sábado, 28 de junho de 2025

Rolo: HQ "O terrível segredo!"

Mostro uma história em que o Rolo esconde um segredo dos seus amigos e faz de tudo para eles não descobrirem. Com 6 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 161' (Ed. Abril, 1986).

Capa de 'Cebolinha Nº 161' (Ed. Abril, 1986)

Rolo está uma lanchonete com Zecão e Jaime, olha a hora e avisa que tem ir. Os amigos falam que não são nem 8 horas e pedem para ficar mais. Rolo diz que tem um jogo de futebol no canal seis e não quer perder. Eles falam que vão juntos, Rolo fala que prefere assistir televisão sozinho, paga a parte dele e vai embora e Zecão diz que não sabia que o Rolo era fanático por futebol.

Rolo sai correndo para ver se dá tempo, chega em casa, fecha a porta e cortinas da janela. Com ninguém à vista, liga a TV e assiste à novela "Roque Sambeiro" e comenta com si mesmo que se a turma soubesse que ele assiste novelas, ia gozá-lo para o resto da vida e dessa, não perde um capítulo. 

Tina e Pipa tocam a campainha. Para elas não descobrirem seu segredo, finge que está assistindo futebol para irem embora logo, só que para surpresa do Rolo, elas adoram futebol e resolvem assistir junto com ele. Rolo disfarça, que foi indelicado e que elas preferem assistir outra coisa e muda par ao canal da novela "Roque Sambeiro". Tina fala que não precisa perder o jogo por causa delas, sabem que ele detesta novelas e ela muda para o canal do jogo.

Em seguida, Zecão e Jaime aparecem, preocupados que o Rolo saiu apressado da lanchonete e queriam saber se estava tudo bem. Rolo diz que está tudo ótimo, que as namoradas deles estão lá e aproveitem para fazer programa fora e o deixem lá assistindo ao jogo chato, levando todos em direção para fora de casa. Jaime fala que vão ficar, espera o jogo acabar e saem todos juntos.

Rolo pensa sobre o que poderia acontecer no capítulo que ia perder, não aguenta curiosidade e entrega para os amigos que quer assistir à novela dele, assume que assiste "Roque Sambeiro", e daí, e que quando pode também assiste "Qui-Qui-Qui" e à novela das seis e pergunta o que tem de errado nisso. A turma fala que nada, todo mundo assiste novela, estão evoluindo, tratando assuntos atuais e polêmicos, cada um assiste ao que prefere e só um tolo tem preconceito com isso. Termina com todos assistindo "Roque Sambeiro" e Rolo com maior vergonha.

História legal em que o Rolo esconde de seus amigos que assiste novelas, principalmente "Roque Sambeiro" e faz de tudo para não descobrirem seu segredo com medo de ser zoado porque era noveleiro. Achava que novelas eram coisas só de mulheres e que iam ter preconceito, mal sabia que eles estavam nem aí para o que ele assistia, se preocupou à toa com o que podiam falar dele. O segredo do Rolo os leitores descobriram logo na segunda página, aí depois ficou mistério como o Rolo ia continuar escondendo dos amigos, foi legal isso.

Foi engraçado ver a forma do Rolo se trancar na casa, as desculpas dele para poder assistir á sua novela, quase expulsar todos de forma delicada e a vergonha no final depois de receber a lição. Dessa vez não foi história do Rolo com confusão com a mulherada, às vezes mudavam para variar, e não foi só a Tina quem deu lição de moral no Rolo, foram todos seus amigos. História mostrou, de forma divertida, como as novelas influenciavam a maioria da população, só saíam de casa depois que acabavam e a mensagem de você viver a vida como gosta e não ir atrás do que os outros pensam, se as pessoas vão falar mal, se vão reprovar ou não. 

Descobrimos que o time da Tina que torce é o São Paulo. Engraçado nomes dos times do jogo de futebol que o Rolo colocou e o "Plim" imitando o "Plim! Plim!" de intervalo da TV Globo. Interessante também eles mudarem canal de TV para outro sem controle remoto, coisa que era muito comum na vida real da época porque poucas TVs tinham controle e eram mais caras. 

