domingo, 14 de janeiro de 2018

HQ: "Os pasteis da Magali"

Mostro uma história de quando a Magali foi preparar pasteis e eles acabaram criando vida e gigantes comendo tudo que vê pela frente, inclusive quiseram comer a Magali. Com 13 páginas no total, foi publicada em 'Magali Nº 121' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Magali Nº 121' (Ed. Globo, 1994)

Começa a Magali com fome, mesmo depois de ter comida uma jaca no café da manhã e vai até a casa da Tia Nena, já que estava próximo de lá. Quando chega, vê a casa vazia e encontra um livro de receitas na cozinha e estava aberto na página de pastel.


Magali fica com vontade de comer pastel por causa disso e ela mesma vai preparar, pois a Tia Nena tinha todos os ingredientes na despensa, inclusive encontra umas ervas mágicas, que para ela são "trecos estranhos", que sua tia gosta de experimentar. Magali põe o avental e prepara então os pastéis, sendo que ela fazendo é censurado por conta da sujeira que fez, apenas um letreiro do narrador falando que as cenas são de virar o estômago e foram censuradas para o alívio do leitor.


Depois da massa estar pronta e cozinha toda revirada, Magali se dá conta que faltava o recheio e vê a geladeira vazia. Ela lamenta que tinha que ter visto isso antes e que os pasteis vão ficar vazios, então para compensar coloca as ervas mágicas da Tia Nena pra servir como tempero e dar um gosto.


Magali frita os pastéis, lembrando que se a Tia Nena visse mexendo no fogão, ia dar umas palmadas na bunda. Quando ela vai falar "bumbum", um pastel grita  que está doendo o bumbum dele e os outros pasteis gritam para tirarem de lá e que a frigideira está pelando. Ela não entende de onde saiu as vozes e pensa que é um engraçadinho querendo tirar sarro da cara dela.


Magali tira os pastéis do fogão e leva para a mesa para comer. Quando ela vai segurar um pastel, ele grita para soltá-lo, chamando de "Monstra". Magali se assusta do pastel falando e ele diz que está vazio, mas não é burro de fritá-los para depois comê-los e Magali pensa que foi a jaca que comeu não caiu bem. Os pastéis ainda reclamam que não foram recheados e estão vazios e resolvem comer tudo que veem pela frente para ver se incham, mas ao invés disso eles ficavam maiores cada vez que comiam.


Os pastéis ficam gigantes e monstruosos depois de comerem tudo na casa e então resolvem comer a Magali. Ela foge para rua e eles vão atras dela para comê-la. Magali encontra o Cebolinha no caminho enquanto corre e ele a segura perguntando cadê os vinte Cruzeiros Reais que ele emprestou para comprar sorvete. Magali diz que depois paga por estar em apuros. Cebolinha pergunta qual é a desculpa esfarrapada que vai dar para dar calote nele. Magali diz que são pastéis gigantes devoradores de gente e um pastel acaba comendo o Cebolinha, deixando a Magali apavorada, apesar de que achar que pastel de cebola não ser mal.


Magali volta a correr, encontra o Cascão e diz para correr porque "eles" estão atrás deles. Cascão diz que se não é a Mônica, não tem medo de nada e acabam os pastéis comendo o Cascão. Em seguida, Magali encontra a Mônica falando que é para salvar sua vida, pois tem pastéis atrás delas. Mônica diz que não teve medo de nada, quanto mais de pastéis e resolve enfrentá-los, mas acaba sendo devorada também, com os pastéis falando que veio com tira gosto, deixando Magali desesperada que até Mônica conseguiram comer, a próxima seria ela, a cidade e o mundo e tudo por culpa dela.


Enquanto corre, Magali encontra balões na rua e para de correr. Diz que desistiu porque mais cedo ou mais tarde iriam comer tudo mesmo só para deixarem de ser murchinhos assim. Comenta que mesmo comendo ainda estão murchos e faz com que eles põem os canudos do gás na boca e ela bombeia como se fosse encher balão para eles ficarem gorduchos. Quando vão devorá-la, Magali pega um palito e estouram os pastéis e vão voando longe pelo céu. Ela lamenta que venceu os pastéis, mas ficou sem os seus amigos, até que eles caem do céu, assim como as outras coisas que os pasteis comeram. A turma vai pra casa, não gostando do cheiro de pastel que ficaram neles e Magali vai pra casa da Tia Nena levando as coisas de volta.


