sábado, 5 de abril de 2025

Chico Bento: HQ "O maior tesouro"

Mostro um história em que o Chico teve que lidar com um homem ganancioso vestido de rei que tinha um esconderijo repleto de joias. Com 9 páginas, foi história de abertura publicada em 'Chico Bento Nº 31' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Chico Bento Nº 31' (Ed. Globo, 1988)

Chico Bento encontra um diamante no chão, acha que é apenas uma pedrinha brilhosa e pega para dar de presente para a Rosinha. Em seguida, encontra outra com cor mais bonita ainda. Mais adiante encontra outra e segue uma trilha pegando várias outras com intenção de formar um colar para a Rosinha o levando para o coração da mata.

Na última pedra, Chico pisa em uma armadilha e cai em um esconderijo subterrâneo onde vivia um homem espécie de rei chamado de Tenório Usura e que estava esperando qualquer um que amasse a riqueza como ele. Chico diz que ama é a Rosinha e o homem conta que fala de pedras preciosas e tesouros e Chico descobre que o local era cheio de pedrinhas coloridas.

Tenório fala que são joias valiosas e que Chico sabe disso ou então não cairia na armadilha. Conta que há mais de trinta anos era só um pobre coitado que lavrava terra sob Sol, até quando tropeçou em um diamante. Vendeu a joia na cidade e a vida mudou completamente, sendo conhecido como o "homem com faro para diamante". 

Já com vida tranquila, resolveu voltar onde encontrou o diamante para se tinha mais e acabou encontrando uma caverna com várias pedras preciosas. Com medo que alguém pudesse encontrar a caverna dele enquanto buscava o caminhão e não ter seu tesouro roubado, resolveu ficar ali para sempre com a sua riqueza, só saindo de noite para arrumar comida na floresta.

Lamenta que anos foram passando e ficando velho para defender o tesouro, aí distribuiu pedras até a vila mais próxima porque sabia que quem encontrasse a primeira seria ganancioso suficiente para recolher até a última e cair na cilada e, assim, Chico vai passar a defender o tesouro por ter caído ali.

Chico diz que não sabia que as pedras valiam dinheiro, que só achou bonitas e que sua namorada ia gostar. Tenório acha que é conversa fiada, que ele é igual a todo mundo e a ele. Chico reclama que não quer ficar naquele local escuro tomando conta de pedras, quer voltar para casa e Tenório  pergunta se lá fora tem alguma coisa mais valiosa que compara com aquela riqueza.

Chico diz que as pedras são bonitas e que o Sol lá fora brilha mais que esse ouro e dá para todo mundo, o riachão é mais azul que aquele brilhante e com vantagem que está cheio de peixe, as maçãs são vermelhas como o rubi e muito gostosas. Tem também as flores, os animais do sítio, a família, a casa quentinha e iluminada e os olhos da Rosinha que brilham mais que todos os tesouros juntos e se ficasse trancado ali ia sofrer de reumatismo e solidão.

Tenório diz que vai embora com o Chico e depois só ele sabe onde é a saída, pretendia deixá-lo ali para sempre, mas agora ele é que quer recuperar tudo que perdeu nesses trinta anos. Tenório fica feliz que o Sol ofusca os olhos dele, vai pegar um bronzeado sem medo e quanto ao tesouro diz que pode ficar com o Chico, que recusa e assim a preciosa caverna continua secreta e perdida em algum lugar desse Brasil imenso. 

Uma boa história em que Tenório, um homem ganancioso, leva o Chico para sua caverna cheia de pedras preciosas para tomar conta no lugar dele por estar velho, achava que todo mundo era como ele com ganância  e busca de poder e riqueza, mas se enganou ao ouvir o Chico relatando que maior tesouro para ele não eram aquelas pedras e, sim, a natureza, sua família, casa e namorada. O homem fica com vontade em voltar à superfície e recuperar seu tempo perdido e toda a sua riqueza fica secreta e perdida até, quem sabe, algum dia, alguém encontre aquele lugar.

História retratou ganância e bonita mensagem do verdadeiro significado de tesouro. Tenório perdeu a vida toda em um local escuro só para não ter seu tesouro roubado, ficando lá nem desfrutou da sua riqueza, viveu só como vigia para ninguém pegar, nem comprava comida para comer. Mostrou que era egoísta, só algumas pedras já viveria muito bem a vida toda, podia muito bem compartilhar com muita gente, acabar com  problemas de miséria e fome do país, mas queria tudo só para ele, ou seja, o chamado quanto mais tem, mais quer.

