segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Papa-Capim: HQ "Programa de índio"

 

Mostro uma história em que Papa-Capim e Cafuné se assustam ao ver uma televisão pela primeira vez, achando que as pessoas estavam presas lá dentro. Com 7 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 81' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Chico Bento Nº 81' (Ed. Globo, 1990)

Uma equipe de televisão está filmando a tribo do Papa-Capim para o programa "Brasil Indígena" e ao olhar a filmadora, Papa-Capim comenta que é cada coisa esquisita que carregam e Cafuné acha que eles são uns bobos, mais fácil ver a dança do Pajé sem aquele peso nos ombros. Papa-Capim acha que é um ritual deles e Cafuné diz que precisa ver o que tem na oca que o Cacique emprestou para os caraíbas e eles vão até lá. 

Chegando, Papa-Capim acha que são troços esquisitos, Cafuné diz que parecem inofensivos, mas alguns servem para nada como um óculos escuros, que coloca na frente dos olhos para ver tudo escuro e Papa-Capim encontra binóculos e acha engraçado que vê o Cafuné maior. Depois, Cafuné vê uma televisão, que diz que não tinha visto aquela caixinha e vai mexer. Aperta no botão sem querer e liga a TV na hora de um telejornal e eles se espantam que tem um homem lá dentro, veem e não acreditam e perguntam para ele se está bem e como foi parar ali dentro e acham que é um mal-educado que não responde.

Na notícia, o apresentador informa que a banca "Iutil" (U2) se apresentou ontem na capital e mostram a banda cantando. Os índios falam que tem mais gente lá dentro e que parecem que estão sofrendo por conta do grito que estavam dando. 

Papa-Capim gira o botão para tentar salvá-los e troca de canal, passando o programa "Brasil Indígena" e veem o caraíba que estava filmando a tribo, perguntam como ele foi parar ali e, ao verem a tribo dos Balacobaco na TV, acham que o caraíba é mau, que prenderam todos ali e que vão fazer o mesmo com eles e vão avisar ao Cacique, que vai à oca com outros índios a fim de libertar a tribo Balacobaco que pensavam que estava presa na televisão. 

Viram a televisão do avesso e quando Cacique está prestes a atacar um machado na TV, o homem aparece mandando parar e o Cacique diz que ele quer prendê-los na caixinha mágica como os outros e agora vai ter castigo. O homem ri, diz que tem ninguém preso na TV e mostra que é um aparelho popular entre o povo deles, basta girar botão para gerar imagens e virando outro botão pode trocar de canal e assistir futebol, novela ou desenho animado.

O homem coloca no canal que passava o programa "Brasil Indígena" e os índios confirmam que ele está falando a verdade porque não poderia estar ali e na TV ao mesmo tempo. Cacique pede desculpa, o homem fala que não podiam adivinhar e eles não podem assistir TV porque não tem energia elétrica, aquela funciona com ajuda de gerador e com ela poderiam assistir a mil aventuras sem sair da oca. No final, Cafuné pergunta ao Papa-Capim o que achou daquilo e ele diz que é interessante, mas prefere ele mesmo viver de verdade essas mil aventuras.

História legal em que Papa-Capim e Cafuné conhecem uma televisão e se assustam pensando que as pessoas estavam dentro dela e quando veem índios da outra tribo querem uma forma de como libertá-los de lá com a ajuda do Cacique. Descobrem o que era de fato uma televisão com a chegada do apresentador de TV na oca e Papa-Capim acha que é melhor viver as aventuras de verdade do que ficar assistindo sentado.

A inocência dos curumins era alta, não sabiam nem o que era filmadora, óculos, binóculos e televisão. Tudo era novidade, mexiam sem saber, descobrindo tudo pela primeira vez. De certa forma se tivessem visto depois o programa com filmagens das tribos deles, aí descobririam que eram eles que estariam dentro da televisão. Como estavam filmando, o apresentador tinha que informar para eles antes sobre o que é filmagem para televisão, foi como se filmassem sem autorização deles, nem iam saber que iam passar imagens deles na TV se Papa-Capim e Cafuné não tivessem descoberto na oca.

Foi engraçado Cafuné falar sobre a filmadora que podiam ver a dança do Pajé sem carregar peso nos ombros Papa-Capim dizer para o Cafuné foi coisa feia xeretar e Cafuné dizer que foi investigação para o bem da tribo, se entusiasmarem com óculos escuros e binóculos, dizer que botão de TV era rodela, o susto inicial deles de verem um homem na televisão foi hilário assim como pensarem também que "Iutiu" e os índios da outra tribo também estavam presos na TV, acharem que "Iutiu" estava sofrendo por conta dos gritos da cantoria e tentarem quebrar a TV com machado pra ver se soltavam os índios da TV. 