Chegando lá, encontra Tia Nena braba, por Magali ter feito bagunça na cozinha e mexeu nas ervas raras que não havia testado e podia ser perigoso. Magali pede desculpas e diz que só queria comer pastel. Tia Nena fica com pena e vai preparar para ela e enquanto isso Magali se pergunta qual a moral da história. "Nunca mexa na cozinha da sua tia enquanto ela não estiver" ou "recheie bem o seu pastel ou a vítima pode ser você", mas se convence que  se encaixa mais "quando for comer os pasteis, meta os dentes... eles merecem", marcando a sua vingança com os pastéis.


Uma história legal com a Magali às voltas com comidas falantes e monstruosas se tornando um pesadelo para ela. Dessa vez pastéis que criaram vida com ervas mágicas que se revoltaram e quiseram comer a Magali, invertendo os papéis. Engraçado ver a cara de desespero da Magali com a possibilidade de ser comida. Tudo indica que foi escrita por Rosana Munhoz. Era comum ter histórias da Magali sofrendo com as comidas falantes, seja por magia, bruxa, ou por uma invenção do Franjinha ou cientista maluco, ou extraterrestres em formato de comida se tornando um terror para ela, sempre rendiam boas histórias assim.


Em relação a Tia Nena, ela não era apenas a melhor cozinheira do bairro, segundo a Magali, mas volta e meia tinha alguma coisa mágica em seus pertences que seria o tema da história. Desde a mesa mágica que ela herdou em "Põe-te mesa" ('Magali Nº 9', de 1989) já tinha vestígios do seu envolvimento com magia, mas sempre ficou despercebido pelos leitores, até por ser só de vez em quando, e anos mais tarde que foi revelado ela era de fato uma bruxa e por isso ter esses pertences. Não se sabe se essa era a intenção da Rosana ao criar a personagem de que era bruxa ou se só tinha produtos mágicos por ter e gostar do tema de esoterismo, magia e coisas místicas, já que a revelação de ser bruxa só saiu depois da roteirista falecer.


Tem os fatos incorretos como Magali mexendo com fogão, a palmada na bunda, mesmo que só citada, os pastéis comendo os personagens que podem julgar que iam traumatizar as crianças, e então não fariam histórias assim atualmente. Nunca foi republicada até hoje, seria nos primeiros almanaques da Magali da Editora Panini e acabou não sendo nem nos Temáticos de fábulas, então ela é rara.


Os traços  são bons, típicos dos anos 90. tem detalhe de línguas dos personagens maiores que o habitual e algumas vezes de fora, porém diferente do estilo das línguas de fora do roteirista Emerson Abreu no final dos anos 90. Essas da primeira metade dos anos 90 apareciam quando eles estavam de boca aberta e bem empolgados, enquanto que os do Emerson eram com eles com  boca fechada no sentido de espanto, surpresa ou quando contavam uma piada infame.


Interessante o termo "sua monstra" dito pelo pastel, termo linguístico que não existe e já foi assunto de livros escolares. Já tive livro de português com trecho desse quadrinho mostrando esse termo e ter que passar para norma culta. Linguagem informal dos gibis eram muito trabalhados nas salas de aula para ver como era escrito errado e como deveria passar para norma culta e mostrar os erros de acordo com a matéria.

23 comentários:

  1. Marcos, você tem quantos gibis? E outra pergunta, nos Anos 2000 ainda tinha (pelo menos um pouco) de politicamente incorreto?

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    1. Eu tenho mais de 2500 gibis considerando todos os formatos. Alguma tinha coisas incorretas nos anos 2000, mas a cada ano iam diminuindo mais o incorreto.

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  2. otima historia, legal ela citando q se a tia Nena pegasse ela mexendo no fogao ela iria levar uns tapas no bubum

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    1. Também achei engraçado. Completamente inadmissível nas histórias. Se republicassem iam alterar isso por uma bobagem qualquer.

