Mostro uma história em que a Magali se influenciava em comer só em ouvir as pessoas falando palavras com nome de comida, mas que tinham outros significados. Com 8 páginas, foi história de abertura publicada em 'Magali Nº 62' (Ed. Globo, 1991).
Capa de 'Magali Nº 62' (Ed. Globo, 1991) |
Mônica reclama que tem que ficar sempre esperando a Magali acabar de comer para brincarem e pensa em desistir de ser amiga dela, já são quase três horas e ela está comendo desde a uma e não sabe como consegue comer tanto. Magali fala que ela é muito influenciável, Mônica pergunta se comilona agora tem outro nome.
Magali pergunta se reparou que tudo hoje se fala em comida, na televisão o pessoal só come, come, nas novelas, nos comerciais. Mônica fala que é para desligara televisão, Magali diz que não é só na TV, tem no rádio, cartazes, revistas e até nas conversas o pessoal põe comida no meio. Mônica acha que é exagero dela, Magali manda a amiga experimentar ficar um dia sem falar de comida, Mônica diz que isso é canja e vê que deu vacilo, foi um lapso e não vai mais acontecer se for para ela comer menos e brincar mais.
Elas vão brincar na rua, Mônica pergunta se quer brincar de pega-pega, amarelinha ou de roda, Magali quer roda e encontram o Jeremias, que diz que não pode brincar porque tem que ir para casa ver o tio de Bauru que foram visitá-lo, que ele é brigadeiro e está louco para vê-lo de uniforme. Magali sai correndo para comer bauru e brigadeiro. Depois que volta, Mônica diz que a Denise e a Juju vão brincar de roda com elas. As cantigas falam de café, leite e mingau, dá vontade da Magali comer e sai correndo no meio da brincadeira.
Quando volta, as meninas tinham ido embora e elas resolvem brincar de outra coisa que não lembre o assunto proibido e Mônica pergunta ao Cebolinha se pode jogar futebol com os meninos. Ele diz que elas são café-com-leite, não dá vontade na Magali porque ela tinha acabado de tomar e Mônica fala com Cebolinha que não quer saber o que elas são, e, sim, se podem jogar por bem ou por mal. Cebolinha avisa aos meninos que Mônica e Magali vão entrar senão vai dar bolo e Magali tenta resistir para não comer bolo.
Durante o jogo, Cebolinha chama Cascão de goiabão por ter deixado a Magali passar com a bola. O goleiro diz que Magali não faz gol nem por um sonho, a chama de docinho e o outro diz que vai ser sopa. Magali chuta forte pensado em um sonho e faz gol. Cebolinha reclama que foi um baita frango, chama o goleiro de pamonha e outro menino chama de bananão e todos gritam insistentemente que foi marmelada porque a Magali não devia ter entrado.
Magali sai correndo para casa para comer, Mônica chama os meninos de insensíveis e bate neles, que falam que a Mônica não é bolinho, é pimenta ardida e osso duro de roer. Mônica vai para casa da Magali e resolve comer com ela, achando que também é meio influenciável.
História engraçada em que a Magali imagina comida com tudo que as pessoas falam. Mônica tenta ajudar a amiga a controlar a compulsão e esquecer sobre comida, mas os amigos não ajudam falando palavras que lembram comidas nas conversas e nas brincadeiras. No final, Magali continuou compulsiva e ainda influenciou a Mônica a ser também.
Magali tão compulsiva, só pensa em comer, que não pode falar de comida que tem que comer, nem pensou nos outros significados das mesmas palavras que já pensava que era comida. Estava em um dia tão paranoico que se ela visse o seu gatinho Mingau, era capaz de comer mingau ou até querer comer o próprio gato. Mônica podia ter avisado para os amigos a não falarem de comida na frente da Magali nas conversas como antes de brincar de roda com a Denise e a Juju e no futebol logo depois que o Cebolinha falou que elas são café-com-leite.
Foi engraçado Magali confundido coisas como patente brigadeiro com doce brigadeiro, goleiro frango com frango para comer, etc. De fato falamos algo relacionado a comidas o tempo todo, até em jogo de futebol se fala de comida e nem percebemos porque não levamos ao pé-da-letra como a Magali. Essa história ajudou os leitores a entender e conhecer outros significados da mesma palavra de forma bem natural e divertida e não extremamente didático como são nas histórias atuais.
Foi bom ver a Mônica autoritária dos velhos tempos dando bronca no Cebolinha e ordenando que elas iam jogar futebol por bem ou senão apanhavam. Vimos que o Jeremias teve um tio brigadeiro, patente de hierarquia militar, sendo que esse parentesco não foi falado depois em outras histórias e nessa ficamos na imaginação de como era o tio dele. A Denise ainda com visual diferente a cada história, dessa vez foi loira bem diferente da atual que conhecemos e a menina Juju foi só figurante, não apareceu depois em outra história.
Incorreta hoje em por dia por Magali ter compulsão alimentar, comer bastante, inclusive ficar 2 horas almoçando e sem aprender nada no final e ainda levando a Mônica também ser influenciável com comida, meninos com preconceito das meninas jogarem futebol com eles e achando que foi marmelada a Magali fazer gol, Cebolinha chutando perna do menino no jogo, meninos surrados após apanharem da Mônica. Também são proibidos atualmente palavrões que o Cascão falou no jogo e a palavra "louco" provavelmente para não confundirem com o personagem Louco. Aliás, as expressões e palavras assim de duplo sentido mostradas como "vai dar bolo", "vai ser sopa" e chamar alguém de pamonha, por exemplo, não são aceitas nos gibis atuais e procuram substituir. O que ajudaria as crianças conhecerem novas palavras, proíbem de conhecer.
Os traços muito bonitos da fase clássica que davam gosto de ver, com direito a olhos com curvas sem fundo branco para demonstrar intensidade de raiva. Pena as cores bem escuras, principalmente no vermelho e nas peles dos personagens, apesar de ainda no padrão de tons pasteis.
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