quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Chico Bento: HQ "Tomando conta da classe"

Em janeiro de 1995, há exatos 30 anos, era lançada a história "Tomando conta da classe" em que o Chico Bento fica encarregado de tomar conta dos seus amigos enquanto a professora Marocas precisa sair da aula, causando muita confusão. Com 11 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 208' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Chico Bento Nº 208' (Ed. Globo, 1995)

Professora Marocas chega na sala de aula com os alunos fazendo bagunça, ela dá bom dia, manda todos fazerem silêncio e que deviam se comportar como o Valmir, o exemplo da classe. Marocas começa a dar aula e é interrompida por uma funcionária da escola e em seguida Marocas avisa a classe que aconteceu uma emergência e pergunta qual aluno vai tomar conta da classe enquanto ela sai por um tempo. Antes do Valmir se oferecer, Chico sai na frente e Marocas deixa o Chico como representante.

A classe gosta que o Chico salvou do chato do Valmir e começam a fazer bagunça. Chico manda todos fazerem silêncio, diz que a professora confiou nele, é uma tarefa importante e não vai decepcioná-la, vai ajudá-la a tomar conta da classe. Chico faz a chamada se cansa que é nome que não acaba mais e pergunta se quem faltou levanta a mão.

Chico fala que vai começar a aula. Valmir questiona que ele não sabe nada, como pode querer ensinar alguma coisa. Chico dá um ponto negativo para o Valmir por desrespeitar autoridade. Valmir grita que ele não pode fazer isso e Chico acha que tem razão, vai dar dois pontos negativos e conta que ele sabe das plantas, das pedras e dos bichos.

Chico desenha algo no quadro e pergunta para a turma o que é. Eles não acertam e Chico diz que é uma goiaba. Valmir protesta, goiaba não tem aquela pontinha. Chico explica porque está bichada, diz que não sabem diferenciar goiaba boa de bichada e pergunta para o Valmir como se consegue goiaba bem gostosa. Valmir responde que a gente planta, cuida, rega e quando der frutos, colhe. Chico acha muito trabalho, dá zero em esperteza e responde que é mais fácil pedir emprestada no pomar do Nhô Lau.

Zé da Roça dá gargalhada e diz que é para acabar com o metido do Valmir. Chico dá zero em comportamento para o Zé da Roça. A classe protesta, acha que já está abusando, Chico fica invocado e dá uma prova para eles. Manda arrancarem uma folha do caderno e faz todos trocarem de lugar, mudarem posições das carteiras e Valmir ficar em cima do lustre para ninguém colar.

A prova consistiu de uma só questão: contar a História do Brasil desde o Descobrimento até hoje. Os alunos começam a fazer a prova e logo depois Chico dá tempo esgotado e ele comemora que vai ter um festival de zeros. A classe acha palhaçada, ele não é professor deles. Chico diz que a professora mandou tomar conta da classe e eles não vão ficar contra ela. Diz que enquanto a professora não volta, ele é o dono da classe, das carteiras, das cortinas, da mesa, da lousa, dono do mundo e dono de tudo.

Chico começa a dar ordem em todo mundo para apagarem lousa, colocarem carteiras no lugar, varrerem chão e Julinha coçar as costas dele. Valmir fala que ele está maluco e Chico manda ficar de castigo no canto da sala. Reclama com o menino que está respirando alto demais e dá um ponto negativo. Professora Marocas volta, Chico reclama que está interrompendo a aula e manda sair fora. 

Marocas vê como está a sala e faz cara de raiva para o Chico. Depois, Marocas diz para a classe que o erro foi dela de não dizer ao Chico o que podia ou não fazer na ausência dela e que os zeros e pontos negativos estão anulados. Em seguida, a funcionária volta, dizendo que o gato subiu na árvore outra vez. Marocas fala que vai ter que se ausentar de novo e pergunta que vai ficar tomando conta da classe. Antes do Chico se pronunciar, a turma grita que são todos eles e Zé da Roça fala que a professora pode sair sem susto, são eles que vão tomar conta do Chico.

