sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Cebolinha: HQ "Um coelhinho para a bruxa"

Dia 31 de outubro é "Dia de Halloween", então mostro uma história em que uma bruxa faz trocar de corpo com o Cebolinha para ela pegar o coelhinho da Mônica. Com 7 páginas, foi história de encerramento de 'Cebolinha Nº 91' (Ed. Abril, 1980).

Capa de 'Cebolinha Nº 91' (Ed. Abril, 1980)

Cebolinha encontra a Mônica parada e são observados por alguém. Cebolinha não entende a Mônica parada, olha para a montanha e escala para ver se resolve o mistério, do jeito de quem observava queria. Cebolinha chega e vê uma bruxinha parada, aí grita querendo saber o que ele quer ali e ele se assusta. 

Bruxa Glaucia diz que não é para conversar com ela, está com muita raiva da menina que a provocou. Cebolinha vê que foi a Mônica, Gláucia fala que ela é antipática, chata e está com ódio. Cebolinha acha que está exagerando, Gláucia pergunta o que faria no lugar dela e Cebolinha responde só se trocasse de lugar com ela para saber o que aconteceu.

Assim, Gláucia troca de corpo com o Cebolinha, faz ele surgir com o corpo da bruxa na frente da Mônica, que deixa de ficar paralisada e continua a discussão como se o tempo não tivesse passado e não sabia que esteve parada. Cebolinha fala que é ele e Mônica acha que uma imitação da Gláucia e quer saber porque queria pegar coelhinho dela para colocá-lo em um caldeirão fervente. 

Gláucia aparece no corpo do Cebolinha, fazendo de conta que era ele, e pergunta o que aconteceu. Mônica explica e Gláucia dá ideia da passar o coelhinho para ela enquanto dá uma lição nele. Cebolinha diz para não fazer isso, aponta o jeito de falar da Glaucia sem trocar "R" pelo "L" e que foi tudo truque de usar corpo dele para pegar o coelhinho. Glaucia o chama de "atrevida" e se continuar, dá grito. Cebolinha a chama de mentirosa e que chegou a ficar com pena dela antes de saber que era truque. 

Continuam brigando e Mônica grita que pegou o moleque para saber quem era quem. Cebolinha se abaixa tremendo de medo e descobre que a Gláucia estava no corpo dele e dá uma coelhada nela, fazendo desfazer o feitiço e cada um volta ao normal. Mônica ameaça bater de novo na Gláucia, que foge de volta para a montanha, achando melhor procurar um outro ingrediente, quem sabe um ursinho de pelúcia. 

Mônica pergunta se Cebolinha está bem, ele responde que só um pouco de dor de cabeça. Mônica resolve pagar sorvete para ele como agradecimento de impedir do coelhinho virar ensopado para poção de bruxa. Mônica vai ao banheiro e Cebolinha entra junto comentando que truque sujo de transformá-lo em menina. e, então, ele sai com vergonha, indo para o banheiro masculino.

História legal em que a Bruxa Gláucia queria o coelhinho da Mônica, discutiram e ela paralisou a Mônica para executar seu plano de trocar de corpo com o Cebolinha para ver se a Mônica entregasse o coelhinho para ela usá-lo como ingrediente da sua poção. Como não gostou de ser enganado, Cebolinha conta o plano para a Mônica e ela consegue bater na Gláucia, fazendo voltarem ao normal e Gláucia desiste de pegar o coelhinho. 

Cebolinha foi até o alto da montanha de curiosidade de saber por que a Mônica estava paralisada e se deu mal, acabou sendo transformado em bruxa pela Gláucia, se soubesse, nunca teria subido lá. Ele foi bem prestativo com a Mônica dessa vez, poderia deixar a Gláucia pegar o coelhinho e se livraria das  surras, mas como não gostou de ser enganado, ai resolveu ajudar a Mônica, que a princípio não acreditava que era ele no corpo da bruxa, precisou ameaçar que descobriu quem era o verdadeiro Cebolinha para descobrir realmente de fato. A Mônica poderia descobrir logo quem era quem já que a Glaúcia não falou errado para distrair a Mônica e nem deve ter feito uma voz parecida com o Cebolinha. 

Não precisava nem de plano, como Gláucia paralisou a Mônica, era só ter pego o coelhinho enquanto estava imóvel, seria bem mais simples, só que aí não teria história. Piadinha final foi o Cebolinha ter se confundido o banheiro que ia entrar, indo para o feminino, por engano. Por ter sido transformado em menina, Cebolinha ainda se imaginava ser menina e entra no banheiro feminino, mas se dá conta que é menino e tem que ir para o banheiro masculino.

