segunda-feira, 16 de junho de 2025

Cascão: HQ "Fuga através do tempo"

Mostro uma história em que o Cascão resolve viaja em uma máquina do tempo para descobrir se no futuro as pessoas não tomam mais banho. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 23' (Ed. Globo, 1987).

Capa de 'Cascão Nº 23' (Ed. Globo, 1987)

Cascão chega na festa da casa do Cebolinha e pergunta qual menina vai dançar primeiro com ele e todas recusam. Cascão acha que são umas chatas e Cebolinha diz que é por causa do mau cheiro dele que faz qualquer um fugir, que desde que ele chegou, a festa mudou para o outro lado da sala e ameaça que ou ele toma banho ou não participa da festa dele. 

Cascão vai embora, dizendo que é uma escolha fácil, chama todos de caretões e atrasadões e que no futuro ninguém mais vai tomar banho, todos vão aderir a sujeira. Na rua, Cascão finge que não liga, mas acaba chorando dizendo que está a um passo na frente da época deles, no futuro banho será coisa ultrapassada e queria ir para lá, mas não inventaram máquina do tempo. 

Enquanto isso, um cientista inventou máquina do tempo que quer testar no seu assistente, Raide, que recusa porque é bobo, mas não é louco. O cientista vê o Cascão no lado de fora e convida para testar a máquina do tempo e Cascão aceita na hora. O cientista diz que é só escolher a data no disco e apertar o botão. Cascão fala que quer ir para o futuro, aperta o botão e some. O cientista imagina as maravilhas que o Cascão vai contar quando voltar e o Raide complementa, se ele voltar.

Cascão vai parar na Pré-História, pensa que está no futuro, acha tudo bonito e está louco para encontrar alguém que não tome banho como ele. Um tiranossauro o persegue, Cascão foge, achando que o futuro era esquisito e fica encurralado ao ficar de frente à montanha. Dois meninos pré-históricos salvam Cascão, que descobre que estava na Pré-História e tenta conversar com eles se ali não tem chuveiros terríveis que soltam água.

Os meninos não entendem o que ele fala, mas ao ouvirem "Chuá! Chuá!", carregam o Cascão para o rio para dar banho nele. Jogam o Cascão, que aperta o botão da máquina do tempo e consegue se livrar do banho e indo parar na França do século XVIII. Cascão caminha um pouco, sente um cheiro parecido com o dele e pergunta para um homem e costumam tomar banho. O homem  responde que todos tomam um banho a cada 5 anos.

Cascão fica feliz que são quase iguais a ele. O homem fala que não são sujos, usam os melhores perfumes do mundo, uma gotinha e todos já ficam cheirosos. Cascão fica enjoado com o mau cheiro misturado com perfume, não aguenta e aperta o botão para ir para outro lugar. Vai parar no dia 24 de março de 2328, e descobre que finalmente está no futuro e vai correndo confirmar sua teoria que em mundo evoluído ninguém toma banho.

Cascão encontra um grupo de crianças, diz que veio do passado e pergunta se têm péssimo hábito de tomar banho. Eles falam que nunca, que isso era caretice, coisa de tataravós deles. Cascão fala que vai buscar as coisas dele e se mudar para lá, a humanidade evoluiu e quer saber desde quando acabaram com o banho. Eles respondem depois que inventaram o desbacterizador, aparelho que absorve toda a sujeira e bactérias do ar. Contam que são limpíssimos, não há um grão de poeira no mundo todo, tudo brilha e com cheiro agradável de limpeza.

Cascão lamenta que não tem mais depósito de lixo, nem lama, nem poluição, eles falam que só em fotos de museu de História e que a única coisa suja ali é ele e querem levá-lo até o desbacterizador da casa deles. Cascão diz que está bem assim, melhor voltar para a época dele, aperta o botão da máquina do tempo, achando o futuro uma decepção.

Cascão volta onde estavam os cientistas, fala que achou o futuro uma droga e o passado também e vai embora sem deixar relatório e, assim, o cientista tenta o Raide testar a máquina do tempo. Cascão volta para a festa do Cebolinha para ver se ainda o aceitam e fala que promete tomar banho daqui a 100 anos. A turma toda está com máscara no rosto, Cascão foge desesperado pensando que está no futuro e Cebolinha lamenta que não entendeu, que esse era o jeito que arrumaram para aguentar o cheirinho dele.