História legal em que a professora Marocas precisa se ausentar da sala de aula e deixa o Chico Bento tomando conta da classe só que ele pensa que é um professor e passa a mandar em todo mundo e até dar aula e prova. Ele só ameniza quando a professora Marocas volta e quando ela precisa sair de novo é a classe toda que resolve tomar tomar conta do Chico para não aprontar de novo.

Chico confundiu tomar conta da classe com ser professor no lugar, era só para fiscalizar para não fazerem bagunça. Achou responsabilidade grande e não queria decepcionar a professora. Ficou autoritário, sem didática, inclusive querendo ser chamado de "senhor Chico" e dar ponto negativo só porque o menino respirou alto. Os alunos sofreram com ele, por isso fizeram questão de ficarem tomando conta dele no final. Uma irresponsabilidade da Marocas ter deixado o Chico tomando conta da classe, o certo era a classe ter um aluno representante fixo ou ter deixado um funcionário adulto da escola na sala que aí não teria acontecido.

Motivo da ausência da Marocas foi seu gato subir na árvore perto da escola, ficou tratado como motivo banal e que ela não cuidou direito do gato, deixando em casa. Foi engraçado o Valmir ser o alvo maior do Chico por ele ser certinho e exemplo da classe, e ser considerado metido pelos alunos. Ficaria tudo bem se o Chico não resolvesse aprontar pesado também com o resto da classe. 

Divertido também Chico dizer na chamada que quem faltou levanta a mão, dando zero  e pontos negativos para os outros, desenhar goiaba bichada e dizer que mais fácil pegar as goiabas do Nhô Lau do que plantar, dar prova de questão única, mandar todos carregarem carteiras, varrer, coçar e abanar costas dele, Valmir dizer que como o Chico vai ensinar se não sabe nada das matérias. 

O Valmir só apareceu nessa história, como de costume de figurantes criados para aparições únicas. Rosinha não costumava aparecer muito em histórias na escola, só quando roteiro pedia, aí da turma principal apareceram só o Zé da Roça e o Zé Lelé, os demais também figurantes de aparições únicas. 

Teve homenagem ao filme "O grandes Ditador", de 1940, com Charles Chaplin e à abertura da novela "O Dono do Mundo" de 1991 da TV Globo na cena do Chico com o globo terrestre e dizer que vai se tornar o dono do mundo. Era comum histórias de Chico na escola em janeiro, mesmo sendo período de férias escolares. Não tinham um padrão, colocavam histórias na escola em qualquer época do ano, quando conseguiam encaixar no gibi.

Os traços ficaram muito bons, típicos dos anos 1990. É incorreta atualmente por mostrar Chico agindo como professor sem ser na verdade e agir pesado com os amigos da classe com constrangimentos, chegando até explorá-los com trabalho de carregar carteira e varrer sala e Valmir de castigo no canto da sala com chapéu de burro, irresponsabilidade da professora de deixar uma criança tomando conta de outras crianças, mostrar uma classe bagunceira. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Tirinha Nº 111: Mônica

Nessa tirinha, o Cebolinha tenta pegar o Sansão na rua, Mônica grita para ele não pegar o coelhinho dela, só que estava em uma consulta médica na hora e o médico fica atordoado com o grito que a Monica deu enquanto verificava os batimentos do coração dela. O grito foi tão forte que acelerou o coração e como se tivesse estourado o tímpano do médico ao ouvir as batidas no estetoscópio. Mônica também não devia deixar o Sansão na rua enquanto estava no médico, se tivesse com ela, nada disso acontecia. Talvez foi um teste para ver se alguém pegava se visse o Sansão sozinho

Tirinha publicada em 'Mônica Nº 26' (Ed. Globo, 1989).

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

HQ "Cascão de férias"

Mostro uma história em que o Cascão foi passar férias em um deserto e um Diabo que vivia lá implorou que desse água para ele. Com 11  páginas, foi história de abertura publicada em 'Almanaque do Cascão Nº 4' (Ed. Abril, 1981).

