quarta-feira, 30 de abril de 2025

HQ "Mamãe Magali"

Em abril de 1995, há exatos 30 anos, era publicada a história "Mamãe Magali" em que ela vira mãe do Dudu após ele dizer que foi abandonado pela sua própria mãe. Com 9 páginas, foi história de abertura de 'Magali Nº 153' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Magali Nº 153' (Ed. Globo, 1995)

Magali brinca de casinha com a sua boneca, quando aparece o Dudu chorando. Ele conta que a mãe dele foi embora para sempre e o deixou sozinho e ainda diz que deixou uma mensagem de adeus, que não quer mais vê-lo como filho e é para se virar. Magali diz que Dudu não sabe ler e ele fala que ela deixou no gravador.

Magali lamenta a situação do Dudu, o abraça, dizendo que deve doer muito e ele diz que sim por causa do abraço muito apertado e se ela o soltar, vai passar. Dudu diz que vai procurar outra mãe, vê Magali cuidando da boneca e acha que a Magali daria uma ótima mãe. Ela acha que é muito nova e ainda teria que sustentá-lo, dar comida todos os dias, não gostando da parte da comida. Dudu fala que não é problema porque ele não gosta de comer e Magali o abraça com satisfação dizendo que é filhinho dela.

Magali continua a brincadeira, agora com a boneca e o Dudu como filhos dela e depois coloca o Dudu no carrinho de bonecas, diz que filho dela não bate perna e agora tem que chamá-la de "mamãe". Quinzinho aparece e pergunta o que Dudu está fazendo dentro do carrinho de bonecas, Magali diz que é filho dela, que o adotou. Quinzinho fala que não sabe se vai querer casar com alguém que já tem filhos e precisa pensar a respeito.

Magali reclama com Dudu dos sacrifícios que faz por ele e o leva para a casa da avó, que é casa da Dona Lili e dela. Magali apresenta o neto Dudu para a mãe dela, Dona Lili acha que é brincadeira e Magali conta que Dona Cecília foi embora para sempre e largou a bomba na mão dela. Dudu chora porque a Magali também não o quer, Magali fala que gosta dele, sim, e vai lhe dar um banho. Dudu não quer porque tem vergonha de ficar pelado na frente dela e Magali pergunta se tem vergonha da própria mãe.

Enquanto Magali dá banho no Dudu, que reclama o tempo o tempo todo que água está fria e cai sabão no olho, Dona Lili telefona para Dona Cecília. Dudu sai pelado correndo do banho, Dona Cecília toca a campainha e Dudu vai correndo no colo da mãe e fala para salvá-lo da Magali que quer matá-lo. Magali fala para Dona Cecília que some e depois aparece toda lampeira, que abandonou o Dudu e agora é filho dela.

Dona Cecília fala que o Dudu saiu correndo quando estava dando comida para ele. Dudu confessa que inventou tudo para mãe não lhe dar comida. Vai embora com Dona Cecília, que fala que mereceria uma surra, mas vai almoçar agora e Dudu diz que preferia a surra. Magali comemora que não tem mais filho, conta para o Quinzinho e pergunta se são namorados de novo. Quinzinho afirma e Magali fala que é bom apressar o casamento deles e terem seus próprios filhinhos.

História legal em que o Dudu cria plano infalível de inventar que sua mãe, Dona Cecília, o abandonou e acha que a Magali seria sua nova mãe perfeita porque sabe que ela não ia dar comida para ele por não querer dividir comida com os outros. Só que ele não gostou da Magali de dar banho nele e resolve voltar para Dona Cecília, apesar de ela sempre ficar dando comida para ele. Apesar do trabalho que teve com o Dudu, a Magali gostou e ficou com saudade de ser mãe e quer ter os seus próprios filhos.

Magali foi burra em acreditar que Dudu foi abandonado, Dona Cecília nunca faria isso, sem dúvida, Dudu teve uma lábia boa de comover a Magali. Até que ela tratou bem o Dudu enquanto foi seu filho, tratou igual como tratava a boneca. Dona Lili foi esperta que a história dele não a convenceu e tratou de telefonar para Dona Cecília e deu certo. Em situação de perigo Dudu lembrou da mãe e fez as pazes com ela, passou a dar valor. Para o Dudu comer é o castigo pior do que uma surra, então teve lição que mereceu de enganar os outros. 

