No Dia dos Índios, mostro uma história em que o Papa-Capim encontra uma menina branca perdida na selva. Com 5 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 170' (Ed. Globo, 1993).
Capa de 'Chico Bento Nº 170' (Ed. Globo, 1993) |
Papa-Capim ouve um barulho na selva e quando vê era uma menina "caraíba" chorando. Papa-Capim pergunta para ela quem é, se está perdida e de onde veio e a menina, que se chama Olga,, por sua, também pergunta quem é ele, mas como falam em línguas diferentes (ele fala em tupi-guarani e ela em português), um não entende o que o outro fala.
Papa-Capim acha que é uma caraíba que se perdeu e Olga acha que ele é um selvagem que vive por lá. Ele diz que nunca viu uma caraíba dr olhos desbotados e faz umas caretas para ver se ela enxerga e acaba se assustando. Ele convida para ir até a aldeia dele e pelo sinal que faz, Olga entende que é para ir com ele e acaba indo por ser melhor do que ficar sozinha.
Na aldeia, Papa-Capim apresenta o seu povo e Olga se pergunta quais as intenções dele de lavá-la até lá. Os índios estranham a caraíba ter olhos da cor do céu e cabelos pálidos como fios de espigas de milho. A mãe do Papa-Capim dá beijus para a Olga pensando que ela esta com fome e faz todos os índios se afastarem dela, pois acha que pode estar doente, já que uma menina tão diferente e tão pálida não pode ser saudável enquanto que a menina fala que a comida é boa, mas não sabe por que eles se afastaram dela e estranha também eles serem tão morenos e de olhos tão negros e devem tomar Sol demais.
Papa-Capim fala com a mãe que não importa que a Olga é diferente, deve estar se sentindo muito só e resolve fazer companhia para ela. Assim, Papa-Capim ensina para ela os costume dos índios, oferece água, pega frutas da árvore com arco-flecha, mostra os pássaros da região e ela fica encantada e bem feliz.
Até que o Pajé avisa que os pais dela chegaram para buscá-la. Papa-Capim estranha os pais da Olga ter os olhos iguais aos dela e Pajé comenta que são da tribo dela. A mãe do Papa-Capim comenta que ainda bem que se foi, era uma aberração diferente deles enquanto que os pais da Olga falam também que os índios eram diferentes demais deles. Papa-Capim fala que seria bom se eles não fossem tão iguaizinhos e se alguns deles tivessem olhos azuis enquanto que Olga fala que não há nada de mau ser diferente e não para de pensar naqueles olhos negros do Papa-Capim, terminando assim.
Essa história é muito bonita abordando preconceitos. Mostra as diferenças de raças indígenas e do homem branco tão extremas e como eles nunca haviam visto antes alguém daquele jeito, um estranhou o outro. E ensina a todos não terem racismo, não ter preconceito com alguém só por ter cor de pele diferente.
A mãe do Papa-Capim e os outros índios achavam a menina uma aberração pálida e com doença só porque nunca viram alguém loira, muito branca e com olhos azuis enquanto que os pais da Olga e até a menina no início achavam os índios uns selvagens. Papa-Capim que mostrou humano e sem racismo e foi o único a fazer companhia quando toda a deixaram em isolamento e se tornou um grande amigo da Olga e ficaram com saudades um do outro quando e separaram.
Muito bom mostrar uma comparação da visão entre os índios e os homens brancos em uma mesma situação. Tipo, ao mesmo tempo que a mãe do Papa-Capim falava que a Olga pálida, a Olga falava os índios morenos e olhos negros de pegar Sol e ao mesmo tempo que a mãe do Papa-Capim achava os brancos diferentes, os pais da Olga achavam os índios diferentes. Não fazem mais histórias assim nem mesmo se for para ensinar, chamar uma pessoa de aberração seria ofensa demais.
Curioso dessa vez os índios não entenderam a Olga falando e vice-versa, só se entendendo por gestos. Ficou muito bonito já que Papa-Capim e Olga se entenderam mesmo sem falarem nada e isso se diferenciou de outras histórias do Papa-Capim em que homens brancos e índios conversavam normalmente. Boa sacada também de narrador avisando que a fala do Papa-Capim. que era em tupi-guarani foi traduzida para os leitores entenderem o que ele está falando. A Olga só apareceu nessa história, como de costume figurantes em histórias do Papa-Capim.
Os traços ficaram muito caprichados, típicos dos anos 1990. Bom relembrar há exatos 30 anos.
Nela seguiu o estilo padrão dos personagens da Turma do Papa-Capim representando índios primitivos, como sempre foi. Hoje em dia a MSP lamentavelmente estão colocando roupas no Papa-Capim para modernizar e ser a favor do politicamente correto. Primeiro a novidade foi em capas de almanaques, os primeiros foram 'Almanaque da Mônica Nº 80' e depois 'Almanacão Turma da Mônica Nº 5' de 2020.
