domingo, 17 de novembro de 2024

Papa-Capim: HQ "Os deuses devem estar loucos!"


Mostro uma história em que um casal foi morar na selva e jogam suas coisas para os índios para se acalmarem e eles devolvem pensando que eram os deuses  que enviavam. Com 6 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 78' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Chico Bento Nº 78' (Ed. Abril, 1985)

A esposa do Olegário, carregando geladeira e outros objetos, reclama que foi ideia imbecil de irem morar no mato. Olegário diz que foi porque ela queria respirar ar puro e ali era muito melhor que a cidade. A mulher fala que o problema que tem muito bicho, quando vê uma cobra e sacode o marido segurando pelos pés gritando por socorro e que era para ele protegê-la. Olegário pergunta quem vai protegê-lo dela e que ela fez derrubar as coisas.

A mulher vê a jarra que a mãe lhe deu caindo no precipício e reclama que a culpa foi do Olegário se não a levasse para aquele fim de mundo. A jarra cai na cabeça do Papa-Capim, que desmaia. Os índios comentam que nunca viram nada igual àquele objeto, era transparente como água e dura como uma pedra, Pajé acha que só os deuses mandariam aquilo para lá e chama o índio mais forte da tribo para devolver para os deuses com seu arco e flecha, achando que se mandarem de volta, o Papa-Capim acordaria.

A jarra volta para o casal enquanto a mulher sacodia o marido e ela diz que os índios enviaram, que já ouviu histórias que são canibais que fritam pessoas em panelões e manda Olegário enviar outras coisas como presentes para ver se acalmam. Olegário arremessa outros objetos, que caem na cabeça do Pajé, que desmaia, e ao mesmo tempo Papa-Capim acorda. Os índios resolvem mandar os objetos de volta para o Pajé acordar.

A mulher reclama que Olegário mandou o jogo de panelas dela, quando volta tudo enviado pelos índios e a mulher levanta o marido e joga de cabeça no chão para não ser atingido pelos objetos. Ela acha que os índios ficaram mais nervosos e que foi pouco o que mandaram e Olegário resolve jogar tudo que eles tinham, inclusive a geladeira e ainda grita para os índios que não precisam devolver o que jogou, só quer ficar em paz.

A mulher encara Olegário, segurando pela camisa e reclamando que era inútil e imbecil e que jogou todas as coisas que tinham para eles, não sabe como casou com inseto como ele, com tanta gente querendo casar com ela, foi se casar com um traste e Olegário a segura. No final, os índios obedeceram aos deuses e ficaram com as coisas vindas do céu, só que usando da maneira deles, só não entenderam terem enviado a mulher reclamona e concluíram que os deuses devem estar loucos enquanto ela reclama que Olegário era cretino, que como pode tratar assim uma mulher frágil e que um dia ele vai pagar.

História engraçada em que um casal que foi morar no mato jogavam coisas para os índios pensando que eram canibais e ver se acalmavam enquanto que os índios devolviam pensando que eram os deuses que enviaram e se devolvessem ia sarar quem foi atingido pelos objetos. Ficou grande confusão até o marido se revoltar com a mulher que reclama de tudo e o ofendia e resolve jogá-la para os índios ficarem com ela também assim como seus objetos. 

Os índios continuaram na fantasia que eram coisas dos deuses, sem saber que era o casal que enviava. Como eram primitivos, não sabiam o que elas eram aquelas coisas que os deuses enviavam por nunca terem visto e muito menos sabiam para que serviam. Foi engraçado eles usarem as panelas como tambor e geladeira como canoa para pescar para ver como era a inocência deles. Para o casal, lado bom que o que era arremessado, voltava depois, não teria perdido se a mulher não fosse tão barraqueira e não pensasse que eram índios canibais.

A mulher xingou e ofendeu tanto que Olegário não aguentou, teve que jogar para os índios, pena de eles terem que aturá-la, mas pelo menos não ligaram e a ignoravam, deixando lá sozinha reclamando e eles levavam suas vidas normais. Sem dúvida ela mereceu o final, ficando a dúvida de imaginar como ela saiu da tribo dos índios. Destaque também que ela era muito forte de carregar geladeira sozinha, sacodir marido para espantar cobra e segurar o marido jogando de cabeça no chão para não ser atingido pelos objetos, é como se fosse uma parente da Mônica, esse marido suportou muito, tem hora que não aguenta. Pena que roteirista não deu um nome para mulher, só para o marido, e eles apareceram só nessa história.