História engraçada em que o Cascão é rejeitado pelos amigos em uma festa e encontra cientistas que criaram máquina do tempo e aceita entrar nela para confirmar sua teoria que no futuro as pessoas são mais evoluídas e não tomam banho, só que antes, ele volta para o passado por ter colocado datas erradas na máquina. Primeiro vai para Pré-História e descobre que eles tomam banho. Depois na França do século XVIII descobre que eles tomam um banho só a cada cinco anos só que o cheiro de perfume misturado com mau cheiro fica insuportável. Chega no futuro, descobre que não tomam banho e usam um desbacterizador, mas se decepciona ver tudo limpo e não ter mais sujeira na Terra.


Cascão além de não gostar de água e tomar banho, adorava sujeira. Até que ficaria limpo com a invenção do desbacterizador sem contato com água, mas queria permanecer sujo e sem cheiro de limpeza e soube que nem poderia mais brincar no depósito de lixo, na lama que tanto gostava, aí o jeito era voltar para o seu tempo que ainda tinha tudo isso. 

Foi legal sua ida para o passado por engano, passou sufoco na Pré-História com o tiranossauro e pior ainda para ele que quase tomou banho no rio se não fosse rápido para acionar a máquina do tempo. Vimos que onomatopeia "Chuá! Chuá!" é uma linguagem universal porque os meninos pré-históricos entenderam que se tratava de água. E na França até seria bom não tomar banho, pena que cheiro de perfume no ar lhe deu enjoo.

A turma não agiu bem com ele, mau cheiro do Cascão em local fechado e ainda suando se dançasse com as meninas ninguém suportaria. Se fossem amigos melhores, podiam deixá-lo na festa aturando o mau cheiro, quiseram privilegiar os narizes deles, apenas. Teve a opção de usarem máscaras, Cascão pensava que estava no futuro, foge e ficou excluído da mesma forma.  Cebolinha também podia não deixar porta de casa aberta, qualquer um podia entrar.

Foi engraçado o cientista achar que é loucura testar sua própria invenção e até o assistente burro sabe que é coisa de louco, o assistente sentindo cheiro do Cascão acha que o frasco de alguma fórmula química deve ter quebrado e Cascão dizer "Mais uma dessas, fico descadeirado!" quando caía forte de bunda no chão de outras épocas que vai tomar banho daqui 100 anos. 

Não custava o Cascão fazer o relatório do que viu no passado e no futuro, aí força o cientista a procurar outra pessoa para entrar na sua máquina. O cientista não teve nome revelado, só o seu assistente Raide. Apareceram só nessa história, normalmente em cada história era cientistas diferentes e de aparições únicas. Com esses dois, se quisessem, podiam voltar com outros personagens testando a máquina do tempo dele.

O futuro nos gibis sempre retratado inspirado no desenho animado "Os Jetsons", ainda mais nessa que Cascão foi parar no ano 2328. Teve uma certa previsão do Cascão achar que no futuro todo mundo iria usar máscaras e acabou acontecendo de verdade entre 2020 até parte de 2022 por causa da COVID-19. E ficou uma questão no ar de como será o mundo no século XXIV, será que realmente as pessoas não vão tomar banho e usarem desbacterizadores para se limparem? Quem sabe foi uma profecia do estúdio. Como tem tantos problemas de secas, falta de água, no futuro podem buscar uma alternativa para substitui-la e continuarem sobrevivendo, fora ser solução para faxinas e poluição do mundo.

Ficou claro que não era festa de aniversário do Cebolinha, apenas uma festa organizada por ele para reunir os amigos e dançarem, era muito comum nos anos 1980 histórias com personagens fazendo festa sem motivo especial. Incorreta atualmente por causa de Cascão fazer apologia à sujeira, depósito de lixo, lama e poluição, o desprezo dos amigos com o mau cheiro do Cascão, autonomia de crianças organizarem festa, além de palavras proibidas e de duplo sentido como "louco", "gozado", "sapeada" e "droga".

