quarta-feira, 2 de novembro de 2016

"Coleção Histórica Mauricio - Bidu e Zaz Traz!"


"Coleção Histórica Mauricio: As Clássicas Aventuras de Bidu e Zaz Traz!", lançado em 2015 pela Editora Panini, fez parte das comemorações de 80 anos do Mauricio de Sousa. Nessa postagem faço uma resenha sobre esse livro.

Bidu e Franjinha foram criados em 1959 com tiras de jornais na "Folha de São Paulo". Esse livro foi elaborado por Sidney Gusman e reúne as edições clássicas dos gibis "Zaz Traz" e "Bidu", os primeiros criados pelo Mauricio em 1960 e 1961 pela Editora Continental. Como se fosse a extinta "Coleção Histórica Turma da Mônica" dos dos 5 principais, só que em vez de venderem gibis separados, reuniram todos em formato livro encadernado de luxo.

Contracapa do livro

Tem capa dura, papel de miolo offset, 276 páginas no total e formato 19 x 27,5 cm. Os gibis originais do final dos anos 50 e início dos 60 não eram coloridos, por isso as histórias serem em preto e branco nesse livro. Diferente da "Coleção Histórica Turma da Mônica", o texto seguiu a ortografia atual, em vez da ortografia da época, então não deixa de ser alguma alteração em relação aos gibis originais. Outra desvantagem é não mostrar as datas originais dos gibis, com seus respectivos meses. Só sabemos que são de 1960 e 1961.

O preço que é um absurdo, custando R$ 102,00. Não dá pra entender um preço tão salgado, mesmo sendo republicações raras, não mereceria esse valor. Ainda acho que deviam vender 2 versões, um em capa dura e outro em capa cartonada mais barato, e aí o pessoal escolhe a sua melhor versão. Eu só comprei porque consegui desconto, pesquisando na internet. Paguei R$ 67,90 pelo preço de capa mais um frete de R$ 1,90. Se não fosse com desconto não dava para comprar com esses preços tão altos que a MSP coloca nesses livros encadernados.

Capa de 'Zaz Traz Nº 1'

A capa do livro foi tirada do gibi 'Bidu Nº 2' e abre com um editorial escrito pelo Sidney Gusman explicando sobre a ideia de criar e como era o livro. Em seguida vem as reproduções dos gibis, todos com suas respectivas capas e histórias originais escritas pelo Mauricio. Não foram reproduções integrais dos gibis porque histórias de outros personagens de outros artistas ficaram de fora. Apenas as histórias "O rapto de Bidu" ('Zaz Traz Nº 2') n e em 'Viagem à Lua ('Zaz Traz Nº 3') que mostraram, mas foi porque eles contracenaram com o Bidu, ou seja, uma história com cross-over de personagens. Mostraram no livro também propagandas que eram relacionados aos personagens do Mauricio.

Capa de 'Bidu Nº 3'

Foram reproduzidos a coleção toda dos gibis lançados, com 7 edições de "Zaz Traz" e 8 do "Bidu". Cada gibi original tinha cerca de 40 páginas mensais em preto e branco. Não colocaram o exemplar "Almanaque de Zaz Traz" de 1960 porque não teve histórias do Mauricio nele. As edições "Zaz Traz" e "Bidu" apareceram alternados, de acordo com a data de publicação que saíram, já que foram vendidos nas bancas ao mesmo tempo, sendo "Zaz Traz" lançado primeiro.

As reproduções de "Zaz Traz" e algumas do "Bidu" tiveram menos páginas que nas originais. As de "Zaz Traz" tinham também histórias de outros artistas nacionais e estas não foram republicadas. Já gibis do 'Bidu Nº 4' também teve histórias de outros artistas e as de "Nº 7" e "Nº 8" tiveram histórias que haviam sido publicadas em edições anteriores, já que na época o Mauricio já não estava mais dando conta da produção até cancelar de vez, e, assim, histórias repetidas não foram mostraram de novo. Com isso, na edição "Zaz Traz Nº 5', por exemplo, só mostrou 1 história de 1 página porque as demais foram todas de outros artistas. Já a edição 'Bidu Nº 7' teve 3 histórias republicadas de edições anteriores e na "Nº 8", como todas foram republicações, foi mostrada só a capa desta última.

