não contar mentiras para não se dar mal na vida.

Foi engraçado ver Cascóquio jogando inseticida na mosca falante, as mentiras relacionadas a banho, plateia do circo fugir em disparada depois do Cascóquio suado, absurdo de peixe no aquário se afogando no mar, excelente paródia do ator Edson Celulari como "Edson Celuloso" e referência a Pato Donald como "Pato Ronald", personagem da Disney citado na mentira que ele era personagem do Mauricio de Sousa. 

Foi uma paródia do filme do Pinóquio de 1940, um clássico do cinema, adaptado para a personalidade do Cascão. Eles gostavam de fazer adaptações a fábulas famosas com os personagens do Mauricio e ficavam muito boas, muitas vezes ficavam até melhores que as fábulas originais. Antes da Magali ter revista, histórias de fábulas eram mais com o Cascão, tinham com outros personagens, mas a maioria era com ele. E curiosamente, o Cebolinha foi o que menos teve histórias assim. 

Comparando com filme, o Grilo Falante virou mosca, Gepetto se chamou Pepeto, as mentiras do Cascóquio foram relacionadas a banho e medo de água, a Ilha dos Prazeres virou Trem da Alegria e dos Prazeres e no filme, Pinóquio e crianças foram transformados em burros no filme e na HQ, Cascóquio e crianças, em porcos, e no filme a baleia era real e não era transformação de alguém. 

Traços ficaram excelentes, dava gosto de ver desenhos tão caprichados assim. O gato da história é o Mingau, foi a primeira vez que o Mingau apareceu em uma revista do Cascão. Presenças da Magali e do Mingau serviram para divulgar a revista da Magali lançada 6 meses antes desta história de agosto de 1989. Quem sabe a intenção inicial era o Pepeto ser o Tio Pepo no rascunho e desenharam errado até por ele não ser ainda conhecido,  pelo menos teve semelhança de nome e de ele criar brinquedos de madeira.

Muito legal também a citação de que cabelo do Cascão é impressão digital servindo como homenagem ao Sergio Tibúrcio Graciano que colocava suas digitais para criar cabelo do Cascão. Recurso de narrador-observador era sempre bom, no caso ele era roteirista da história. Teve erro da baleia com língua branca no último quadro da página 15 da revista.

É incorreta atualmente por mostrar desobediência, retratar que crianças não deve ir para escola e ter responsabilidades, maquinista do trem querer vender crianças transformadas em porcos na feira, o porco Torniquete levar pancada de bengala na cabeça, personagem como Magali ser vilã e engolir o Pepeto e os bichos como baleia, Cascóquio enfrentar baleia, ficar rodeado de moscas e ser chutado pelo dono do circo, além de palavra proibidas "louco", "gozado", "energúmeno", esta também pelo motivo de ser de difícil entendimento para crianças. Aliás, o filme Pinóquio seria cancelado hoje em dia. 

A capa da revista teve alusão à história de abertura o que era muito raro naquela fase de final dos anos 1980. Só histórias especiais e importantes que tinham capas com alusão, demais revistas prevaleciam as gags.

Essa história nunca foi republicada até hoje, poderia ter sido a partir de 2000 quando estavam republicando histórias de abertura de 1989 do Cascão com frequência, mas acabou não sendo. Podem inicialmente ter deixado reservada para algum futuro Almanaque Temático sobre fábulas e acabaram esquecendo, não republicaram nem em 'Coleção Um Tema Só Nº 49' da Editora Globo de 2006 que só tinham histórias de fábulas do Cascão, nem em outros temáticos e nem no título 'Clássicos do Cinema'   da Editora Panini, aí talvez porque acharam incorreta demais para republicação. Então, essa é rara e só quem tem a revista original que a conhece.

terça-feira, 8 de julho de 2025

HQ: "Magali, tãão sensual"

Em julho de 1995, há exatos 30 anos, era publicada a história "Magali, tãão sensual" em que ela recebe dicas da Carminha Frufru para se tornar sensual e poder conquistar o menino que estava interessada. Com 10 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 158' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Magali Nº 158' (Ed. Globo, 1995)

Escrita por Rosana Munhoz,  começa com a Magali olhando para o Ivanzinho enquanto brinca no balanço e comenta que é um gato e queria que ele olhasse para ela um dia. Carminha Frufru ouve e dá gargalhada porque nunca o Ivanzinho ia olhar para a Magali, toda lisona, sem graça e sem um pingo de sensualidade, que é um dom para ter, umas nascem com, outras, sem, mas é possível melhorar e resolver dar uma ajuda para ela.

Carminha fala que o vestido está errado, revela nada,  uma alcinha caída com ombro à mostra, dá toque supersensual. O cabelo de vez em quando tem que dá jogada para os lados. Magali tenta, fazendo cara de nojenta, mas não fica muito bem por ser cabelos mais curtos. Carminha avisa que ela tem que usar correntinha no tornozelo, além de supercharmoso, chama atenção para as pernas, que no caso dela, não sabe se será vantagem, e se imitar o jeito dela e tentar imitá-la em tudo, não tem erro.

Magali compra a correntinha e começa a pôr em prática o que aprendeu com a Carminha. Encontra a Mônica, vê o vestido caído da Magali e tenta ajeitar. Magali diz que deixou assim para revelar o ombro, mostra a tornezeleira e Mônica pergunta por que deixou pulseira no pé. Magali joga cabelo para os lados e Mônica empresta pente para ela. Magali diz que a Mônica não entende de sensualidade, coisa que faz os meninos ficarem caidinhos, Mônica fala igual ao coelhinho dela e Magali diz que acha que funciona só com os meninos mesmo.