Dona Cecília chegou rápido na casa da Magali porque na época eles eram tratados como vizinhos. A participação do Quinzinho foi legal, chegou a ser meio machista de não querer cuidar de filho que não era dele e Magali no final foi bem saidinha para uma criança em já pensar em casamento e ter filhos. 

História deve ter sido em homenagem ao "Dia das Mães" com um pouco de antecedência por esse gibi ser da segunda quinzena de abril e ainda estaria nas bancas em maio, fora que a edição seguinte da primeira quinzena de maio reservaram para história de aniversário da Magali.

Eram boas as histórias de planos infalíveis sem serem criados pelo Cebolinha, sempre eram criativas, até Dudu já criou seus planos. Engraçado ver brincadeira da Magali com boneca que para ela é comida de mentirinha e para ela de verdade,  a invenção do Dudu de mãe deixar mensagem de voz em gravador que o abandonou e quer mais vê-lo como filho e se virar, o abraço apertado coincidindo com a fala da Magali que deve doer muito o abandono da mãe, Dudu dentro do carrinho de bonecas, Magali aceitar ser mãe dele ao lembrar que ele não come e que não precisaria dividir comida com ele e dizer que Dona Cecília deixou uma bomba pra ela ao ver pestinha que era o Dudu.

Os traços ficaram bons, típicos de histórias dos anos 1990. De erro teve cortina branca em vez de amarela no quinto quadro da quinta página da história  (página 7 do gibi). Incorreta atualmente por  plano de fingimento de abandono de criança, jogar Dona Cecília contra os outros, Dudu pelado, namoro entre crianças, Magali pensar em casamento e ter filho com Quinzinho, Dona Cecília ameaçar de dar surra no Dudu, afinal, hoje mães não podem bater nos filhos. Proibido também palavras de difícil entendimento para crianças como "lampeira" e expressões populares de duplo sentido como "bater perna". Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

domingo, 27 de abril de 2025

Pipa e Zecão: HQ "Preferências musicais"

Mostro uma história em que Pipa e Zecão brigam porque não têm o mesmo gosto musical um do outro e não querem ir a show de artista que não gosta. Com 5  páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 190' (Ed. Abril, 1986).

Capa de 'Mônica Nº 190' (Ed. Abril,1986)

Pipa e Zecão se encontram. Zecão conta que eles vão assistir ao show incrível do Saul Queixas. Pipa fica horrorizada e conta que tem dois ingressos para o show do Quim. Zecão manda jogar os ingressos dela fora porque é claro que vão assistir ao show do Saul. Pipa recusa, diz que nunca curtiu aquele maluco desafinado e que os discos que o Zecão deu estão num lugar seguro para ninguém ouvir.

Zecão acha um desaforo, estava sentindo culpado jogado no lixo os discos do Quim que ela deu. Pipa pergunta como ele teve coragem e Zecão diz que foi para saúde dos ouvidos dele. Pipa pergunta como pode gostar do bobão do Saul ao Quim. Zecão diz que pior são esses barulhentos que ela escuta e que o líder Fredi Mercúrio rebola tanto que sabe, não. Pipa fala que vai assistir ao show sozinha e termina o namoro porque não suporta o mau gosto musical dele.

Em seguida, Pipa encontra Tina com Jaime e diz que não vai ao show do Quim com o Zecão porque terminaram namoro porque ele preferiu o Saul Queixas ao Quim e ofendeu o Fredi Mercúrio. Tina e Jaime falam que eles brigam por cada tolice e que têm que respeitar a preferência musical do outro. Pipa diz que aturar o Saul é muito para cabeça dela e Tina fala que se gosta do Zecão não devia ser e que podia ser pior se gostasse do Quiss. Jaime pergunta para Tina o que ela tem contra o Quiss e começa uma discussão.

Pipa e Zecão fazem as pazes, pedem desculpas, Zecão acha que foi um tolo e egoísta e que o Quim não é tão mal assim e Pipa diz que quem sabe o Saul Queixas aprenda a cantar um dia. Então, eles vão ao show do Samberto Carlos já que os dois gostam dele. Só que teve imprevisto que o show do Samberto foi cancelado porque ficou afônico e no lugar a casa levou o grupo Tremudos. No final, Pipa e Zecão sai do show e perguntam se ainda dá tempo de ver show do Saul ou do Quim.