Legal o mistério inicial de quem observava de longe Mônica e Cebolinha no início da história  e foi engraçado que Cebolinha vendo que virou menina olhando por baixo da roupa de bruxa que estava de calcinha, preocupado com o que a turma ia dizer e falar que quer os seus 5 fios de cabelo de volta, pelo menos por um tempo ele ficou cabeludo, o desespero de tentar contar tudo para a Mônica para não apanhar e entrando no banheiro feminino no final. 

A Bruxa Gláucia já havia aparecido na história "Dá uma mãozinha aqui", de 'Mônica Nº 119', também de 1980, e depois voltou nessa. Talvez tinham planos de deixá-la como bruxa criança fixa que mora no alto da montanha, mas mudaram de ideia. Até que ela tinha potencial de se tornar uma bruxa fixa. Na época, o Sansão não tinha nome por isso ser chamado só de "coelhinho". Ele só passou a ter nome a partir da história de abertura de 'Mônica Nº 161' , de 1983.

Traços ficaram bons, típicos de 1979 e 1980 e personagens começando a ter bochechas mais redondas. Teve erro da Mônica com fundo de olhos fechados brancos em vez da cor da pele no 2º quadro da penúltima página. Incorreta atualmente por Cebolinha ser transformado em menina e depois entrar em banheiro feminino, Gláucia no corpo do Cebolinha levar coelhada explícita na cabeça sem mostrar só onomatopeia, além de ele falar palavrão e palavras proibidas como "louca".  Foi republicada depois em 'Almanaque do Cebolinha Nº 7' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Almanaque do Cebolinha Nº 7' (Ed. Globo, 1989)

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A turminha: HQ "O sugador de inspiração"

Hoje, 27 de outubro, é aniversário do Mauricio de Sousa completando 90 anos de idade. Em homenagem, mostro a história em que o Mauricio e todos os funcionários da MSP misteriosamente ficam sem inspiração para criar e a turma tenta ajudá-los a recuperar inspiração. Com 17 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 85' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Mônica Nº 85' (Ed. Globo, 1994)

É apresentado o Estúdios Mauricio de Sousa, começando pela sala de roteiristas, depois o salão com os gênios desenhando, arte-finalizando, pintando, letreirando, atendendo telefone, além da sala do Mauricio de Sousa, o criador de tudo. Em toda a visita tinha uma faxineira passando aspirador de pó pelo estúdio todo.

Em seguida, os roteiristas voltam ao trabalho depois do jogo de xadrez e se queixam que estão sem inspiração de criar histórias. A coordenadora Fátima cobra deles se está pronta a história de abertura da Mônica, eles falam que estão sem inspiração e Fátima reclama que é desculpa esfarrapada, se a revista atrasar, a culpa é deles. 

Depois, Fátima pergunta ao Sidão se o desenho está pronto e ele responde que está sem inspiração para desenhar enquanto outros da equipe falam que estão sem inspiração para fazer arte-final e letras. Fátima acha que é frescura, mas se dá conta que também está sem inspiração para atender o telefone. Ela pede solução para a chefe Alice que a revista da Mônica vai atrasar e Alice diz que está sem inspiração para chefiar.

Aparece o Mauricio, Alice acha que é a salvação, quer que ele crie urgente uma história de abertura da Mônica, roteiro, desenho, arte-final porque todo mundo está sem inspiração. Mauricio diz que subiu até lá para ver se ele se inspira porque o tabloide do Horácio não sai de jeito nenhum. Alice reclama que, eles como artistas, dependem de ideias para poder trabalhar , eles falam que só consegue pensar no dia do pagamento e o que trouxe na marmita e Mauricio reclama que como ele pôde inventar tantos personagens.

Na página da revista, a turminha está com tédio, Mônica reclama que a historinha devia ter começado há horas e não aguenta mais ficar à toa e Cascão diz que vai ver que se cansaram de escrever sobre uma menina baixinha, gorducha, dentuça e sem graça. Mônica bate nele e Cascão a chama de repetitiva. 

Cebolinha diz que Cascão tem razão, aposta que nunca aconteceria com ele, um personagem interessante e charmoso como ele sempre desperta curiosidade. Cascão fala que só se for para piadas de troca-letras e cinco fios de cabelo e Cebolinha fala que revista do Cascão só tem sujeira e sujeira e Cascão acha melhor que de certos limpões. 