A novela "Roque Santeiro" estreou há exatos 40 anos, em 24 de junho de 1985, na TV Globo, foi fenômeno e quiseram retratar em história. Teve também o livro pocket "As Melhores Piadas do Roque Sambeiro" em janeiro de 1986, tudo que estava em alta na atualidade gostavam de criar histórias, inclusive novelas de sucesso. "Roque Santeiro" já tinha acabado quando essa história do Rolo foi lançada, porém roteirizada enquanto a novela estava no ar. Engraçadas as paródias de nomes de personagens de "Roque Santeiro" e "Qui-Qui-Qui" da novela "Ti-Ti-Ti". A novela das 6 em questão que estava no ar e citada pelo Rolo seria "De Quina pra Lua" e o canal 6 passando futebol seria a TV Manchete embora parece que em São Paulo os números de  canais eram diferentes.

Incorreta hoje em dia por envolver novela em gibi infantil, os rapazes bebendo chopp, que é completamente abolido nos gibis atuais,  mentiras do Rolo para enganar os amigos, preconceito, além de palavras proibidas de duplo sentido como "gozar", "Droga!", "pombinhos" e alterariam a televisão de tubo para uma LED por não gostarem de coisas datadas.

Traços muito bons do estilo consagrado da Turma da Tina dos anos 1980. Teve erro de camisa e tênis do Jaime brancos no 2º quadro da penúltima página e absurdo do nada poltrona virar sofá depois que Tina e Pipa chegaram. Normalmente o Jaime tinha cabelo laranja, dessa vez ficou marrom e a camisa da Pipa deixaram amarela em vez de branca por padrão. Curiosamente, essa história foi republicada depois 2 vezes, uma republicação perto da outra, de um ano pra outra. republicada primeiro em 'Almanaque do Cascão Nº 34' (Ed. Globo, 1996) e novamente depois em 'Almanaque do Cebolinha Nº 41' (Ed. Globo, 1997).

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 34' (Ed. Globo, 1996)
Capa de 'Almanaque do Cebolinha Nº 41' (Ed. Globo, 1997)

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Cebolinha: HQ "O Cebalão"

Compartilho uma história de exatos 40 anos em que o Cebolinha se transformou em balão depois de derramar toda uma invenção do Franjinha nele. Com 11 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 150' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Cebolinha Nº 150' (Ed. Abril, 1985)

Cebolinha e Cascão brincam de pular fogueira, quando tem uma explosão no laboratório do Franjinha, fazendo Cebolinha cair na chama da fogueira e queimar a bunda. Franjinha é jogado do laboratório até onde eles estavam e Cascão fala que não é porque é São João que ele vai ter que estourar o mundo. Ao mesmo tempo, surge a Mônica furiosa querendo bater no Cebolinha que tinha espalhado que ela tinha cara de batata-doce.

Franjinha conta empolgado para o Cascão que inventou a maior invenção de todos os tempos e toma susto que o tubo de ensaio da invenção estava na mão do Cebolinha, que acabara de apanhar da Mônica. Franjinha corre para saber da invenção que estava com o Cebolinha e vê que derramou toda nele com a surra

Franjinha conta que era a maior a invenção para as festas juninas, todo mundo adora soltar balões, mas são perigosos, pois a tocha pode provocar incêndios em casas e florestas, só que com o seu "Líquido Flutuador Balonático", era só pingar uma gota no balão que iria subir aos céus flutuando sem precisar de tocha. 

Com a invenção derramada no Cebolinha, começa a flutuar alto e se transforma em um balão de verdade e flutua desgovernado. Cascão quer pegar o Cebolinha balão, Franjinha fala que é para ter vergonha porque é amigo dele. Ao mesmo tempo, vários moleques correm para pegar o Cebalão e se alcançarem, vai estraçalhá-lo. Cascão vai atrás dos garotos enquanto Franjinha prepara um antídoto.