História engraçada em que Pipa e Zecão brigam porque não tem os mesmos gostos musicais. Eles não queriam ir ao show do que o outro gostava e ainda se ofendem porque não curtiam o que eles gostavam. No final, fazem as pazes e vão a show do cantor que ambos gostavam, mais têm surpresa que colocaram grupo que os dois não gostavam e tentam ver se ainda dá tempo de irem ao show de um dos ídolos deles.

Pipa sempre brigava com o Zecão por motivos fúteis, só porque não gostava do Saul Queixas não era motivo para tanto. Zecão foi bem sacana também dizer na cara que jogou fora os discos do Quim que a Pipa deu com tanto carinho. Definitivamente ninguém tem razão, sem dúvida os dois se merecem. Podia cada um ir ao show de quem eles gostavam, sem estresse, sair uma vez sozinhos não teria problema. Era mais fácil também terem dito que não gostava do artista quando ganhou os discos e aí saberiam que não gostavam e não teria convites de shows e briga agora.

Pelo menos tiveram lado comum de preferência de que os dois gostavam do Samberto Carlos e não suportavam  o Grupo Tremudos, viram que tinha coisa pior do que os ídolos deles. Tiveram castigo de ainda ficaram sem ver os shows dos seus ídolos. De forma muito divertida mostrou que devemos respeitar os gostos musicais dos outros. Foram engraçadas a caricatura do Saul Queixas no pôster,  as brigas do casal, Pipa falando que o Saul Queixas era maluco desafinado e Zecão, que o Fredi Mercúrio rebolando "não sei, não", que esconderam e jogaram fora discos que ganharam, a decepção do cancelamento do show do Samberto Carlos e descobrirem que era Tremudos no lugar.

Tina nos anos 1980 sempre aparecia só em participação rápida como a conciliadora para ajudar a resolver as brigas de namoros de seus amigos. Dessa vez Pipa e Zecão tiveram ajuda também do Jaime e uma certa diferença até que acabou tendo início de briga da Tina com o namorado pelo mesmo motivo, no estilo de que dão conselho, mas fazem mesma coisa. Ficou em aberto como Tina e Jaime contornaram a discussão e de que artista ou banda que a Tina gosta já que o foco era Pipa e Zecão. 

As paródias mostradas foram "Saul Queixas" (Raul Seixas), "Quim" (Queen), "Fredi Mercúrio" (Freddy Mercury), "Quiss" (Kiss), "Samberto Carlos" (Roberto Carlos), "Tremudos" (Menudos). A letra da música "Não se reprima" dos Menudos também teve paródia de "Não se deprima", eram sempre muito criativos nas paródias, algumas colocaram só o som de como falamos. Todas as bandas e artistas estavam em alta nos anos 1980, sempre gostavam de colocar nas histórias famosos conhecidos que estavam fazendo sucesso no momento, é assim até hoje, se fosse criada hoje, também colocariam artistas do momento no lugar deles.

História permitiu ver de qual lado o leitor vai ficar, se era melhor ir a um show do Raul Seixas ou Queen, que cá pra nós, um pecado terem desperdiçado show do Queen, sabe lá quando retornariam ao Brasil e mal sabiam que Freddy Mercury iria morrer 5 anos depois, em 1991. Ou seja, Pipa perdeu a chance de ver Queen de perto e Zecão ainda teria mais 3 anos de ver show do Raul Seixas, falecido em 1989.

Incorreta atualmente por ter namoro, o nível da baixaria da briga, coisas datadas como discos de vinil LP e mudariam artistas e grupos mencionados para seguir os artistas da atualidade. Hoje também é proibida a expressão "Graças a Deus!", ainda mais no sentido colocado, homem negro com círculo em volta na boca ao invés de lábios e, implicariam, principalmente, com a fala de homofobia do Zecão ao citar o "Fredi Mercúrio" e que homem não rebola, isso iriam problematizar demais hoje. 

Os traços muito bons, típicos da Turma da Tina dos anos 1980. Teve erro de não pintarem cabelo do Zecão perto da orelha assim como fundo dos olhos do negro sem serem pintados de brancos e mulheres loira e japonesa sem lábios coloridos no primeiro quadro da última página. Nunca foi republicada até hoje, poderia ter sido a parir de 1991, mas infelizmente acabaram esquecendo. Então,  se torna rara, só quem tem a revista original que conhece. 

