quinta-feira, 17 de junho de 2021

HQ "Cascão entrou pelo cano"

Compartilho uma história em que o Cascão entra em um cano para escapar de levar surra da Mônica, mas que consegue se meter em uma enrascada pior ainda. Com 7 páginas, foi história de abertura de 'Cascão Nº 82' (Ed. Abril, 1985) e republicada em 'Almanaque do Cascão Nº 34' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 34' (Ed. Globo, 1996)

Começa o Cascão fugindo da Mônica depois de ter aprontado com ela e se esconde dentro de um cano. Ela não vê e vai embora, deixando Cascão aliviado, se achando um gênio porque lá seria o último lugar que Mônica ia procurá-lo.

Logo Cascão vê Mônica olhando para o cano e ele acha que não seria esperta e  devia estar olhando para outro cano. Mônica vai em direção e Cascão fica desesperado e tenta fugir, mas percebe que ficou preso. Quando Mônica está quase chegando, o cano é suspenso por uma alavanca de um trator. Ele não sabe o que acontece lá fora, só percebe que está voando e acaba o cano sendo encaixado em um outro cano. Cascão vê que ficou escuro, mas pelo menos fica aliviado que escapou da Mônica, é o esconderijo mais seguro que encontrou. 

Enquanto isso, o leitor descobre que estava havendo um evento da inauguração do chafariz, com presença do prefeito e cheio de gente para ver o momento. Cascão havia entrado no momento em que estavam conduzindo o fechamento dos canos para a inauguração. O prefeito abre a válvula para acionar o chafariz. Cascão estava dentro dos canos, percebe ruído, cheiro e sabia que era sintomas que água estava vindo.

A gente pensa que finalmente ele ia se molhar, mas de repente a água para de fluir e todos estranham que  chafariz não funcionou. O prefeito disfarça e chama atenção do Geraldo, que seria alguém do governo e genro do prefeito, e Geraldo diz que não sabia o que aconteceu enquanto o povo ovaciona jogando tomates e peras neles. 

O chafariz não funcionou porque o Cascão colocou um guarda-chuva para tampar o fluxo de água e não molhá-lo. O prefeito abre mais a válvula e a pressão da água não aguenta o guarda-chuva, a área que o prefeito e seu genro está inchando com a água, o chão se abre jorrando água com prefeito e Geraldo em cima e Cascão sai pela saída do chafariz. Um verdadeiro vexame para a prefeitura. Ao mesmo tempo, Cascão cai em cima da Mônica e Geraldo cai em cima do prefeito. Cascão comenta que não sentiu a queda porque caiu em alguma coisa macia enquanto Geraldo propõe ao sogro prefeito que podia lançar uma cascata artificial no lugar. Tanto Mônica quanto o prefeito ficam com raiva do Cascão e Geraldo, respectivamente e no final Cascão e Geraldo se escondem em uma árvore e Cascão pergunta a Geraldo se ele aprontou coma Mônica enquanto Mônica e prefeito ficam procurando seus desafetos.

História muito engraçada, cheia de movimento, com Cascão se escondendo da Mônica em um cano para não apanhar, mas quase acabou se dando muito mal, prestes a se molhar com a água que ia acionar o chafariz da prefeitura. No momento do desespero Cascão sempre tem alguma astúcia, quando a gente pensa que ele finalmente ia tomar banho, ele tem uma ideia inusitada e consegue escapar. Dessa vez foi o seu guarda-chuva inseparável, que sempre anda a tiracolo que o ajudou a escapar do banho e ainda tirou os planos do prefeito de ganhar prestígio com a inauguração do chafariz.

Foi muito engraçado ver esses apuros do Cascão, sempre rendiam ótimas histórias desse tipo de fugir do banho a todo custo, na marra. Cascão caindo em cima da Mônica foi engraçado demais e tem absurdo de ele sair na saída do chafariz com entrada tão pequena. 

Eu gostava também dos personagens falando sozinhos, se achando convencidos, achando que nasceram com "bumbum virado pra Lua" quando tinham muita sorte, ou se achando gênios, como o Cascão falando pra si mesmo "As vezes não sei como você aguenta ser tão inteligente". Cascão e Chico Bento eram campeões naquela época com essa personalidade, normalmente se davam muito mal com final hilário quando agiam assim.

Os traços excelentes, já com estilo consagrado dos anos 1980 e que nunca deviam ter mudado. Não foi mostrado o que Cascão aprontou com a Mônica, já colocando ele entrando no cano, para agilizar a trama, já que era uma revista quinzenal com 36 páginas. Bom que vão direto ao ponto sem enrolação, só se sabe que ele aprontou com ela e o motivo fica na imaginação de cada um. Até o título da história  foi engraçado, trocadilho "Cascão entrou pelo cano", dando dupla interpretação que se encaixa perfeitamente: entrou no cano para o chafariz ou expressão popular de que se deu muito mal. Eram criativos até nos títulos.