Foi legal a paródia da banda U2 como "Iutiu" e ainda mostrá-los cantando em Manaus, uma das raras que vezes que apareceram nos gibis e não só apenas sendo citados, e aparecer a Mônica como estavam assistindo desenho animado dela. Além da gente se divertir, ainda teve mensagem que em vez de ficar horas assistindo televisão, o ideal é viver as próprias aventuras, viver a própria vida real e não ficar escravo de televisão deixando a vida passar. Histórias do Papa-Capim costumavam muito ter filosofias assim de que a cultura indígena era melhor que a dos caraíbas.   

Era ótimo o recurso de personagens segurando quadrinho como foi o Papa-Capim no penúltimo quadro da 5ª página. Nesta história foi revelado que a tribo do Papa-Capim fica no estado de Amazonas já que foi transmitido "Jornal Amazonense" na TV, mas não era definida a localização padrão, cada história podia ser em um estado diferente. Cacique algumas vezes era o pai do Papa-Capim, nessa história não foi esse parentesco. Pena não mostrarem nomes dos apresentadores de "Brasil Indígena", eles apareceram só nessa história como de costume de personagens criados para aparição única.

Histórias do Papa-Capim giravam mais mostrando a cultura indígena ou sem eles saberem as coisas dos caraíbas, essas eram as melhores. Incorreta atualmente por não ter mais histórias com índios primitivos vivendo em ocas, carregando flechas, sem saber das coisas da civilização, que não sabem nem o que é  óculos escuros e televisão. Hoje a tribo do Papa-Capim é moderna com eles com roupa, morando em casas sem serem ocas, tem até televisão, não podem mais serem chamados de índios e, sim, de indígenas, além de implicarem com TV de tubo por não gostarem de coisas datadas, índia com seios de fora e também proibidas as palavras "xeretar" e "loucos".

Traços lindos demais, típicos da transição de anos 1980 para 1990, principalmente os da visão da aldeia do Papa-Capim e da selva, sempre eram muito caprichados. Teve um erro pequeno do brilho do cabelo do Cacique ficar branco em vez de azul no 3º quadro da penúltima página da história. 

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Tirinha Nº 119: Mônica


Nessa tirinha, Mônica está fazendo contas simples no muro e depois de Cebolinha comentar que pode fazer de cabeça, ela passa a fazer as contas na cabeça dele. Cebolinha deu ideia de que Mônica era burra de não saber fazer contas de cabeça, fica a dúvida se ela não entendeu o termo "de cabeça" ou foi de propósito dar o troco de ter sido chamado de burra passando a fazer na cabeça dele.

Por ter rabisco de muro é incorreta atualmente, ou colocariam cartazes no muro ou adaptariam com ela fazendo contas em papel comum ou em um caderno. E eu achava interessante que antigamente eles não iam para escola, mas sabiam fazer contas, ler e escrever normalmente, era um absurdo legal.

Tirinha publicada originalmente em 'Mônica Nº 81' (Ed. Abril, 1977).

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Magali: HQ "Prisioneira do espelho"

Em setembro de 1995, há exatos 30 anos, era publicada a história "Prisioneira do espelho", em que a Magali e outras meninas vão parar dentro de um espelho por estarem com excesso de vaidade. Com 14 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 164' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Magali Nº 164' (Ed. Globo, 1995)

Mônica vê Magali se olhando no espelho, diz que estava procurando para elas brincarem, comenta que passou na casa da Carminha Frufru e a mãe dela estava preocupada que a filha havia sumido desde manhã. Magali não dá atenção e Mônica reclama que estava falando com ela. 

Magali pede desculpa, é que achou aquele espelho lindinho e graças a ele descobriu que ela também é lindinha e repara na sua boca, nariz, orelha. Mônica manda Magali deixar a orelha para lá e ir brincar com ela e Magali diz que agora não porque prefere ficar se olhando mais um pouco e Mônica vai embora.

Magali pergunta se ao espelho de tem menina mais bonita que ela, de olhinhos mais meigos, cabelos mais brilhantes, pele mais macia e o espelho responde que no momento, não e come a Magali. Já dentro do espelho, ela pergunta como comeu se ela está inteirinha e o espelho diz que está estômago dele e estava deliciosa e pergunta o por quê do espanto, se ela é gulosa também.

Magali diz que espelhos não comem, ele diz que comem vaidade e ela não pode sair dali, não há passagem para o outro lado, mesmo ela vendo o mundo lá fora. Magali se cansa em tentar sair e o espelho aconselha a ficar quieta, se conformar e ir conversar com as outras meninas que comeu e deixá-lo sossegado que ainda está com fome.