O Cebalão para no quintal da casa da Mônica, os garotos param em frente ao muro, Mônica impede de pularem o muro para pegar o balão e estragarem o jardim dela. Cascão tenta dizer que é o Cebolinha, que faz sinal pra não falar que é ele e diz para a Mônica que esse balão não merece ser segurado por uma dentuça, baixinha e burra. Mônica pensa que o Cebolinha tinha pulado o muro e dá coelhadas no ar tentando acertá-lo.

Cebolinha vai xingando e incentivando raiva da Mônica dando coelhadas em vão por horas, sem saber que ele quem era o balão. Ela fica cansada, Cebolinha comemora se soubesse tinha virado balão antes e vai infernizar a vida dela até desistir de ser dona da rua. 

Franjinha faz o antídoto, explode o laboratório e é jogado pra fora, caindo no quintal da Mônica e o antídoto cai em cima do Cebolinha, que volta ao normal. Franjinha promete que vai tomar cuidado com as invenções dele daqui para frente. Mônica dá surra no Cebolinha em em seguida, Franjinha olha para o céu e acha que o antídoto não deu certo e não entende por que o Cebolinha está flutuando no céu.

História legal em que o Cebolinha se transforma em balão após derramar invenção do Franjinha nele. O que poderia ser um sofrimento por meninos pegarem balão, acabou sendo vantagem para derrotar a Mônica, aproveitou a situação para infernizar a vida dela com xingamentos e ela não saber de onde estava vindo a voz do Cebolinha por não saber que tinha se transformado em balão. No final, Franjinha cria antidoto, Cebolinha apanha e Franjinha não sabe o motivo de ele voar após o antídoto. 

A coelhada foi tão forte que fez Cebolinha voar e como o Franjinha não viu o amigo apanhando, pensou que era problema do antídoto dele. Mais uma história que acontece plano infalível por acaso diante de uma situação que aconteceu antes e Cebolinha tirar proveito. Franjinha estragou o plano dessa vez, até que sem querer caindo em cima do Cebolinha após a explosão do laboratório. Com tanto lugar pra cair, foi justo em cima do Cebolinha, não tem sorte mesmo para derrotar a Mônica.

Interessante a ideia de que se laboratório explodir foi porque uma invenção do Franjinha deu certo. Pena que caiu toda em cima do cebolinha após a surra da Mônica porque de fato seria uma excelente opção pra soltar balões sem tochas e não provocar incêndios. Aliás, os nomes que Franjinha criava para as invenções eram muito criativos, "Líquido Flutuador Balonático" foi demais.

Começou bem agitada, direto ao ponto que era marca registrada das histórias da Editora Abril independente de quantas páginas o  gibi tinha, eram mais curtas e objetivas. Não teve uma festa junina em si, mas foi ambientada em Dia de São João e provavelmente os meninos no início estavam ensaiando em pular fogueira para ir em uma festa junina de noite. Mostrou também tradição na época de meninos correrem atrás de balões nessa época de ano.


Foi engraçado ver a explosão do laboratório e Franjinha voar junto, o sapato no Cebolinha transformado em balão, Cascão querer pegar o Cebolinha balão logo depois que se transforma em vez de ajudá-lo, Cebolinha como balão xingando a Mônica por horas e ela dar coelhada no ar e tiradas como Cascão dizer que não é porque é São João que precisa estourar o mundo, Cebolinha dizer que estava mais preocupado se ele quebrou alguma coisa nele do que com a invenção,  chamar Mônica de cara de batata-doce e Cascão dizer para os garotos que o balão com cara de bobo é dele.

Teve um quadro de pensamento em tons de amarelo, para representar o fogo, os outros em tons azuis normais. Capa da revista teve alusão à história de abertura como era de costume nos gibis do Cebolinha da Editora Abril, sendo que teve diferenças de personagens, como Humberto, Xaveco e Magali na capa não apareceram na história nem os meninos figurantes. Curioso também que foi uma das raras capas com Humberto na capa e aparecer de sapato.

