sábado, 5 de abril de 2025

Chico Bento: HQ "O maior tesouro"

Mostro um história em que o Chico teve que lidar com um homem ganancioso vestido de rei que tinha um esconderijo repleto de joias. Com 9 páginas, foi história de abertura publicada em 'Chico Bento Nº 31' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Chico Bento Nº 31' (Ed. Globo, 1988)

Chico Bento encontra um diamante no chão, acha que é apenas uma pedrinha brilhosa e pega para dar de presente para a Rosinha. Em seguida, encontra outra com cor mais bonita ainda. Mais adiante encontra outra e segue uma trilha pegando várias outras com intenção de formar um colar para a Rosinha o levando para o coração da mata.

Na última pedra, Chico pisa em uma armadilha e cai em um esconderijo subterrâneo onde vivia um homem espécie de rei chamado de Tenório Usura e que estava esperando qualquer um que amasse a riqueza como ele. Chico diz que ama é a Rosinha e o homem conta que fala de pedras preciosas e tesouros e Chico descobre que o local era cheio de pedrinhas coloridas.

Tenório fala que são joias valiosas e que Chico sabe disso ou então não cairia na armadilha. Conta que há mais de trinta anos era só um pobre coitado que lavrava terra sob Sol, até quando tropeçou em um diamante. Vendeu a joia na cidade e a vida mudou completamente, sendo conhecido como o "homem com faro para diamante". 

Já com vida tranquila, resolveu voltar onde encontrou o diamante para se tinha mais e acabou encontrando uma caverna com várias pedras preciosas. Com medo que alguém pudesse encontrar a caverna dele enquanto buscava o caminhão e não ter seu tesouro roubado, resolveu ficar ali para sempre com a sua riqueza, só saindo de noite para arrumar comida na floresta.

Lamenta que anos foram passando e ficando velho para defender o tesouro, aí distribuiu pedras até a vila mais próxima porque sabia que quem encontrasse a primeira seria ganancioso suficiente para recolher até a última e cair na cilada e, assim, Chico vai passar a defender o tesouro por ter caído ali.

Chico diz que não sabia que as pedras valiam dinheiro, que só achou bonitas e que sua namorada ia gostar. Tenório acha que é conversa fiada, que ele é igual a todo mundo e a ele. Chico reclama que não quer ficar naquele local escuro tomando conta de pedras, quer voltar para casa e Tenório  pergunta se lá fora tem alguma coisa mais valiosa que compara com aquela riqueza.

Chico diz que as pedras são bonitas e que o Sol lá fora brilha mais que esse ouro e dá para todo mundo, o riachão é mais azul que aquele brilhante e com vantagem que está cheio de peixe, as maçãs são vermelhas como o rubi e muito gostosas. Tem também as flores, os animais do sítio, a família, a casa quentinha e iluminada e os olhos da Rosinha que brilham mais que todos os tesouros juntos e se ficasse trancado ali ia sofrer de reumatismo e solidão.

Tenório diz que vai embora com o Chico e depois só ele sabe onde é a saída, pretendia deixá-lo ali para sempre, mas agora ele é que quer recuperar tudo que perdeu nesses trinta anos. Tenório fica feliz que o Sol ofusca os olhos dele, vai pegar um bronzeado sem medo e quanto ao tesouro diz que pode ficar com o Chico, que recusa e assim a preciosa caverna continua secreta e perdida em algum lugar desse Brasil imenso. 

Uma boa história em que Tenório, um homem ganancioso, leva o Chico para sua caverna cheia de pedras preciosas para tomar conta no lugar dele por estar velho, achava que todo mundo era como ele com ganância  e busca de poder e riqueza, mas se enganou ao ouvir o Chico relatando que maior tesouro para ele não eram aquelas pedras e, sim, a natureza, sua família, casa e namorada. O homem fica com vontade em voltar à superfície e recuperar seu tempo perdido e toda a sua riqueza fica secreta e perdida até, quem sabe, algum dia, alguém encontre aquele lugar.