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Capa da Semana: Chico Bento Nº 84

Nessa capa, Chico Bento queria andar de barco no rio com a Rosinha, só que não calculou a distância da beira do rio e o barco ficou preso entre as bordas. Tinham vezes que o Chico era bem burro, não pensava, era só dar uma desviada e os dois entrarem só com o barco já no rio ou ter procurado outro ponto do rio.

Essa revista tem curiosidade de ter 2 versões, com e sem etiqueta. Teve a mudança inesperada de moeda no Brasil de Cruzado Novo para Cruzeiro em março de 1990 e o preço já estava impresso antes da mudança da moeda e no segundo lote para ser vendido na segunda quinzena de abril precisaram colocar etiqueta com a moeda Cruzeiro atualizada. Etiqueta era bem grande atrapalhando o visual da capa. Esse exemplar foi do primeiro lote e, com isso, sem etiqueta, e aconteceu isso também nas edições de 'Cascão Nº 84' e 'Magali Nº 21' da primeira quinzena de abril de 1990.

A capa dessa semana é de 'Chico Bento Nº 84' (Ed. Globo, Abril/ 1990).

sábado, 19 de abril de 2025

HQ "Sorria, Papa-Capim!"

Dia 19 de abril é o "Dia dos Índios" e então mostro uma história em que o Cafuné pensa que o Papa-Capim ficou preso em uma folha ao vê-lo em uma fotografia. Com 6 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 242' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Chico Bento Nº 242' (Ed. Globo, 1996)

Um homem branco visita a selva, tira fotografias de tudo e até do Papa-Capim, que fica com raiva do flash que quase o deixa cego e corre atrás do homem. A fotografia cai no chão na correria, Cafuné olha e pensa que prenderam o Papa-Capim em uma folhinha. 

Cafuné volta para a aldeia, a mãe do Papa-Capim pergunta pelo filho que estava com ele. Cafuné tenta esconder, Dona Jacira fica desesperada pensando que o filho foi comido por jacaré, devorado por onça ou atacado por cobra e Cafuné mostra a foto, dizendo que ficou assim. 

Dona Jacira manda o filho falar com ela, Cafuné fala que já tentou, mas só fica com essa cara de bobo e vão procurar o Pajé para ver se desfaz aquela magia. Pajé faz o ritual, usa todos seus conhecimentos, mas não consegue. Cafuné diz que pelo menos vai olhar para o amigo, que vai sentir falta das caçadas, aventuras e brincadeiras e pergunta que se pudesse falar com ele, o que diria. 

Papa-Capim fala tonto, bocó e cara de macaco. Cafuné pensa que havia xingado, Papa-Capim o chama de maluco e fala que está ali. Cafuné fica feliz de ter o visto e pergunta como pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, mostra a foto e Papa-Capim fala que deve ser magia negra do caraíba que fugiu dele.

Para se livrarem da foto, Papa-Capim vai jogar fora no rio, pode ser perigoso e que coisas de caraíbas servem para nada. Antes de jogar no rio, Papa-Capim olha para a foto, acaba gostando e resolve pendurar na parede da sua oca.

História legal em que um homem tira foto do Papa-Capim e Cafuné e o resto da tribo se desesperam, pensam que foi magia negra de prenderem o Papa-Capim e deixá-lo imóvel em uma folha já que nunca tinham visto uma fotografia. Com a volta dele à aldeia, Cafuné fica aliviado e pensam em jogar fora a foto, mas resolve pendurá-la na parede da oca como um quadro. Ou seja, sem querer o Papa-Capim descobriu a verdadeira utilidade de uma fotografia. Ainda assim os outros continuaram achando que era tudo magia negra.

Foi engraçado ver o desespero da mãe do Papa-Capim e dos índios pensando que ele estava preso na folha e que era obra de magia negra, o ritual do Pajé e com palavras até conhecidas pela gente como Ubatuba, Paiçandu e Pindamonhangaba, além do Cafuné pensar que a foto o xingou. Eram boas essas histórias em que índios não sabiam as coisas típicas de caraíbas e não sabiam lidar, um choque de culturas selvagens e da civilização que sempre deixavam divertidas.