Magali acha engraçada a barriga do espelho, se vê em todas as partes, mas agora não vê tanta graça assim e pergunta o que deu nela de ficar olhando aquele espelho. Uma menina diz que não é para se culpar, é um truque que ele usa com todas. Magali gosta de vê-la e a menina a leva onde estavam as outras e encontra a Carminha Frufru, que fala que o espelho a engoliu, estava admirando a beleza, seus detalhes, quando ele abriu o bocão e a engoliu.

A outra menina conta que o espelho come vaidade, hipnotiza até incharem de vaidade e aí come e não há jeito de sair, não tem passagem para fora. Magali diz que elas podiam pelo menos impedir que outras meninas caiam na armadilha e evitar superpopulação lá e elas vão até á frente do espelho.

No lado de fora, Mônica comenta que a Magali deixou o querido espelho largado e, apesar de não merecer, resolve guardá-lo para ela. Diz que preferiu ficar se olhando a brincar com ela e pelo menos não se acha tão bonita assim. O espelho solta encanto e Mônica passa a se admirar, acha que não é tão feia, aliás nem um pouco feia e admira seus cabelos sedosos, olhos faiscantes, narizinho, dentões maravilhosos e charmosos.

Magali se espanta com a voz da Mônica, tenta avisá-la, mas ela não ouve e a menina manda falar mais alto. Quando o espelho já está quase hipnotizando a Mônica e pronta para ser engolida, Magali tem ideia de todas xingarem juntas a Mônica de baixinha, gorducha, dentuça e outros desaforos. Mônica quebra o espelho pensando que era ele que estava a xingando, fazendo libertar Magali e todas as outras meninas. 

No final, Mônica descobre tudo, Magali diz que nunca ficaria tão vaidosa à toa, foi tudo truque, conta que a gente deve gostar da gente sem exageros, muita gente quer fazer acreditar que o mais importante é a beleza, mas o importante é ter confiança em si e desenvolver outras qualidades e nunca mais serão prisioneiras do espelho. Olhando a Carminha se admirando no espelho, Mônica diz que pelo menos a maioria delas.

História legal em que a Magali encontra um espelho mágico falante que provoca vaidade das meninas que olham para ele para depois devorá-las. Magali é engolida e encontra dentro do espelho outras meninas que tiveram mesmo destino. Elas ajudam a Mônica a não cair na lábia do espelho, xingam a Mônica para ela pensar que era o espelho que estava xingando, Mônica quebra o espelho, libertando todo mundo e no final a Carminha Frufru é a única que continua vaidosa.

Magali se deixou levar pela vaidade que o espelho jogava para engolir suas vítimas e acabou se dando mal, mas nem foi culpa dela porque era o espelho que jogava o feitiço e ela não poderia saber que o espelho era mágico. Diferente da Carminha Frufru que era vaidosa e admiradora da sua beleza por natureza, com ela o espelho nem deve ter trabalho, foi a que conseguiu engolir mais rápido, tanto que nem se redimiu no final depois de tudo que passou, continuou como era antes da história.

Quem diria Magali sendo devorada, logo ela que sempre devorava os alimentos. De certa forma ela sentiu como os alimentos ficam no estômago dela. Só assim para Magali xingar a Mônica e nem apanhar, pelo visto aproveitou a situação para xingar a amiga, coisa que nunca podia, mas tinha vontade. Interessante a Mônica não se preocupar com o sumiço da Carminha, não querer investigar, mais importante era brincar com a Magali.

Não teve explicação da onde veio aquele espelho mágico falante, se ele pertencia a uma bruxa ou coisa do tipo. Quando o espelho fala, até poderia pensar que era o espelho da bruxa de Branca de Neve, mas nada confirmado. Na época era normal não dar explicações para tudo, as coisas aconteciam e pronto sem deixar explicado, ficando na imaginação dos leitores e era melhor assim. Hoje o público atual não gosta disso e até reclamam que não deixaram explicado. Pelo certo, quebrando espelho, as meninas ficariam presas para sempre ou morreria, mas teve efeito contrário nesta história, para o bem delas, e ajudou nos absurdos de histórias em quadrinhos que eram sempre bons.

Foi engraçado ver a Magali vendo o pé no espelho, espelho crescer e criar forma de boca para engolir a Magali, espelho saber da fama de gulosa e comilona da Magali, os xingamentos delas, Mônica quebrar espelho porque foi xingada, as meninas saírem do espelho de mãos dadas.