História retratou ganância e bonita mensagem do verdadeiro significado de tesouro. Tenório perdeu a vida toda em um local escuro só para não ter seu tesouro roubado, ficando lá nem desfrutou da sua riqueza, viveu só como vigia para ninguém pegar, nem comprava comida para comer. Mostrou que era egoísta, só algumas pedras já viveria muito bem a vida toda, podia muito bem compartilhar com muita gente, acabar com  problemas de miséria e fome do país, mas queria tudo só para ele, ou seja, o chamado quanto mais tem, mais quer.

Interessante que ele nem saiu de Vila Abobrinha quando encontrou um só diamante, senão nem ia lembrar que poderia encontrar mais pedras preciosas de onde encontrou aquele diamante. Chico muito inocente em nem saber que aquelas pedras na trilha eram diamantes e que valiam muito dinheiro cada uma, só tinha preocupação em formar um colar para dar para Rosinha, provando que não tem interesse em bem materiais e deu uma boa lição para o homem ganancioso e fazê-lo abrir os olhos para a vida.

Dessa vez foi mostrado que o Chico não sabia o que era diamante, mas isso não era padronizado, tanto que já teve história em que ele quem foi o ganancioso ao encontrar um diamante enquanto trabalhava na roça na história "O brilho do poder", de 'Chico Bento Nº 69' (Ed. Abril, 1985). Nunca teve cronologia na MSP e os roteiristas tinham liberdade de colocarem fatos como ficaria melhor nos roteiros. Tenório Usura apareceu só nessa história, como de costume de personagens secundários criados para história única.

Foi engraçado Chico dizer que caiu em lugar mais escuro que jabuticaba madura e absurdo de Tenório conseguir arrumar uma manta de rei. É incorreta por tema de ganância não ser apropriado para crianças, citar que Chico namora a Rosinha, mostrar Chico caindo daquele jeito no esconderijo, o homem com trabuco na mão e a palavra "Credo!" é proibida atualmente nos gibis. Os traços muito encantadores e caprichados, cheios de detalhes, davam gosto de ver assim. Era legal pensamentos em tons azuis. As cores que mais desbotadas como era o padrão nos gibis de segunda metade de 1987 e meados de 1988, sendo que estavam mais desbotadas ainda em 1987.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Cebolinha e Cascão: HQ "Os Sabões"

Mostro uma história em que o Cebolinha e o Cascão ficaram burros depois de testarem uma invenção do Franjinha que deveria deixá-los inteligentes. Com 12 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 61' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Cebolinha Nº 61' (Ed. Globo, 1992)

Escrita por Rosana Munhoz, Cascão vê o Cebolinha com uma cara estranha, não é cara de quem bolou plano infalível nem de sem-vergonha e nem de sagui. Cebolinha diz que é cara de sabão, que agora "sabo" tudo. Cascão corrige que é "eu sei tudo". Cebolinha  fala que ele então é um sabão também, só que ele sabe mais como afirmar que dois mais dois é "doisdois", quem nasce no Rio é peixe, quem nasce no Mato Grosso é capim, etc.

Cebolinha sai para bolar um plano "impossível", "desprezível" contra a boboca da Mônica. Cascão acha que o Cebolinha ficou ainda mais bobo e Franjinha conta que foi por causa dele de criar uma máquina de aumentar inteligência das pessoas e quando a usou no Cebolinha, ela diminuiu. Falou que precisaria de ajustes, mas o Cebolinha queria usar logo para aumentar inteligência dele e derrotar a Mônica.

Franjinha diz que já ajustou a máquina e Cascão quer testar primeiro para continuar sendo mais inteligente que o Cebolinha. Cascão testa a máquina que tem todo o conhecimento humano e fica burro igual ao Cebolinha, falando que  quem descobriu o Brasil foi ele, cinco mais cinco são duas mãos, macaco fica pendurado na árvore porque senão cai. 

Xaveco e Jeremias encontram Cascão distraído, jogam água com o revólver, Cascão pula para fugir e diz que se queriam molhá-lo, mas acontece que ele é muito "sabão". Xaveco e Jeremias entendem que ele disse que usou muito sabão e saem gritando pela rua comemorando que Cascão usou sabão, mas não adiantou que continua fedido.