Propaganda tirada de 'Zaz Traz Nº 1'

Em relação ao conteúdo das histórias vemos os personagens completamente diferentes do que hoje, não só pelos traços primários de início de carreira do Mauricio, como também nas suas características. Histórias no geral mostravam o cotidiano do menino Franjinha com seu cachorro e seu grupo de amigos, aventuras enfrentando fantasmas, monstros, extraterrestres, além do cotidiano do Bidu como um cachorro normal. Da turma do Franjinha da mesma idade eram o Titi, Jeremias, Humberto e Manezinho.

Trecho da HQ "Concurso de robustez canina" ('Zaz Traz Nº 2')

Nos traços, vemos um Franjinha gordo, inspirado no Bolinha, o Cebolinha com mais fios de cabelos, Humberto mais alto, na idade do Franjinha (já era mudo, só falando "Hum! Hum!"), porque fazia parte da turma dele, enquanto só o Cebolinha que era mais novo que os outros meninos. O Cebolinha falava como criança bem pequena trocando letras de várias palavras como Franjinha era "Fanzinha"; plantada, era "pantada"; ajudar era "ajudal", entre outras, nas suas primeiras histórias. Depois foi mudando e trocou só o "R" pelo "L". Mantiveram isso nas republicações.

Apareciam os pais do Franjinha, seu Carlos e Dona Elza. Cebolinha contracenava com eles como um menino mais novo, e ás vezes tinha participação dos pais do Cebolinha e da sua irmã, a Maria Cebolinha, que foi inspirada na filha do Mauricio, Mariângela. Uma coisa interessante que só tinha uma menina na faixa etária deles, a Leninha. Outros personagens femininos, além dela, só Dona Elza, Dona Cebola e Maria Cebolinha. Dona Cebola, aliás, completamente diferente do que conhecemos.

A estreia do Cebolinha foi na edição 'Zaz Traz Nº 2' de 1960. A mãe e o pai do Cebolinha estrearam em 'Bidu Nº 3'; e Maria Cebolinha, em 'Bidu Nº 5'. Já estreia de Titi, Manezinho, Jeremias e Humberto foi na edição 'Zaz Traz N º 1' de 1960; e os pais do Franjinha em 'Zaz Traz Nº 1'.

Trecho da HQ "O Domador" ('Bidu Nº 3')

Como não podia deixar de ser muitas cenas incorretas, de deixar o público do politicamente correto de cabelos em pé. Vemos Maria Cebolinha em uma coleira igual a um cachorro, eles contracenando com bandidos, mexendo com fogo, revólver, entre outras coisas. Tudo completamente inadmissível atualmente. Fora os costumes que era no final dos anos 50 e início dos anos 60, como os meninos irem ao circo com paletó e roupa mais formal, linguagem coloquial. Outra curiosidade é que muitas histórias criadas foram depois redesenhadas e adaptadas para os gibis da Mônica entre 1970 a 1972, como "O Domador" ('Bidu Nº 3'), que saiu depois em Mônica Nº 24', de 1972; "Bidu, o valentão"('Bidu Nº 4'), que saiu depois em Mônica Nº 25', de 1972; "A fonte da juventude" ('Bidu Nº 7'), que saiu depois em Mônica Nº 3', de 1970 entre outras.

No final do livro, teve "Extras" com 5 páginas, escrito por Sidney Gusman, mostrando como conseguiram encontrar os exemplares originais, processo de restauração e curiosidades gerais das revistas de 1960 e 1961. E informou também quais foram as histórias repetidas das edições "Nº 7" e "Nº 8", basicamente as que saíram nas 2 primeiras edições.

Trecho da HQ  de estreia da Maria Cebolinha ('Bidu Nº 5')

Para quem gosta de raridade e saber como foram os primeiros trabalhos do Mauricio, vale a pena comprar esse livro. Preferia que fosse vendidos como edições avulsas, como era na "Coleção Histórica Turma da Mônica". Tem que pesquisar muito bem antes para conseguir um bom desconto na internet porque pagar R$ 102,90 em livrarias físicas é um absurdo.