Mônica manda acabar a discussão e todos pulam para fora dos quadrinhos para falar com Mauricio, que vendo isso, diz que daria baita ideia para uma história, mas hoje, não. A turma pergunta o que aconteceu, eles sempre foram criativos. Mauricio diz que todos amanheceram assim de cabeça oca, parece que sugaram as deias de todo mundo.

A faxineira aparece para fazer limpeza com aspirador de pó e Sidão comenta que já viu essa cena antes  e pergunta se ela já passou aspirador hoje e a faxineira responde que só faz na hora do almoço. Rosana também diz que já viu a mulher da limpeza hoje e Mauricio também, achando que isso deve dizer alguma coisa. Mônica acha que a faxineira tem a ver com isso, Mauricio vai na sala da limpeza e encontra nenhuma pista.

Surge o Capitão Feio, que quebra a vidraça da entrada dizendo que vai dominar o mundo. O monstrinho de sujeira avisa que ele esqueceu uma coisa e Capitão Feio tira os cocos do peito que formavam seios do disfarce. Ele conta que era ele a faxineira que aspirou o estúdio inteiro com o superaspirador mental que sugou as inspirações deles porque ele sempre bola planos para conquistar o mundo, a turminha sempre atrapalha e é tudo culpa da criatividade dos roteiristas que torcem pela turminha.

Capitão Feio transfere toda a inspiração dos funcionários para ele com o superaspirador e nenhum roteirista consegue impedir por não terem ideias para isso. Capitão Feio passa a ter ideia de um plano infalível de dominar o mundo, quando vai pôr em prática, de repente tem ideia de criar uma historinha para o Bidu. Depois, tudo ao mesmo tempo, surge inspiração para desenhar igual ao Sidão, para compor uma música no violão, pintar, atender telefone, criar personagem novo e escrever história sobre menina chamada Débora.

Capitão Feio desmaia por excesso de inspiração e não se decidir por uma de tantas ideias que teve e o pessoal do estúdio aproveita para pegar as inspirações deles de volta. Depois, todos recuperam suas inspirações, Rubão já tem ideias novas, Robson cria história sobre jogo de xadrez e Rosana, história do Mingau. 

Capitão Feio acorda e Mauricio tem ideia de todos tirarem férias depois de tudo que passaram. Alice e Fátima comentam que ainda tem aquela história da Mônica, quem vai roteirizar, desenhar, arte finalizar, letreirar. Mauricio deixa o Capitão Feio fazendo tudo com a turminha tomando conta dele enquanto todos do estúdio vão tirar férias.

História muito legal em que o Capitão Feio disfarçado de faxineira resolve tirar toda a inspiração do pessoal da MSP com um superaspirador mental e transferir para ele para dominar o mundo. Como seus planos nunca davam certo, a culpa era dos roteiristas responsáveis por criarem as histórias e torcerem pela turminha e sem eles terem ideias para criarem, não iria estragar os seus planos. Só que passa a ter inspiração a todo instante, de vários setores da MSP, não consegue decidir com tantas ideias e desmaia, fazendo o pessoal do estúdio aproveitar pra transferir a inspiração deles de volta.

Não era só Franjinha que tinha invenções boas, o Capitão Feio também inventava muita coisa para o mal e era sempre bem bolado e divertido. Quem estragou o plano, foi o próprio Capitão Feio, o erro dele foi ter tirado inspiração de todos os setores da MSP, desde roteiristas, desenhistas, letristas e até setor de composição de músicas, se tivesse tirado só dos roteiristas poderia dar certo porque teria ideias só de histórias criadas pelos 5 roteiristas. 

No final, deixaram um pouco da inspiração de cada um do estúdio no Capitão Feio, o suficiente para poder criar uma história para finalizar a revista da Mônica e não sair atrasada nas bancas enquanto eles tiravam férias. Deu tudo certo pra todos, menos para o Capitão Feio, que precisou fazer sozinho o trabalho de toda a equipe, se soubesse que ia passar por isso, nem teria pensado nesse plano contra a MSP.

Foi engraçado ver roteiristas jogando xadrez em horário de trabalho e mostrar placa que os gênios estão criando, narrador-observador dialogando com leitor, que quebrou galho porque na sala do Mauricio só pode entrar depois de anunciado, balões de pensamentos dos roteiristas com engrenagens, luz apagada e equações matemáticas, Fátima dá bronca nos roteiristas, funcionários falarem que só conseguem pensar no dia do pagamento e o que trouxe na marmita, Cascão dizer que se cansaram de escrever sobre uma menina baixinha, gorducha, dentuça e sem graça, Cebolinha e Cascão discutindo quem tem melhor revista, Mauricio dizer que o Capitão Feio não precisava de trabalho de limpeza porque já tinham faxineira, Capitão Feio de seios, colorir história com os pés no final.