Cascão encontra o Cebolinha bolando plano contra a Mônica, Cascão quer fugir para não participar. Mônica aparece e Cascão conta para ela que Cebolinha bolou plano e quer que ele participe. Cebolinha diz para a Mônica que vai dar uma paulada nela e pegar o Sansão e dar nós nele. Cascão não gosta de que não tem que se fantasiar de nada. Cebolinha diz que depois a xingam e Mônica acha que os dois piraram. 

Em seguida, Xaveco e Jeremias veem Cebolinha pisoteando o Sansão e Cascão xingando a Mônica sem ela fazer nada. Eles se desesperam por Cebolinha e Cascão terem a derrotado e saem correndo falando que está tudo de ponta-cabeça e só falta a Magali fazer dieta. Mônica conta que é porque os meninos ficaram lelés e não quer contrariar. Aparece o Franjinha, explica tudo, Mônica não gosta de saber que queriam ficar inteligentes para derrotá-la. 

Franjinha diz que a máquina está consertada e leva os meninos ao laboratório. Recebem a descarga e voltam ao normal com um conhecimento maior como saber as capitais de todos os estados e a tabuada de 9, conseguiram todo o conhecimento humano que o Franjinha conhecia só que os meninos dizem que nada adianta para derrotar a Mônica. Eles apanham dela, mesmo fingindo que ainda estavam burros. Mônica fala que é para aprenderem a não fazer planos contra garotinha indefesa. No final, Cascão diz que não sabe o que dói mais, não o olho roxo, é que não sabe se estavam mais burros antes ou agora.

História engraçada do início ao fim, Cebolinha e Cascão ficaram burros por usarem a máquina do Franjinha que deixava as pessoas inteligentes. Passam a falar errado, coisas sem nexo, e bem bobos e retardados mesmo. Os outros de fora pensam que ficaram loucos e Mônica até não bate neles para ver se não pioram. Voltam ao normal no final e só assim apanham até por ela descobrir que o motivo que queriam ficar inteligentes era para derrotá-la.

A obsessão do Cebolinha de derrotar a Mônica era grande e apelava para tudo, até ser inteligente com invenção do Franjinha que sabe que nunca é coisa boa para as personagens, sempre traz problema par quem experimenta. Ficou retardado para aprender e de quebra Cascão também que só usou para ser mais inteligente que o Cebolinha. No final Cascão dizer que não sabe se estavam mais burros antes ou agora foi porque é muita burrice insistir em derrotar a Mônica.

Mesmo burros, não tirou as personalidades básicas deles, Cebolinha continuou querendo criar planos infalíveis contra a Mônica e Cascão continuou com medo da água e sua esperteza para fugir de se molhar e não querer participar do plano, tiveram momentos de lucidez nessas partes. Xaveco e Jeremias também tiveram destaque legal, como estavam por fora do que aconteceu e por ouvirem mal também, pensaram que Cascão usou sabão e que os meninos derrotaram a Mônica. Se Magali tivesse entrado na máquina acredito que ia ser como falaram que não ia querer comer.

Foi engraçado os conhecimentos deles, até que alguns eles não estiverem totalmente errados. As palavras trocadas deram o tom de que estavam retardados. Engraçado também eles falando sobre o plano para a Mônica, a cena do impacto de Xaveco e Jeremias vendo Mônica sendo derrotada, Mônica dizer que é garotinha indefesa.

O título "Os sabões", antes de ler, dá até pra imaginar que se tratava de sabão ou que eles poderiam se transformar em sabões, mas foi provado que era referência a "Os sabidões". "Purê Cica", cantado pelo Cascão muito engraçado, paródia da música "Adocica" Do Beto Barbosa, de quebra ainda fez propaganda do purê da marca "Cica". Curioso na época entre 1991 e 1992 foram 3 edições seguidas do Cebolinha envolvendo invenções, as de Nº 60, 61 e 62 e todas muito boas por sinal.

Até que o tema da história em si de  invenção do Franjinha deixar meninos burros não considero incorreto, porém não iriam aceitar Xaveco com arma de brinquedo na mão e Cebolinha dizer que ia dar paulada na cabeça da Mônica e o desenho do plano mostrar isso meninos aparecerem surrados no final, além da palavra proibida "Credo!" e expressão "Seja o que Deus quiser!". Não duvido que a palavra "lelé" também seja proibida hoje para não confundir com o Zé Lelé, já que "louco" não pode mais por causa do personagem Louco. São tantas palavras que implicam agora, bem capaz que "lelé" também não pode mais.