Nela seguiu o estilo padrão dos personagens da Turma do Papa-Capim representando índios primitivos, como sempre foi. Hoje em dia a MSP lamentavelmente estão colocando roupas no Papa-Capim para modernizar e ser a favor do politicamente correto. Primeiro a novidade foi em capas de almanaques, os primeiros foram 'Almanaque da Mônica Nº 80' e depois 'Almanacão Turma da Mônica Nº 5' de 2020.
Capas de estreia com papa-Capim com roupa |
Agora nas histórias estão mostrando Papa-Capim assim com roupa, descaracterizando completamente seu núcleo. A primeira vez foi na história "Ondinas", de Chico Bento Nº 60', de 2020. Revoltante. Não dá para entender a implicância do povo do politicamente correto em ver um menino sem camisa em histórias. Já não bastavam as mudanças na Turma da Tina, os emagrecimentos de personagens e agora mostrar índios com roupas. Não gostei. Imagem da história enviada por Xandro.
Trecho da HQ "Ondina" (Chico Bento Nº 60' - Ed. Panini, 2020) |
Muito boa a história!
ResponderExcluirColocar roupa em índio... lamentável! Antes era índia aparecer com top no peito, agora é roupa em índio. Se isso passar para as HQ'S, vai tocar a trombeta do apocalipse, de tão bizarro que isso ficaria... :(
Aproveitando seu comentário,veja isso:
Excluirhttps://theculturetrip.com/africa/south-africa/articles/is-social-media-censoring-african-culture/
Dá para abrir no Google Chrome,que traduz a página.
Unknown, muito revoltante colocarem roupa nos índios, completamente sem noção. Ficam sensibilizados criança aparecerem sem camisa, ainda mais em uma capa. Não faz sentido nenhum essa censura.
ExcluirJulio Cesar, o Facebook fica tirando que julgam que é nudez, na verdade qualquer bobagem ficam removendo, as vezes não tem nada a ver contra as regras deles, mas pensam que violaram regras. Da nudez aí dos povos africanos tinham que levar em consideração a cultura deles, sem sentido removerem conteúdo.
ExcluirPópopropopropropóóóóó...
ExcluirAs trombetas do Apocalipse...
Unknown, muito triste isso, a que ponto chegaram.
ExcluirDá vontade de mandar uma carta para a MSP, falando de tudo isso... A exemplo do que fizeram depois da capa do Cascão 299, de 1998...
ExcluirPode mandar email, mensagens em redes sociais, mas se eles estão convictos mesmo nisso não vão mudar, só vão saber a insatisfação da gente.
ExcluirUma pena, mesmo!
ExcluirGostei do final, os pais parecem estar olhando pro enorme balão de pensamento da menina, se estiverem realmente olhando, pode ser telepatia ou metalinguagem. O ponto alto é a dificuldade na comunicação, os índios falam português e a menina também, poderiam ter usado os símbolos < > (menor que e maior que) que são muito utilizados em situações como esta, servem para indicar pros leitores idiomas diferentes, os textos dos balões ficam entre eles, nos anos 1980, 90 e 00 a Marvel utilizava com freqüência tal recurso, vi também na TM, estranho não terem utilizado nesta HQ, porém foram práticos indicando com asteriscos. Resta saber qual lado estava falando português, talvez ambos não estavam usando a lusofonia, talvez Papa-Capim e sua tribo estivessem falando tupi-guarani ou guarani e a menina e seus pais podem ser turistas escandinavos por exemplo, nesse suposto caso o português fica só pros leitores, como conhecemos de longa data o indiozinho, deduzimos que seja bilingüe, ou seja, fala português e alguma língua indígena. A mensagem importante que a historinha passa é que a comunicação vai além dos idiomas.
ResponderExcluirOs pais podem até não terem visto o balão, mas imaginaram que a filha gostou e estava com saudades do Papa-Capim . tem possibilidade também da família da Olga ser estrangeiro, tipo alemães, espanhóis, suíços, etc, e colocaram eles falando português para a gente entender, já que o narrador só falou que as línguas estão traduzidas. Fica na imaginação de cada um.
ExcluirDos olhares dos pais, tava zoando, mas, passam a impressão de que tão focando no balão.
ExcluirQuanto aos sinais que indicam tradução, não sei como se chamam, se assemelham com os sinais matemáticos, não são a mesma coisa. Tô esclarecendo caso entendedores dos dois assuntos venham a ler o meu comentário anterior e eventualmente queiram me baixar o malho.