Traços muito bonitos e encantadores, com direito do Cascão com cabelo deixando nítido que era impressão digital. Traços assim ficaram até em 1989. As cores desbotadas, típicas do segundo semestre de 1987. Tiveram erros faltar tijolos abaixo da janela no primeiro quadro da página 5 do gibi, de Cascão com língua branca no penúltimo quadro da página 10 do gibi e esqueceram do balão do menino de cabelo castanho falando "Chuá! Chuá!" no quadro seguinte da mesma página. Propaganda inserida foi estilo na lateral direita,  dessa vez do lápis "Labra" em só uma página.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Mônica: HQ "Dia dos Namorados..."

Em junho de 1995, há exatos 30 anos, estava nas bancas o gibi com a história "Dia dos Namorados" em que só a Mônica não tinha namorado e resolve arrumar um cartão de Dia dos Namorados para não sofrer bullying das outras meninas. Com 15 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 101' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Mônica Nº 101' (Ed. Globo, 1995)

Mônica ouve conversa da Sofia e Magali que amanhã será o grande dia. Sofia fala que não será grande dia para a Mônica porque é dia 12 de junho, Dia dos Namorados, dia de receber cartões dos  namorados, docinhos, declarações e Mônica vai receber nada porque não tem namorado. Mônica fala que vai receber um cartão de Dia dos Namorados, não diz de quem, mas vai ser o maior e mais lindo cartão que já viram. 

As meninas vão embora com Sofia dizendo que gente quando tem inveja, inventa cada coisa. Mônica fica com ódio da Sofia e da Magali também, só porque elas têm namorado que pensam que são as tais. Mônica resolve comprar um cartão na papelaria e mandar para ela mesma, ninguém precisa saber. Só que quando chega na papelaria, Sofia está lá ajudando o pai por causa do movimento que aumentou com o Dia Dos Namorados.

Mônica acaba comprando o maior e lindo lápis que tinha na papelaria, lamenta que esqueceu que a Sofia é filha do dono da papelaria, gastou todo dinheiro dela à toa e se desenhar um cartão vai ficar na vista e começa a chorar. Cebolinha aparece reclamando do choro alto, Mônica conta que vai ser a única menina do bairro que não vai receber cartão do Dia dos Namorados, todos vão rir dela e daria tudo para receber um. 

Cebolinha diz que poderia mandar um cartão para ela em nome de um admirador secreto só que em troca de nunca mais bater nele pelo resto da vida. Mônica não aceita, Cebolinha vai diminuindo tempo e chegam acordo de uma semana sem bater nele. Cebolinha a xinga para testar, Mônica fica com raiva, não bate, mas manda caprichar no cartão e ele diz que será muito mais que um simples cartão.

Chega o Dia dos Namorados, Sofia e Magali recebem cartões e presentes de seus namorados e Sofia quer ir na casa da Mônica ver cartão que ela recebeu. Magali fala que a Mônica disse aquilo só para não ficar por baixo e Sofia faz questão de conferir. Mônica vai na caixinha de correios para ver se cartão chegou, Sofia e Magali aparecem, Sofia diz que quer ver o maior e lindo cartão da Mônica, que confere a caixa e tinha um cartão mixuruca dizendo que "Neste dia, dou meu coração". 

Mônica puxa a corda e sai um coração de dentro da caixa, as meninas se desesperam, acham que ele morreu e Magali vê que era um coração de borracha, não de verdade. Mônica acha romântico e Sofia, de muito mau gosto e parece mais trote do que cartão. Em seguida, Cebolinha aparece fantasiado de carteiro e entrega um cartão para Mônica. Quando lê, o cartão diz que era uma adorada dentuça, que apesar de feia e tonta, ele a ama e virando página tem caricatura da Mônica.

Sofia dá gargalhada, falando que até no Dia dos Namorados fazem a Mônica de palhaça, Magali esconde riso e Sofia e outras meninas cantam que a Mônica não tem namorado, fazendo ela chorar. Cebolinha fica com pena, aparece falando que ele é o namorado da Mônica, que não teve tempo de mandar cartão para ela e escreve declarações de amor no muro. 

Magali acha que foi a coisa mais romântica que já viu, Sofia e as meninas ficam com inveja e lamentam que só receberam um cartãozinho mixuruca e vão embora. Depois, só os dois juntos, Cebolinha pergunta se ele consertou tudinho a tempo e que vai continuar a ficar uma semana sem bater nele. Mônica diz que não vai bater nele, vai fazer outra coisa e termina lhe dando vários beijos e Cebolinha reclama que vai ser uma semana que vai custar a passar.