Em relação a erros, esqueceram de pintar de branco a curva de baixo do movimento do Cascão no 3º quadro da página 7 do gibi e quando o Cebolinha mostrou o plano infalível para a Mônica, o papel do plano aparecer verde em vez de branco.

Os traços ficaram muito bonitos que davam gosto de ver assim. Adorava personagens com dentes à mostra quase o tempo todo quando estavam assustados e só curva nos olhos sem fundo branco expressando que estavam com bastante raiva. Capa do gibi 'Cebolinha Nº 61' foi o primeiro a ter o logotipo de "Mauricio de Sousa Editora", assim como outros gibis de janeiro de 1992, e ficou nas capas por 33 anos, infelizmente a partir dos gibis de abril de 2025 foi extinto, substituindo por outro com o novo nome da empresa se chamando agora "MSP Estúdios".

sexta-feira, 28 de março de 2025

Uma história do Horácio esperando seus amigos

Compartilho uma história em que o Horácio ficou esperando seus amigos que tinham marcado compromisso e não aconteceu como ele queria. Foi publicada em 'Mônica Nº 180' (Ed. Abril, 1985).

Escrita por Mauricio de Sousa, Horácio marca encontros com Lucinda, Antão e Alfredo, cada um por vez, e ninguém aparece em seus respectivos compromissos.  No final, Horácio reflete se ele viveu aquele dia ou não. Afinal, os compromissos foram no mesmo dia e ficado horas esperando cada um acabou sem fazer nada o dia inteiro. 

Coitado do Horácio sofrer e ficar triste por causa de capricho dos outros, até fome passou esperando o Antão, pelo menos aprendeu a lição de não marcar mais encontro com eles por não serem confiáveis.  Se bem que Horácio é tão bonzinho, não duvidamos que ele poderia voltar a marcar compromissos mesmo com o risco de fazerem tudo de novo.

Mauricio quis mostrar problema de pessoas que não cumprem palavras e não honram com seus compromissos quando marcam encontros e não comparecem deixando a pessoa que espera sem fazer nada e não vivendo o tempo perdido que esperou o outro. Já dá raiva uma pessoa se atrasar para o encontro e ela não comparecer é pior ainda, perde total confiança nelas.

Quem sabe o  Mauricio viveu isso na vida real e quis retratar em história do Horácio,  seu auto ego já declarado. É incorreta atualmente por ter viéis filosófico adulto e povo do politicamente correto achar que não é apropriado para crianças, e também por Horácio ter final triste e hoje só pode ter histórias com finais felizes para as personagens. 

Histórias do Horácio eram escritas pelo Mauricio e sempre foram marcadas pelo lado filosófico e de reflexão, principalmente as da fase de 1 página de tabloides de jornais que depois eram republicadas nos gibis convencionais como foi essa. Enquanto as dos anos 1970 eram mais longas com foco em aventuras (apesar de que normalmente tinham também finais filosóficos nessas longas) as dos anos 1980 de 1 página prevaleciam seu lado filosófico.

Essa teria que ser em 1 página, aí colocaram em 2 páginas e desenhos ampliados com 3 linhas de quadros em cada página, ao invés de 4, para ocupar mais espaço no gibi. Era comum fazerem isso nas histórias do Horácio, desmembrando um tabloide em 2 páginas. Traços ficaram bons, tudo indica que essa foi desenhada pelo Mauricio e não foi só o roteiro. Como era tabloide de jornal, não tinha título, com o detalhe que o logotipo era sempre adaptado com o assunto da história, era legal esse detalhe. A seguir, mostro a história completa.


terça-feira, 25 de março de 2025

HQ "A Supermagali"

Em março de 1995, há exatos 30 anos, era lançada a história "A Supermagali" em que a Magali vira super-heroína depois de comer a comida jogada fora pelo filho do Superomão. Com 16 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 150' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Magali Nº 150' (Ed. Globo, 1995)

Em uma casa secreta escondida no alto da montanha, o filho do Superomão, o Júnior, não quer comer e sua mãe reclama que ele tem que comer senão não vai ficar forte como o pai dele. Júnior joga a comida para fora da janela querendo batata frita e a mãe avisa que vai chamar o monstro de criptonita.

