No Dia de Réveillon, mostro uma história em que na virada de ano a Dona Morte mandou almas para reencarnação para o passado por causa de um erro do seu computador. Com 13 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 159' (Ed. Globo, 1999).
Capa de 'Mônica Nº 159' (Ed. Globo, 1999) |
Dona Morte chama as almas para a reencarnação, conta para o Penadinho que agora está informatizada, com um computador, pega os dados das almas, joga no programa e vai direto para o setor de reencarnação. João Euclésio e Maria Creozodete foram os últimos a reencarnarem no século XX e a partir de agora serão os do ano 2000, o ano novo que ia chegar.
Um fantasma pega a ficha e que será o primeiro do século a nascer, dia 01º de janeiro de 2000, meia noite e cinco, e mais dois também vão reencarnar no mesmo dia. Dona Morte se despede deles e depois comenta com o Penadinho que o trabalho cansa, pelo menos ela tem a máquina para ajudá-la e Penadinho fala que depois do Frank, é o parafuso que ele mais gosta.
Dona Morte resolve tirar uma folga até o final do dia, quando surge a Dona Cegonha. Dona Morte pergunta se está de folga também e Dona Cegonha responde que deveria, mas ela fica pedindo para fazer cada coisa absurda, mandando almas para reencarnar no passado, aí teve que pedir autorização para São Jorge, São João e São Pedro. Dona Morte acha errado Dona Cegonha mandar alguém de ré, se ela mandou para frente e Dona Cegonha diz que errado é o seu serviço depender da Dona Morte.
Dona Morte confere os dados da alma, tudo certo em nomes, time de futebol, data que bateu as botas e de reencarnação em janeiro de 00. Penadinho fala que o computador está com o Bug do Milênio, Dona Morte diz que o computador é um bandido miserável, ela lhe deu cama, carinho, roupa lavada e a trocou por esse Bug-do-Sei-Lá.
Penadinho diz que Bug do Milênio não é gente nem doença, é falha de programação dos computadores antigos, na hora de passar os dados para o ano 2000, toma os zeros e como se fosse o ano 1900 e pode acontecer também com videocassetes, relógios, micro-ondas. Dona Morte, então, se dá conta que as almas reencarnaram em janeiro de 1900 e vai ao passado com o Penadinho para resgatar as almas que reencarnaram em data errada.
Já em 1900, vão a uma casa que estava uma alma enviada, o casal estranha o bebê ter aparecido lá de repente. Dona Morte se apresenta como a besta das bestas, que não toca campainha, chega sem avisar e que leva o que não pede. A mulher pensa que é avó dela e Dona Morte fala que ela é a Morte. O casal quebra a parede e saem correndo de casa e Dona Morte leva o bebê.
O próximo bebê irá nascer na maternidade Mamãe Feliz, só que a maternidade ainda estava em construção. Dona Morte encontra o bebê em um andaime, que sobe com ele na construção. Ela sobe até lá para buscar e os construtores se jogam dos andaimes com medo da morte. Já o outro bebê estava no carro de leite, consegue buscá-lo e todos voltam ao cemitério em 1999.
Dona Morte manda os bebês marcharem até à Dona Cegonha, entrega as fichas a mão para enviá-los para o ano 2000 e Dona Cegonha diz para ela não complicar na próxima vez. Dona Morte pergunta para o Penadinho o que fazer com o computador que lhe custou uma grana. Penadinho diz que Doutor Frankestóin pode dar um jeito. Dona Morte queria desligar, aperta um botão errado de apagar tudo e acaba apagando cemitério todo e Dona Morte comenta que em 1900 ninguém tinha esse tipo de problema e Penadinho fala para ficar fria, que um dia ela aprende.
História bem bolada e divertida que a Dona Morte sem querer encaminha as almas para serem reencarnadas 100 anos atrás porque o computador interpretou que o final 00 se referia ao ano 1900 e não ao ano 2000. Dona Morte e Penadinho voltam para o passado pra buscar os bebês que estavam em 1900 e, com isso, consegue desfazer a confusão e no final entra em outra confusão ao apagar todo o cemitério ao clicar na tecla do computador que apaga tudo. Já que o bug deu pane no computador, passou a apagar todo ambiente externo em volta ao clicar a tecla DELETE.
Começava informatização de empresas na época e com a Dona Morte chegou a informatização de cadastro de almas que chegavam e que iriam ser reencarnadas no banco de dados do cemitério. Se não tivesse comprado um computador tão antigo e se fosse mais esperta digitalmente, nada disso tinha acontecido. Aliás, um computador de 15 anos naquela época era jurássico, pelo visto Dona Morte não queria gastar muito já que computadores eram caros.
