Mostro uma história muito divertida com o Chico Bento, em que uma simples troca de marmitas pode causar uma grande confusão. Ela tem 10 páginas e foi publicada na abertura de 'Chico Bento Nº 106' (Ed. Globo, 1991).
Capa de 'Chico Bento Nº 106' (Ed. Globo, 1991) |
Nela, dona Cotinha, mãe do Chico Bento manda o filho levar a marmita do seu Pai, seu Bento, ao roçado falando que foi uma receita especial e que ele vai ter uma surpresa. Chico corre para levar antes que esfrie, quando dá de encontro com o Zé Lelé e os dois caem. Só que o Zé Lelé estava carregando terra que catou na beira do rio para plantar um pé de ameixa em uma lata igual à marmita do Chico e, sem querer, acabam trocando.
Chico chega ao roçado e entrega a marmita ao pai. Seu Bento pergunta o que tem dentro e o Chico responde que a mãe disse que era uma coisa especial que ele merece. Seu Bento vai lavar as mãos e o Chico vai embora. Quando senta para comer e abre a marmita veio a surpresa: era terra!
Seu Bento indaga que está faminto e mandam terra para comer e se lembra que o Chico falou de uma receita especial que ele merece, e, com isso, ele pensa que a Cotinha acha que ele merece comer terra. Até achou que ela estava braba com ele por ter conversado com o compadre Malvino até tarde da noite, mas logo percebe que isso não era motivo de desfeita e resolve ir para casa tomar satisfações com ela.
Enquanto isso, Zé Lelé percebe que a sua lata está quente e, quando abre, ver que era comida. Ele não entende nada, já que quando ele catou a terra, tinha até minhoca dentro. Ele custa a pensar, e lembra que se esbarrou com o Chico e trocou as latas. Zé Lelé vai à casa do Chico devolver a marmita e, como não encontra ninguém, deixa em cima da mesa da cozinha e vai embora, dizendo que volta depois para buscar a sua terra.
Dona Cotinha aparece e vê a marmita em cima da mesa. Acha que seu Bento não podia ter comida tão depressa e quando abre, ver que está cheia. Fica triste por ele nem ter tocado na comida e pensa que ele acha que ficou braba por ter chegado tarde em casa, mas que não era motivo de desfeita e fica furiosa.
Seu Bento chega em casa e aí começa a grande discussão. Ele diz a sua esposa é uma encrenqueira, que não tem que azucriná-lo por chegar tarde em casa e Dona Cotinha diz que ele é um grosseirão. Chico chega em casa no meio da discussão, já com palavrões, e quer saber o que houve. Quando o seu pai fala que a esposa mandou uma lata cheia de terra para ele comer, Dona Cotinha fica uma fera e taca um ovo na cara dele.
A partir daí começa a guerra de comida, um tacando no outro o que encontra pela frente, só restando ao Chico tentar conter. Quando o seu Bento mostra a lata com terra, a Dona Cotinha pergunta se era outra marmita porque a que ela deu estava na mesa. Aí, nessa hora surge o Zé Lelé, cobrando a sua lata de terra, dizendo que o Chico trocou com a marmita por engano. Todos dão gargalhada e o Zé Lelé não entende nada.
Desfeita a confusão, os pais do Chico pedem desculpas um ao outro, fazem as pazes e se beijam. No final, seu Bento resolve comer a comida da marmita porque estava morto de fome. Ao provar, ele sai correndo e vai beber água do poço. O Chico estava lá e o pai diz que é para ele não falar nada pra a mãe, mas a comida tem gosto de terra mesmo.
É uma história muito divertida, para ver como uma simples trapalhada de troca de marmita do Zé Lelé e Chico Bento pode render uma história muito legal. Sem contar que piadas pastelão com guerra de comida sempre agrada e rendem ótimas risadas. E toda a simplicidade e cotidiano da roça, do seu Bento trabalhando no roçado e levar marmita na hora do almoço sempre são bem vindos nas histórias do Chico.
Os traços são perfeitos e dão gosto de ver. Na postagem coloquei completa. Engraçada a parte das engrenagens do Zé Lelé para demonstrar que ele estava esquentando a cabeça e toda a sua lerdeza para pensar. Muito bom também ver o Seu Bento falando sozinho na hora que descobre que veio terra na marmita.
Ela é incorreta por ter desperdício de comida e também o fato de trazer discórdia e conflito entre os pais do Chico e eles falarem palavrões um ao outro na frente do Chico. De curiosidade, desdita no título significa desventura e o roteirista colocou para ter uma rima com marmita. Ficou muito bacana e criativo esse título. Outra curiosidade é que a música que a Dona Cotinha canta quando chega na cozinha é "Talismã", do Elson do Forrogode.