Deixar pra imaginação de cada um, ficar no ar, ficar em aberto, interpretações subjetivas, esse recurso foi uma das inúmeras grandes sacadas que a MSP possuía antes de se tornar careta, permitia e incentivava questionamentos, estimulava a imaginação, a criatividade, pra criançada fazia um bem tremendo, só explicava o necessário, colocava a garotada pra pensar, manipulação passava longe, havia liberdade.
Marcos, outra mensagem que a história passa é que diferentes fenótipos podem se atrair.
Já vi histórias com personagens se comunicando com sinais, símbolos, tipo eles conversando com extraterrestres ou até estrangeiros mesmo. Eu gostava quando não era tudo explicado, como você falou ajudava as crianças a pensaram e interpretarem ou imaginarem do jeito que entendiam, isso era bom. E os opostos se atraem.
ExcluirMarcos, fuçando no teu blog descobri uma postagem sua de 29/12/14 sobre a capa de Chico Bento 86 de 1985, tu tens a edição ou só baixou a capa?
ExcluirEu tenho essa edição, uns 90% do conteúdo aqui são da minha coleção e a seção de capas da semana todas eu faço questão de ser as que eu tenho.
ExcluirÉ que essa edição foi a primeira do Chico Bento que eu adquiri, me recordo de quase nada do conteúdo, cê poderia postar alguma HQ dela, me parece que a primeira história se passa na escola ou possui alguma cena na classe, é apenas uma sugestão, claro!
ExcluirEntendi. Tranquilo, quando der eu mostro alguma coisa dessa edição.
ExcluirQue linda e singela histórinha,apesar de serem de culturas diferentes eles se deram bem,gostei
ResponderExcluirVerdade, deixaram bem singela e com boa mensagem. Assim que era bom.
ExcluirSim com certeza.
ExcluirMuito boa HQ..nunca tinha lido antes e o que falar do Papa com roupa agora? lamentável?! Enfim...feliz dia do Índio! :p
ResponderExcluirhttps://blogdoxandro.blogspot.com/
História muito boa. Frescura isso do Papa-Capim com roupas, que fique limitado só a capas embora nem isso devia. Se deixarem assim também nas histórias é o fim.
ExcluirA história mostra muito bem que racismo não é sofrido por apenas uma etnia.Mesmo que seja menos frequente em certos grupos,ele existe em todos.
ResponderExcluirE essa HQ me remeteu à da "história da feia menina branca",em que também acontece esse estranhamento com a aparência de uma órfã branca numa tribo.
Sim, em qualquer etnia pode ter racismo, até brancos podem sofrer racismo. Lembro dessa "História da feia menina branca", muito boa também.
ExcluirEu tenho essa história no gibi do Chico Bento. Eu sempre gostei dela, muito boa. Eu acho que a família da Olga é Alemã, sempre foi um palpite meu sempre que eu a lia. Talvez isso explique porque eles não entenderam as línguas um do outro, pois nas outras histórias os personagens que interagiam com o Papa Capim eram brasileiros.
ResponderExcluirSim, é uma possibilidade, já que o narrador falou que as línguas foram traduzidas. Apear do papa-Capim ser brasileiro, mas como mora longe de tudo, teria possibilidade falarem línguas indígenas. Quem sabe ele falou em tupi-guarani e ela em alemão.
ExcluirÓtima história! Pena que ultimamente tem tido poucas histórias do Papa Capim nos gibis do Chico Bento. As histórias da Turma da Mata estão sendo mais frequentes, eu particularmente prefiro o Papa Capim. Estou assinando os almanaques agora e este ai da Mônica foi o primeiro que chegou, junto com o Almanaque do Cebolinha e Cascao. Tomara que o Papa Capim usando roupa tenha sido um fato isolado nesta capa, tomara que não alterem isso nas histórias.
ResponderExcluirAlém dessa capa, a do Almanacão Turma da Mônica nesse mês também apareceu ele com camisa, onde normalmente apareceria sem. Podem implicar que estaria pelado naquela situação. Tomara mesmo que não tenha isso nas histórias.
ExcluirEsse núcleo era um que não tinha reclamação de politicamente antes correto, no máximo top das meninas índias ultimamente e agora com isso. outra possibilidade seria cada vez menos ter histórias do Papa- Capim no gibis. Turma da Mata sempre achei sem graça, agora mais ainda.
o Papa Capim usando roupa é ridículo, não sou preconceituosa, eu sei que existe índios que usam roupas, mas todos nós sabemos por que a MSP fez isso, pra modernizar os personagens de uma maneira torta.
ResponderExcluirPois é, nada a ver isso. Querem modernizar pra não mostrar os índios sem camisa e só com tanga. Absurdo, perderam a noção.
ExcluirE muitos homens da cidade grande e "moderna" andando sem camisa na rua!Nada faz sentido!