Além do roteiro excelente, vimos também uma visão do estúdio dos anos 1990, mais precisamente  de 1993, visto que a história saiu nas bancas em janeiro de 1994 e eles tinham antecedência de produção, mostrando exatamente como eles trabalhavam, a rotina e nota-se que tudo era manual, sem tecnologia, tinha até aquário e máquina de escrever no estúdio, mas não tinha computador nem na sala da coordenadora Fátima. Mostrou, inclusive, que Mauricio só fazia tabloides do Horácio na época, já estava mais voltado para o lado empresarial. E o estúdio que mostraram foi o clássico que era localizado na Rua do Curtume, em São Paulo, onde ficaram entre 1988 a 2017.

Apareceram vários funcionários que trabalhavam na época, alguns mais fáceis de identificar, outros, não. Os roteiristas foram: Rubão (Rubens Seigiro Kiyomura), Robson Lacerda, Rosana Munhoz, Flávio Teixeira de Jesus e o de óculos de camisa branca tudo indica que deve ser o Dejair da Mata. Também tiveram destaques desenhistas Sidão (Sidnei Salustre) e Olga Ogasawara, artes-finalistas Kazuo Yamassake e Sergio Tiburcio Graciano, coordenadora Fátima Aparecida e a chefe do estúdio e esposa do Mauricio, Alice Takeda, entre outros. E ainda mostrou situações de cotidiano e bastidores como jogarem xadrez na MSP em horário de trabalho, Rubão escrever história da filha Débora, Rosana gostar de criar histórias do Mingau, Robson, de xadrez, etc.

Bom que foi publicada sem ser pensada em história de comemoração, apenas como uma história normal de metalinguagem que era frequente na época e ajudou os leitores a conhecer como era o estúdio. Mônica, Cebolinha e Cascão foram coadjuvantes enquanto o Mauricio e os funcionários que foram os protagonistas. Dessa vez a Turma da Mônica pulou dos quadrinhos para entrar na MSP e curioso que a turma apareceu pequena ao pular dos quadrinhos e ficando na prancha do Mauricio, mas depois já no chão seguiram estatura normal de crianças comuns da vida real retornando estaturas pequenas no último quadro. Pena que não apareceu a Magali nessa, mas mesmo assim não tirou o brilho.

Não considero a sinopse incorreta atualmente. Apesar de evitarem histórias de metalinguagens sem ser em datas comemorativas, mas poderiam fazer em ocasião especial, só que tem elementos incorretos como Cascão xingar a Mônica e aparecer de olhos roxos após surra dela, homem fumando cachimbo dentro do estúdio, além de  palavras proibidas como "gozado" e "Credo!". Como a faxineira e o Capitão feio disfarçado  estavam fazendo atividade, talvez manteriam o avental em republicação.

Traços espetaculares, principalmente nas primeiras páginas com a visão do estúdio e dos funcionários. Sempre procuraram desenhá-los no visual que estavam atualmente e segue assim até hoje. Tiveram erros de olhos sem fundo branco do Capitão Feio e Cebolinha nas páginas 14 e 15 do gibi, respectivamente. E. assim. fica a homenagem aos 90 anos do Mauricio e retrato da MSP da fase de ouro que marcou época. 

PARABÉNS, MAURICIO!!!! FELICIDADES!!!

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Cebolinha: HQ "Por causa de uma letrinha..."

Mostro uma história em que o Cebolinha encontrou um Gênio da Garrafa com direito a realizar 5 pedidos, mas teve problemas com o seu jeito de falar. Com 7 páginas, foi história de abertura publicada em 'Cebolinha Nº 52' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Cebolinha Nº 52' (Ed. Globo, 1991)

Cebolinha encontra uma garrafa enterrada, tira a tampa e aparece o "Gênio da Garrafa", que diz que ele tem direito a 5 pedidos. Cebolinha comemora que é a melhor coisa que podia acontecer, o Gênio diz para pedir logo para ele voltar a dormir por mil anos e Cebolinha pede para ser o dono da rua e, assim, vão parar na Lua e Cebolinha entende nada.