Era legal também rivalidade entre Dona Morte e Dona Cegonha nas histórias, sempre eram divertidas. Vimos que Dona Morte tinha capacidade de viajar no tempo se precisasse, sem precisar de uma máquina do tempo para isso. A viagem ao passado foi boa, as pessoas de 1900 fugiam da morte exatamente como seria atualmente, isso não mudou através dos séculos, teve construção de maternidade Mamãe Feliz lá que seria muito famosa durante o século XX e ainda vemos coisas datadas como carro do leite da Leitaria do Brás que entregava para as casas.
Destaques para várias cenas e tiradas engraçadas como Dona Morte dizer "terrível Ano-Novo", fantasma dizer que o limbo não era um lugar sério, ter time de futebol no banco de dados da reencarnação, Dona Morte tirar folga, como se a Morte descansasse por um momento, tratar computador como uma pessoa e pensar que Bug era outra pessoa por qual o computador a trocou, a forma da Dona Morte se apresentar para o casal em 1900, os bebês marchando, Dona Morte dizer para os bebês irem com Deus e sem demorar para morrerem para voltarem logo para o cemitério.
Tiveram algumas paródias como "Fontasma" (herói Fantasma), "Ispilbergue" (Steven Spielberg), "Charlie Chapis" (Charlie Chaplin). O nome da fantasma Maria Creozedete depois foi aproveitado com a criação da vidente Madame Creuzodete, que se tornou a vidente fixa nas histórias a partir de 2001.
Foi última história da Globo com tema de Réveillon e Ano Novo, depois pararam de fazer histórias com esse tema, deixando só histórias de Natal nos gibis. Na época, histórias da Turma do Penadinho eram mais curtas nos gibis quinzenais do Cascão e mais desenvolvidas nos gibis da Mônica, Cebolinha e Parque da Mônica.
Teve informação errada de que o século XXI iria começar no ano 2000, na verdade foi em 2001, o que poderia ter falado só que seria o primeiro bebê nascido no ano 2000 ou da década de 2000. Ainda assim, matematicamente o correto é uma década começar em anos terminados em 1 e acabar em anos terminados e 0, assim como século e milênio, pelo menos na década fica algo mais popular como até a mídia posta assim.
Foi boa sacada retratar o Bug do Milênio que era um assunto muito comentado pelo pessoal na época com o avanço da tecnologia, que não prestaram atenção na programação de computadores com datas abreviadas em dois dígitos que não conseguiam interpretar anos do segundo milênio e podiam dar pane na virada do milênio.
A expectativa do povo para entrada do ano 2000, também era grande desde pelo menos 20 anos antes, sempre falavam de ano 2000, faziam contagem regressiva para presenciar novos século e milênio, até para citar que algo era ultrapassado e que estavam progredindo, diziam algo como "estamos há x anos para ano 2000 e você ainda com esse pensamento antiquado". Aí, a MSP que sempre gostava de abordar assuntos do momento tinha que fazer história assim de Réveillon para entrada de 2000 e o Bug do Milênio.
Tudo indica que a história foi escrita pelo Paulo Back, é incorreta atualmente por envolver reencarnação, citar nome de Deus e santos, e também não fazem mais histórias sobre Réveillon e Ano Novo há muitos anos, palavra "bandido" é proibida assim como expressões populares e com duplo sentido como "peraí", "bater as botas", "fica fria", etc, computador de mesa com monitor tubo e videocassete são datados e mudariam isso hoje. Os traços ficaram muito bem desenhados assim.
FELIZ ANO NOVO PRA TODOS!!!
Pena que não fazem mais histórias sobre Ano Novo faz muito tempo... Eu tinha esse gibi, tá, confesso. Mas também quero dizer que você vai ter um novo ano de saúde, paz e muita fé, com certeza...
ResponderExcluirUma pena mesmo, devem achar errado crianças festejando Ano-Novo até de madrugada, só isso justifica que não fazem mais histórias assim. Obrigado pelos votos, um feliz ano novo pra você também.
ExcluirE festa de adulto ....aliás esse núcleo do penadinho algo interessante por fugir de ser extremamente infantil
ExcluirSim, Miguel, acredito que essa foi aprovada porque não tinham crianças. A última história com as crianças da Turma da Mônica em festa de Réveillon foi na história de abertura de Cascão 285, de 1997.
ExcluirIsto que dá Dona Morte se meter no que não tem pleno domínio, reencarnações sempre foram da jurisdição de suas antíteses, isto é, são (C)cegonhas que realmente entendem do assunto.