Dessa vez descobrimos que o nome da mãe do Papa-Capim era Dona Jacira, nunca tinha visto sido revelado antes. O pai deve ser o índio que ficou do lado dela, normalmente o pai era o Cacique da aldeia, mas às vezes  podia ser índio qualquer e também não foi revelado se ele era o Cacique.

Incorreta atualmente por mostrar índios primitivos que não sabem nem o que é uma fotografia, acharem que são ignorantes, coisa abolida nos gibis atuais, e ainda serem chamados de índios, palavra proibida hoje, já que agora o correto é serem chamados de indígenas, "Dia dos Índios" agora se chama "Dia dos Povos Indígenas" e para se referir a índios primitivos agora tem que falar que são "povos indígenas originários". Papa-Capim com lança na mão para atacar o homem e chamá-lo de cara de macaco iam também problematizar demais hoje em dia. 

Também implicariam com câmera tipo "Polaroid" que revela fotografia na hora por não gostarem de coisas datadas. Porém, isso foi fundamental na história, se fosse celular no lugar não teria história já que ainda não revelam fotos instantaneamente, a não ser que o homem perdesse o celular com a foto do Papa-Capim aberta

Traços bons, típicos dos anos 1990. O formato do nariz do Papa-Capim ficou diferente em forma "^" ao invés de "c". O que não gosto dessa colorização no primeiro semestre de 1996 com o mesmo marrom escuro em tudo e personagens como Papa-Capim, Raposão ficavam quase pretos, parecendo que eram negros. Povo do politicamente correto de  hoje também ia reclamar demais de índios com colorização como essa. O fundo degradê já não estava mais em todos os quadros e 1996 como era no segundo semestre de 1995, só em alguns quadros isolados e em céu aberto ou em uma ou outra moita. 

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Tirinha Nº 114: Magali

 

Páscoa chegando e em homenagem mostro uma tirinha em que Magali e Mônica estão carregando seus ovos de Páscoa,  Magali devora o seu gigante em questão de segundos e não satisfeita, corre atrás da Mônica para comer o ovinho de Páscoa dela. Resta saber se conseguiu ou não,  fica na imaginação de cada um.

Com a Magali não tinha paciência de esperar o dia da Páscoa,  tinha que comer na hora. Mônica podia não deixar, bater na Magali ou impedir de alguma forma,  mas ela costumava ser mais tolerante com a amiga. Era a característica padrão da Magali de comer as comidas dos amigos, armar pra conseguir, bem egoísta, assim que ficava divertida. 

Tirinha publicada em 'Magali Nº 151' (Ed. Globo, 1995).

domingo, 13 de abril de 2025

Mônica: HQ "Como se beija?"

Dia 13 de abril é celebrado o "Dia do Beijo" e, então, mostro uma história em que a Mônica quer aprender a beijar na boca como as atrizes de novela e o Cebolinha aproveita para criar um plano infalível contra ela. Com 9 páginas, foi história de abertura de 'Mônica Nº 166' (Ed. Abril, 1984).

Capa de 'Mônica Nº 166' (Ed. Abril, 1984)

Mônica vê casais se beijando na boca na novela, no outdoor e no livro de conto de fadas da Bela Adormecida. Ela vai ao banheiro treinar beijo diante do espelho, é flagrada pelos pais, dá desculpa que estava vendo se estava com cáries nos dentes, mas que eles estão perfeitos e sai cantando como se nada tivesse acontecido.

Na rua, encontra a Magali que diz que está com problemão de que não sabe beijar, enquanto Cebolinha ouve atrás da moita. Magali diz que a Mônica a beijou ontem por causa do aniversário. Mônica conta que não fala desse tipo de beijo de amigas, e, sim, de beijos do tipo do artista dá na atriz na novela, nas fotos de cartazes e revistas, já que quer ser atriz, precisa aprender a dar esse beijo e Cebolinha pensa que não está gostando do papo.

Mônica pergunta quem vai ensinar a dar esse beijo, quando vê o cabelo do Cebolinha atrás da moita. Antes da Mônica falar, ele grita que não vai ensinar ninguém a beijar e que pode bater nele. Mônica diz que só queria saber se ele conhece alguém para dar dicas e imagine se ia pedir isso a ele, que entende nada disso. Cebolinha fica com raiva com a humilhação dela e tem ideia de um plano infalível.