História muito divertida, cheia de reviravoltas, em que a Mônica não tem namorado e para não ser motivo de chacota tenta enganá-las que recebeu um cartão de Dia dos Namorados assim como elas. Na tentativa frustrada de comprar cartão na papelaria onde a Sofia estava ajudando o pai, Cebolinha envia cartão para a Mônica, só que não perdeu oportunidade azucriná-la e para corrigir o erro inventa que é namorado dela e faz declarações de amor escritas no muro, deixando Sofia e as meninas com inveja. 

Mônica não devia ficar triste porque as meninas tinham namorado e ela não não, podia ser mais segura de si e não querer ser igual às outras, ser mais autêntica já eliminaria seus problemas. Até gastar todo seu dinheiro que economizava em um lápis ela fez. Cebolinha foi sacana de xingar a Mônica no cartão, isso que já tinha feito acordo que não apanharia da Mônica se fizesse tudo certo. Consertou a burrada a tempo com os rabiscos no muro, só que teve castigo da mesma forma, preferia surra do que ser beijado pela Mônica no final. Pelo menos seguiu a consciência dele de não se sentir culpado pelo bullying que a Mônica sofreu das meninas.

Sofia também foi má de fazer questão de desmascarar que a Mônica não tinha namorado, já estava na cara que a Mônica disse aquilo para não ficar por baixo, mas queria ver com próprios olhos que a Mônica não receberia cartão e desmoralizá-la. Engraçado a Magali compartilhar as zoações da Sofia, esconder riso e nem para defender a Mônica, ficou diferente do que como era de sempre dar conselhos e ajudar a desvendar os planos contra a melhor amiga. Interessante Sofia e Magali não desconfiarem que o carteiro era o Cebolinha por ele trocar "R" pelo "L".

Legal o Cebolinha ter enviado um coração de borracha como se fosse dele que tinha tirado o próprio coração para dar para a Mônica e as reações delas pensando que o admirador morreu por causa da Mônica. Uns acham romântica, outros macabra essa atitude. Poderia ter sido só isso que já amenizava a situação da Mônica, mas mesmo assim não tinha convencido a Sofia que a Mônica tinha namorado porque achou que era um trote.

Sofia e as meninas conseguiram fazer a Mônica chorar. Tudo seria resolvido se Mônica batesse nas meninas, mas como foi bullying por lado sentimental e a Mônica já não batia mais nas meninas na época, aí teve que a Mônica agir assim chorando. Bom que teve essa outra alternativa do Cebolinha inventar que era namorado dela, que ficou legal também.

Teve destaques engraçados como Mônica descobrindo que a Sofia estava trabalhando na papelaria e comprar lápis para disfarçar o que iria comprar, o Cebolinha querer ficar vida toda sem apanhar da Mônica e depois ir reduzindo pra um ano, um mês e uma semana, além da Sofia dizer que a caixa de correios estava com teia de aranha por nunca receber cartas. Na época estavam investindo em meninas vilãzinhas como a Sofia para causar rivalidade para a Mônica, eram boas histórias assim. Sempre criadas para histórias únicas, Sofia e as outras meninas vilãzinhas apareceram só nessa história. 

Incorreta atualmente por ter namoro entre crianças, mostrar que todas as meninas do bairro tinham namorados e Mônica querer um, bullying e xingamentos para a Mônica, Sofia trabalhar na papelaria, o coração enviado que podia traumatizar muita gente, Cebolinha rabiscar no muro (continuou até em 1997, quando passaram a colocar cartazes no muro quando queriam rabiscar), Dona Luísa de avental e preparando comida dando ideia de que só é dona-de-casa, calcinha da Mônica e da Magali à mostra em algumas cenas e inclusive Magali na capa, assim como palavras proibidas como "Bolas!"

Traços muito bonitos, com personagens mais fofos, não foram muitas histórias com traços assim, foram algumas entre 1994 e 1995. Pelo visto foi como experiência, mas resolveram não seguir adiante. A capa dessa vez foi com alusão à história de abertura e mostrando até certo spoiler de cena importante do final, na época só de vez em quando que tinham capas com alusões à história de abertura, quando histórias eram importantes mesmo, de resto prevaleciam as piadinhas. Tiveram erros de Mônica sem nariz no primeiro quadro da página 13 da história e de poeirinha de caminhada ficar azul em vez de branca no último quadro da página final.