O Gênio diz que ele está na propriedade, pediu para ser dono da Lua, Cebolinha diz que não daquela Lua e o Gênio quer saber se é Lua de Marte, Júpiter ou Saturno. Nisso, chega o São Jorge querendo falar com o novo dono da Lua, reclamando que falta água e oxigênio, o cavalo reclama do chão esburacado e o Dragão manda tomar providência. Cebolinha manda o  Gênio voltar para a Terra e vai parar dentro de uma tela de cinema. Cebolinha se irrita, fala que é ir para casa, e  assim, o Gênio atende certo, avisando que já é o terceiro pedido dele. 

Cebolinha acha que foi muito egoísta e pede que o seu pai ganhe um carro novo. Cebolinha vê o Seu Cebola vindo e acha que está dando pulos de alegria, mas está dando pulos com o outro calo no pé, que já não bastava ter calo em um pé e agora no outro. E o Gênio comenta que, francamente, como pôde fazer uma coisa dessa com o pai dele.

Cebolinha reclama que não vê que ele fala "elado" e o Gênio entende "pelado". Cebolinha diz que troca o "R" de rato por L de lata e o Gênio pergunta se é esposa do "lato". Cebolinha fala que o que importa é que não fala direito e o Gênio responde que vai prestar atenção no último pedido. Cebolinha pede para acertar na Loto e o gênio dá uma moto que atropela o Cebolinha, acertando em cheio porque o Gênio pensou que trocava qualquer letra.

Cebolinha chora que era Loto mesmo e o Gênio dá mais um pedido de lambuja para ele. Cebolinha pede para fala certo, e o Gênio vai embora alegando que ele queria falar a palavra "celto" e falou. Cebolinha fica furioso, aparece Cascão perguntando o que houve, Cebolinha fala que nem imagina o que aconteceu, é para qualquer um ficar louco. Cascão fala que ele não está rouco, a voz está normalzinha e no final Cebolinha corre atrás dele, jogando a garrafa do Gênio no Cascão, que grita que o Cebolinha está louco.

História legal em que o Cebolinha tem direito a realizar 5 pedidos por um Gênio da Garrafa, só que o Gênio não o conhecia e muito menos não sabia do problema de dislalia dele e realiza os pedidos de acordo como o Cebolinha falava com ele se dando muito mal por conta da sua dislalia e sem pedidos realizados e no final ainda teve que aturar Cascão que não o compreendeu, confundindo "louco" com "rouco". 

Gênio foi burro em não compreender explicação do Cebolinha, mil anos dentro da garrafa pelo visto ajudou a emburrecê-lo em interpretar melhor as coisas como achar que "lata" era esposa do "lato". Cebolinha também podia ser mais claro em seus pedidos, na empolgação falava como se o Gênio conhecesse, como ao dizer que queria ser dono da rua, poderia ter dito que queria derrotar a Mônica, voltar para Terra, poderia ter dito "Planeta Terra" e por aí vai. Cebolinha também podia ter falado sobre a sua dislalia no segundo pedido para ver se adiantava alguma coisa, já que o Gênio não entendia muito bem. Já Cascão foi desligado, já que conhecia o Cebolinha e podia se tocar que de fato falou "louco" e não "rouco", dando mais raiva ainda para ele.

Todos os pedidos foram engraçados, era  muito bom o Cebolinha sofrendo por causa da dislalia. No trocadilho, Lua e rua, São Jorge, cavalo e dragão trataram como se o Cebolinha fosse um governante político, uma espécie de prefeito para consertar os problemas da Lua. No trocadilho Terra e tela, era só o Cebolinha dizer que queria Planeta Terra, voltar pra casa, o único pedido de fato realizado, carro e calo é o trocadilho da dislalia clássico e sempre engraçado, Seu Cebola que sofreu por causa disso, seria mais coerente ir para o escritório de chinelo e colocasse o sapato quando chegasse lá.

Gênio ainda confundiu "Loto" com "moto", trocando "L" por "M", pela falta de comunicação e interpretação, Cebolinha disse que trocava "R" pelo "L", mas também ele poderia ter dito "loteria", com menos chance do Gênio se enganar e falar "celto", burrice do Gênio por cebolinha ter avisado que trocava as letras, e Cascão com "louco e "rouco" caiu na burrice também.