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  3. Uau..HQ nota DEZ..muito boa mesmo..nunca tinha lido antes e não sai num almanaque da Maga...deu até vontade de comer uns pasteis(adoro) rs ;)

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    1. Pois é, nunca republicada até hoje. As incorretas não tem vez na MSP... dá vontade mesmo kkk

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    2. Como essa história é de 1994, se ela não foi republicada nem mesmo em algum almanaque da Magali ou temático da Ed. Globo de 1999 a 2006 (uma vez que toda história, para ser republicada em almanaque, deve ser datada de no mínimo cinco anos desde sua publicação original), pelo visto as cenas já eram consideradas muito pesadas, extrapolavam os limites dos detalhes incorretos que ainda eram aceitáveis nesses últimos anos da Turma da Mônica junto à Ed. Globo! Na mudança para a Panini, então, sem chance de republicação exatamente igual à original... A não ser na Coleção Histórica, apesar de alguns textos terem sido horrivelmente "maquiados"! Hoje em dia, após a extinção da Coleção Histórica, não vale a pena comprar nenhum gibi novo da Turma da Mônica, nem título inédito, nem almanaque! O negócio é sair à caça dos gibis originais e almanaques antigos... E torcer para que o Governo nunca acabe com os sebos, tal como fez com as casas de bingo!

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    3. Essa seria republicada em 2008, já na Panini, seguindo a sequência de republicações que tava tendo. E, 2008 eles republicavam histórias de 1994 da Magali. Mas acabou essa não sendo e não republicaram nem em Almanaque Temático. Sem dúvida melhor comprar o originais em sebos, ficam mais barato e sem chance de ter alterações toscas nas histórias.

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  4. Essa história me lembrou muito uma outra (já republicada em almanaque não faz muito tempo) em que é um bolo monstro que sai comendo as crianças porque a Magali fez o bolo de má vontade (não querendo dividir com as amigas) e sem querer joga fermento estragado nele. Aí o bolo cresce e come a Mônica e a Denise (antes de ela ser a insuportável que é hoje), e a Magali as salva justamente estourando o bolo com uma agulha. Sério, são muito parecidas as histórias e são mais ou menos da mesma época, porque me lembro de ler criança e recentemente a li em um almanaque. Então sinceramente monstro comedores de criança não estão tão proibidos assim.
    Um ponto que achei interessante foi a moeda "cruzeiros reais", que era a moeda de transição do Plano Real, em 94.

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    1. Aqui. Não achei a historinha mas achei a edição. É de janeiro de 1995, então realmente são histórias parecidas num período próximo.

      http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/magali-n-146/ma00501/24078

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    2. É, essa do bolo assassino acabou sendo republicada na Panini. Embora uma temática parecida, acho essa dos pasteis mais incorreta do que a do bolo. Também achei interessante "Cruzeiros reais", isso seria mudado atualmente, sem dúvida.

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  5. Às vezes penso que voltaram atrás no politicamente correto dos almanaques. Comprei um do Chico Bento recentemente que era história com diabinho. Então penso que eles desencanaram das temáticas e tão mais focados em corrigir arma de fogo, pixação na parede etc, ou seja, coisas mais gráficas.

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    1. Uma vez ou outra colocam alguma com diabos, mas muitas tem alterações também. Deviam mudar nada

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    2. Não é só agora não, isso já faz tempo, em Cebolinha nº 89 por exemplo a história de abertura tem o diabo, então essa coisa de "voltaram atrás" no politicamente correto é conversa fiada.

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  6. Muito engraçado ver a Magali aos apuros por conta da sua fome incontrolável. Além disso gostava do detalhe das cenas "censuradas" nos quadrinhos, acho que deixa a história divertida e faz a gente pensar o que será que está acontecendo? Uma ótima sacada. Magali nessa época tinha histórias muito boas!

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    1. Eu também gostavas das cenas censuradas, dava pra gente imaginar como foi. Magali era boa demais, pena que mudou tanto.

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  7. Marcos,está meio sumido!Tu vais postar esta semana?

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    1. Nem tanto, essa postagem aí postei domingo. Essa semana devo postar uma tirinha ou capa.

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  8. Marcos tens telegram? Faz o grupo para ver as ultimas postagem

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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