Mostro um história em que o Chico teve que lidar com um homem ganancioso vestido de rei que tinha um esconderijo repleto de joias. Com 9 páginas, foi história de abertura publicada em 'Chico Bento Nº 31' (Ed. Globo, 1988).
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Capa de 'Chico Bento Nº 31' (Ed. Globo, 1988) |
Chico Bento encontra um diamante no chão, acha que é apenas uma pedrinha brilhosa e pega para dar de presente para a Rosinha. Em seguida, encontra outra com cor mais bonita ainda. Mais adiante encontra outra e segue uma trilha pegando várias outras com intenção de formar um colar para a Rosinha o levando para o coração da mata.
Na última pedra, Chico pisa em uma armadilha e cai em um esconderijo subterrâneo onde vivia um homem espécie de rei chamado de Tenório Usura e que estava esperando qualquer um que amasse a riqueza como ele. Chico diz que ama é a Rosinha e o homem conta que fala de pedras preciosas e tesouros e Chico descobre que o local era cheio de pedrinhas coloridas.
Tenório fala que são joias valiosas e que Chico sabe disso ou então não cairia na armadilha. Conta que há mais de trinta anos era só um pobre coitado que lavrava terra sob Sol, até quando tropeçou em um diamante. Vendeu a joia na cidade e a vida mudou completamente, sendo conhecido como o "homem com faro para diamante".
Já com vida tranquila, resolveu voltar onde encontrou o diamante para se tinha mais e acabou encontrando uma caverna com várias pedras preciosas. Com medo que alguém pudesse encontrar a caverna dele enquanto buscava o caminhão e não ter seu tesouro roubado, resolveu ficar ali para sempre com a sua riqueza, só saindo de noite para arrumar comida na floresta.
Lamenta que anos foram passando e ficando velho para defender o tesouro, aí distribuiu pedras até a vila mais próxima porque sabia que quem encontrasse a primeira seria ganancioso suficiente para recolher até a última e cair na cilada e, assim, Chico vai passar a defender o tesouro por ter caído ali.
Chico diz que não sabia que as pedras valiam dinheiro, que só achou bonitas e que sua namorada ia gostar. Tenório acha que é conversa fiada, que ele é igual a todo mundo e a ele. Chico reclama que não quer ficar naquele local escuro tomando conta de pedras, quer voltar para casa e Tenório pergunta se lá fora tem alguma coisa mais valiosa que compara com aquela riqueza.
Chico diz que as pedras são bonitas e que o Sol lá fora brilha mais que esse ouro e dá para todo mundo, o riachão é mais azul que aquele brilhante e com vantagem que está cheio de peixe, as maçãs são vermelhas como o rubi e muito gostosas. Tem também as flores, os animais do sítio, a família, a casa quentinha e iluminada e os olhos da Rosinha que brilham mais que todos os tesouros juntos e se ficasse trancado ali ia sofrer de reumatismo e solidão.
Tenório diz que vai embora com o Chico e depois só ele sabe onde é a saída, pretendia deixá-lo ali para sempre, mas agora ele é que quer recuperar tudo que perdeu nesses trinta anos. Tenório fica feliz que o Sol ofusca os olhos dele, vai pegar um bronzeado sem medo e quanto ao tesouro diz que pode ficar com o Chico, que recusa e assim a preciosa caverna continua secreta e perdida em algum lugar desse Brasil imenso.
Uma boa história em que Tenório, um homem ganancioso, leva o Chico para sua caverna cheia de pedras preciosas para tomar conta no lugar dele por estar velho, achava que todo mundo era como ele com ganância e busca de poder e riqueza, mas se enganou ao ouvir o Chico relatando que maior tesouro para ele não eram aquelas pedras e, sim, a natureza, sua família, casa e namorada. O homem fica com vontade em voltar à superfície e recuperar seu tempo perdido e toda a sua riqueza fica secreta e perdida até, quem sabe, algum dia, alguém encontre aquele lugar.
História retratou ganância e bonita mensagem do verdadeiro significado de tesouro. Tenório perdeu a vida toda em um local escuro só para não ter seu tesouro roubado, ficando lá nem desfrutou da sua riqueza, viveu só como vigia para ninguém pegar, nem comprava comida para comer. Mostrou que era egoísta, só algumas pedras já viveria muito bem a vida toda, podia muito bem compartilhar com muita gente, acabar com problemas de miséria e fome do país, mas queria tudo só para ele, ou seja, o chamado quanto mais tem, mais quer.
Interessante que ele nem saiu de Vila Abobrinha quando encontrou um só diamante, senão nem ia lembrar que poderia encontrar mais pedras preciosas de onde encontrou aquele diamante. Chico muito inocente em nem saber que aquelas pedras na trilha eram diamantes e que valiam muito dinheiro cada uma, só tinha preocupação em formar um colar para dar para Rosinha, provando que não tem interesse em bem materiais e deu uma boa lição para o homem ganancioso e fazê-lo abrir os olhos para a vida.
Dessa vez foi mostrado que o Chico não sabia o que era diamante, mas isso não era padronizado, tanto que já teve história em que ele quem foi o ganancioso ao encontrar um diamante enquanto trabalhava na roça na história "O brilho do poder", de 'Chico Bento Nº 69' (Ed. Abril, 1985). Nunca teve cronologia na MSP e os roteiristas tinham liberdade de colocarem fatos como ficaria melhor nos roteiros. Tenório Usura apareceu só nessa história, como de costume de personagens secundários criados para história única.
Foi engraçado Chico dizer que caiu em lugar mais escuro que jabuticaba madura e absurdo de Tenório conseguir arrumar uma manta de rei. É incorreta por tema de ganância não ser apropriado para crianças, citar que Chico namora a Rosinha, mostrar Chico caindo daquele jeito no esconderijo, o homem com trabuco na mão e a palavra "Credo!" é proibida atualmente nos gibis. Os traços muito encantadores e caprichados, cheios de detalhes, davam gosto de ver assim. Era legal pensamentos em tons azuis. As cores que mais desbotadas como era o padrão nos gibis de segunda metade de 1987 e meados de 1988, sendo que estavam mais desbotadas ainda em 1987.