Essa revista 'Mônica Nº 101' é de maio de 1995, revistas da Mônica chegavam na última semana de cada mês e histórias de datas comemorativas costumavam ser publicadas no mês anterior para que estivesse circulando nas bancas no dia da data, por isso, por exemplo, muitas histórias de Natal da Mônica saíam em gibis de novembro. Teve a volta das propagandas nas laterais direitas das páginas, coisa que não tinha desde 1991, mesmo com o início de propagandas interrompendo histórias, que não tiveram nessa história. Dessa vez, ao longo da história, foram propagandas do chiclete "Ploc" com adivinhas. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Capa da Semana: Gibizinho da Magali Nº 19

Nessa capa, Magali recebe uma flor de melancia do Quinzinho ficando apaixonada pelo presente que o namorado lhe deu. Como Magali pensa o tempo todo só em comida, se o Quinzinho desse apenas uma flor, a Magali podia não aceitar ou dar a mínima para o presente, agora uma flor em forma de melancia não tinha como ela recusar. Eram comuns capas com o Quinzinho presenteando a Magali com coisas alimentícias e sempre eram boas.

Infelizmente o selo da promoção da Editora Globo vigente na época atrapalhou a ilustração ficando parte do Quinzinho cortado. Provavelmente a capa já estava pronta, precisaram colocar o selo de última hora e não deu para ajustar proporção do desenho.. Foi uma das raras capas do título "Gibizinho" que teve com capa com piadinha sem ser alusão à história de abertura como era de costume. Se bem que em muitos Gibizinhos da Magali gostavam de colocar piadinhas, variava muito também do personagem ou do estilo de história de abertura que podia não encaixar uma boa cena para ilustrar uma capa. 

A capa dessa semana é de 'Gibizinho da Magali Nº 19' (Ed. Globo, Julho/ 1992).

domingo, 8 de junho de 2025

Cebolinha e Xaveco: HQ "Paquera no Parque"

Mostro uma história em que o Cebolinha ajuda o Xaveco a namorar uma garota por quem estava apaixonado. Com 14 páginas, foi publicada em 'Parque da Mônica Nº 99' (Ed. Globo, 2001).

Capa de 'Parque da Mônica Nº 99' (Ed. Globo, 2001)

Escrita por Emerson Abreu, no Parque da Mônica, Cebolinha procura alguém para participar do seu novo plano infalível contra a Mônica, encontra o Xaveco, que pede silêncio porque ele está se escondendo, não da Mônica, mas da Bia, menina por quem está está apaixonado. 

Cebolinha pergunta por que não vai falar com ela e Xaveco responde que não tem coragem e faria qualquer coisa se alguém ajudasse a conquistá-la. Cebolinha propõe ajudar se Xaveco participar do seu plano contra a Mônica. Xaveco dá gargalhada e debocha que logo Cebolinha que não ganha nenhuma menina quer ajudá-lo, mas aceita a ajuda.

Cebolinha produz o Xaveco para o primeiro encontro com a Bia, dizendo que é preciso uma minhoca suculenta para fisgar o maior peixe e Xaveco acha que tem que chamar a Bia para pescar. Cebolinha fala que é para chegar nela gentilmente e convidá-la para um passeio. Xaveco fala que vai chamar para dar um rolé no "Brinquedão" e Cebolinha diz que tem que comparar os olhos dela com as estrelas do céu e os cabelos com as ondas do mar, como uma poesia.

Nesse instante, Titi chama a Bia para dar um rolé no "Brinquedão", ela aceita na hora e ganha a garota, deixando Xaveco desolado que a perdeu. Só que logo em seguida, Aninha descobre a traição e taca bolinhas no Titi, deixando Bia desimpedida de novo. Xaveco tenta de novo conquistar a Bia, declama saltitante poesia de batatinha quando nasce, esparrama pelo chão, vê que ela sumiu e estava indo para a "Tumba do Penadinho".