ExcluirVerdade, Julio Cesar. Nas ruas, nas novelas, filmes, séries aparecem homens sem camisa, mulheres semi nuas em um gibi um menino não pode ficar sem camisa, vai entender esse povo.
ExcluirEu amo essa edição, principalmente pela história de abertura que é a Chico Mico, que virou desenho animado anos depois. Eu espero que esse papa-capim vestido seja apenas um erro de quem esteja responsável pelas capas.
ResponderExcluirEssa história do Chico mico é muito legal, também adoro. Tomara mesmo que tenha sido ó engano e parem com isso e não tenham histórias com ele assim, seria bem desagradável.
Excluirhttps://img.assinaja.com/assets/tZ/004/img/99554_520x520.jpg
ExcluirJulio Cesar, assim é bem melhor, nunca deve ser mudado
ExcluirLido . Fantastico. bem Criativa.
ResponderExcluirSensacional, dava gosto de ver história assim.
ExcluirNas histórias também mudaram agora colocando Papa-Capim com roupa. Não são só capas. Muito absurdo.
ResponderExcluirAvacalhação total! Quem será o boçal que teve tal ideia? A imagem que passa é que a MSP desaprova como os índios se vestem, soa como preconceito, se o Papa-Capim tivesse sido criado assim, pra mim seria perfeitamente normal, na década em que o personagem foi criado já haviam indígenas trajando camisas e calções, o que me causa surpresa é o personagem sofrer tamanha mudança em pleno ano de 2020 sendo que foi criado na década de 1960, ele e Cascão estão sendo os mais sacaneados, qual será a próxima vítima? Façam suas apostas, que bando de sádicos!
ExcluirCensura grande aí. Pelo visto os pais de hoje acham indecente um índio aparecer sem camisa e só de tanga pequena. Eles já tinham colocado a Jurema de top, quando antes aparecia sem nada, o que era natural que é apenas uma menina.Agora radicalizaram de vez. Acho muita frescura, por isso as histórias antigas cada vez ficam melhores ainda. Não duvido agora que os próximos são os personagens sem sapatos, vão implicar que andam descalços na rua.
ExcluirMeu Deus, que história o Papa-Capim apareceu de roupa?
ExcluirVeja no Capas da TM do Marcelo Sanches, Black Giro.
ExcluirFoi no gibi do Chico Bento Nº 60 desse mês de abril de 2020. Foi a estreia dele com roupa em histórias.
ExcluirEspera, eu vi, o Politicamente Correto tomou conta da MSP.
ResponderExcluirTá “Flórida”, Black Giro!
ExcluirHá muito tempo tomou conta, agora piorou de vez, chegaram no fundo do poço com essa paranoia.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSe a turma da Mônica é um instrumento importante de alfabetização, incentivo à leitura e instigação da busca pelo conhecimento, é muito positivo que a MSP tenha resolvido, seja ocasionalmente ou não, mostrar personagens indígenas com roupas.
ResponderExcluirNão é uma questão de pudor com crianças sem camisa, tanto que vários personagens ocasionalmente aparecem sem blusa nas histórias - especialmente se a ideia é nadar. A questão é que é importante que não sejam reforçados nas crianças leitoras estereótipos e expectativas irreais sobre indígenas cristalizados há muito tempo no senso comum e que atrapalham a vida de indígenas no cotidiano. Fora que crianças indígenas também lêem estas revistas e possivelmente não se enxergam nesse retrato indígena que a MSP costumava entregar.
Tomara inclusive que o trabalho de pesquisa deles coloque pinturas corporais/rituais condizentes com a realidade, e que eles tenham parado de falar em "idioma tupi-guarani", o tipo de erro grosseiro que seria comparável a dizer que a menina da história falava a "língua anglo-saxã".
De toda forma é sempre bom ver a Turma da Mônica evoluir.
Pelo visto eles querem colocar agora a aldeia do Papa-Capim como ma tribo indígena atual. Não são só roupas, teve ma história nesse mês que colocaram a tribo com casas simples ao invés de ocas. Não sei se os índios gostavam ou não serem retratados como índios primitivos, eu no lugar dele sia gostar de serem mostradas as origens indígenas, por mim devia continuar como era, mas cada um tem sua opinião. Eu não gostei.
Excluirmarcos, até que ele tá fofo!
ResponderExcluirSe é com roupa eu não gostei, achava mais fofo ele sem roupa e a tribo primitiva.
ExcluirÉ só uma roupa.
ResponderExcluirUma roupa que descaracteriza o personagem.
ExcluirSe a Jurema tivesse lá , ia dar confusão ,kkkkkkkkkkkkk.
ResponderExcluirCom certeza kkkk
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