Na capa dessa edição (muito bonita, por sinal), dá para notar que veio aquela terrível etiqueta de preço colada, que é impossível tirar sem estragar o gibi. Em vez de ser autoadesiva, colocavam cola mesmo e não dá pra tirar. Com a alta inflação na época, era comum ter essas etiquetas de uma semana para outra, assim que viesse um novo lote. Afinal, a revista era quinzenal, mas ficava nas bancas o mês inteiro, e ficaria barata no final do mês, já que os preços das coisas subiam muito a toda hora. Uma coisa interessante, que além de não ser autoadesivas, essas etiquetas eram escritas com máquina de escrever, coisa bem primária mesmo.
A capa é realmente muito bonita! Essa história é muito legal e divertida mesmo, achei bacana quando o Seu Bento fica falando sozinho. Outra coisa bem engraçada é a discussão dos dois, muito boa!!
ResponderExcluirÓtima postagem!
Eu gosto quando os personagens ficam falando sozinho. E tbm adorei a discussão do casal, muito engraçado, assim como a hq toda. Q bom q vc gostou.
ExcluirA história é divertida mesmo e eram muito bons os traços nessa época, nem as caretas tinham exagero.
ResponderExcluirUm coisa que eu reparei nos gibis que tenho, do final dos anos 80 para início dos 90, é como o Seu Topico mudava de traços com certa frequência. O mais esquisito é uma versão um pouco mais realista que apareceu em algumas hqs de 1991.
*Seu Tonico
ExcluirSim, os traços eram maravilhosos. Sobre os traços diferentes do seu Tonico é q nos gibis da época em cada hq tinha traços diferentes, e aí dava pra notar certa diferença. pelo menos eram um melhor q o outro.
ExcluirTenho essa edição e nem me atrevi nem mesmo a tentar tirar a etiqueta... com o tempo, a gente vai aceitando certas imperfeições nos nosso gibis!
ResponderExcluirEu tentava tirar de curiosidade de saber qual era o preço original, se na etiqueta era mais caro ou mais barato. (a grande maioria, essas etiquetas eram mais caras).
ExcluirAo tirar, o gibi ficava imperfeito de qualquer maneira, pq mesmo conseguindo tirar ficava a marca da cola, não adiantava nada. Hj tbm acho mais sensato deixar. Fica até nostálgico de ver como eram primárias essas etiquetas.
É... a inflação ainda era braba naqueles tempos pré-Plano Real... hehehe
ResponderExcluirLegal ver também que os personagens ainda falavam palavrão.
Muito braba rsrs... essa aí do auge do Cruzeiro rs
ExcluirParece q eles ficaram com essa paranoia de tirar os palavrões nos gibis da Panini, ou no minimo nos últimos da Globo. Era bem melhor com palavrões.
Adesivos são uma alternativa boa. Se bem q pra uma etiqueta tão grande como nessa capa tinha q ser um superadesivo rsrs. Bem q podia ser pequena, só com o preço em cima do preço original como acontecia às vezes.
ResponderExcluirNas hqs antigas tinha de tudo, até brigas de casais. Era muito comum. Por isso q era tão boas.
Boa semana... Abraços.
Ah lembrei q vc deve ser referir àquelas etiquetas do sebo q eles colocam bem na pontinha. Acho até pior essas de sebo do q essas q vinham antigamente, pq não é original. Ao menos, a gente sabia q quase todos os gibis da época tinham tais etiquetas. Para essas de sebo um adesivo em cima é melhor, com certeza.
ResponderExcluirFaz bem mesmo. São um saco essas etiquetas de sebo. Ainda bem q nos sebos q eu vou daqui não têm isso.
ResponderExcluirAbraços
Ótima história, e que desenhos lindos!
ResponderExcluirVerdade, tudo caprichado. Vale a pena.
ExcluirLá vem o Marcos com mais uma historinha tri legal :)
ResponderExcluirEu tenho esse!!! Bah, até vou ver se tem essa etiqueta também...rsrs
História maravilhosa, sem dúvida. legal q vc tem esse gibi. A maioria tinha essa etiqueta, só algumas q não, q aí devem ser de 1º lote.
ExcluirA etiqueta é foda!
ResponderExcluirEstragavam as capas assim com essas etiquetas, mas hj até acho nostálgico. Pra mim, dá curiosidade de saber quanto era o preço original, de quanto foi a diferença de um lote para o outro.
ExcluirOlha Marcos, meus parabéns! Taí uma ótima HQ do Chico Bento, muito boa por sinal, mas impublicável nos dias de hoje. Sério, palavrão e luta são exemplos proibidos nos gibis atuais. Falando em impublicável, ela já foi republicada no Almanaque do Chico Bento # 73 (Globo, 2003), que foi onde eu conheci a HQ. Pelo menos, acho que foi só nesse almanaque que republicaram.
ResponderExcluirSobre a etiqueta, ela é mesmo um saco! Tentar tirá-la sem estragar o gibi era quase que impossível. Só quem conseguia tirar, se achava o rei na época! Além dessa do Chico Bento, tem outras edições de outros gibis da Turma com a maldita etiqueta que você mais lembre?