Momentos antes, Magali reclama que está vivendo horas terríveis entre o café da manhã e o almoço. A mãe não deixa beliscar nada de comida, já pegou as maçãs que alcançava da macieira e está sem dinheiro para comprar e acha que bem que podia cair comida do céu, quando a comida do Júnior cai em cima da cabeça dela. 

Magali acha que ouviram suas preces, come tudo, achando que era uma comida diferente, mais forte e logo depois passa a ter revertério. Ela se esconde atrás da árvore e quando volta já está com roupa de super-heroína. Estranha pensando que era roupa de ginástica e ter uma capa e nem estão no Carnaval. Segura o poste para raciocinar se está com amnésia e consegue derrubar o poste. 

Magali acha que estão bichados e foge porque ninguém acreditaria se ela fosse explicar. Corre tão rápido que passa a voar e estranha como foi parar no céu. Com os fatos lembrados, Magali deduz que virou Super e que a comidinha devia ser especial. Fica feliz que pode comer as maçãs que não alcançavam, as ameixas da árvore da Dona Clotilde e os abacates do Seu Nicolau. 

Magali comenta que vida de super é moleza, quando vê Mônica correndo atrás do Cebolinha e do Cascão e resolve ajudar. A turma estranha como Magali surgiu ali, se saltou de paraquedas. Magali diz que veio voando, a turma dar gargalhadas e perguntam como arranjou aquela fantasia. Magali diz que virou Super e prova pulando do precipício e voa em seguida para voltar onde estava. Depois segura uma pedrona com a ponta dos dedos e a turma fica boquiaberta.

Cebolinha aproveita a situação, fala para Magali que ela tem que defender os fracos e oprimidos e tem que o defender e o Cascão da Mônica opressora. Magali fala que eles que a provocam. Os meninos falam que ela tem que proteger os fracos. Magali diz que a Mônica é amiga dela, os meninos  dizem que é amiga de vilã, o Sindicato dos Super-Heróis vão gostar de saber disso. Mônica fala que se Magali brigar com ela, vai ter que se defender e, assim, as duas partem para briga.

Enquanto isso, momentos antes, Superomão chega a casa depois de um dia de serviço e descobre que seu filho jogou comida fora pela janela. Superomão conta que aquela comida não pode cair nas mãos de um mortal e leva o filho para recuperar o prato e consertar o estrago que ele fez. Na briga, a coelhada da Mônica faz nem cosquinhas na Magali, que se prepara para bater na amiga, quando o Superomão impede segurando a mão da Magali.

Superomão diz que chegou antes que alguém virasse paçoca. Os meninos mandam não interromper a Supermagali defender os fracos e oprimidos. Superomão os chama de crianças inconsequentes e diz que quem viraria paçoca seria a Magali, o efeito da comida ia passar no meio da briga, único jeito de um mortal continuar super, seria comer a super comida todos os dias. Magali lembra do revertério que teve e dispensa.

Superomão se prepara a ir embora com o filho, Cebolinha e Cascão pergunta quem vai defendê-los da "tirana dentuça", Superomão fala que é para evitarem violência e resolverem de outra forma e vai embora prometendo ao filho comprar batata frita para  o lanche se ele comer a super comida.

Mônica quer bater nos meninos por terem chamado de tirana dentuça, os meninos lembram que o Sueromão falou que tem que evitar violência e Mônica deixa passar dessa vez e volta a ser amiga da Magali. No final, Cebolinha e cascão fazem plantão em frente a montanha na esperança do Júnior jogar a super comida pela janela e assim eles comerem e virarem super-heróis para derrotarem a Mônica.

História engraçada que a Magali come a super comida do filho do Superomão e também vira Super. Até que gostou pra poder comer as frutas das árvores que não alcançava só que precisou enfrentar a Mônica como pedido do Cebolinha que por ser uma super-heroína tem que defender os fracos e oprimidos. Foi salva pelo Superomão chegando a tempo na hora do efeito da comida acabar e não virar paçoca da Mônica.