Depois, Mônica e Magali veem placas de anúncio do Rodolfo Cebolino, professor que ensina a beijar, dez entre dez estrelas já o beijaram. Elas seguem as placas e encontra o Cebolinha disfarçado de Rodolfo Cebolino, que diz que é  mestre em beijar, às suas ordens, trocando "R" pelo "L". Magali comenta que fala errado que nem o Cebolinha e Rodolfo diz que foi o mestre Cebolinha quem o ensinou a beijar as atrizes e pegou a mania de falar errado dele. 

Rodolfo fala que Mônica não tem jeito para beijo artístico, melhor desistir. Mônica pede para ajudá-la para quando for atriz não dar vexame. Ele aceita e espera o pagamento adiantado pelas aulas. Mônica fala que não tem dinheiro e ele aceita o Sansão como pagamento. Mônica fica sem jeito, ele diz que imagine o vexame e as vaias que ela vai receber por não saber beijar e quando a Mônica está prestes a entregar o Sansão, Cascão e vários garotos vão reclamar do Rodolfo Cebolino que está beijando as meninas do bairro, que ninguém beija as namoradas deles e querem dar uma lição no assanhado. 

Cebolinha se entrega que era ele, foi só um plano para deixar a Mônica com cara de tacho e pegar o coelhinho dela. Mônica vê e bate no Cebolinha. No final, duas meninas veem o Cebolinha surrado e uma delas que dar um beijo para sarar os machucados. Cebolinha foge correndo desesperado e elas ficam sem entender com amenina que queria beijá-lo perguntando o que ela disse de errado.

História muito engraçada em que a Mônica quer aprender a beijar na boca para ser atriz de novela e Cebolinha aproveita para criar plano infalível para azucriná-la e pegar o Sansão. Quase deu certo se os garotos do bairro não fossem tomar satisfações revoltados que com a barraca ele poderia beijar as namoradas deles e Cebolinha revela sua identidade para não apanhar deles, mas acaba apanhando da Mônica e ainda fica traumatizado de beijo, até nas bochechas dado pelas meninas. 

À princípio, Cebolinha ficou com medo da Mônica pedir para que ele ensinasse a beijar, mas depois que foi humilhado e desmoralizado quando ela disse que ele não teria capacidade de ensinar alguém a beijar, resolveu fazer o plano. Mônica sempre burra nessas histórias de plano, muito tapada de acreditar que o Rodolfo falava errado porque aprendeu a beijar com o Cebolinha e pegou mania de falar errado dele, nem para ele mudar prefixo de Cebolino.

Se não fosse pelos meninos do bairro revoltados e ciumentos, o plano daria certo. Se Cebolinha não revelasse para os meninos quem ele era, apanharia da mesma forma, ou deles ou da Mônica, dessa vez não teria escapatória, preferiu apanhar só da Mônica. Dessa vez Cebolinha não chamou o Cascão par ao plano, porém Cascão ajudou a atrapalhar mesmo sem participar com a intervenção dele com outros meninos. Não o chamou provavelmente para Cebolinha provar à Mônica que sabe beijar e para não deixar a história mais longa já que tinha que ser com 9 páginas fora que histórias na Editora Abril costumavam ser mais curtas.

Cebolinha não costumava ser o ator de seus planos porque tinha que ter cuidado para não falar palavras com "R", nessa foi uma das exceções e sempre dava uma desculpa esfarrapada para justificar as palavras com L e a boba da Mônica acreditava. Foi engraçado Mônica ser flagrada pelos pais treinando beijo no espelho e sua desculpa que estava vendo se tinha cáries, Mônica dizer que tem problemão e Magali pensar que falava de matemática e elas nem estudavam, Cebolinha estender ouvido atrás da moita para ouvir melhor a fofoca, não gostar do papo e continuar lá ouvindo, a placa dizer que os preços eram módicos e que dez entre dez estrelas já beijaram Rodolfo Cebolino, dizer que foi o Cebolinha o ensinou a beijar.