Aparecem Cebolinha e Cascão e Magali põe em prática a sensualidade com eles. Cebolinha fala que o vestido dela está caindo. Magali manda deixar assim, é de propósito Os meninos se espantam, ela acha que esta funcionando e eles comentam a marca feia da vacina dela. Magali pergunta cadê sensibilidade deles jogando cabelo para os lados e Cascão pergunta se é piolho, que tem um remédio que é tiro e queda.

Magali se enche, reclama que eles são muito crianças e sai para procurar um garoto que aprecia a sensualidade dela. Encontra o Ivanzinho, põe em prática a sensualidade com ele, que a convida para tomar sorvete com ele. No caminho, Carminha Frufru joga sua sensualidade e convida o Ivanzinho pra tomar sorvete com ele, mas vê que está ocupado. Ivanzinho diz que nada e que a Magali estava de saída. Ela quer saber por que dispensá-la desse jeito. Carminha diz para ela que ninguém é páreo para ela em matéria de sensualidade.

Magali fala que não quer saber de menino bobão que só liga para aparências e é ela que está dispensando. Ela volta brincar de balanço, avisando que vai voltar a ser a Magali de sempre e quem quiser que goste dela deste jeito. No final, aparece o Quinzinho dando pão doce para Magali, dizendo que o que mais gosta nela é a simplicidade.

História engraçada que a Magali recebe dicas da Carminha Frufru pra se tornar sensual para conquistar o Ivanzinho, menino por quem estava interessada. Magali testa as dicas que recebeu com seus amigos, que nem ligam, e quando vai pôr em prática com o Ivanzinho, até consegue à princípio. mas não contava que a Carminha Frufru ia dar em cima dele, fazendo dispensar a Magali. No final, ela descobre que para o Quinzinho é a simplicidade dela que faz ficar vidrado nela.

Vimos a Magali bem para frente para idade dela, doida para conquistar o Ivanzinho que só se interessava por meninas sensuais, só que ele nem perdeu tempo de ficar com a Carminha Frufru porque era mais sensual a Magali. Se ela soubesse que o Ivanzinho era assim de trocar companheira como se troca de roupa, nem precisaria investir nele. 

Magali viu com Quinzinho que simplicidade era a melhor coisa que pode conquistar alguém. História mostrou, de forma muito divertida sem deixar piegas, mensagem de ser como você é, não mudar personalidade e preferências só para agradar os outros, quem gostar de você, vai gostar do jeito que exatamente é.  

Mônica e os meninos eram muito inocentes, não tinham malícia de sensualidade, o que era normal para a idade deles, a Magali é que estava muito avançada para uma menina de 6 para 7 anos pensar em coisas dessas, assim como a Carminha Frufru, que foi pior por ser sacana com a Magali, primeiro ensina as dicas de sensualidade e depois tira o pretendente da Magali. Se ela não aparecesse, a Magali conseguiria ficar  com o Ivanzinho como queria.

Muito divertida a conversa da Magali com a Mônica e depois com os meninos, como Mônica dizer se Magali está com pulseira no pé e emprestar pente quando Magali movimentava cabelo e os meninos repararem só na vacina feia da Magali e acharem que era piolho no movimento do cabelo dela. Foi engraçado também com a conversa inicial da Magali com a Carminha como as dicas para ser sensual de ombro para fora, movimentar cabelo para os lados e correntinha no pé, Carminha dizer que o vestido estava errado e Magali pensa que vestiu do avesso e Carminha dizer que perna da Magali não ser vantagem porque é fina demais.

Foi história sem a ver com comida já que estavam querendo diferenciar estilos de histórias dela com foco só em comida, ela até podia comer algo em alguma cena, mas não era o foco principal do roteiro. Prevaleciam as de comida, mas tinham também outros estilos de histórias.  Na época, a Magali dava em cima de outros meninos, mesmo tendo o Quinzinho como namorado fixo, mas nessa foi pior porque ficou claro que ela tinha namorado mesmo, caso de traição. Teve mais uma vez um menino "inho" diferente por quem as meninas se apaixonavam, dessa vez o Ivanzinho, que apareceu só nessa história.

Marcou a 3ª história da Carminha Frufru publicada e a parir de agora se tornando personagem fixa, aparecendo com frequência maior e nos primeiros anos e perturbar a Magali e algumas vezes a Mônica. Resolveram adotá-la como menina vilâzinha  para dar rivalidade a outras meninas. Foi a única vez que a Carminha apareceu morena, mas aparecia sempre com visual diferente a cada história que aparecia, assim como era com a Denise, e só teve visual padronizado a partir dos anos 2000. 

História impublicável hoje em dia por criança de 6 para 7 anos querer ser sensual para chamar atenção de menino que paquerava,  ensinar sensualidade para crianças, envolver namoro de crianças e traição da Magali por já ter namorado, além de palavras e expressões populares de duplo sentido  proibidos como "sem um pingo" e "tiro e queda". Tanto que nunca foi republicada até hoje, porque histórias de 1995 da Magali passaram a ser republicadas a partir de 2008 já na Editora Panini e o politicamente correto já estava predominante.

Traços ficaram bons com língua ocupando mais espaço na boca característicos dos anos 1990. Erro nariz da Magali no 3º quadro da 8ª página da história  (página 10 do gibi). Teve propagandas interrompendo a história em papel tipo capa fina entre as páginas 10 e 11, dessa vez foram do biscoito "Passatempo" com jogo de erros e do chocolate Turma da Mônica da "Nestlé". Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.