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 4' (Ed. Abril, 1981)

Escrita e desenhada por Mauricio de Sousa, Cascão chega no local que o homem da agência de viagens disse com nenhum lago à direita, nenhum oceano à esquerda, nem uma nesguinha de nuvem no céu. Acha qão tem mais o que querer, é o lugar que pediu a Deus pra tirar férias. Um diabo ouve e diz que tudo bem elogiar o lugar, mas não precisa mencionar o nome de Deus.

Cascão se assusta ao ver o Diabo, manda ir embora, não estava no programa da agência de viagens. O Diabo diz que é uma agência mixuruca, deixar de explorar uma atração turística como ele. Cascão pergunta se ele é um Diabo de verdade e ele responde que só sendo um diabo pra viver em um inferno como aquele. Cascão manda desaparecer, não está acostumado a conversar com Diabos e ele que responde que se pudesse sumir dali, não estaria em uma porcaria de lugar.

Cascão pergunta o que tem contra aquele lugar, é tão legal que escolheu passar as férias ali. O Diabo fala que é esperar o Sol começar a esquentar os miolos e implorar por água. Cascão manda não falar esta palavra e que nunca vai sair implorando por água. O Diabo acha que o Sol começou a esquentar miolo do Cascão e que ele em pleno gozo das faculdades mentais dele, daria o reino por um litro de água gelada e pergunta se ele tem um pouco de água no embornal.

Cascão diz que ele é o Cascão, dá ordem que estão conversados, quer curtir as férias sequinhas no canto dele e que o Diabo fique na dele. Era só o que faltava de cair justo e um inferninho de um pobre diabo morto de sede. Só quer curtir o calorão gostoso, o arzinho seco e a falta de água.

O Diabo choraminga, primeiro diz que soluçou  e depois, que estava pensando de novo em um copinho de água gelada. Cascão reclama que não pode curtir férias secas com ele assim. O Diabo diz que vai tentar não lembrar da sede de um milhão de anos. Cascão manda não exagerar e o Diabo diz que na verdade são quatro milhões de anos que não bebe água.

Cascão se espanta e pergunta se esse tempo todo também sem banho e nada. Cascão pede autógrafo, dizendo que o Diabo vai ser o ídolo dele a partir de agora e que é mais formidável que o Capitão Feio, imagine 4 milhões de anos sem banho. O Diabo diz que é fácil de imaginar com esse cheiro de enxofre por causa do jejum de água.

Cascão pergunta se ele não experimentou um desodorante ou perfume para homem, diz que sempre leva um desodorante senão nem ele próprio o aguenta, é uma das maiores invenções da humanidade. O Diabo coloca o desodorante e se transforma em uma nuvem, a sua forma original. Diz que o Cascão fez um grande favor, o perfume o fez ficar feliz e parar de pensar como diabinho, nenhum ser feliz e contente poderia ter a forma que tinha e agora pode voltar à antiga casa e nunca mais se queixar dela, não quer ser mais condenado a viver em um local seco e calorento como aquele, é tudo que sonhava e dar adeus. 

Cascão vai embora e vai até a agência de viagens e o atendente não entende da queixa do Cascão do plano de viagem que sugeriram, devolveu o saquinho de viagens e um tubo de desodorante e contou história de um diabinho que virou nuvem.

História legal em que o Cascão viaja de férias para um local deserto, seco e sem água e encontra um diabo morto de sede que queria que o Cascão desse água para ele. Cascão reluta afirmando que detesta água e nunca andaria com uma garrafinha e tenta ajudar o Diabinho entregando um desodorante pra disfarçar o cheiro de enxofre. Aí ele se transforma em nuvem, a sua forma original, e vai embora feliz prometendo nunca mais reclamar da casa antiga dele. Cascão desiste das férias e reclama com o homem da agência de viagens do plano que sugeriu.