Os meninos vão até lá, Xaveco se assusta com o Penadinho e depois encontram a Bia olhando a cena do Lobisomem apaixonado. Xaveco vai falar com ela, que diz que é bonitinho esse brinquedo. Xaveco acha muito romântico, mas se assusta com a transformação do Lobisomem e sai correndo desesperado da "Tumba do Penadinho", fazendo escândalo pelo Parque em cima do Cebolinha.

Depois, veem Bia indo para a piscina de bolinhas. Xaveco tropeça e cai em cima de um menino que estava lá. O irmão mais velho dele tenta bater no Xaveco, que foge correndo. Em seguida, Bia vai a caminho do "Carrossel do Horácio", Cebolinha manda Xaveco distrair a Bia até voltar porque quer provocar um ciúme na garota.

Xaveco fala com a Bia, Cebolinha volta disfarçado como Ceboleia, a fã Nº 1 do Xaveco, dizendo que adora o personagem do Parque da Mônica, é fofinho que dá vontade de apertar as bochechas e que adora os gibis dele. Xaveco fala que não tem gibi e Ceboleia corrige que adora as pontas que ele faz nas histórias dos outros. Xaveco diz que só aparece para equilibrar uma cena com uma moita do outro lado.


Os três brincam pelo Parque da Mônica todo e no final da tarde, antes de irem embora, Bia fala para o Xaveco que adorou passar a tarde com ele e pergunta se podem voltar amanhã para brincar mais. Xaveco diz que adoraria, mas está completamente apaixonado pela Ceboleia, finalmente encontrou alguém que gosta dele pelo que é e vai pedi-la em namoro.

Cebolinha revela sua identidade e que era tudo um plano para Xaveco conquistar a Bia e que ela estava quase caindo. Bia bate nos dois para aprenderem a não fazê-la de boba. Mônica aparece, vê os meninos surrados e os leva para a enfermaria do Parque. No final, Xaveco diz que não sabe o que fazer, saiu de uma paixão impossível para cair em outra e Cebolinha também no mesmo dilema, os dois estão apaixonados pela Mônica sendo enfermeira e fazendo curativos neles.

Uma boa história história em que o Cebolinha ajuda o Xaveco a conquistar a menina Bia, só que as trapalhadas do Xaveco e alguns imprevistos dificultaram tudo. Até que depois de conseguir brincar a tarde toda com a Bia no Parque junto com o Cebolinha fantasiado de Ceboleia, Xaveco conseguiria conquistar a Bia se não falasse que se apaixonou pela Ceboleia e Cebolinha precisar revelar que era tudo um plano infalível. Depois de apanharem da Bia, recebem cuidados da Mônica e acabam apaixonados por ela.

História girou na arte da conquista, como conquistar uma garota quando se é tímido. Xaveco não conseguia se aproximar da Bia, conseguiu por causa do Cebolinha, mas Xaveco não soube aproveitar pelos seus deslizes. Xaveco foi muito bobo, empolgou-se tanto nas brincadeiras que esqueceu que Ceboleia era o Cebolinha e estragou o plano que já tinha dado certo, já estava quase namorando a Bia. Xaveco se apaixonou e como não poderia namorar o Cebolinha, teve que revelar que era um plano. 

Interessante que mais uma vez apanharam de uma menina, não levaram surra da Mônica, mas da Bia, pois não gostou de ser enganada. De alguma forma tem que apanhar de alguém nessas histórias de planos, só que não se deram tão mal por completo. O plano contra a Mônica que o Cebolinha queria que o Xaveco participasse e condição de ajudar no namoro do Xaveco e Bia acabou desistindo por terem se apaixonado por ela.

Mônica ficou bem compreensível e prestativa nessa história com pena e fazendo curativos nos meninos no lugar de uma enfermeira de verdade, não à toa que se apaixonaram por ela. Um certa descaracterização da Mônica, poderia apenas levá-los para a enfermaria para enfermeira cuidar, não ela. Poderia até terminar também na página anterior com a Bia dando surra neles, mas quis ter uma presença da Mônica, não apenas ser citada. Nas histórias do Parque, Mônica costumava sempre aparecer, nem que fosse em aparições rápidas, foram poucas que ela não apareceu.