Na época eles tinham consciência que soltar balões era perigoso, mas mostravam nas histórias assim mesmo, não associavam ficção com vida real, importante era o humor. Atualmente é impublicável por conta de envolver balão, meninos pularem fogueira, Cebolinha queimar bunda na fogueira, aparecer surrado e voar com a coelhada da Mônica, explosão do laboratório do Franjinha e voar com a explosão e aparecer machucado, menino negro com lábios com círculo rosa, além de palavras proibidas como "infernizar". 

Os traços ficaram muito bons do início da fase consagrada de traços dos personagens dos anos 1980. Teve propaganda inserida na história do lápis "Labra" na lateral direita da primeira página. Nunca foi republicada até hoje, poderia ter sido a partir de 1993, mas acabou não sendo. Meu palpite é que nem foi por causa de envolver balão, já que ainda tinham nas histórias, e, sim, porque teve referência a Dia de São João e como os almanaques do cebolinha eram trimestrais e não saíam em junho, acabaram adiando e depois com o politicamente correto não permitiram mais republicação. Então é rara e só quem tem essa revista que a conhece. Bom relembrar essa história há exatos 40 anos.

domingo, 22 de junho de 2025

Chico Bento: HQ "O artista culinário"

Em junho de 1995, há exatos 30 anos, era publicada a história "O artista culinário" em que o Chico Bento faz aula de arte com as meninas fazendo suflê para não ficar em recuperação na escola, causando muita confusão. Com 13 páginas,  foi publicada em Chico Bento 219 (Ed. Globo,  1995).

Capa de 'Chico Bento Nº 219' (Ed. Globo, 1995)

Professora Marocas dá nota nos trabalhos de argila da aula de artes. Dá nota 9 para o boizinho do Zé da Roça, nota 10 para a japonesinha do Hiro e nota 8 para o cinzeiro do Juquinha. Quando vê o trabalho do Chico, era só uma argila sem forma ele dá desculpa que era uma goiaba que caiu do pé e ficou amassada.


Marocas dá bronca de que está para descobrir para que Chico tem jeito, aponta os desastres dele nas aulas de arte passadas e como era último trabalho do ano, ia ficar em recuperação em artes. Chico fala que é desajeitado e implora por mais uma chance. Com isso, Marocas o junta à turma das meninas que ainda não fizeram trabalho, que era de culinária. 

Marocas diz que vão fazer um suflê, pega 3 ovos, separa clara da gema, Chico não sabe  e a menina o ajuda. Marocas diz que tem que deixar as claras em neve, Chico fala que não tem neve no Brasil e ela fala que é bater as claras até ficarem parecidas com neve. Ele bate, mas espalhando claras para fora, sujando tudo. Marocas continua com a receita, na hora de colocar a farinha, Chico derruba metade no chão e coloca argila que tinha no bolso.

As crianças colocam os suflês no forno e Marocas avisa que suflês que murcharem ao sair do forno serão reprovados. Os das meninas murcharam, mas o Do Chico fica bem alto e Marocas diz que é o mais firme e belo suflê que já viu na vida, lhe dá nota 10 e descobre que ele tem talento para isso e continuando assim vai ser um gênio culinário. Na rua, Chico encontra a Rosinha, que lhe oferece bolo de fubá que ela fez e Chico fala que o bolo faltou manteiga, açúcar e esfarinhando muito e que se quiser dicas de verdade, que ela passe mais tarde na casa dele.

Já em casa, Chico fala para a mãe largar as panelas, ele vai fazer a comida do pai porque a professora falou que ele é gênio culinário. Vê o que tem em casa, acha uma pobreza o que tem e diz que vai ter que servir. Dona Cotinha não quer que o filho cozinhe, mas deixa depois que o filho diz que fez um suflê campeão na escola e que a mãe não sabe fazer.  

Seu Bento chega em casa, se espanta com o filho cozinhando e acha que pelo cheiro vindo da cozinha não parece de gênio culinário. Chico serve o prato, Seu Bento acha uma surpresa do que é aquilo, Chico diz que era para ser um ensopado, mas conforme fez virou uma espécie de suflê. Os pais comem, saem para vomitar e falam que estava horrorosa, pior coisa que já comeram.