Interessante que ele nem saiu de Vila Abobrinha quando encontrou um só diamante, senão nem ia lembrar que poderia encontrar mais pedras preciosas de onde encontrou aquele diamante. Chico muito inocente em nem saber que aquelas pedras na trilha eram diamantes e que valiam muito dinheiro cada uma, só tinha preocupação em formar um colar para dar para Rosinha, provando que não tem interesse em bem materiais e deu uma boa lição para o homem ganancioso e fazê-lo abrir os olhos para a vida.

Dessa vez foi mostrado que o Chico não sabia o que era diamante, mas isso não era padronizado, tanto que já teve história em que ele quem foi o ganancioso ao encontrar um diamante enquanto trabalhava na roça na história "O brilho do poder", de 'Chico Bento Nº 69' (Ed. Abril, 1985). Nunca teve cronologia na MSP e os roteiristas tinham liberdade de colocarem fatos como ficaria melhor nos roteiros. Tenório Usura apareceu só nessa história, como de costume de personagens secundários criados para história única.

Foi engraçado Chico dizer que caiu em lugar mais escuro que jabuticaba madura e absurdo de Tenório conseguir arrumar uma manta de rei. É incorreta por tema de ganância não ser apropriado para crianças, citar que Chico namora a Rosinha, mostrar Chico caindo daquele jeito no esconderijo, o homem com trabuco na mão e a palavra "Credo!" é proibida atualmente nos gibis. Os traços muito encantadores e caprichados, cheios de detalhes, davam gosto de ver assim. Era legal pensamentos em tons azuis. As cores que mais desbotadas como era o padrão nos gibis de segunda metade de 1987 e meados de 1988, sendo que estavam mais desbotadas ainda em 1987.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Cebolinha e Cascão: HQ "Os Sabões"

Mostro uma história em que o Cebolinha e o Cascão ficaram burros depois de testarem uma invenção do Franjinha que deveria deixá-los inteligentes. Com 12 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 61' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Cebolinha Nº 61' (Ed. Globo, 1992)

Escrita por Rosana Munhoz, Cascão vê o Cebolinha com uma cara estranha, não é cara de quem bolou plano infalível nem de sem-vergonha e nem de sagui. Cebolinha diz que é cara de sabão, que agora "sabo" tudo. Cascão corrige que é "eu sei tudo". Cebolinha  fala que ele então é um sabão também, só que ele sabe mais como afirmar que dois mais dois é "doisdois", quem nasce no Rio é peixe, quem nasce no Mato Grosso é capim, etc.

Cebolinha sai para bolar um plano "impossível", "desprezível" contra a boboca da Mônica. Cascão acha que o Cebolinha ficou ainda mais bobo e Franjinha conta que foi por causa dele de criar uma máquina de aumentar inteligência das pessoas e quando a usou no Cebolinha, ela diminuiu. Falou que precisaria de ajustes, mas o Cebolinha queria usar logo para aumentar inteligência dele e derrotar a Mônica.

Franjinha diz que já ajustou a máquina e Cascão quer testar primeiro para continuar sendo mais inteligente que o Cebolinha. Cascão testa a máquina que tem todo o conhecimento humano e fica burro igual ao Cebolinha, falando que  quem descobriu o Brasil foi ele, cinco mais cinco são duas mãos, macaco fica pendurado na árvore porque senão cai. 

Xaveco e Jeremias encontram Cascão distraído, jogam água com o revólver, Cascão pula para fugir e diz que se queriam molhá-lo, mas acontece que ele é muito "sabão". Xaveco e Jeremias entendem que ele disse que usou muito sabão e saem gritando pela rua comemorando que Cascão usou sabão, mas não adiantou que continua fedido.

Cascão encontra o Cebolinha bolando plano contra a Mônica, Cascão quer fugir para não participar. Mônica aparece e Cascão conta para ela que Cebolinha bolou plano e quer que ele participe. Cebolinha diz para a Mônica que vai dar uma paulada nela e pegar o Sansão e dar nós nele. Cascão não gosta de que não tem que se fantasiar de nada. Cebolinha diz que depois a xingam e Mônica acha que os dois piraram. 

Em seguida, Xaveco e Jeremias veem Cebolinha pisoteando o Sansão e Cascão xingando a Mônica sem ela fazer nada. Eles se desesperam por Cebolinha e Cascão terem a derrotado e saem correndo falando que está tudo de ponta-cabeça e só falta a Magali fazer dieta. Mônica conta que é porque os meninos ficaram lelés e não quer contrariar. Aparece o Franjinha, explica tudo, Mônica não gosta de saber que queriam ficar inteligentes para derrotá-la. 