Magali conseguiu ficar mais forte que a Mônica, um corpo de aço que nem a coelhada a derrubava, só que era efeito temporário, para o azar dos meninos que perderam a chance de ver a Mônica derrotada. Agora ficam de plantão em frente á casa do Superomão, quem sabe um dia o Júnior não volta a jogar comida fora e consigam comer e derrotarem a Mônica. 

Para Magali o que importava era comer, se interessou porque podia comer o que não podia antes e até aceitaria continuar comendo a super comida se não fosse o revertério que passava antes de dar efeito. Interessante ter pomares no bairro do Limoeiro e que os donos não deixavam os outros pegarem, assim como Nhô Lau do Chico Bento. Inclusive o Seu Nicolau deve ter se inspirado no Nhô Lau. 

Descobrimos que o Superomão depois de  tinha casa, esposa e filho que não gosta de comer que nem o Dudu e que só gostava de batata frita, comida dos mortais. Os super-heróis só comem comidas especiais para a nutrição deles e ficarem fortes e seria perigo de ser humano comesse. E combater crimes e salvar pessoas em perigo era trabalho do Superomão e que depois ia para casa curtir a família.

Foi engraçado ver o revertério da Magali, derrubar poste só encostando a mão, o susto da turma com ela caindo do precipício, Magali nem sentir cosquinhas com coelhada da Mônica, tirada de que Sindicato dos Super-heróis não ia gostar de saber que a Supermagali era amiga de vilã. 

Paródia de Super-Homem sempre foi "Superomão" e muitas vezes aparecia com cores de roupa iguais ao original como nessa vez. As falas do Superomão chegando em casa cantando teve referência à música dos sete anões da Branca de Neve e o "Querida, cheguei!", ao Dino da Família Dinossauros.

Tiveram erros como Magali aparecer de vestido amarelo após a transformação para Super no 4º quadro da página 6 do gibi, Magali com olhos sem fundo branco no 3º quadro da página 7 do gibi, pintar calça do Superomão com cor de pele parecendo que estava com pernas para fora nos dois primeiros quadros da página 15 do gibi.


Traços ficaram bons seguindo o estilo que prevaleceu nos anos 1990 com personagens com língua ocupando mais espaço dentro da boca. Incorreta atualmente  por conta de absurdos mostrados, ter estímulo de violência com briga entre amigas estimuladas pelos meninos, menino jogar comida fora, Magali se jogar do precipício dando ideia para turma que era depressão e palavras expressões de duplo sentido proibidas como "Bolas!", "estou dura", "focinho de porco não é tomada".  Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

sexta-feira, 21 de março de 2025

Mônica: HQ "Deixe-me ler o seu pensamento?"

Mostro uma história em que a Mônica passa a ler pensamentos dos outros por causa de uma fada, causando muitas confusões para ela. Com 15 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 32' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Mônica Nº 32' (Ed. Globo, 1989)

A fada Fiona consegue ser fada-madrinha diplomada pela Fadona após passar nos testes e agora recebe varinha de condão e pode realizar desejos das pessoas, só que tem que ser desejos sinceros, razoáveis, inofensivos e que tragam felicidade para a pessoa que pediu e Fiona sai animada para estrear a varinha.

Enquanto isso na Terra, Mônica vê o menino fofo Marquinhos e não tem coragem de perguntar para ele se gosta dela porque é tímida também. Mônica tenta puxar assunto com ele, que sai fora logo correndo com sua timidez. Magali  diz que não deu tempo de saber se Marquinhos era um amor e se gosta da Mônica, que pergunta se ela não notou o olhar, a forma de dizer "oi" não foi de quem está apaixonado.

Magali acha que foi normal, Mônica pensa que ela está com inveja, vai ver que gosta do Marquinhos e quer que ela desista e a chama de falsa amiga. Magali diz que não está nem aí para ele e que ela pode ficar com aquele boboca. Mônica diz que boboca é ela e as duas vão embora.

Mônica lamenta que brigou com a Magali, se pergunta como vai saber se o Marquinhos gosta dela por ser tão tímido e diz que queria tanto ler os pensamentos. Fada Fiona atende o desejo da Mônica. 