Dona Marocas aparece com dor de barriga, todos os professores comeram e passaram mal e pergunta o que ele colocou no suflê. Chico conta que derrubou metade da farinha e complementou com argila que tinha no bolso. Marocas fica uma fera, dizendo que foi isso que deixou o suflê firme. No final, Chico conta ao Zé da Roça que apanhou dos pais na frente da professora, que fez cara de contente, mas que não ficou em recuperação por que os professores se reuniram em conselho e concordaram que ele era o maior arteiro da escola.

História muito engraçada em que o Chico Bento precisa fazer aula de artes com as meninas para não ficar em recuperação na escola, tenta fazer um suflê e consegue não murchar. Assim, Chico acha que tem talento culinário e resolve fazer comida em casa e fica horrível. No final, a Professora Marocas e os pais descobrem que o Chico colocou argila no suflê e por isso não murchou e ele apanha na bunda por ser arteiro.

Já não basta o Chico burro em matérias tradicionais como Português e matemática, vimos que também tem habilidade nenhuma para arte, nem pra esculpir objetos de argila. Se não sabia mexer com argila, cozinhando que não saberia mesmo, equívoco da Professora Marocas que ele conseguiria fazer um suflê gostoso e sem murchar e com detalhe que nem sabia o que era um suflê. A argila colocada pelo Chico no suflê foi sem querer, foi para substituir a farinha, não teve intenção de trapacear para não ficar em recuperação, ele nem imaginaria que faria crescer e que isso foi o motivo do suflê não murchar. Na verdade, a argila no suflê todos descobriram que ele colocou só no final, no momento que ele olha para o bolso, fica um mistério do que ele tirou do bolso até para os  leitores, foi legal isso.

Acabou se deslumbrando que teria talento para ser cozinheiro, só caiu a ficha que não sabe quando fez comida para os pais. Dona Cotinha não devia ter deixado ir para cozinha só por causa do relato dele da escola, culpa dela também. E Chico se deu mal com castigo de apanhar na bunda, professora gostar que ele apanhou, só que não ficou em recuperação porque era arteiro.  Teve dois sentidos para arteiro, o quem é um grande artista e quem é bagunceiro, Chico se enquadrou como bagunceiro, por isso apanhou.


Chamou atenção da didática da Professora Marocas, sem paciência, humilhando o Chico na frente dos coleguinhas, jogando na cara os desastres que fez nas aulas de artes, fazendo com que sinta que ele serve para fazer nada, além de mandar ficar quieto depois de precisar explicar para ele que suflê é comida e ainda gostar de ver o Chico apanhando dos pais. Era normal a Marocas agir assim nas histórias antigas, mesmo que os alunos eram pestinhas, ela não devia fazer isso com o Chico sendo professora.  Atualmente, ela não é mais assim enérgica, é mais compreensiva, tolerante e mais disposta a ajudar.

Interessante meninos e meninas terem aulas de artes separadas, elas fazerem trabalhos mais femininos como tapeçaria, pintura em tecido, cerâmica e frisar que cozinhar é só coisa de meninas. O correto tinha que ser todos os alunos na mesma aula de arte, fazendo as mesmas atividades. Foi uma das poucas histórias com menino cozinhando, normalmente eram só as meninas cozinhando ou tentando cozinhar. Tinha muito isso nas histórias antigas de separação de gêneros, coisas que só eram de meninos e coisas só de meninas, colocavam nas histórias tudo era retrato da época que viviam.

Juquinha foi o único figurante dos meninos, porém dava para ser o Zé Lelé no seu lugar. As meninas foram todas figurantes, se não quisesse investir em figurantes, daria para colocar Rosinha, Ritinha e Maria Cafufa no lugar delas. Aliás, a Rosinha normalmente não estudava junto com o Chico, só colocavam os dois estudando juntos quando seria melhor para o roteiro, tanto que a Rosinha fez participação depois fora da escola. 