Essa história teve mensagem de alerta de forma divertida para muitas pessoas com excesso de vaidade que não é bom e continua bem atual com tecnologia de redes sociais da internet que pessoas postam fotos direto para sustentar vaidade, em vez de escravos do espelho, são escravos das redes sociais. 

Uma história da Magali sem foco em comida, apesar de ela ter sido engolida pelo espelho, na época passaram a colocar mais histórias da Magali sem a ver com comida para dar variada. Histórias com espelhos e reflexos estavam em alta na época, era bem comum histórias assim, e aumentou mais em histórias com o 3D Virtual envolvendo o espelho tridimensional criado pelo Franjinha para justificar as cenas em 3D nessas histórias.

Carminha Frufru dessa vez não foi tratada como vilãzinha, apenas como uma menina fútil, vaidosa e que não se redimiu mesmo depois de tudo que ela passou dentro do espelho. Carminha, criada em 1993, passou a ser personagem fixa a partir de 1995, só que até então sem uma personalidade fixa, apesar de ser vilãzinha e causar intrigas entre Magali e Mônica na maioria das vezes nos seus primórdios. Ainda sem traços definidos, dessa vez foi ruiva, e aparecia com cabelo e visual diferentes a cada história, só depois que a padronizaram como loira.

É incorreta atualmente por mostrar crianças com vaidades excessivas, espelho engolir Magali que pode dar trauma, os xingamentos para Mônica principalmente xingada de elefanta, medonha e abridor de latas, posições da Magali como no 2º quadro da página 5 do gibi, calcinhas das meninas à mostra, principalmente os jeitos da Magali no 3º quadro da página 13 do gibi e da Mônica no 3º quadro da página 15 do gibi, palavras e expressões que nem "cabelos sedosos", "olhos faiscantes", que podem ser de difícil entendimento para crianças, ou de duplo sentido que podem gerar memes maldosos que nem "eu comi você" e "me comeu". Teve erro da Magali sem franjinha no cabelo no lado direito no último quadro da história.

Traços ficaram bons, típicos dos anos 1990. As cores seguiram com degradê em todos os quadros, inclusive em gramas, muros, etc, e como nessa tiveram muitos fundos brancos por estarem dentro do espelho, colocaram o degradê nos balões coloridos. Dessa vez quadros  divididos em 3 linhas por página ou até 6 quadros por página ao invés do tradicional 4 linhas por página sou até 8 quadros, alguns acham mais bonitos quadros assim, porém história ocupa mais páginas no gibi do que se fosse o enquadramento padrão. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

sábado, 20 de setembro de 2025

HQ "Titi e Tatau"

Mostro uma história em que o Titi tenta mudar seu jeito de ser igual ao Tatau só porque soube que as garotas preferiam os tímidos. Com 6 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 95' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Cebolinha Nº 95' (Ed. Globo, 1994)

Titi vê umas garotas conversando, pensa que estavam falando dele e elas contam que o tititi é sobre o Tatau, o novo gatinho do pedaço e que é uma graça. Titi não sabe quem é Tatau e que o gavião do pedaço é ele. Aninha flagra o Titi dando em cima das garotas, Titi disfarça que perto dela é um canarinho e Aninha termina o namoro.

Titi reclama com as garotas que brigou com a Aninha por causa desse Tatau e pergunta o que ele tem de mais. Aparece o Tatau, menino bem franzino, de óculos, e Titi dá gargalhada e diz que esse menino com cara de bobo deve ter um bom papo. Tatau fala que é tímido. Titi acha ridículo, as garotas falam que ele não é ridículo, é carente, fofinho e desprotegido. Titi pergunta se elas gostam desse bobão, elas dizem que bobão é ele e o manda ir embora.

Depois, Titi volta para casa impressionado que é disso que as garotas gostam e resolve mudar seu visual igual ao Tatau. Ele volta para lá, pede licença, pergunta se incomoda. Tatau acha engraçado Titi daquele jeito. As garotas mandam não rir do Titi, é tão desprotegido, não caçoa que está igual a ele. Titi diz que esse é o verdadeiro eu dele. As garotas ficam cuidando do Titi, que diz que voltou a ser o rei delas.

Quando as garotas vão embora, Titi tenta reconquistar a que interessa, a Aninha. Primeiro a chama de gatona, depois se corrige agindo como tímido e desprotegido. Aninha diz que nunca foi assim, ele fala que agora é. Aninha fala que azar dele porque gosta é de garotos seguros, fortes e decididos como o Tatau, que surge todo reformulado e moderno e agora é o novo namorado da Aninha. Titi estranha que ele mudou e Tatau diz que depois que viu o Titi daquele jeito descobriu como era ridículo e agradece pelo toque.