Em seguida, aparecem Cebolinha e Cascão, Mônica diz que acha que viu uma alucinação. Cebolinha pensa que além de baixinha, dentuça e gorducha, está ficando pirada. Mônica lê o pensamento e quer bater nele. Cascão pensa que imagine se ela soubesse que estão armando plano infalível de se vestirem de coelho de pelúcia para buscar o filho Sansão. Mônica diz que a fantasia de coelho não vai dar certo e bate neles.

Depois, Mônica encontra Humberto cantando "Vou de Táxi" da Angélica. Mônica acha que ele falou e Humberto diz que ela está ouvindo coisas porque ele é mudinho. Mônica diz que ele fala sem abrir a boca, assim como o homem e a mulher que passaram na rua. Humberto comenta que ela está lendo pensamentos. 

Mônica fica feliz que a fada era de verdade e que realizou seu desejo e acha que vai ser divertido. Ela lê o pensamento do homem que a acha dentuça e ela grita que dentuça é a vovozinha. Depois, Mônica. encontra Franjinha, Jeremias e Titi, que à princípio a cumprimentam normalmente e ao mesmo tempo pensam que ela é gorducha, dentuça e baixinha e ela bate neles comentando que se continuar a ler pensamentos, vai bater neles o tempo todo. E percebe também falsidades das pessoas nas conversas, pensando o contrário que falam em voz alta.

Em seguida, Mônica vê um bandido pensando no assalto ao banco que iria fazer e chama um guarda, contando que ele tem uma arma. O bandido fala para o guarda que é precaução devido aos assaltos. O guarda fica com a arma e avisa para ele ficar longe dos bancos. O bandido pensa que a Mônica é enxerida e até parece que lê pensamentos. Mônica diz que lê mesmo e que é melhor ser enxerida do que roubar. O bandido acha espantoso e sequestra a Mônica, a colocando em um saco e a leva para o seu esconderijo para que ela o ajude a faturar mais que assaltar bancos descobrindo segredos de Estado e cobrar uma nota para revelar nada.

O bandido prende a Mônica no quarto do esconderijo com porta de aço revestida de madeira após ela dizer que não vai ajudá-lo e pensa que vai deixar a chave na mesa que não tem perigo e vai dormir. Mônica diz que leu o que ele pensou e pode fazer nada e chora. Nisso, Magali está no lado de fora, pensando que é chato brincar sem a Mônica, não devia ter discutido e vai pedir desculpas quando encontrá-la. 

Mônica lê o pensamento dela e grita para Magali ajudá-la, para entrar no barracão e pegar a chave em cima da mesa. Magali pega a chave e elas fogem. Mônica conta que agora ela lê pensamentos e vão direto falar com o Marquinhos. No caminho, tem uma multidão passando e Mônica fica com dor de cabeça de tantos pensamentos ao mesmo tempo.


Nessa hora, a Fadona descobre que a Fada Fiona permitiu um mortal ler pensamentos e vão direto lá desfazer o pedido. Fiona desfaz o encanto bem na hora quando Mônica está de frente ao Marquinhos. Ela não consegue ler o pensamento dele e Magali acha que ele é um cabeça-oca. 

Marquinhos vai embora, Mônica conta que também não consegue mais ler os pensamentos da Magali, acha que foi bom ter voltado ao normal, é chato saber o que todo mundo pensa e se o Marquinhos gosta dela, um dia vai descobrir. No final, Marquinhos escondido atrás da árvore e pensa que um dia criar coragem para se declarar para Mônica, se pergunta se ela não gostar dele e queria que pudesse ler pensamentos.

História legal cheia de reviravoltas em que a Mônica passa a ler pensamentos dos outros após ter seu pedido realizado por uma fada. Ela queria ler pensamentos pra saber se o Marquinhos gostava dela e passou vários sufocos até conseguir ficar de frente com o Marquinhos,  só que quando vai ler pensamento dele a fada desfaz o encanto e ela fica sem saber, porém nem desconfia que o Marquinhos gosta dela de fato e tem timidez e medo de levar fora.

Fada Fiona não tinha noção do que podia ou não ser realizado, tem coisas que poderiam ser perigosas, se soubesse, não teria realizado pedido de ler pensamentos. Mônica descobriu vantagens e desvantagens de ler pensamentos das pessoas, pior foi descobrir que as pessoas adoravam xingá-las nos pensamentos. 

