Mostro uma história em que o Cascão resolve viaja em uma máquina do tempo para descobrir se no futuro as pessoas não tomam mais banho. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 23' (Ed. Globo, 1987).
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Capa de 'Cascão Nº 23' (Ed. Globo, 1987) |
Cascão chega na festa da casa do Cebolinha e pergunta qual menina vai dançar primeiro com ele e todas recusam. Cascão acha que são umas chatas e Cebolinha diz que é por causa do mau cheiro dele que faz qualquer um fugir, que desde que ele chegou, a festa mudou para o outro lado da sala e ameaça que ou ele toma banho ou não participa da festa dele.
Cascão vai embora, dizendo que é uma escolha fácil, chama todos de caretões e atrasadões e que no futuro ninguém mais vai tomar banho, todos vão aderir a sujeira. Na rua, Cascão finge que não liga, mas acaba chorando dizendo que está a um passo na frente da época deles, no futuro banho será coisa ultrapassada e queria ir para lá, mas não inventaram máquina do tempo.
Enquanto isso, um cientista inventou máquina do tempo que quer testar no seu assistente, Raide, que recusa porque é bobo, mas não é louco. O cientista vê o Cascão no lado de fora e convida para testar a máquina do tempo e Cascão aceita na hora. O cientista diz que é só escolher a data no disco e apertar o botão. Cascão fala que quer ir para o futuro, aperta o botão e some. O cientista imagina as maravilhas que o Cascão vai contar quando voltar e o Raide complementa, se ele voltar.
Cascão vai parar na Pré-História, pensa que está no futuro, acha tudo bonito e está louco para encontrar alguém que não tome banho como ele. Um tiranossauro o persegue, Cascão foge, achando que o futuro era esquisito e fica encurralado ao ficar de frente à montanha. Dois meninos pré-históricos salvam Cascão, que descobre que estava na Pré-História e tenta conversar com eles se ali não tem chuveiros terríveis que soltam água.
Os meninos não entendem o que ele fala, mas ao ouvirem "Chuá! Chuá!", carregam o Cascão para o rio para dar banho nele. Jogam o Cascão, que aperta o botão da máquina do tempo e consegue se livrar do banho e indo parar na França do século XVIII. Cascão caminha um pouco, sente um cheiro parecido com o dele e pergunta para um homem e costumam tomar banho. O homem responde que todos tomam um banho a cada 5 anos.
Cascão fica feliz que são quase iguais a ele. O homem fala que não são sujos, usam os melhores perfumes do mundo, uma gotinha e todos já ficam cheirosos. Cascão fica enjoado com o mau cheiro misturado com perfume, não aguenta e aperta o botão para ir para outro lugar. Vai parar no dia 24 de março de 2328, e descobre que finalmente está no futuro e vai correndo confirmar sua teoria que em mundo evoluído ninguém toma banho.
Cascão encontra um grupo de crianças, diz que veio do passado e pergunta se têm péssimo hábito de tomar banho. Eles falam que nunca, que isso era caretice, coisa de tataravós deles. Cascão fala que vai buscar as coisas dele e se mudar para lá, a humanidade evoluiu e quer saber desde quando acabaram com o banho. Eles respondem depois que inventaram o desbacterizador, aparelho que absorve toda a sujeira e bactérias do ar. Contam que são limpíssimos, não há um grão de poeira no mundo todo, tudo brilha e com cheiro agradável de limpeza.
Cascão lamenta que não tem mais depósito de lixo, nem lama, nem poluição, eles falam que só em fotos de museu de História e que a única coisa suja ali é ele e querem levá-lo até o desbacterizador da casa deles. Cascão diz que está bem assim, melhor voltar para a época dele, aperta o botão da máquina do tempo, achando o futuro uma decepção.
Cascão volta onde estavam os cientistas, fala que achou o futuro uma droga e o passado também e vai embora sem deixar relatório e, assim, o cientista tenta o Raide testar a máquina do tempo. Cascão volta para a festa do Cebolinha para ver se ainda o aceitam e fala que promete tomar banho daqui a 100 anos. A turma toda está com máscara no rosto, Cascão foge desesperado pensando que está no futuro e Cebolinha lamenta que não entendeu, que esse era o jeito que arrumaram para aguentar o cheirinho dele.