História legal em que o Titi descobre que o Tatau, garoto tímido, fazia muito sucesso com as garotas e tenta imitá-lo com visual e personalidade para também conquistar as garotas. Até consegue, só que ao tentar reconquistar a Aninha, que tinha terminado o namoro quando o flagrou dando em cima das garotas, descobre que ela estava namorando o Tatau, que tinha mudado o seu jeito de ser depois de ter visto no Titi o quanto ridículo que ele era.

Titi mais uma vez canalha, cafajeste e que se deu mal no final, bem merecido. Ele tinha que se decidir se quer todas as garotas aos seus pés ou ficar só com a Aninha, definitivamente as duas coisas não dava. Mostrou que Titi não tem autoestima, só porque o Tatau tímido fazia sucesso queria ser igual. E sem querer ainda conseguiu abrir os olhos do Tatau de ser um garoto moderno vendo o Titi se passar como ele e roubar a namorada Aninha. As garotas também sem credibilidade e erradas, trocarem o Tatau pelo primeiro que se parecia com ele, quem era mais tímido e desprotegido, elas ficavam.

Aninha deu o troco, depois de ser corna mais uma vez, a fila andou e arrumou namorado novo, sendo o azar do Titi ser justamente o Tatau, todo moderno e repaginado, oposto que estava e aproveitando que a Aninha preferia garotos seguros, fortes e decididos. Titi teria que saber que se namorava com ela porque preferia garotos como ele. No máximo, Titi poderia agir como o Tatau com as outras garotas e ser como ele era com a Aninha se tinha interesse de ficar com todas elas.

Foram engraçados o trocadilho de conversa tititi com o nome do Titi, o flagra da Aninha bem na hora que que ele diz que é o gavião do pedaço e depois o disfarce que que é o canarinho da Aninha, as garotas admirando o Tatau e Titi debochando e depois ele se vestir e agir como menino tímido e o chifre que levou da Aninha e justamente com o Tatau reformulado. Como de costume de personagens criados para história única, Tatau apareceu só nessa e Aninha volta a ser namorada do Titi na próxima história. 

História passou mensagem de forma divertida de Aprender a ser quem você é, não mudar seu jeito para agradar os outros, mudar só se for realmente melhor para você. Não existe padrão do que as garotas preferem, cada um tem seu gosto individual, tem as que preferem os garotos decididos, outras os tímidos, por isso é ser como você é que sempre vai gostar do jeito como você é. 

Traços ficaram bons, típicos de histórias de miolo dos anos 1990. Incorreta atualmente por envolver namoro entre crianças, traição, bullying do Titi com o Tatau e até vice-versa depois, além de palavras proibidas como "gozado", "azar" e expressões populares e de duplo sentido como "gavião do pedaço". Tiveram erros da menina loira com cabelo pintado da cor de pele parecendo que estava sem cabelo na região no último quadro da 2ª página da história e fundos de olhos do Titi e da Aninha sem serem brancos no 4º quadro da 3ª página e 5º quadro da última página, respectivamente.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Mônica: HQ "Uma barriga que é uma joia"

Mostro uma história em que a Magali comeu um sorvete com um anel roubado dentro e os bandidos tentam recuperar a joia. Com 8 páginas, foi história de abertura de 'Mônica Nº 13' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Mônica Nº 13' (Ed. Globo, 1988)

Um sorveteiro passa pela rua, um homem pede um sorvete para o vendedor, coloca disfarçadamente uma joia dentro do sorvete e disfarça que não queria de morango, o sorveteiro vai embora comentando que agora é só passar a joia para o Oscar e pegar a parte dele. 

Um policial aparece querendo saber se o sorveteiro viu um sujeito com joia nas mãos, que foi roubada de um museu e está avaliada por muitos milhões de Cruzados. Nessa hora, Magali pede um sorvete, o sorveteiro entrega e nem dá atenção ao guarda, que diz que está tentando pegar o sujeito antes que passe a joia e melhor encontrá-lo e quem sabe ache o receptador junto.

O sorveteiro vai ao encontro do outro bandido Oscar em um beco sem saída, lhe entrega o sorvete com a joia e Oscar joga o sorvete na cara do sorveteiro porque tinha nada dentro. O sorveteiro se dá conta que vendeu o sorvete errado para a menina magricela, de vestido amarelo e olhos grandes.

Depois, Magali avista a Mônica e engole todo o sorvete para não dividir com ela e se engasga. Mônica pergunta o que houve, Magali diz que se engasgou, parecia uma pedra. Os bandidos aparecem, segura a Magali pelas pernas para baixo, Oscar fala que vão ter que espremer a barriga dela, Mônica bate neles e as duas fogem.