A nuvem saiu do seu habitat porque achava que não era um bom lugar e foi parar em um deserto seco e calorento e acabou se transformando em um diabo. Teve azar de encontrar justo o Cascão que odeia água e não tinha uma garrafinha e nem queria ajudar alguém morto de sede, sorte da nuvem que o desodorante tinha certo líquido e perfume bom que ajudou a voltar a sua forma normal senão ficaria condenada a viver lá para sempre. Aprendeu lição que não devemos reclamar de onde vivemos, sempre valorizar onde mora, porque podemos encontrar algo pior se sair de onde está. 

Se o Cascão estava incomodado com o Diabo, era só ir em outro local do deserto longe dele e curtir a sua viagem em paz. Estava na cara que não era um diabo, senão  ia gostar de calor e seca da região Como era um local quente que se parecia um inferno, aí a nuvem se transformou em diabo. Cascão era muito egoísta, só porque não gostava de água, ninguém poderia também ter contato. Não à toa que viajou para um local como aquele, se deslumbrou que o diabo não bebia água nem tomava banho há 4 milhões de anos e tinha ídolos como diabo e o Capitão Feio.

Era legal a autonomia das crianças de viajarem sozinhas, sem ter questionamentos do tipo de com que dinheiro conseguiu pagar passagem de uma agência de viagens, como pais deixaram viajar sozinho ou se ele fugiu de casa, tirar férias de quê se ele nem estudava nem trabalhava, apenas acontecia as coisas e pronto, assim que era bom.  Legal ele viajar a pé só com uma trouxinha. Vimos que o Cascão aguenta seu cheiro por causa de desodorante senão nem ele mesmo aguentaria e enquanto a palavra proibida para o diabo é Deus e para o Cascão é água, boa analogia. E engraçado o Cascão dizer que não se fazem mais desodorantes como antigamente.

A história apesar de ser de 1981, teve estilo de anos 1970. Seguiu o estilo do Mauricio de Sousa com ar filosófico, transmitir mensagem, até as crianças ficavam mais filosóficas, linguagem mais formal com palavras difíceis como "nesguinha", "embornal", "formidável". A cena do Cascão com rosto virado no 3º quadro da 4ª página da história (página 7 do gibi) indica que é história do Mauricio. Os traços ficaram bons, mas com um estilo do Mauricio de bochechas mais pontiagudas e que não estavam mais com desenhos assim em 1981. Não duvido que foi uma história arquivada há algum tempo e depois resolveram colocar neste almanaque.

Teve erro do Cascão falar de boca fechada no primeiro quadro da 6ª página da história (página 9 do gibi). Incorreta atualmente por ter diabo, Cascão fazer apologia que água não é bom a ponto de ter Diabo e Capitão Feio como ídolos e ainda ser egoísta em deixar o Diabo/ nuvem com sede para prevalecer seu ideal, a autonomia de Cascão viajar sozinho, os absurdos mostrados, mencionarem nome de Deus, palavra "gozo" é proibida hoje nos gibis, assim como expressões populares e de duplo sentido como "pobre" no sentido de "coitado", "morto de sede", "tempo pacas", "tempo pra chuchu", etc.

Essa foi a única história inédita deste almanaque, as demais foram republicações de histórias com participação do Cascão que saíram em gibis da Mônica e do Cebolinha entre 1973 a 1975. Foi também a única da edição envolvendo tema de férias já que não tinham histórias solo do Cascão até 1976 suficientes  para republicações até então, muito menos com temáticas de férias. Teve um caderno de 10 páginas de passatempos para ter ideia de férias e preencher páginas na falta de histórias para republicar. E nunca foi republicada até hoje como todas as histórias inéditas em almanaques da Editora Abril, aí se torna bem rara hoje e só quem tem esse Almanaque do Cascão Nº 4 que a conhece.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Mingau: HQ "Férias de um gato"

Mostro uma história em que o Mingau viaja junto com a família da Magali de férias e fica todo estressado por isso. Com 15 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 80' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Magali Nº 80' (Ed. Globo, 1992)

Mingau afia as unhas na almofada e dorme. A família vai em direção ao carro para viajarem e Magali pega o Mingau, dizendo que quase iam esquecer dele e Seu Carlito fala que bem que podiam ter se esquecido do gato. 