O nome do Rodolfo Cebolino foi paródia dos atores Rodolfo Valentino ou Rodolfo Bottino. No caso, inspiração do nome deles, mas não a caracterização do mestre do beijo do Cebolinha como eram os saudosos atores na vida real embora cabelo bagunçado lembra mais o Rodolfo Bottino. Teve também paródia da pasta "Closeup" como "Clozap". Aniversários de personagens ainda não tinham datas fixas na época, aí Magali completou anos em fevereiro nesta história. Meninos e meninas secundários apareceram só nessa história como era de praxe de personagens de aparições únicas.

Incorreta atualmente por criança como a Mônica ter vontade de aprender a dar beijar na boca, assistir novela e ter desejo de ser atriz pra beijar, meninos citando que têm namoradas e Cebolinha aparecer surrado e com galo na cabeça no final e é raro ter histórias de planos infalíveis hoje em dia. Também implicariam com Cebolinha pensar trocando "R" pelo "L" já que atualmente ele pensa certo, sem dislalia, e com expressões de duplo sentido que agora são proibidas como "deixar com cara de tacho".

Os traços ficaram bons, típicos de histórias dos anos 1980, com personagens quase parecidos com a fase consagrada. Tiveram erros de Mônica com língua branca no penúltimo quadro da segunda página da história e sumir os machucados e galo na cabeça do Cebolinha no quadro final. Na época eram comuns propagandas inseridas nas histórias, dessa vez do achocolatado "Toddy" na lateral direita e no rodapé da mesma página. Essa história foi republicada depois no livro 'Mauricio 30 Anos' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Mauricio 30 Anos' (Ed. Globo, 1990)

quarta-feira, 9 de abril de 2025

HQ "Cascão, o bandidão"

Em abril de 1995, há exatos 30 anos, estava nas bancas o gibi com a história "Cascão, o bandidão" em que Mônica, Cebolinha e Xaveco pensam que o Cascão é assaltante de banco depois de ter visto um retrato falado do bandido na televisão. Com 12 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 215' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Cascão Nº 215' (Ed. Globo, 1995)

Cascão pergunta para Mônica, Cebolinha e Xaveco se pode brincar de vôlei com eles, que não aceitam, só se parar de ventar ou tomar banho. Cascão os chama de bobões e egoístas, eles falam que é instinto de sobrevivência. Cascão derruba a rede de vôlei deles e vai  embora e Mônica fala que não tem culpa de Cascão ser um porquinho.

A turma segue o jogo de vôlei, Mônica ganha, Xaveco acha covardia dois contra a Mônica e vão tomar suco na casa da Mônica. Lá, veem noticiário na TV que ocorreu um assalto no banco do bairro do Limoeiro, bandido violento, dominou guardas, ameaçou clientes, uma diz que ele tinha revólver e estava com coceira no dedo e era feioso, baixinho e muito sujo.

Quando veem retrato falado do bandido, a turma pensa que era o Cascão e se desesperam, acham que o deixaram muito nervoso, se revoltou e partiu para carreira do crime e ficam tristes pelo amiguinho. Até que aparece o Cascão e eles se escondem assustados atrás de uma pedrona. Eles com medo procuram não contrariar o Cascão, que acha que estão arrependidos e pergunta se querem brincar com ele de mocinho e bandido e mostra segurando uma arma.

A turma volta para a pedrona, Cascão manda para virem perto dele, a turma diz que vai, mas não é para atirar. Cebolinha pergunta para o Cascão se eles sempre foram amigos. Cascão responde que mais ou menos, sempre foi forçado a participar de planos infalíveis contra a Mônica e sempre apanharam. Cebolinha diz que então o problema é com a Mônica e pode atirar nela. Cascão fala que atira em quem ele quiser porque ele é o Kid Cascão, o Justiceiro, o gatilho mais rápido, o mais temido e eles são uns ratos.

A turma concorda com tudo, Cascão fala que têm desafiá-lo senão, não tem graça. A turma não concorda, Cascão diz que está com coceira nos dedos e os três fogem para a pedrona. Aparece a Maria Cebolinha, eles acham que Cascão quer deixá-la como refém, imploram para ter dó, é só uma criancinha indefesa. Cebolinha corre até lá e leva a irmãzinha para a pedrona.

Para saírem da situação, o trio vai junto ao Cascão, se fazem de camaradas, enchem de elogios, conseguem prendê-lo e o leva para o guarda, dizendo que prenderam o assaltante do banco e que estão com a arma do crime. O guarda diz que estão ocupados, capturando o verdadeiro assaltante Cara-Suja.