Magali lembra que era o sorveteiro que vendeu sorvete de morango, Mônica pergunta se ela não pagou, Magali diz que pagou, quando os bandidos conseguem capturá-la com uma rede. Mônica salva a amiga, os bandidos correm atrás delas, depois eles puxam a Magali pelas pernas e Mônica, pelos braços, Magali cai longe pelo puxão da Mônica conseguindo cuspir a joia.

Os bandidos pegam a joia, o policial aparece e os prende, mandando que o levem para o terceiro homem. Magali fala para a Mônica que a culpa da joia foi dela, engoliu o sorvete inteiro só para não dar um pedaço para a amiga e que para provar que está arrependida, paga um sorvete para a Mônica. Só que antes de entregar, verifica com as mãos se tem nada dentro, Mônica, com nojo, recusa e vai embora e Magali gosta, afinal, ficou com o sorvete para ela.

História legal em que bandidos roubam joia de um museu e tentam passar adiante com um deles disfarçado de sorveteiro só que ele vende o sorvete onde estava a joia dentro para Magali por engano e eles tentam recuperar. Mônica tenta impedir de levarem a amiga e na briga a joia sai pela boca dela bem na hora do policial chegar e os bandidos são presos.

O bandido sorveteiro não teve sorte, a distração da conversa com o policial, vende sorvete errado para a Magali, se o policial não tivesse aparecido, ele iria pegar certo o sorvete para a Magali e conseguiria executar o plano de passe da joia. No início, os bandidos não precisavam cochichar, o outro disfarçar que estava comprando sorvete já que tinha ninguém por perto passando pela rua na hora. 

Foram engraçadas as lutas dos bandidos para recuperar a joia engolida pela Magali, como deixar Magali do avesso, apanharem da Mônica e Magali servindo de cabo-de-guerra  entre eles, ficando esticada e depois parar longe com o puxão forte da Mônica, o que serviu para soltar a joia. Não seria tarefa fácil se não tivesse saído sozinha da boca com a briga do cabo-de-guerra.

Magali só passou por isso por causa do seu egoísmo de não dividir o que come com os amigos. Se tivesse tomado sorvete devagar como qualquer pessoa e não ter engolido tudo de uma vez só para não dar pedaço para a Mônica, ia ver que teria uma joia nele. Essa característica dela foi fundamental para desenvolver a trama. Sem dúvida era muito bom quando Magali era capaz de tudo, até comer tudo de uma vez, para não dividir comida com os amigos.

Nessa história a Magali chega a se arrepender da atitude para ajudar na piada final da Mônica desistir de ficar com o sorvete depois da Magali colocar mão suja nele, mas normalmente ela não se arrependia pelo que fazia com os amigos. Fica até a dúvida se ela colocou a mão no sorvete sem querer pelo que elas passaram ou foi de propósito para ver se a Mônica desistia. De caso pensado ou não, ela se deu bem ficando com o sorvete.

Título foi com créditos para a Mônica, mas o protagonismo foi da Magali. Estavam começando a intensificar destaques para Magali pensando na revista própria fixa dela que pretendiam lançar em 1989. Na verdade, desde a Editora Abril nos anos 1980 ela já tinha histórias solo de miolo pontuais, mas que aumentaram em 1988, principalmente em gibis da Mônica  para o pessoal ir se acostumando mais com a Magali. 

Impublicável atualmente por ter bandidos, organização de roubo de joia, policial com arma na mão, Mônica enfrentar e bater nos bandidos e aparecerem surrados pela surra dela, Magali ser presa em uma rede e servir como cabo-de-guerra, Magali comer sorvete inteiro com anel dentro, Magali egoísta tomando todo o sorvete para não dividir com a Mônica, calcinhas das meninas à mostra em algumas cenas, além das palavras proibidas "Droga!" e "Credo!", talvez implicariam com palavra "receptador" por ser de difícil entendimento pelas crianças e hoje trocariam a moeda Cruzado por não gostarem de coisas datadas.