Magali põe cinto de segurança no Mingau, que se dá conta que entrou em um carro e lembra de que só o colocam no carro para levá-lo a lugares terríveis como tomar injeção do veterinário ou ir a casa das primas terríveis da Magali, a Júlia e a Juliana. Só que percebe que nunca saíram todos juntos e nem levaram tantas tranqueiras, até a tigela dele foi e pensa que estão de mudança.

Mingau pergunta para Magali por que vão se mudar de casa, gostava da outra, mas naturalmente Magali não escuta. Mingau diz que espera chegar logo porque o balanço do carro faz sentir algo esquisito. Magali vê o gato verde, pergunta para o pai se demora muito pra chegar e a mãe manda afrouxar o cinto para ver se melhora.

Mingau diz que sente enjoo, dor de cabeça e vontade de fazer xixi. Anda por baixo dos bancos do carro, vê só carpete e diz que precisar sair dali imediatamente. Mingau sobe na cabeça do Seu Carlito enquanto dirige, Dona Lili tira o gato e manda ficar quieto. Mingau mija dentro do carro, a família sente o cheiro e precisam parar o carro para limpá-lo.

Depois de limpo, voltam para o carro, Mingau pergunta se não enjoam andar de carro e acham que estão se mudando de país. Horas depois chegam, mas param na praia para Magali molhar os pés. Magali acorda o Mingau para mostrar o que nunca viu, ele acha que é a casa nova e depois vê o mar e desmaia de susto. Depois voltam para o carro, Mingau, dormindo, sonha se afogando no mar.

Chegam na casa de praia da Tia Zel. Mingau fala que eles são loucos de se mudarem para um fim de mundo, mas depois daquela água, qualquer lugar deve ser maravilhoso. Quando abre a porta, são recepcionados pela Tia Zel e as primas Julia e Juliana, que esticam o Mingau, disputam quem vai brincar com ele. Dona Lili avisa que as meninas vão poder brincar com ele todos os dias e Mingau se esconde debaixo da geladeira. Dona Lili diz que depois ele sai e todos vão se arrumar para irem à praia.

Mingau começa a relatar no seu diário como foram os dias na casa de praia. Sempre no refúgio debaixo da geladeira, vê a agitação de pés todas as manhãs, cheios de sacolas e meio pelados, e aí aproveita para esticar as pernas com segurança. Na hora do almoço, o barulho alerta que estão voltando, se esconde debaixo da geladeira, vê todos vermelhos, sujos de areia e suados, porém felizes, e acha que estão pirando.

Dormem a tarde inteira, mas é arriscado sair porque uma das gêmeas podem estar acordada. À noite brincam, inventam jogos e de madrugada, todos caçam mosquitos, inclusive ele. Uma vez tentou fugir, mas tinha um cachorro guardando a casa e acha que definitivamente lá não é o paraíso dos gatos e se pergunta se vai ficar o resto das sete vidas dele debaixo de uma geladeira, só que acha que hoje está um ar meio diferente, mais silencioso.

No lado de fora, Magali e os pais se despedem da Tia Zel e as primas e eles também vão partir. Esquecem do Mingau e Magali vai buscá-lo debaixo da geladeira. Seu Carlito fala que podiam esquecer o gato lá e Mingau diz que já assistiu a esse filme.

Durante a viagem de volta, transcorre sem problema, só uma paradinha depois do Mingau mijar no carpete do carro. Chegam em casa, Mingau fica feliz por ver sua casinha, seu pratinho, sua almofada e seu banheiro e, então, finalmente deita na almofada, decretando as suas férias.

História legal em que a família da Magali viaja de férias para uma casa de praia e levam o Mingau junto, tirando todo o sossego do gato, desde a viagem já sofreu e piorou quando realmente chegaram no destino. Só conseguiu sossego quando retornou para a sua casa e aí assim tendo as suas próprias férias.