Teve erro do Cebolinha falar "realizou" e "pra" na última página e sem querer deu impressão do Gênio ter realizado o pedido do Cebolinha em partes. Foi uma adaptação de Gênio da lâmpada que atende 3 pedidos, mudando para Gênio da Garrafa com 5 pedidos. Cebolinha não tinha muitas histórias de adaptações e ambientadas em contos de fadas, e essa pode ser considerada como história de fábula. 

Traços ficaram muito bons da fase consagrada dos personagens, com direito a Cebolinha com curva nos olhos para representar que estava com muita raiva. Incorreta por Cebolinha sofrer bullyng com a dislalia, não compreenderem seu jeito de falar e sofrer por causa disso, ser atropelado por moto, jogar garrafa no Cascão, Seu Cebola sofrer com calo, além da palavra "louco" ser proibida, e que interessante que foi a piada final e hoje não poderia nem criar um final assim.

terça-feira, 21 de outubro de 2025

HQ "Cascão e a Tia Tânia"

Em outubro de 1995, há exatos 30 anos, era lançada a história "Cascão e a Tia Tânia", em que o Cascão foge da sua tia que também era criança de quase idade dele e queria mandar nele. Com 12 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 230' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Cascão Nº 230' (Ed. Globo, 1995)

Escrita por Rosana Munhoz, os meninos perguntam para o Cascão se quer jogar bola e ele aceita, mas bem longe dali porque estava fugindo da sua Tia Tânia, que é uma insuportável, chata e fica tratando como bebezinho. Ia contar algo importante, mas interrompe, deixando para lá. 

Quando começam a jogar, Tia Tânia aparece, Cascão se esconde dentro de um buraco de árvore. Veem uma menina da idade deles e falam que o Cascão pode sair. Ele diz que ela que é a sua Tia Tânia e que eles o entregaram. Cascão conta que é irmã mais nova da mãe dele, e, apesar de ter a mesma idade dele, a chata pensa que pode mandar nele.

Tia Tânia corrige, dizendo que ela tem oito anos e Cascão, sete, e que ela é tia dele e sobrinhos respeitam tias. Ela fala que Cascão saiu de camiseta com aquele vento e quer que coloque um agasalho. Cascão diz que não está com frio, Tia Tânia fala que sobrinhos tem que respeitar as tias e perguntam para os meninos se eles obedecem as tias e eles respondem que sim.

Cascão vai pôr o casaco, volta e diz que agora que o deixe jogar bola. Tia Tânia diz que futebol não é esporte para crianças pequenas. Ele responde não é criança pequena sem chamá-la de tia, ela manda chamar de tia e Cascão manda não encher. 

Titi, que estava paquerando a Tânia, fala que é para ter mais respeito com a tia. Cascão também manda Titi não encher. Titi fala que também é para ter respeito com ele, quem sabe se torne tio dele, e é para chamá-lo de "Tio Titi". Cascão acha interessante que a Tia Aninha vai gostar de saber disso e Titi acha então que é melhor não se meter em assuntos de família.

Tia Tânia volta a dizer que é tia dele e que ele não vai jogar bola e Cascão faz careta para ela. Tia Tânia manda parar de jogar bola e que Cebolinha e Xaveco também não devem jogar. Cascão diz que eles são amigos dele e vão estar sempre do lado dele. Tia Tânia fala que não deve jogar bola, e, sim, tomar um banho. Cascão pergunta para turma se a tia não manda nele e eles falam errado, os sobrinhos devem obedecer a tia e seguram o Cascão porque querem banho já.

Eles amarram o Cascão na árvore enquanto pegam tina d'água, sabonete e toalha. Cascão esperneia, chama de falsos amigos e quando estão prestes a dar banho nele, aparece a Dona Lurdinha mandando a Tânia parar, avisando que o Cascão só vai tomar banho quando ele quiser. Tânia diz que é tia dele e Lurdinha fala que é mãe dele, irmã mais velha dela, que ela é uma pirralha e que manda nos dois e vão embora com Dona Lurdinha dando bronca na irmã e Cebolinha lamenta que mais uma vez o banho ficou no "quase".

Dias depois, Cascão recusa jogar bola com os meninos, que perguntam se ainda está brabo com eles e pedem desculpa. Cascão diz que tem umas coisas mais interessante para fazer, de sair com a Tia Tânia, diz que não gostava dela, mas depois que a mãe explicou umas coisinhas para ela, descobriu que é vantagem de ter uma tia e termina com ele pedindo para levá-lo ao parquinho, comprar pipoca, revistinha e sorvete.