Traços muito bons da fase clássica dos personagens. As cores mais desbotadas típicas de gibis do segundo semestre de 1987 a início de 1988. Essa história nunca foi republicada depois, poderia ter sido a partir de 1993, mas acabou não sendo. Não acho que por causa de presença de bandidos porque ainda estavam em alta naquela época, deve ter sido por mero esquecimento. Então, fica sendo uma história rara e só quem tem a revista original que a conhece.

sábado, 13 de setembro de 2025

HQ "O sumiço dos pais do Cascão"

Em setembro de 1995, há exatos 30 anos, era publicada a história "O sumiço dos pais do Cascão" em que o Capitão Feio quer ser pai do Cascão e sequestra os pais dele para convencê-los a dar o Cascão para ele para adoção. Com 14 páginas foi publicada em 'Cascão Nº 226' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Cascão Nº 226' (Ed. Globo, 1995)

Dona Lurdinha implora para o Cascão tomar banho, diz que vai ser bom pra ele e saudável. Cascão recusa, Seu Antenor fala que vai ficar sem jantar se não tomar banho e Cascão diz que então não vai jantar nunca mais. Dona Lurdinha pergunta ao marido se não foi severo demais com o filho e Seu Antenor fala que teve que ser senão ele toma jeito nunca e que ainda vai acabar concordando com o banho. A casa está sendo monitorada e quem vê fala que vão acabar conseguindo, não pode permitir e que vai ter que dar um jeito.

No dia seguinte, Cascão acorda com fome, barriga roncando, acha que o pai jogou duro com ele e pergunta para a mãe se pode tomar café, só que sem banho. Dona Lurdinha diz que só querem o bem dele e que devia conversar com o pai. Cascão diz que vai brigar com ele, Dona Lurdinha acha que pode estar calmo, está na sala lendo jornal. Cascão vai até lá e não vê o pai, nem no banheiro, nem no quarto e nem no quintal. 

Cascão avisa à mãe que o pai não está em casa, Dona Lurdinha diz que o carro está na garagem e ele estava de pijama e manda o filho brincar lá fora. Na rua, Cascão comenta com o Cebolinha que o pai sumiu e a mãe não viu e acha que ele sumiu por causa dele que não quer tomar banho. Cebolinha consola que não deve ter sido por causa dele porque se fosse, o bairro inteiro já teria se mudado e pergunta se vão brincar e Cascão sai porque está muito preocupado para isso.

Cascão volta para a casa e não encontra a mãe, procura por todo canto  da casa e vai para rua chorando e conta para Cebolinha e Xaveco que o pai sumiu e a mãe o seguiu e que agora vai procurá-los em todos os cantos do planeta e que vai se tornar Cascão Jones, o caçador dos pais perdidos. Ele procura pelo bairro todo, não encontra e acha que estão se escondendo dele até ele tomar banho. Vê um lago e corre para tomar banho, se é o jeito de ter os pais de volta só que um espião o segura e leva com um ajudante ao chefe deles aproveitando que desmaiou.

Quando acorda, Cascão está no esconderijo do esgoto do Capitão Feio, que o chama de filho. Cascão diz que ele não é pai dele e Capitão Feio fala que vai ser, é só uma questão de tempo, está cuidando da adoção dele. Cascão acha que os pais sumiram por que querem que o Capitão Feio o adote e ele diz que mais ou menos, mas que está quase conseguindo convencê-los. 

Cascão quer ver os pais, Capitão Feio reluta por não serem boa influência para ele. Cascão pede por favor chamando Capitão Feio de papai e aí ele deixa. Cascão vê os pais amarrados e torturados em cima de um caldeirão com essência de gambá e pergunta se vai machucá-los. Capitão Feio tortura um pouco mais os pais com essência de chulé  para convencê-los em dar o Cascão para adoção, eles recusam, Cascão pede para parar com isso. 

Capitão Feio diz que não será mais necessário porque será ele quem vai decidir com quem quer ficar e pergunta se quer ficar com os dois que não o compreendem, que não dão valor, que querem dar banho a todo custo e até deixam passar fome por causa disso ou ficar com ele, um pai lindão, que vai adorá-lo como é, que jamais vai obrigá-lo a tomar banho e vai querer vê-lo cada vez mais sujo, que vai brincar juntos, ensinar a poluir o mundo e reinar depois dele.

Cascão olha para os pais presos e prefere ficar com eles, dizendo que apesar das diferenças adora os pais e no fundo só querem o bem dele. Os monstrinhos de sujeira  perguntam se Capitão Feio quer que prendam o Cascão à força ou torturá-lo. Capitão Feio, de coração partido, fala para soltá-los e mandarem embora e quer ficar sozinho. Depois, Capitão Feio lamenta que queria ter um filhinho sujinho e um monstrinho apresenta a irmã dele e Capitão Feio fala que pensando bem, tem tempo para isso e quem sabe um dia o Cascão mude de ideia.