História engraçada em que o Cascão é rejeitado pelos amigos em uma festa e encontra cientistas que criaram máquina do tempo e aceita entrar nela para confirmar sua teoria que no futuro as pessoas são mais evoluídas e não tomam banho, só que antes, ele volta para o passado por ter colocado datas erradas na máquina. Primeiro vai para Pré-História e descobre que eles tomam banho. Depois na França do século XVIII descobre que eles tomam um banho só a cada cinco anos só que o cheiro de perfume misturado com mau cheiro fica insuportável. Chega no futuro, descobre que não tomam banho e usam um desbacterizador, mas se decepciona ver tudo limpo e não ter mais sujeira na Terra.
Foi legal sua ida para o passado por engano, passou sufoco na Pré-História com o tiranossauro e pior ainda para ele que quase tomou banho no rio se não fosse rápido para acionar a máquina do tempo. Vimos que onomatopeia "Chuá! Chuá!" é uma linguagem universal porque os meninos pré-históricos entenderam que se tratava de água. E na França até seria bom não tomar banho, pena que cheiro de perfume no ar lhe deu enjoo.
A turma não agiu bem com ele, mau cheiro do Cascão em local fechado e ainda suando se dançasse com as meninas ninguém suportaria. Se fossem amigos melhores, podiam deixá-lo na festa aturando o mau cheiro, quiseram privilegiar os narizes deles, apenas. Teve a opção de usarem máscaras, Cascão pensava que estava no futuro, foge e ficou excluído da mesma forma. Cebolinha também podia não deixar porta de casa aberta, qualquer um podia entrar.
Foi engraçado o cientista achar que é loucura testar sua própria invenção e até o assistente burro sabe que é coisa de louco, o assistente sentindo cheiro do Cascão acha que o frasco de alguma fórmula química deve ter quebrado e Cascão dizer "Mais uma dessas, fico descadeirado!" quando caía forte de bunda no chão de outras épocas que vai tomar banho daqui 100 anos.
Não custava o Cascão fazer o relatório do que viu no passado e no futuro, aí força o cientista a procurar outra pessoa para entrar na sua máquina. O cientista não teve nome revelado, só o seu assistente Raide. Apareceram só nessa história, normalmente em cada história era cientistas diferentes e de aparições únicas. Com esses dois, se quisessem, podiam voltar com outros personagens testando a máquina do tempo dele.
O futuro nos gibis sempre retratado inspirado no desenho animado "Os Jetsons", ainda mais nessa que Cascão foi parar no ano 2328. Teve uma certa previsão do Cascão achar que no futuro todo mundo iria usar máscaras e acabou acontecendo de verdade entre 2020 até parte de 2022 por causa da COVID-19. E ficou uma questão no ar de como será o mundo no século XXIV, será que realmente as pessoas não vão tomar banho e usarem desbacterizadores para se limparem? Quem sabe foi uma profecia do estúdio. Como tem tantos problemas de secas, falta de água, no futuro podem buscar uma alternativa para substitui-la e continuarem sobrevivendo, fora ser solução para faxinas e poluição do mundo.
Ficou claro que não era festa de aniversário do Cebolinha, apenas uma festa organizada por ele para reunir os amigos e dançarem, era muito comum nos anos 1980 histórias com personagens fazendo festa sem motivo especial. Incorreta atualmente por causa de Cascão fazer apologia à sujeira, depósito de lixo, lama e poluição, o desprezo dos amigos com o mau cheiro do Cascão, autonomia de crianças organizarem festa, além de palavras proibidas e de duplo sentido como "louco", "gozado", "sapeada" e "droga".
Traços muito bonitos e encantadores, com direito do Cascão com cabelo deixando nítido que era impressão digital. Traços assim ficaram até em 1989. As cores desbotadas, típicas do segundo semestre de 1987. Tiveram erros faltar tijolos abaixo da janela no primeiro quadro da página 5 do gibi, de Cascão com língua branca no penúltimo quadro da página 10 do gibi e esqueceram do balão do menino de cabelo castanho falando "Chuá! Chuá!" no quadro seguinte da mesma página. Propaganda inserida foi estilo na lateral direita, dessa vez do lápis "Labra" em só uma página.