História engraçada em que o Cascão tem uma tia criança, um ano mais velha que ele e Tânia quer mandar nele, como se fosse um bebezinho que precisava ser protegido. Primeiro, manda Cascão colocar casaco por causa do vento, depois que não é para jogar bola com os meninos e com a insistência do Cascão em não obedecê-la, Tânia quer que ele tome banho, tendo ajuda dos amigos. Cascão é salvo pela mãe que só acha o filho deve tomar banho quando ele quiser e dá bronca na irmã Tânia. No final, Cascão aproveita a vantagem de ter tia para pedir tudo para ela enquanto passeiam juntos.

Cascão tinha razão de achar a tia chata e insuportável, ninguém merece ser tratado como ela queria, ainda mais por ter quase idade dele. Com vergonha, ele até tentou esconder que a tia era criança, mas não pôde esconder quando ela chegou lá. Situação piorou quando quiseram dar banho nele, teve sorte da mãe dele aparecer e salvá-lo. Não tinha um padrão de comportamento da Lurdinha em relação a banho no filho, a maioria até que ela queria que o filho tomasse banho, mas tinham vezes que achava errado forçar, que tinha que ser quando ele desejasse.

Os meninos ficaram do lado do Cascão o tempo todo, mas o jogo virou quando a Tia Tânia queria dar banho no Cascão e passaram a ficar do lado dela, afinal, não podam perder oportunidade do Cascão tomar banho e se livrarem do mau cheiro dele. Nesse ponto, foram falsos amigos, tinham que continuar do lado dele por tudo que vier. Cascão foi às forras depois pedindo tudo para a tia, como se fosse a função dos tios de comprar tudo que os sobrinhos queriam, foi legal também.

Titi garanhão dando em cima da tia foi legal, saiu fora quando Cascão ameaçou contar para a Aninha, não queria problema com a verdadeira namorada. Aninha corna mais uma vez e sem saber da atitude do namorado, bom para ela que não descobriu, evitou mais decepção, apesar de sempre voltarem à boa depois das traições do Titi. Tia Tânia até gostou das investidas dele e ficaria se ele não tivesse namorada e nem gostou quando ele deu desculpa que achava melhor não meter em assuntos de família, desistindo de ficar com ela.

Foi engraçado o esconderijo do Cascão dentro do buraco da árvore para fugir da Tia Tânia, suor saindo da árvore ao perceber que ela se aproximou do local, as discussões dos dois, as investidas do Titi na Tia Tânia, Titi querendo ser chamado de "tio" pelo Cascão, ameaça do Cascão contar para a Aninha, meninos ajudarem no banho do Cascão, a Dona Lurdinha estragando o plano deles e dando bronca na Tia Tânia, falando que é pirralha e é ela quem manda nos dois e Tia Tânia se dar mal no final em pagar tudo que o Cascão queria. Tia Tânia voltou a aparecer depois em 'Cascão Nº 67 (3ª série - Ed. Panini, 2024) em uma história de abertura reunindo vários parentes do Cascão em sua festa de aniversário.

História mostrou situação de pessoas que podem ter tios da mesma idade na vida real, quando avó engravida junto com filha, normalmente os filhos se tratam mais como primos ou irmãos, situação de cotidiano que pode acontecer e ficou legal com duas crianças como Cascão e Tânia. Rosana gostava de criar histórias criando parentes para os personagens com aparições únicas, deixando mais próximos aos leitores que podiam ter mesma situação. Não duvido também que ela possa ter tido ou ter presenciado tio (a) com mesma idade de sobrinho (a) na própria família e se inspirou para criar a história. 

É incorreta atualmente por Cascão desobedecer tia, mãe dele incentivar a sujeira do filho, meninos amarrarem Cascão na árvore agindo como vilões forçando a tomar banho e Tia Tânia com calcinha à mostra no primeiro quadro da página 10 do gibi.

Traços ficaram bons, do estilo de língua ocupando maior parte da boca, característicos dos anos 1990. Dona Lurdinha sem lábios com batom, que era até mais normal as mães desse jeito quando os traços eram assim para dar mais humor a elas. As cores seguiram com degradê em todos os quadros, inclusive em gramas, arbustos, muros, árvores, etc, o padrão que era na época. 