O Mingau pensava que a família estava se mudando para um fim de mundo e que iam morar para sempre lá e para piorar junto com as primas gêmeas da Magali, aí ficou desesperado. Mudou toda a rotina dele que estava acostumado, Magali devia ter levado a almofada dele para sentir menos falta de casa.

Foi engraçado ver o desespero do Mingau no carro pensando que ia mudar de casa, pular na cabeça do Seu Carlito quando queria sair do carro para mijar e fazer suas necessidades dentro do carro, o grande susto de ver o mar e desmaiar e de ver as primas da Magali na casa, ficar debaixo da geladeira quase todo o tempo e ainda caçar mosquitos. Definitivamente passou grande sufoco e estresse nessa viagem da casa de praia.

História mostrou a visão de um bicho de estimação que vai viajar junto com os donos e fica longe do conforto do lar, mudando toda a rotina deles. Na vida real, os donos precisam viajar e não tem com quem deixar o seu pet e acaba levando. O bicho vai sentir falta tanto se saísse para outra casa quanto se deixassem sozinho ou na casa de outra pessoa enquanto viajavam, fica uma situação difícil, com gatos pior ainda, aí tem que deixá-lo de uma forma que fique mais confortável dentro do possível.

Foi bom que mostrou situações de cotidiano de um gato comum, como afiar almofada preparando local pra dormir, só fazer necessidades em um só local, se esconder em um local e ficar lá e só sair quando não tem mais perigo. Ficamos mais próximos de cotidiano dos gatos. 

Tia Zel e as primas gêmeas Júlia e Juliana só apareceram nessa história, como era costume em parentescos da turma. Ficou retratado que a tia era a mãe solteira já que o pai das meninas não apareceu e que a casa de praia o Seu Carlito tinha cópia da chave porque eles saíram por último e ainda voltaram para abrir porta e tirar o Mingau debaixo da geladeira.

Teve absurdo de Mingau escrever diário como se fosse humano, eram engraçados esses absurdos. Na época já estava fixo do Seu Carlito implicar com o Mingau e ser alérgico, espirrando, por isso agiu assim com o gato, até desejando que tivessem esquecido nas casas. Magali não entendia o que o Mingau falava, porém depois nas histórias a partir do final dos anos 1990 só com os dois juntos até dava impressão que ela entendia o que o Mingau falava.

Incorreta atualmente por mostrar o Mingau estressado longe de sua casa e de sua rotina, enjoar ficando verde, ficar debaixo da geladeira tempo todo, família nem deu atenção a ele enquanto estavam na casa de praia, Mingau pular na cabeça do Seu Carlito enquanto dirigia, podendo causar acidente, os pais da Magali sem cinto de segurança no carro, Mingau achar injeção ruim, ser esticado com força pelas meninas, além de palavras e expressões populares com duplo sentido como "louco", "treco", "pegar praia", "não sou de ferro", etc. 

Os traços ficaram muito bons, com contornos grossos, típicos do inicio dos anos 1990. Mingau ficava muito bonito desenhado desse jeito, ficava bem fofinho. Era legal a colorização diferente com tons azuis em pensamentos das personagens. Tiveram erros de Seu Carlito com camisa branca no 5º quadro da 4ª página da história (página 6 do gibi), orelha do Mingau com parte interna branca em toda 12ª página da história, olho direito branco em vez de azul no 3º quadro da última página.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

HQ "Mônica bronzeada"

Mostro uma história em que a Mônica volta bronzeada da viagem à praia e quer compartilhar com seus amigos, que fazem pouco caso. Com 5 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 194' (Ed. Abril, 1986).

Capa de 'Mônica Nº 194' (Ed. Abril, 1986)

Mônica está animada que passou a semana na praia e ansiosa para a turma vê-la com a cor de jambo do seu bronzeado. Encontra Cebolinha e Franjinha, que correm de medo que ela estava queimada de raiva. Mônica diz que não está queimada, está bronzeada. Os meninos tentam voltar a conversa, Mônica quer saber o que eles acharam do bronzeado e falam que está normal, podia ser pior. Mônica o chamam de branquelos e bichos-de-goiaba.