A turma vê que é diferente do retrato falado e que a arma era de brinquedo e pedem desculpas ao Cascão que confundiram com bandido, que foi uma bobagem pensarem isso logo dele e convidam para brincar. Bate um vento forte, o cheiro do Cascão vai em direção a eles, derrubando todos e Cascão comenta que às vezes pode ser também muito perigoso.

História legal em que Mônica, Cebolinha e Xaveco acham que o Cascão era assaltante de banco ao verem um retrato falado na televisão. Ficam com medo do amigo bandido e com arma na mão e depois de um tempo conseguem prendê-lo e levá-lo para o guarda, quando descobrem que o verdadeiro assaltante era outro só um pouco parecido com o Cascão. No final, eles são derrubados pelo mal cheiro do Cascão, mostrando que ele pode tão perigoso quanto bandido de conseguir derrubar alguém.

Foram precipitados em achar que o Cascão era o assaltante só de ter visto o retrato falado, não era nem uma foto real. Se investigassem mais, veria que tinha nada a ver. Tinham consciência pesada que não deixaram o Cascão brincar por causa do mal cheiro e imaginaram que foi para o mundo do crime como revolta por causa deles. Como se Cascão ia fazer isso, estava pouco se lixando, já estava acostumado a ser rejeitado por ser sujinho. Engraçado que coincidiu com ele com arma e querendo brincar de mocinho e bandido, aí a turma ficou desesperada, principalmente da coincidência do Cascão dizer que está com coceira no dedo como também falou o bandido quando estava prestes a atirar.

Tudo indica que o Cascão viu a matéria do assaltante na TV e resolveu dar uma lição nos amigos pelo que fizeram com ele. Bem que podiam ter perguntado ao Cascão por que assaltou banco, ele ia negar e ver que ele não era o bandido. O medo era tão grande que nem conseguiam pensar. Sem dúvida, o fedor do Cascão derruba qualquer um, não foi à toa que ele disse que consegue ser muito perigoso que nem um bandido. Foi legal a presença da Maria Cebolinha, como Dona Cebola deixa Maria Cebolinha engatinhar sozinha na rua. Até que foi bonito gesto do Cebolinha salvar a irmã, mesmo achando que ela torra a paciência dele. 

Foi engraçado "pensando na morte da bezerra", Cebolinha mandar atirar na Mônica por causa de bater neles nos planos infalíveis fracassados. Interessante que dessa vez não colocou a Magali, deixando o Xaveco no lugar, foi bom que diferenciou.  "Sandra Canarinho" foi paródia da jornalista Sandra Passarinho. Considerando horário que estavam assistindo, provavelmente era o "Jornal Hoje" da TV Globo e, assim, o apresentador seria o William Bonner, que apresentava o jornal na época.

Cascão foi o personagem que mais teve tramas policiais, tiveram muitas com ele lidando com gangue de bandidos, tiroteios, assaltos a banco  a mão armada, sendo sequestrado, era quase uma característica fixa de histórias com ele. Os outros personagens podiam ter, mas com Cascão costumavam deixar tramas mais pesadas que o normal. 

É impublicável hoje em dia, sem chance de ter bandido nas histórias e muito menos personagem principal ser o bandido, além de Cascão aparecer de arma na mão, mesmo de brinquedo não pode mais e até envolver um bebê como Maria Cebolinha. Tanto que nunca foi republicada até hoje, deveria ter sido a partir de 2008, quando estavam republicando histórias de abertura do Cascão de 1995, mas como já estava na Panini e o politicamente correto consolidado, acabaram não republicando. Também mudariam TV de tubo para uma TV LED por povo do politicamente correto não gostarem de coisas datadas e expressões populares como "pensando na morte da bezerra".

Traços ficaram bons, típicos de histórias dos anos 1990. Esse gibi do 'Cascão Nº 215' teve data de expediente como março de 1995, sendo o terceiro gibi dele lançado naquele mês, mas saiu atrasado nas bancas, sendo lançado só em abril. Curioso que fiquei sabendo que assinantes da Globo não recebiam o terceiro gibi quinzenal de Cascão, Chico Bento e Magali, sempre recebiam dois no mês, aí em vez de 26 gibis de cada por ano recebiam 24. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.