Foi legal também mostrar um prefeito ambicioso e boa a crítica do prefeito colocar parente em sua equipe sem ninguém saber. Incorreta pelo tema do Cascão entrar em um cano e ser perigoso, além de palavras como "Diacho!", "droga" e "imbecil serem proibidas atualmente, o prefeito procurar o genro com um pau na mão dando ideia de violência de dar paulada nele e Mônica procurar Cascão na lata de lixo, coisa que não tem mais hoje.

33 comentários:

  1. Esse tipo de cano de largo calibre eu conheço como manilha.

    Que guarda-chuva forte esse,hein!

    E que ridículo um prefeito com uma comitiva inteira para inaugurar apenas um chafarizinho!Pior é que eventos bizarros assim são comuns Brasil afora,com inaugurações de baias de ponto de ônibus ou outras miudezas.

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    1. Guarda-Chuva poderoso, mil e uma utilidade sem dúvida. Já salvou Cascão de vários apuros. Eventos assim sem importância são só na finalidade deles ganharem dinheiro e popularidade.

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  2. O bom e velho Cascão, aquele que mora no pretérito e é imortal, sensacional! Conhecia apenas dois pequeninos trechos desta trama hilária, antes de conhecê-la integralmente pensava que contava com chuva.
    Passar pelo estreitíssimo bico do chafariz foi demais, a mulher loira que está correndo parece testemunhar o absurdo, supimpa!

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    1. Quando Cascão era Cascão. Adoro essa história, esse absurdo de sair dentro do chafariz foi muito hilário, ideal era ter arrebentado o chafariz por completo para sair dali. Mostra que pra escapar do banho, Cascão era capaz de tudo. Muito bom.

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    2. Até ficaria melhor se ao sair arrebentasse o chafariz e se machucasse no processo, mas a ideia foi deixá-lo intacto, tanto que é amortecido pela Mônica. A água com a obstrução causada por ele sofre movimento contrário, uma espécie de refluxo que gera um expressivo deslocamento de ar fazendo com que seja expelido ou ejetado pela afunilada saída de água do chafariz, embora a imensa vontade de se livrar da aterradora situação, Cascão termina por sair de modo involuntário.
      Sincronia dos amortecidos impactos também é (são) um tanto espetacular(es), três impactos e dois amortecimentos, merecidamente o prefeito se deu mal, já Mônica defende melhor que Frangão.

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    3. Se bem que com os absurdos dos quadrinhos, ele também poderia ter arrebentado o chafariz e continuar intacto, sem nenhum arranhão. História em quadrinhos pode tudo na questão de absurdos.

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    4. Tem razão, poderia também destruir o chafariz sem sofrer sequer um arranhão, nos quadrinhos se pode tudo. Interessante também é o paradoxo, devido à pressão Cascão sofre um baita coice da água sem ter contato com sequer uma gota, Mauricio de Sousa e sua equipe durante muito tempo foram simplesmente formidáveis!
      Você tem Cascão nº82 da Abril, correto? Ainda que não possua, por que não postou a capa aqui?

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    5. Eu nem comentei essa do bico do chafariz de tantas outras situações que ocorreram.

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    6. Nos quadrinhos podiam tudo e em especial nos anos 1980 que exageravam nos absurdos, por isso eram engraçados.

      Não tenho Cascão 82 da Abril e nem achei uma capa com resolução boa na internet por isso não postei a capa dessa revista e postei só a capa do Almanaque. As imagens da história também foram tiradas desse Almanaque.

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    7. É mesmo, Julio Cesar, o que não faltam são absurdos na trama em que Cascão entra pelo cano e consegue o grande feito de não se dar mal, só a lambada seca que leva da água já basta, absurdamente maneira!

      No Guia dos Quadrinhos está com boa resolução, Marcos, problema é o logo transparente no canto inferior direito, necessita de autorização quando possui algo assim, ou prefere imagens livres de quaisquer impressões ou inscrições que não sejam originais?

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    8. Zózimo, prefiro imagens que não tenham impressões de que foram tiradas de outro lugar, por isso não coloquei. Se eu encontrar uma imagem boa ou conseguir a original, aí edito colocando a foto da capa de Cascão 82.