Depois, Mônica encontra Titi e Jeremias, acha que vai abafar e pergunta o que acharam. Admiram que ela já voltou da viagem e falam que ela é a mesma de sempre, os mesmos dentões e cabelos escorridos. Mônica diz que quer saber do bronzeado dela. Titi fala que está um pouco escura, comparada com o Jeremias, até está pálida.

Mônica acha que são invejosos e encontra com o Humberto, que só diz "Hum! Hum!" sobre o bronzeado, mas pela expressão que ele fez, sabe que não gostou. Depois, Cascão chega e diz que ela está linda e pergunta como ficou tão sujinha assim, se passou lama ou fuligem. Mônica diz que está bronzeada e Cascão pensa que logo viu, era bom se fosse verdade. Em seguida, a Magali diz a Mônica está um amoreco. Mônica pergunta se gostou da cor, Magali fala que da cor, da estampa e o short.


Mônica fica chateada que ficou horas a fio debaixo do Sol e até Magali não ligou para o bronzeado e vai para casa e não sai de lá até recuperar a cor natural e ficar igual a todo mundo. Passa uma semana e finalmente Mônica sai de casa e diz quem é que vai fazer piadinhas agora. Para a sua surpresa a turma toda foi à praia e estavam bronzeados, com piadinhas que a Mônica é branquela, parece um fantasma, bicho de goiaba e que seguiram o conselho dela de pegar uma corzinha e ficarem bronzeados e que ela tinha que fazer o mesmo.

História engraçada em que a Mônica quer exibir seu bronzeado para a turma, mas ninguém liga, ou por não perceberem ou acharem que era algo normal e sem importância ou até pensarem que a cor da pele escura era outra sem ser bronzeamento. Mônica desanima e resolve ficar em casa  até a pele voltar a cor normal, só que não esperava que a turma resolvesse ir à praia e ficarem bronzeados. Para quem gosta da Mônica se dar mal foi um prato cheio.

Mônica não teve sorte com os amigos, não conseguiu elogio pelo bronze e ainda virou chacota no final de todos bronzeados, menos ela. Enquanto a história toda a Mônica achavam que eles estavam desatualizados, no final os amigos que acharam isso, dando troco. Mônica foi até boazinha e paciente, nem deu surra neles, pelo menos no Jeremias por ter falado que tinha dentões e no Cascão que a cor dela era por causa de sujeira e fuligem, ela podia ter batido. Na época, ela já não batia por qualquer coisa como era nos anos 1970.

Foi engraçado Mônica chamar os outros de branquelos e bichos de goiaba e no final darem troco, até Magali ir à praia também e sacanear a Mônica. Só Jeremias que não foi provavelmente porque já era moreno. Divertido cada diálogo como Cebolinha e Franjinha acharem que a cor queimada era porque a Mônica estava com raiva de terem aprontado com ela, Humberto desaprovar mesmo sem falar, Cascão achar que o bronzeado era sujeira e Magali elogiar só o top da Mônica sem reparar que a amiga estava bronzeada  no final. A fala do Titi de que a cor da Mônica comparada com o Jeremias estava pálida ainda polêmica, mas não considero nada de mais, Titi queria dizer que ela poderia estar mais escura, o Jeremias até gostou e achou elogio por ter orgulho da cor dele, isso que importa.

Os traços ficaram bons, típico de histórias de miolo dos anos 1980. Impublicável hoje em dia, povo do politicamente incorreto iam problematizar do início ao fim, interpretariam que teve racismo onde não tem, reclamariam do bullying achando ruim quem tem pele branca, tipo um racismo ao contrário, da ideia de crianças se bronzearem prejudicando a pele, de apologia à sujeira do Cascão, Mônica de top na rua com barriga para fora, história sem final feliz para ela, Jeremias desenhado com círculo em volta da boca achando que é chacota com negros. Definitivamente sem chance hoje história assim. Foi republicada depois em 'Almanaque da Mônica Nº 47' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 47' (Ed. Globo, 1995)