Em casa, Cascão fala aos pais que nunca vai mudar de ideia e os adora. Seu Antenor pede desculpa pelo mau jeito e pergunta ao filho sobre o banho. Cascão diz que vai tomar em um dia bem distante e não sabe quando, como e por quê. No final, Dona Lurdinha comenta com o marido que o Capitão Feio tinha razão que ó Cascão é um filho de ouro, só precisa de uma polidinha enquanto o Cascão brinca na lama todo feliz.

História legal em que o Capitão Feio sequestra os pais do Cascão para torturá-los e convencê-los a aceitarem de ele ser o novo pai adotivo do Cascão. Aproveita que os pais queriam dar banho no Cascão para mostrar que não queriam bem dele e fazer com que Cascão o escolhesse como pai. A tentação de escolher o Capitão Feio foi alta, para não ter mais alguém perturbar para tomar banho e conviver na sujeira, mas a razão falou mais alto, preferiu ficar com os pais que sempre cuidaram dele, apesar de tudo, deixando Capitão Feio de coração partido.  

Capitão Feio mais sentimental, queria ter um filho sujinho como ele e aliado, escolheu o Cascão, mas precisava dos pais dele aceitarem a adoção. Seu Antenor pegou pesado de ameaçar Cascão de se não tomar banho fica sem jantar. Deu pena no Cascão passar noite com fome e ainda pedir autorização para mãe para tomar café-da-manhã. Ele poderia ter dado outro castigo mais leve. Ainda assim, ficou preocupado com o sumiço dos pais, tinha amor por eles, apesar de tudo, teve até coragem para tomar banho no lago para vê-los de novo, precisando o monstrinho de sujeira impedir. Teve um mistério inicial de quem estava monitorando a casa e quem sequestrou os pais do Cascão, só revelado quando Cascão foi capturado e parado no esgoto. E interessante como Capitão Feio instalou câmeras na casa sem ninguém ter percebido.

Teve cenas engraçadas como Cebolinha consolar Cascão que não deve ter sido por causa dele que os pais sumiram porque se fosse, o bairro inteiro já teria se mudado, Cascão procurar os pais em locais que eles poderiam estar, inclusive dentro de lata de lixo e dentro de um carro, Cebolinha perguntar se planeta tem cantos. Cascão imaginar as situações enquanto o Capitão Feio falava como dentro do presídio passando fome sem jantar, Capitão Feio jogando lixo nele, ensinando a poluir o mundo e virando rei como ele e o monstrinho apresentando a irmã dele para o Capitão Feio com intenção de ter  filho com ela. 

Na época ainda não tinha ligação que o Capitão Feio era tio do Cascão e irmão do Seu Antenor. Na verdade, esse parentesco foi retratado na história de estreia do Capitão Feio de 'Mônica Nº 31' da Ed. Abril, 1972, e teve outra menção em história publicada em 'Mônica Nº 117', de 1980, depois tiraram isso dos gibis e só retornaram o parentesco na Editora Panini. E os pais do Cascão nessa trama, prova que não eram só as crianças que viam o Capitão Feio, ele era real e podia aparecer para qualquer um.

Incorreta atualmente por envolver sequestro, Seu Antenor negar janta para o filho, apologia á sujeira, Cascão mexer com lata de lixo e ficar brincando na lama no final. Tiveram alguns erros como o de continuidade de Seu Antenor sumir de casa de pijama e aparecer no esconderijo do Capitão Feio com roupa comum e sapato que estava no dia anterior, Dona Lurdinha sem lábios com batom em alguns quadros, Seu Antenor com sujeirinhas no 3º quadro da página 12 do gibi, Capitão Feio sem sujeirinhas em alguns quadros e Cascão sem sujeirinhas no lado direito no 5º quadro da última página da história.

Traços ficaram bons com personagens com bochechas mais arredondadas, típicos dos anos 1990. A colorização muito bonita, começada na segunda quinzena de agosto de 1995, com todos os quadrinhos com fundo em degradê, sejam locais abertos ou fechados, além de gramas, pisos, casas, muros, etc. Até quando o fundo era branco, deixavam os balões coloridos em degradê. Gostava das cores assim, melhor que as escuras do primeiro semestre de 1995 e foi o primeiro gibi do Cascão com cores assim. Esse recurso marcou nova fase de cores na Editora Globo já que mesmo depois que deixaram de ter degradê em todos os quadros, ainda usavam em alguns quadros pontuais em locais abertos até o final da fase da Globo em 2006. 

A história foi interrompida por propagandas em papel tipo capa fina entre as páginas 10 e 11, o novo recurso de disponibilizar anúncios inseridos nas histórias, dessa vez com a propaganda do biscoito "Passatempo" com passatempo para fazer e outra anunciando gibis da Turma da Mônica no geral. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.