Teve destaques muito engraçados de Chico dizer que fez na argila uma goiaba que caiu do pé e ficou amassada, os seus desastres do quadro de linha e dobraduras em aulas passadas, não saber o que era culinária e suflê, não sabia que era comida e a Marocas mandar ficar quieto, mesmo ele perguntando na inocência e com educação, perguntar como deixar claras em neve se não tem neve no Brasil, dizer que vai sofrer para fazer o suflê, criticar o bolo da Rosinha, Dona Cotinha chamar o filho de "gênio caluniador" confundindo com culinário, o pai dizer que a comida do filho ficou "horrorível".


História podia ter saído mais para o final do ano, e não em junho, por envolver recuperação em matéria escolar. Apesar de ter escolas que têm recuperação paralela no meio do ano, a Marocas frisou que era trabalho de final de ano, então não encaixa recuperação paralela nesse caso. Muitas vezes não seguiam datas certas nas histórias de escola, colocavam em qualquer data quando conseguiam encaixar nos gibis, aí até histórias de escola em janeiro que seria período de férias era normal acontecer. 

Impublicável atualmente por mostrar professora Marocas intolerante e humilhando o Chico, nunca colocariam Juquinha esculpindo cinzeiro já que remete a cigarro, que é proibido nos gibis atuais, Chico sendo zoado pelas meninas por estar usando avental porque menino não usa avental, levar surra dos pais na bunda e professora gostar de vê-lo apanhando, crianças com aventais, cozinhando e mexendo com fogão, Dona Cotinha com avental e cozinhando sendo retratada como dona-de-casa e que faz almoço para o marido que trabalhava na roça, além de expressão popular "Pelo amor de Deus!". Definitivamente sem chance hoje em dia.

Traços ficaram muito bons do estilo consagrado das personagens. Tiveram erros de Dona Marocas e Dona Cotinha sem lábios em algumas cenas. Teve propagandas interrompendo a história em capas finas entre as páginas 10 e 11, recurso adotado a partir de maio de 1995, por terem muitos anunciantes parceiros. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Tirinha Nº 116: Anjinho

 

Uma tirinha em que o Anjinho se choca forte com um pássaro em um voo no céu e acaba as penas do pássaro ficando no Anjinho em forma de índio. Em gibis podia acontecer de tudo, até absurdos de transferência de penas de pássaro. Só ficou na imaginação dos leitores de como o pássaro ficou depenado e com as roupas do Anjinho ou se ele morreu após o choque entre eles.

Pertence a nova leva de tiras de jornais e que aproveitavam nos gibis, já que andavam repetindo muito as tirinhas já publicadas nos gibis. Nas Revistas do Parque da Mônica costumavam colocar tiras de outros personagens fora os principais, principalmente do Bidu, da Turma do Penadinho e do Anjinho. E teve créditos a Parque da Mônica porque nessa fase já era fixo o nome da revista no alto independente do personagem que protagonizava as tirinhas.

Tirinha publicada em 'Parque da Mônica Nº 62' (Ed. Globo, 1998).

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Cascão: HQ "Fuga através do tempo"

Mostro uma história em que o Cascão resolve viaja em uma máquina do tempo para descobrir se no futuro as pessoas não tomam mais banho. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 23' (Ed. Globo, 1987).

Capa de 'Cascão Nº 23' (Ed. Globo, 1987)

Cascão chega na festa da casa do Cebolinha e pergunta qual menina vai dançar primeiro com ele e todas recusam. Cascão acha que são umas chatas e Cebolinha diz que é por causa do mau cheiro dele que faz qualquer um fugir, que desde que ele chegou, a festa mudou para o outro lado da sala e ameaça que ou ele toma banho ou não participa da festa dele. 

Cascão vai embora, dizendo que é uma escolha fácil, chama todos de caretões e atrasadões e que no futuro ninguém mais vai tomar banho, todos vão aderir a sujeira. Na rua, Cascão finge que não liga, mas acaba chorando dizendo que está a um passo na frente da época deles, no futuro banho será coisa ultrapassada e queria ir para lá, mas não inventaram máquina do tempo. 