Foi mostrado que Xaveco se apaixona e desapaixona fácil, se apaixonou por 3 na mesma história, e vimos que Bia era menina fácil de conquistar, era só ir direto. No primeiro convite direto do Titi, aceitou sair com ele, se Xaveco fosse mais rápido e não caísse na lábia de poesia do Cebolinha já teria a conquistado na primeira tentativa. Titi também não perde uma, primeira menina que vê  já dar em cima, Aninha foi rápida em descobrir a traição do namorado e tirar o barato dele.

Não teve coerência o Xaveco se assustar com o Penadinho logo de cara ao entrar na "Tumba do Penadinho" e depois se assustar com a transformação do Lobisomem e fazer escândalo no Parque por causa disso, como se Xaveco nunca tivesse ido no brinquedo do Parque e ele sempre estava lá assim como os outros personagens. Xaveco mais uma vez sendo citado que é personagem secundário que faz ponta nas histórias dos outros, e foi até um motivo de se apaixonar pela Ceboleia de ter dito que é personagem secundário. Xaveco e Denise passaram a ter mais destaque por causa do Emerson, mas sempre frisando em algum momento que eles eram secundários, bem repetitivo.

Histórias do Emerson eram marcadas pelas tiradas e algumas de destaque engraçadas nessa foram as de Cebolinha reconhecer que quem participa seus planos é trouxa e que seus planos são horríveis ao comparar com a rima do Xaveco, a gargalhada e o deboche de logo Cebolinha que não ganha nenhuma menina como tem capacidade de ajudar alguém, Xaveco achar que iria para pescaria quando Cebolinha disse sobre minhocas suculentas, Xaveco dizer que só não é capaz de fazer coreografia da "Britinei Espirro" (Britney Spears) com caixa de ovos na cabeça por já ter feito isso antes, Cebolinha falar que Xaveco é "homem corajoso" e logo depois ele se assustar com o Penadinho, Ceboleia perguntar pelo gatão do Cebolinha e que era ele mesmo.

A Bia apareceu só nessa história, como de costume de personagens criados para aparição única. É incorreta atualmente por ter namoro e paquera entre crianças, traição do Titi, meninos aparecerem surrados e com olhos roxos, além de palavras, gírias e expressões populares proibidas como "caió", "jacu", "dar a língua nos dentes", "precisar de minhoca suculenta para fisgar o maior peixe". Tiveram erros de Xaveco falar com língua de fora no 1º quadro da página 10 do gibi e formato do nariz em "^" no 2º quadro da página 14 do gibi.

Os traços ficaram bons, ainda no estilo dos anos 1990. Não teve caretas, características de histórias escritas pelo Emerson, só personagens saltitantes e debochados e as linguinhas de fora marcantes nas histórias do Emerson não foram com tanta frequência, só em alguns momentos. As caretas em exagero ficaram mais frequente ao longo dos anos 2000 em diante. O cabelo da Bia pareceu com a da Denise, principalmente na capa da revista, apesar da Denise já ter aparecido com cabelo assim algumas vezes, mas só ficou em definitivo em 2002.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Magali: HQ "À beira da falência"

Mostro uma história em que a Magali foge de casa pensando que dá prejuízo financeiro para os seus pais por comer demais. Com 6 páginas, foi história de miolo de 'Magali Nº 21' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Magali Nº 21' (Ed. Globo, 1990)

Magali acorda ouvindo o seu pai conversando com a mãe que vão precisar fazer cortes, só em alimentação foi gasto um bilhão de dólares este ano, vão à falência desse jeito e vão precisar fazer outro empréstimo para pagar os juros das dívidas. Magali deduz que estavam falando dela, fica triste que não pensava que dava tanto trabalho para os pais e resolve fugir de casa. Dona Lili pergunta se a filha não vai tomar café, Magali diz que está sem fome, Seu Carlito fala que começa a ter esperança e Magali foge mais triste ainda, sem ouvir "Também com essa eleição...".

Na rua, Magali se esbarra com a Mônica, conta que está fugindo de casa porque o pai gastou alguns bilhões com ela e pergunta se pode ficar na casa da Mônica por uns tempos. Ela fica sem graça, tenta dar desculpa que não e Magali diz que vai se virar, não nasceu quadrada. No caminho, ouve dois homens comentando que foi absurdo e lamentável que foram 21 bilhões de dólares e ela acha que o pai espalhou notícia para todo mundo e ainda aumentam e que nunca mais vai saber encarar seus amiguinhos e que é o fim.