Quando não era poço dos desejos era fada que conseguia realizar desejos dos personagens. O Marquinhos com sua timidez também queria ler pensamentos, talvez teria mais sorte se a Fada Fiona tivesse o visto primeiro.  Como uma fada não vai realizar desejos assim, quem sabe ele encontre um poço de desejos para ter seu desejo atendido.

Mônica forte poderia usar a força e arrombar a porta e bater no bandido. Talvez não quiseram esse artifício para Magali ter que entrar no esconderijo  salvar a Mônica e conversarem depois. Tiveram sorte que ele deixou a porta de fora aberta e, assim Magali pôde salvar a Mônica. O bandido não teve punição depois, continuou solto e até poderia voltar a encontrar a Mônica já que estavam no mesmo bairro. Pode ser que não queria prolongar a história mostrando desfecho para ele. Bandido era participação especial, gostavam de histórias de participação rápida dos bandidos que nem influenciaria na trama se não colocassem.

História escrita por Rosana Munhoz, foi inspirada em desejos de pessoas de saber o que os outros pensam, sempre um assunto do imaginário popular. Os conflitos com os pensamentos foram engraçados como diálogo com Cebolinha e Cascão que acabaram apanhando por pensarem demais. Cascão sem querer estragou o plano infalível sem falar nada, só através do seu pensamento a Mônica descobriu tudo. O homem que pensa criticando que a Mônica era uma menina dentuça foi hilário e Titi realmentenãopodia xingar Mônicade dentuça,  acabou cargo ficando com o Franjinha. 

Foi engraçado também o Humberto cantar "Vou de Táxi" em pensamento, a letra da música não teve paródia, nem sempre parodiavam coisas famosas na época. O papo dos homens com letras foi pra representar algo genérico de uma conversa qualquer que falavam alguma coisa e a letra do pensamento não era a verdadeira opinião deles. Em vez de criar diálogos, deixaram genérico para poder agilizar e qualquer um imagina a conversa real que tiveram. As fadas apareceram só nesta história como de costume de personagens secundários de aparições únicas. 

Dava para notar de cara que o Marquinhos era tímido e gostava da Mônica,  só Magali tapada para não perceber isso. Mônica e Marquinhos se gostavam, mas não tiveram coragem de se declararem, de tomarem uma iniciativa. O Marquinhos foi mais foi mais um menino fofo "inho" por quem as meninas eram apaixonadas, cada história era um "inho" diferente. Marquinhos voltou a aparecer depois no final da história "O pixador apaixonado", de Mônica Nº 42', de 1990, como descoberta do mistério de quem pichava o muro fazendo declaração que ama a Mônica. Não teve nome revelado do menino naquela história, mas os traços eram o mesmo dessa. Davam para terefetivado o Marquinhos o menino como admirador secreto da Mônica que nunca consegue se declarar para ela.

Incorreta atualmente por interesse de crianças de namorar um ao outro, ter bandido querendo assaltar banco a mão armada, sequestrar Mônica, colocá-la dentro do saco e mantê-la em cativeiro e ainda sem ser punido no final, meninos apanharem e aparecerem surrados, Cebolinha pensar errado em pensamentos (hoje ele obrigatoriamente pensa sem trocar o "R" pelo "L"), além de palavras e expressões proibidas como "Droga!", "Credo!", "É a vovozinha!", "louca".

Traços ficaram excelentes típicos de histórias de abertura do final dos anos 1980. Já tinha olhos com curvas sem fundo branco para demonstrar excesso de raiva, tristeza, etc, adorava olhos assim. Era bonita a colorização onde o roxo ficava no lugar do rosa, bom também para diferenciar, mas em algumas páginas mantiveram o rosa. Tiveram erros ortografia "Chi!" do Cebolinha que devia ser "Xi!" e também no nariz do Humberto quando a Mônica diz que ele falou no 4º quadro da 6ª página da história (página 8 do gibi) e esqueceram de pintar de azul parte de trás do paletó do bandido no 2º quadro da 12ª página da história (página 12 do gibi).