Enquanto isso, um cientista inventou máquina do tempo que quer testar no seu assistente, Raide, que recusa porque é bobo, mas não é louco. O cientista vê o Cascão no lado de fora e convida para testar a máquina do tempo e Cascão aceita na hora. O cientista diz que é só escolher a data no disco e apertar o botão. Cascão fala que quer ir para o futuro, aperta o botão e some. O cientista imagina as maravilhas que o Cascão vai contar quando voltar e o Raide complementa, se ele voltar.

Cascão vai parar na Pré-História, pensa que está no futuro, acha tudo bonito e está louco para encontrar alguém que não tome banho como ele. Um tiranossauro o persegue, Cascão foge, achando que o futuro era esquisito e fica encurralado ao ficar de frente à montanha. Dois meninos pré-históricos salvam Cascão, que descobre que estava na Pré-História e tenta conversar com eles se ali não tem chuveiros terríveis que soltam água.

Os meninos não entendem o que ele fala, mas ao ouvirem "Chuá! Chuá!", carregam o Cascão para o rio para dar banho nele. Jogam o Cascão, que aperta o botão da máquina do tempo e consegue se livrar do banho e indo parar na França do século XVIII. Cascão caminha um pouco, sente um cheiro parecido com o dele e pergunta para um homem e costumam tomar banho. O homem  responde que todos tomam um banho a cada 5 anos.

Cascão fica feliz que são quase iguais a ele. O homem fala que não são sujos, usam os melhores perfumes do mundo, uma gotinha e todos já ficam cheirosos. Cascão fica enjoado com o mau cheiro misturado com perfume, não aguenta e aperta o botão para ir para outro lugar. Vai parar no dia 24 de março de 2328, e descobre que finalmente está no futuro e vai correndo confirmar sua teoria que em mundo evoluído ninguém toma banho.

Cascão encontra um grupo de crianças, diz que veio do passado e pergunta se têm péssimo hábito de tomar banho. Eles falam que nunca, que isso era caretice, coisa de tataravós deles. Cascão fala que vai buscar as coisas dele e se mudar para lá, a humanidade evoluiu e quer saber desde quando acabaram com o banho. Eles respondem depois que inventaram o desbacterizador, aparelho que absorve toda a sujeira e bactérias do ar. Contam que são limpíssimos, não há um grão de poeira no mundo todo, tudo brilha e com cheiro agradável de limpeza.

Cascão lamenta que não tem mais depósito de lixo, nem lama, nem poluição, eles falam que só em fotos de museu de História e que a única coisa suja ali é ele e querem levá-lo até o desbacterizador da casa deles. Cascão diz que está bem assim, melhor voltar para a época dele, aperta o botão da máquina do tempo, achando o futuro uma decepção.

Cascão volta onde estavam os cientistas, fala que achou o futuro uma droga e o passado também e vai embora sem deixar relatório e, assim, o cientista tenta o Raide testar a máquina do tempo. Cascão volta para a festa do Cebolinha para ver se ainda o aceitam e fala que promete tomar banho daqui a 100 anos. A turma toda está com máscara no rosto, Cascão foge desesperado pensando que está no futuro e Cebolinha lamenta que não entendeu, que esse era o jeito que arrumaram para aguentar o cheirinho dele.

História engraçada em que o Cascão é rejeitado pelos amigos em uma festa e encontra cientistas que criaram máquina do tempo e aceita entrar nela para confirmar sua teoria que no futuro as pessoas são mais evoluídas e não tomam banho, só que antes, ele volta para o passado por ter colocado datas erradas na máquina. Primeiro vai para Pré-História e descobre que eles tomam banho. Depois na França do século XVIII descobre que eles tomam um banho só a cada cinco anos só que o cheiro de perfume misturado com mau cheiro fica insuportável. Chega no futuro, descobre que não tomam banho e usam um desbacterizador, mas se decepciona ver tudo limpo e não ter mais sujeira na Terra.