Em 1995, sobretudo no segundo semestre, também estava bem frequente histórias de abertura da Rosana com quadros divididos em 3 linhas por página ou até 6 quadros por página ao invés do tradicional 4 linhas por páginas ou até 8 quadros. Desde 1989 já se podia ver enquadramentos assim algumas vezes, porém em 1995 já estava bem maior a frequência. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

sábado, 18 de outubro de 2025

Magali: HQ "Cadê a boca"

Mostro uma história em que a Magali amanhece sem boca e fica desesperada porque não consegue comer. Com 5 páginas, foi história de miolo publicada em 'Mônica Nº 27' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Mônica Nº 27' (Ed. Globo, 1989)

Magali acorda e descobre que a sua boca sumiu quando foi escovar os dentes e fica desesperada. A mãe, Dona Lili, acha que deve ter chupado muito limão e Magali diz que ela só comeu 3 bolos, 4 tortas e 2 pudins antes de dormir Ela tenta tomar café-da-manhã e não consegue, com leite e melancia caindo quando encosta na região da boca.

Magali sai para brincar com os amiguinhos para tentar esquecer esse problema. Mônica oferece sorvete, Magali chora e diz que como vai poder comer. Mônica se dá conta que a boca da amiga sumiu, Magali fala que o problema que está faminta e Mônica a leva para procurar a boca no "Achados e Perdidos", mas lá tinha de tudo, menos a boca.

Magali chora porque vai morrer de fome e Mônica leva o Mauricio de Sousa para ajudar. Mauricio fala que o desenhista deve estar com produção atrasada e esqueceu do detalhe de desenhar a boca da Magali. Mauricio desenha a boca e Magali comemora que voltou ao normal e no final ela pede mais um favor para o Mauricio, de desenhar sem parar várias comidas como frango, sorvete, tortas, coxinhas, para ela comer e matar a fome que estava sentindo.

História legal em que a Magali amanhece sem boca e fica desesperada porque consegue comer nada. Mauricio foi o salvador de desenhar a boca dela e não mais morrer de fome, só que Mauricio foi ajudar e ainda sobrou para ele largar seus afazeres no estúdio para desenhar comidas para Magali sem parar, afinal, com a fome que estava, tinha que comer bastante para compensar o tempo que ficou sem comer quando estava sem boca.

A justificativa da Magali sem boca foi por esquecimento do desenhista com pressa para entregar sua produção atrasada, muito bem bolado. Absurdo do início ao fim, principalmente de Magali sem boca, mas falava normalmente, como a Mônica frisou que só em histórias em quadrinhos para acontecer isso, podia acontecer de tudo. A Dona Lili agiu bem natural ao ver a Magali sem boca, sem grande preocupação, poderia ter levado a filha para o médico, pelo visto ela deve ter gostado porque economizaria na conta do supermercado.

Foi engraçado ver a Dona Lili dizer que a Magali estava sem boca por ter chupado muito limão, Magali dizer que comeu apenas 3 bolos, 4 tortas e 2 pudins antes de dormir, imagine se ela comesse muito, tudo que comia ou bebia caindo quando estava sem boca, as meninas procurarem a boca no "Achados e Perdidos" do bairro.

História é da época que a Magali tinha conseguido revista própria há pouco tempo e tinham histórias solo dela nos gibis da Mônica. Magali teve o lançamento de seu gibi em fevereiro de 1989, por toda a década de 1980 tinham histórias solo dela ocasionalmente, sendo que em 1988 passou a ser bem frequente como forma de divulgar a futura revista e depois continuou em 1989 para leitores terem uma ideia do que poderia encontrar nas revistas dela caso não tenham comprado ainda. Normalmente eram histórias com absurdos exagerados da gula da Magali, mostrando a real característica raiz dela.

A metalinguagem estava em alta nos gibis a partir dos anos 1980, principalmente no final da década, com maior presença do Mauricio e roteiristas participando, nem que fosse só no final. Poderia o Mauricio ou funcionários aparecerem direto na história ou personagens nos quadrinhos conversarem com eles no estúdio, não tinha padrão, variava de cada roteiro. Isso de Magali aparecer sem boca, risco de crianças rabiscarem, querendo desenhar a boca que faltava em cada quadro. 

Essa história é incorreta atualmente por todos absurdos e exagero de comilança da Magali, além da Dona Lili aparecer de avental e proibida a palavra "Minha nossa!". Os traços ficaram bons, típicos de histórias de miolo, destaque para o cabelo da mãe da Magali bem diferente, sendo que ás vezes ela aparecia assim nos anos 1980 antes da Magali ter revista, ou por estilo de desenhista ou como forma de experiência para encontrar traços definitivos para a Dona Lili. E a postagem serve como comemoração do mês de aniversário do Mauricio de Sousa, 90 anos de muito sucesso, tudo de bom.