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    9. Certo, Marcos, entendi, só para constar, obrigado!
      Outra característica que me chama atenção na HQ é quanto ao guarda-chuva que só aparece escangalhado quando Cascão atinge Mônica, nos dois primeiros quadros em que o objeto está ascendendo ao ar livre, aparentemente ainda está em bom estado, normal escangalhar em descida brusca, afinal, a armação não é de grafeno ou adamantium e nem o tecido é (N)neoprene, natural que o coitado pendurasse as chuteiras após segurar uma barra e tanto para que seu dono permanecesse enxutinho da Silva.
      Outro detalhe não menos curioso é durante a ejeção Cascão segurá-lo primeiramente com a mão esquerda e no ápice da trajetória o segura com a direita, como se ateve à troca de mãos em aflitiva situação? Simples: sendo destro, tenta paraquedismo, se pensa rápido no trevoso e claustrofóbico interior do cano, onde para tal primeiramente se vale de audição e olfato, à luz da cadência da ejeção e da decadência da queda, fichinha, não haveria de ser diferente, problema é que não "paraquedou", tendo que contar com uma goleira. A cama elástica de Geraldo é mais bem servida que a de Cascão, mesmo considerando que um é adulto e outro é criança, para que houvesse proporcionalidade, o sujão deveria ser amortecido por Quinzinho (ainda não havia sido criado), caso o pequeno padeiro ficasse acamado devido ao impacto, Cascão teria que se esconder de Magali, pois não consegue filar guloseimas da padaria com o português, o canal é o gordo.
      Embora redundância em "decadência da queda", hão de convir a poesia expressa.
      Bem, está tudo devidamente explicado!

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    10. Como a Mônica era considerada gorda, o impacto do Cascão caindo nela e Geraldo caindo no prefeito seria no mesmo estilo, proporcional ao peso deles. Isso também fez a Mônica ficar com muita raiva por Cascão falar que caiu em algo macio, o mesmo que chamá-la de fofa, gorda. Foi a gota d'água para ela.

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    11. Cascao até voava pra fugir da água rapaz..na história bebês trocados ele se pendura no quadrinho lo.. E magali rasga um caminhão põem que foi foi sequestrada por achar que não cometia mais

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    12. Miguel. era muito bom ver essas cenas, adorava ver o Cascão voando pra fugir do banho.

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    13. Miguel, era muito bom ver essas cenas, adorava ver o Cascão voando pra fugir do banho.

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  3. Boa hq... foi inédita para mim já que não tenho esse almanaque na coleção, rs ;) http://blogdoxandro.blogspot.com/

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    1. Legal que conheceu aqui. Quem sabe consegue depois esse Almanaque ou a revista original.

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  4. Sim, é original de Cascão 82 da Editora Abril. Título com duplo sentido, mas que se encaixava bem na história os 2 sentidos, eram supercriativos nisso. Eu lembro dessa história da sopa do Chico, muito legal também, vou rever lá no canal. Abraço.

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  5. Dois personagens fugindo de apanhar,dessa vez eu achei que o Cascão ia se molhar, até me lembrou do filminho "Cascão no País das Torneirinhas.

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    1. Também pensei que ele ia se molhar dessa vez. Conseguiu escapar por pouco.

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  6. Marcos, segue um link para uma entrevista nova com Sidney Gusman no programa Olá, Curiosos!
    HISTÓRIAS SECRETAS DA TURMA DA MÔNICA. Canal do Marcelo Duarte do Guia dos Curiosos

    https://youtu.be/1OrN_h0Z_X4

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  7. Considero ótimos traços realmente era uma época onde crianças podiam fazer qualquer loucura sem neuroses.adorava as confusões do cassação pra fugir da água e história no lixão...magali casaco e Chico Bento eram os que mais uma...achava os mais divertido mesmo fininhas

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    1. Cascão era top. Chico e Magali também eram excelentes. Poucas páginas na época, mas tinham conteúdo.

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  8. Tenho este almanaque na minha coleção. Gostei muito da história, pensei que em 1996 a globo já estava publicando histórias da própria editora e não da Abril. (Pensei que a partir de 1993 já pararam de lançar histórias da Abril) Então esse é Mais um bom motivo para colecionar almanaques da Globo dos anos anos 90 com a possibilidade de histórias da abril aparecerem.

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    1. É um bom almanaque, sim. A partir de 1992 passaram a publicar histórias da própria Globo, sendo que eles misturavam histórias da Editora Abril com as da Globo, ficava um mix bom. Aí sempre que as histórias originas completavam 5 anos, aumentava o número de histórias da Globo em um mesmo almanaque. Só passaram a deixar de republicar histórias da Editora Abril e tendo histórias só da Globo a partir de 1999.

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    2. Que ótimo..mais facil achar

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    3. Obrigado pela dica. Agora sei que almanaques da Globo devo realmente comprar...
      Panini mesmo as primeiras edições eles só publicavam histórias da Globo né ?

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    4. Os almanaques sem aquela moldura são os mais antigos e só com época da,abril

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    5. Marcus, basicamente almanaques da Globo até 1999 têm histórias da Abril, mesmo os que não tem são histórias boas da Globo dos anos 80 e início dos anos 90.

      Os almanaques da Panini dos 5 principais até hoje são só histórias da Globo. Alguns almanaques de secundários como Piteco & Horácio e do Louco, Historinhas de 1 página ou Duas Páginas e alguns Temáticos entre Nº 9 a 16 tiveram algumas da Abril.

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    6. Miguel, eu preferia também as capas sem moldura, davam mais destaque ao desenho. Era melhor quando era só uma faixa na lateral esquerda como nos primeiros da Globo.

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