26 comentários:

  1. E o livro "memórias do mauricio" que tão custando R$140,00? é maior do que esse afinal? preço absurdo.

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    1. Esse "Memórias do Mauricio" já é um assalto, e nem faço questão de ter.

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  2. É só eu que acharia interessante, se o Cebolinha vez ou outra falasse mais como uma criança pequena? Sei lá, só pra mostrar que ele falava mais errado ainda quando foi criado.

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    1. É, que nas histórias ele tem 6 anos, como seus amigos. Aí, só preservaram ele trocar o "R" pelo "L" pra não mudar sua característica. Nessas edições aí de Zaz Traz e Bidu ele devia ter menos que 6 anos.

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    1. Até agora não disseram algo concreto, só que fechou um ciclo e já deu o falar. Só especulações de pouca venda ou terem muitas cenas incorretas ou galera compara a qualidade das histórias antigas e desistem de comprar os novos, etc.

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    2. Falando nisso,ao passar numa biblioteca,abri o Almanaque do Chico Bento 81,e nele havia a história "Isso sim é esperteza!",do Papa Capim,desenhado pela saudosa Rosana.Havia duas índias adultas de seios nus,bem desenhados.Acho que o almanaque é de 2004,mas a HQ certamente é dos anos 90,época boa sem as frescuras de hoje.Na verdade o Brasil involuiu!

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    3. Rsrs... outra época, hoje nem pensar

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  4. Você pagou bem barato. Eu comprei no stand da Panini na Bienal aqui do Rio, com 20% de desconto no preço original. Mas peguei o autógrafo do Mauricio nele no dia. Fiquei satisfeito.

    Achei esse encadernado um primor, não só pelo conteúdo, mas pelo valor histórico do resgate. Mas o preço de capa é meio caro sim.

    Não sei de caberia lançar uma versão em capa cartonada, uma vez que são muitos números. Talvez se fosse no formato da "Coleção Histórica Marvel", que são 4 volumes em capa cartonada de 160 páginas cada, com uma caixa de papelão pra acomodá-los.

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    1. Ao menos compensou o autógrafo do Mauricio rs. Só fui comprar esse ano mesmo.

      Preço é caro demais, acho que podiam vender separadamente ou então dividir 2 volumes de cada. Ficando encadernado assim, fica caro.

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  5. Boa noite, Marcos!

    "A mãe e o pai do Cebolinha estrearam em 'Zaz Traz Nº 3'..." Na verdade, os pais do Cebolinha estrearam em "Bidu 3", corrige isso. Muito obrigado. :D

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  6. Devia ser turma do cebolinha pq ele foi criado primeiro...

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    1. Ou do Bidu rs. mas Mônica tomou conta de tudo depois.

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    2. Acho que eles não colocariam Turma do Bidu, Porque Cachorro personagem principal pode dar rolo...

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    1. Leninha foi uma menina da idade do Franjinha e sua turma que contracenava com eles. A primeira menina criada pelo Mauricio, embora apareceu pouco, nunca divulgada pela MSP. Antes falavam que a Mônica que foi a primeira menina. Eu só fui descobrir da existência da Leninha lendo esse livro. Antes não a conhecia.

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  8. Eu baixei esta revista em pdf, vale a pena

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  9. Adquiri essa edicao no submarino e realmente eh um livro muito legal e interessante. Eh mesmo uma raridade e vale a pena ter. Historinhas impensaveis de aparecer hoje em dia...um verdadeiro museu de uma epoca passada. Adorei conhecer como foi a estreia do cebolinha e como sua aparencia era diferente. E muito interessante que a Maria Cebolinha que eh um bebe seja mais velha na historia MSP que a Monica.... E a tal Leninha foi a cereja do bolo, tambem nunca tinha ouvido falar.

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    1. Edição histórica sem dúvida. Eu também nunca ouvi falar da Leninha, foi uma surpresa pra mim.

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  10. Oi gostaria de saber se nesse livro que vc comprou tem historia em que o Humberto aparece???

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    1. Eram bem diferentes. As primeiras da Mônica na Editora Abril também eram nesse estilo.

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