Magali vê que levou só uma banana na trouxa, come e fica com fome. Olha para o menino comendo sanduíche, que cai no chão. Depois fica olhando um casal comendo no restaurante no lado de fora, o homem não gosta e o garçom a expulsa de lá. Magali desmaia de fome, Seu Carlito aparece e ela diz que os problemas dele acabaram, que ouviu falando com a mãe que ia à falência por causa dela. Seu Carlito ri, diz que estava lendo o jornal e que a filha foi a melhor coisa que teve na vida. No final, voltam para casa, Seu Carlito não come, fica só assistindo a Magali comer.

História legal em que a Magali ouve conversa dos seus pais que foi gasto bilhões de dólares com alimentação e que está á beira da falência e Magali pensa que estão endividados por causa da comilança dela e foge de casa para não dar mais problemas para eles. Só que passa fome por não ter levado comida e desmaia na rua, o pai encontra e explica que foi só notícia do jornal que estava lendo.

Tem gente que se pergunta de quanto Magali gulosa dá prejuízo para os pais, como conseguem sustentá-la e vimos que isso já foi retratado em história. Realmente do jeito que a Magali ouviu, dava para pensar que foi com ela, ouviu conversa pela metade e não viu o pai com jornal e tudo coincidia como o pai ter esperança que a gula ia acabar quando disse que estava sem fome e os homens que diziam que foram 21 bilhões. A verdade bilhões de dólares era o valor gasto no Brasil, enfrentando inflação exorbitante e dívidas externas. Magali nem imaginava que era isso, sentia culpa por ser gulosa e já pensou que era com ela por não ter ouvido o papo completo. Apesar de dar um certo prejuízo para os pais por comer demais, mas também não seria nesse nível de bilhões de dólares. 

O final foi bonito, mesmo sabendo que a Magali dá prejuízo, o pai sempre vai achar a filha a melhor coisa da vida, não importa quanto gaste com a comilança dela, sempre vai amá-la e é satisfação vê-la feliz comendo. Esse seja um motivo dos pais atenderem todas as vontades dela, nunca terem repreendido a gula Magali, não terem levado para terapia e sempre compravam tudo que ela queria comer e fazerem banquetes em casa. Sempre era bom ver a inocência das crianças diante dos problemas de adultos, nem ter noção quanto vale um bilhão, como nem ter noção quanto vale bilhão. 

Foi engraçado a Magali achar que precisava de tesoura para cortar falência, dar desculpa que estava sem fome e coincidir a fala do Seu Carlito que começa a ter esperança que a gula da filha ia acabar, Mônica dizer que tudo que tem "ão" é grande e não querer que a Magali dê prejuízo na casa dela não querer, coincidência dos homens que Magali deu prejuízo de 21 bilhões, o olho grande da Magali fazer cair o sanduíche do menino e ela ser expulsa do restaurante e desmaiar de fome pensando que morreu.  

A inflação no Brasil era assustadora na época e tinham esperança que ia melhorar depois da eleição para presidente que iria acontecer, a primeira após a Ditadura Militar. Provavelmente foi roteirizada em 1989 em época de campanha eleitoral e conseguiram encaixar só nesse gibi de 1990, por isso de citarem sobre eleições no papo. 

Incorreta atualmente por ter assunto adulto de economia que povo do politicamente correto acha que não é apropriada para crianças, Magali fugir de casa e ser colocada como filha que dá prejuízo aos pais,  além de implicarem com expressões populares de duplo sentido como "a situação está preta" e "não nasci quadrada", Magali com tesoura com pontas na mão e não duvido que implicariam também com jornal, que apesar de ainda existir hoje, quase ninguém compra mais.

Traços ficaram bons típicos de histórias de miolo de final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Essa revista teve terrível etiqueta de preço por causa da mudança inesperada de moeda no Brasil de Cruzado Novo para Cruzeiro em março de 1990 e precisaram colocar etiqueta com a moeda Cruzeiro atualizada em última hora. Há versão sem etiqueta e com o preço em Cruzado Novo que seria do primeiro lote e esse exemplar foi do segundo lote. Não gostava dessa etiqueta era bem grande atrapalhando o visual da capa. Aconteceu isso também nas edições de 'Cascão Nº 84' e 'Chico Bento Nº 84' da primeira quinzena de abril de 1990.