Cascão além de não gostar de água e tomar banho, adorava sujeira. Até que ficaria limpo com a invenção do desbacterizador sem contato com água, mas queria permanecer sujo e sem cheiro de limpeza e soube que nem poderia mais brincar no depósito de lixo, na lama que tanto gostava, aí o jeito era voltar para o seu tempo que ainda tinha tudo isso. 

Foi legal sua ida para o passado por engano, passou sufoco na Pré-História com o tiranossauro e pior ainda para ele que quase tomou banho no rio se não fosse rápido para acionar a máquina do tempo. Vimos que onomatopeia "Chuá! Chuá!" é uma linguagem universal porque os meninos pré-históricos entenderam que se tratava de água. E na França até seria bom não tomar banho, pena que cheiro de perfume no ar lhe deu enjoo.

A turma não agiu bem com ele, mau cheiro do Cascão em local fechado e ainda suando se dançasse com as meninas ninguém suportaria. Se fossem amigos melhores, podiam deixá-lo na festa aturando o mau cheiro, quiseram privilegiar os narizes deles, apenas. Teve a opção de usarem máscaras, Cascão pensava que estava no futuro, foge e ficou excluído da mesma forma.  Cebolinha também podia não deixar porta de casa aberta, qualquer um podia entrar.

Foi engraçado o cientista achar que é loucura testar sua própria invenção e até o assistente burro sabe que é coisa de louco, o assistente sentindo cheiro do Cascão acha que o frasco de alguma fórmula química deve ter quebrado e Cascão dizer "Mais uma dessas, fico descadeirado!" quando caía forte de bunda no chão de outras épocas que vai tomar banho daqui 100 anos. 

Não custava o Cascão fazer o relatório do que viu no passado e no futuro, aí força o cientista a procurar outra pessoa para entrar na sua máquina. O cientista não teve nome revelado, só o seu assistente Raide. Apareceram só nessa história, normalmente em cada história era cientistas diferentes e de aparições únicas. Com esses dois, se quisessem, podiam voltar com outros personagens testando a máquina do tempo dele.

O futuro nos gibis sempre retratado inspirado no desenho animado "Os Jetsons", ainda mais nessa que Cascão foi parar no ano 2328. Teve uma certa previsão do Cascão achar que no futuro todo mundo iria usar máscaras e acabou acontecendo de verdade entre 2020 até parte de 2022 por causa da COVID-19. E ficou uma questão no ar de como será o mundo no século XXIV, será que realmente as pessoas não vão tomar banho e usarem desbacterizadores para se limparem? Quem sabe foi uma profecia do estúdio. Como tem tantos problemas de secas, falta de água, no futuro podem buscar uma alternativa para substitui-la e continuarem sobrevivendo, fora ser solução para faxinas e poluição do mundo.

Ficou claro que não era festa de aniversário do Cebolinha, apenas uma festa organizada por ele para reunir os amigos e dançarem, era muito comum nos anos 1980 histórias com personagens fazendo festa sem motivo especial. Incorreta atualmente por causa de Cascão fazer apologia à sujeira, depósito de lixo, lama e poluição, o desprezo dos amigos com o mau cheiro do Cascão, autonomia de crianças organizarem festa, além de palavras proibidas e de duplo sentido como "louco", "gozado", "sapeada" e "droga".

Traços muito bonitos e encantadores, com direito do Cascão com cabelo deixando nítido que era impressão digital. Traços assim ficaram até em 1989. As cores desbotadas, típicas do segundo semestre de 1987. Tiveram erros faltar tijolos abaixo da janela no primeiro quadro da página 5 do gibi, de Cascão com língua branca no penúltimo quadro da página 10 do gibi e esqueceram do balão do menino de cabelo castanho falando "Chuá! Chuá!" no quadro seguinte da mesma página. Propaganda inserida foi estilo na lateral direita,  dessa vez do lápis "Labra" em só uma página.