ResponderExcluirLembro bem do frenesi que foi a possibilidade do tal (B)bug do (M)milênio vir a se concretizar.
Pois é, Dona Morte podia deixado tudo pra Dona Cegonha o setor de reencarnações e ficar só no serviço de levar almas par ao cemitério, evitaria de problema assim. Eu também lembro das notícias sobre o Bug do Milênio, eles tinham muito medo disso.
ExcluirO que não entendi é o look diferente da Dona Cegonha nos dois últimos quadros da sétima página (pág.63), um visual tipo praiano, não sei se chega ser erro, no entanto, voltar para o visual anterior no primeiro da oitava (pág.64), tem pinta de erro, salvo se rolou alguma breve supressão cronológica entre os dois últimos e o primeiro da página consecutiva, mas, parece que não. O que ocorre neste sentido é do penúltimo para o último da sétima, e claramente não é erro o tempo suprimido entre um e outro, já a personagem mudar de roupa no terceiro quadro da sequência em questão é que tem cara de erro.
ExcluirO look diferente era para dar ideia que ela estava saindo para folga, só que teve erro no primeiro quadro da pág. 64 porque seria uma sequência da cena anterior. Não acho que teve uma passagem de minutos entre os quadrinhos para dar tempo da Dona Cegonha mudar de roupa, pelas falas foi uma sequência. Nas últimas páginas, quando voltaram da viagem para o passado, aí não teve erro, deu tempo da Dona Cegonha ter mudado de roupa.
ExcluirFaltou a inseparável foice, porém, como não exerce a função pela qual tem total controle, faz sentido a ausência desse artefato.
ExcluirSim, como era não matou ninguém e não estava a serviço de matar, aí vale estar sem a foice, teve coerência.
ExcluirImã das minhas personagens mais geniais do mauricio e a dona morte...um tema complicada teataso de maneira divertida
ResponderExcluirDona Morte era cômica, deixava tudo leve. Eram ótimas as histórias dela.
ExcluirCurioso como que os leitores dos tempos em que a TM clássica prestava, assimilaram bem a figura da Dona Morte... Digo isto porque, embora o fenômeno morte seja natural e, necessário (do ponto de vista de renovação), na cultura brasileira e também nas demais culturas latino-americanas, o tema continua e continuará sendo árido, meio espinhoso, desagradável, coisa e tal. Contudo, penso que Dona Morte deu certo nos quadrinhos por conta do nosso jeito de ser, aí falo em relação a somente nós, os brasileiros, pois, no bom sentido, brincamos até com a morte, isso é uma das diversas características que compõem a brasilidade. E claro que há muito sei que senso de humor com o funesto tema nunca foi exclusividade tupiniquim.
ExcluirMuito divertida e bem bolada a história. Gostei muito da Dona Morte, geralmente não gosto muito dela toda atrapalhada, mas dessa eu realmente gostei. Gerou um bom conflito. Uma das primeiras histórias com ela usando apetrechos modernos (nas histórias atuais virou norma), o relacionamento dela com a Dona Cegonha, sempre bem legal de se ver, as tramas de viagem no tempo são sempre muito legais, especialmente com ela. O final fechou muito bem, com chave de ouro. E claro, o Penadinho no meio, sendo uma voz da razão (e do sarcasmo), sempre vale a pena ver. É muito divertido quando ele é arrastado para uma situação assim.
ResponderExcluirEu meio que esperava uma história mais ''ano novo, a ver com ano novo'', mas ainda assim essa foi bem legal, valeu a pena ler. Nota 8. Feliz 2025 para você.
Feliz ano novo, Isabella. Na época a tecnologia era novidade, tinha de vez em quando pra diferenciar e dava uma modernidade. Hoje é regra ter histórias com tecnologia, fica cansativo. Dessa vez a Dona Morte ficou atrapalhada na medida certa, ficou legal e engraçada. Penadinho ficou muito bem nessa. É, a história em si não teve o Réveillon em si, até foi ambientada uns dias antes do dia 31 de dezembro, mas teve a ideia que teria um ano novo em breve, por isso vale pela data de fim de ano. Parece que já estavam com ideia de não terem mais histórias com personagens comemorando Réveillon, principalmente as crianças da Turma da Mônica, e assim como essa da Dona Morte foi o máximo que permitiram. Atualmente nem assim tem.
ExcluirDona moete aliás tinha aparência diferente de acordo com a história. Algumas como essa parece o penadinho outras tem cara de caveira
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