Franjinha diz que a máquina está consertada e leva os meninos ao laboratório. Recebem a descarga e voltam ao normal com um conhecimento maior como saber as capitais de todos os estados e a tabuada de 9, conseguiram todo o conhecimento humano que o Franjinha conhecia só que os meninos dizem que nada adianta para derrotar a Mônica. Eles apanham dela, mesmo fingindo que ainda estavam burros. Mônica fala que é para aprenderem a não fazer planos contra garotinha indefesa. No final, Cascão diz que não sabe o que dói mais, não o olho roxo, é que não sabe se estavam mais burros antes ou agora.

História engraçada do início ao fim, Cebolinha e Cascão ficaram burros por usarem a máquina do Franjinha que deixava as pessoas inteligentes. Passam a falar errado, coisas sem nexo, e bem bobos e retardados mesmo. Os outros de fora pensam que ficaram loucos e Mônica até não bate neles para ver se não pioram. Voltam ao normal no final e só assim apanham até por ela descobrir que o motivo que queriam ficar inteligentes era para derrotá-la.

A obsessão do Cebolinha de derrotar a Mônica era grande e apelava para tudo, até ser inteligente com invenção do Franjinha que sabe que nunca é coisa boa para as personagens, sempre traz problema par quem experimenta. Ficou retardado para aprender e de quebra Cascão também que só usou para ser mais inteligente que o Cebolinha. No final Cascão dizer que não sabe se estavam mais burros antes ou agora foi porque é muita burrice insistir em derrotar a Mônica.

Mesmo burros, não tirou as personalidades básicas deles, Cebolinha continuou querendo criar planos infalíveis contra a Mônica e Cascão continuou com medo da água e sua esperteza para fugir de se molhar e não querer participar do plano, tiveram momentos de lucidez nessas partes. Xaveco e Jeremias também tiveram destaque legal, como estavam por fora do que aconteceu e por ouvirem mal também, pensaram que Cascão usou sabão e que os meninos derrotaram a Mônica. Se Magali tivesse entrado na máquina acredito que ia ser como falaram que não ia querer comer.

Foi engraçado os conhecimentos deles, até que alguns eles não estiverem totalmente errados. As palavras trocadas deram o tom de que estavam retardados. Engraçado também eles falando sobre o plano para a Mônica, a cena do impacto de Xaveco e Jeremias vendo Mônica sendo derrotada, Mônica dizer que é garotinha indefesa.

O título "Os sabões", antes de ler, dá até pra imaginar que se tratava de sabão ou que eles poderiam se transformar em sabões, mas foi provado que era referência a "Os sabidões". "Purê Cica", cantado pelo Cascão muito engraçado, paródia da música "Adocica" Do Beto Barbosa, de quebra ainda fez propaganda do purê da marca "Cica". Curioso na época entre 1991 e 1992 foram 3 edições seguidas do Cebolinha envolvendo invenções, as de Nº 60, 61 e 62 e todas muito boas por sinal.

Até que o tema da história em si de  invenção do Franjinha deixar meninos burros não considero incorreto, porém não iriam aceitar Xaveco com arma de brinquedo na mão e Cebolinha dizer que ia dar paulada na cabeça da Mônica e o desenho do plano mostrar isso meninos aparecerem surrados no final, além da palavra proibida "Credo!" e expressão "Seja o que Deus quiser!". Não duvido que a palavra "lelé" também seja proibida hoje para não confundir com o Zé Lelé, já que "louco" não pode mais por causa do personagem Louco. São tantas palavras que implicam agora, bem capaz que "lelé" também não pode mais.

Em relação a erros, esqueceram de pintar de branco a curva de baixo do movimento do Cascão no 3º quadro da página 7 do gibi e quando o Cebolinha mostrou o plano infalível para a Mônica, o papel do plano aparecer verde em vez de branco.

Os traços ficaram muito bonitos que davam gosto de ver assim. Adorava personagens com dentes à mostra quase o tempo todo quando estavam assustados e só curva nos olhos sem fundo branco expressando que estavam com bastante raiva. Capa do gibi 'Cebolinha Nº 61' foi o primeiro a ter o logotipo de "Mauricio de Sousa Editora", assim como outros gibis de janeiro de 1992, e ficou nas capas por 33 anos, infelizmente a partir dos gibis de abril de 2025 foi extinto, substituindo por outro com o novo nome da empresa se chamando agora "MSP Estúdios".