Mas enfim, tem quatro HQs da Mônica que queria que você falasse aqui no blog. Lá vem:
- Aqui Tem Dente de Coelho, de Mônica # 60 (Ed. Globo, 1991): Uma HQ muito boa, em que uma fada transforma a Mônica em uma coelhinha como lição de a fada achar que ela estava maltratando um coelhinho, que no caso era o Sansão. Você conhece essa história? Anos depois, ela foi republicada no Almanacão de Férias # 19 (Globo, 1996) e também era disponível pra ler no antigo Portal da Turma da Mônica.
- O Aparelho, de Mônica # 57 (Globo, 1991): Mais uma vez, uma HQ da Mônica envolvendo os dentões dela. Simplesmente, HQs envolvendo os dentões da Mônica são incríveis. Nessa, Mônica é obrigada a usar aparelho nos dentes por um tempo. E é claro que os meninos vão sacaneá-la. E no final, além deles se darem mal, eles também usam aparelho. Muito legal! Legal mesmo é que ela já foi republicada duas vezes: A primeira foi no Almanacão de Férias # 20 (Globo, 1996) e a segunda, recentemente, foi no Almanaque da Mônica # 41 (Panini, 2013), e espero que nessa re-republicação da Panini não tenha aquelas alterações bizarras. Espero que também que conheça essa história.
- Crochetando, de Mônica # 58 (Globo, 1991): Finalmente, a primeira HQ da lista que nunca vi na vida, nem sei o enredo. Talvez é assim: A avó da Mônica ensina ela a como fazer crochê, mas é claro que os meninos vão encher a paciência dela. Será que é esse o enredo? Se você conhece, corrija pra mim. E vale lembrar que ela foi republicada no Almanaque da Mônica # 59 (Globo, 1997). E acho que foi republicada recentemente pela Panini, não tenho certeza.
- Mônica A Bonequinha, de Mônica # 8 (Globo, 1987): Claro que iria deixar a melhor pro final. A inesquecível HQ em que Mônica vira uma boneca causando muita confusão. Uma fada madrinha deixa cair sua varinha mágica na cabeça da Mônica e ela é transformada em uma boneca. E de encrencas que ela se mete é quando ela é capturada pelo Cebolinha e Cascão por acharem que pegaram o Sansão e quando ela é pega por um maldoso vendedor de brinquedos. O pior é quando uma menina pobre a encontra, aí no final a mesma fada do começo a transforma de volta em uma menina, deixando a menina pobre triste, mas claro que a fada alegra a menina com uma boneca. E só de pirraça, no final um guri chama a Mônica de boneca e assovia pra ela. Sem dúvida, uma HQ memorável pra mim e que marcou muito minha infância. Mesmo não tendo o gibi original, eu conheci ela através do antigo Portal da Turma. E ela já foi republicada no Almanaque da Mônica # 31 (Globo, 1992) e no Almanaque da Mônica # 19 (Panini, 2010), que foi uma das primeiras vezes que vi uma das primeiras HQs da turma da Globo de 1987 sendo republicada num almanaque da Panini. E dizem que em 1992, essa edição foi muito esquecida, muitos colecionadores tentaram e tentaram procurá-la, mas foi quase impossível. Eu tô falando das propagandas da edição que tinham nos gibis de 1992/1993, você conhece essa propaganda? Aliás, você conhece essa HQ? Você a considera clássica? Poderia falar dela um dia aqui no blog? Faça esse favor pra mim, hein?
Então é isso, espero que você conheça todas as HQs citadas acima. Abraços!
Sim, conheço todas.
ExcluirSobre as etiquetas nos gibis tinham várias nessa época. Desde a Abril tinha. Alguns q lembro: Mônica nº 23, 50, Cebolinha nº 24, 50, Chico Bento nº 84, 86, 106,107, 112, Magali nº 21, 23, 48, 49, 67, Cascão nº 84, 85, 112, 113 e várias outras.
Mas você nem me disse sobre a HQ do Crochetando. Conhece ela? Sabe o enredo dela? Diz pra mim se o enredo da HQ que inventei tá certo. Abraços!
ExcluirDaniel, como eu já falei, eu conheço todas as hqs q vc falou aí e o enredo de todas são esses aí...
ExcluirAh, Marcos, eu falei que nos gibis de 1992/1993, tinha uma propaganda falando que a tal Mônica # 8 (Globo, 1987) foi um gibi muito raro de procurar na época. Quase todo colecionador da Turma da Mônica queria esse gibi pra completar a coleção da Mônica da Ed. Globo. Você conhece essa propaganda? Você poderia falar dessa propaganda em breve, como um caso polêmico. Abraços!
ExcluirConheço sim, de der eu mostro.
ExcluirGostaria que tivesse uma continuação:como bento falaria pra dona cotinha que prefere a antiga receita?
ResponderExcluirPodia ter mesmo
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