Papa-Capim teve sorte que não era jarra de vidro, curioso que dessa vez que foi mais figurante, os protagonistas foram o casal. Curioso também ter um cachorro na tribo, não era comum os índios contracenarem com cachorros, só bichos selvagens do mato. A história foi inspirada no filme "Os deuses devem estar loucos", de 1980, um clássico do cinema, até colocaram mesmo título, sem parodiar, o que era comum, não era obrigatório parodiar nomes famosos na época.

É incorreta atualmente por mostrar índios primitivos que não sabem o que são objetos da civilização, nem o que é uma jarra ou geladeira, e com cultura de idolatrarem seus deuses. Hoje a tribo do Papa-Capim é moderna com eles com roupa, morando em casas sem serem ocas, tem tudo aquilo que arremessaram utilizando da forma tradicional e ainda têm celular. Essa ideia de índios primitivos é totalmente abolido agora e inclusive a palavra ""índio" também é proibida, tem que ser chamados de indígenas. 

Também implicariam com Papa-Capim e Pajé levarem jarra e panelas na cabeça, as violências da mulher com o marido, as ofensas,  e também a atitude do Olegário de fazer aquilo com uma mulher, mesmo que ela era chata. A palavra "louco" também é proibida nos gibis atuais e não teria um título como esse. Teve índia com seios de fora, que também é impensável hoje em dia nos gibis, mas na Editora Abril era comum aparecerem índias assim de seios de fora, até para mostrar que eram primitivos. Depois, procuraram colocar penas no top ou cabelo cobrir os seios e agora são roupas das civilizações.


Os traços espetaculares, capricho nos cenários da selva que dava gosto de ver. Cabelo do Pajé foi pintado da cor da pele sem ser branco, na época ainda não tinham uma padronização de traços com alguns personagens da Turma do Papa-Capim, ainda mais que esse núcleo foi desenvolvido mesmo a partir de 1982, com a criação do gibi do Chico Bento, antes tinham só histórias de 1 página nos gibis da Mônica e do Cebolinha muito raramente.

Foi republicada depois em 'Coleção Um Tema Só Nº 9 - Cascão Brincadeiras' (Ed. Globo, 1994). Os primeiros números dessa coleção de histórias temáticas podiam ter histórias sem o tema proposto e com personagens de outros núcleos, mas até que essa pode dizer que acabou sendo brincadeira dos índios de ficar enviando os objetos de volta.

Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 9 - Cascão Brincadeiras' (Ed. Globo, 1994)

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

HQ "Magali A Influenciável"

Mostro uma história em que a Magali se influenciava em comer só em ouvir as pessoas falando palavras com nome de comida, mas que tinham outros significados. Com 8 páginas, foi história de abertura publicada em 'Magali Nº 62' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Magali Nº 62' (Ed. Globo, 1991)

Mônica reclama que tem que ficar sempre esperando a Magali acabar de comer para brincarem e pensa em desistir de ser amiga dela, já são quase três horas e ela está comendo desde a uma e não sabe como consegue comer tanto. Magali fala que ela é muito influenciável, Mônica pergunta se comilona agora tem outro nome.

Magali pergunta se reparou que tudo hoje se fala em comida, na televisão o pessoal só come, come, nas novelas, nos comerciais. Mônica fala que é para desligara televisão, Magali diz que não é só na TV, tem no rádio, cartazes, revistas e até nas conversas o pessoal põe comida no meio. Mônica acha que é exagero dela, Magali manda a amiga experimentar ficar um dia sem falar de comida, Mônica diz que isso é canja e vê que deu vacilo, foi um lapso e não vai mais acontecer se for para ela comer menos e brincar mais.

Elas vão brincar na rua, Mônica pergunta se quer brincar de pega-pega, amarelinha ou de roda, Magali quer roda e encontram o Jeremias, que diz que não pode brincar porque tem que ir para casa ver o tio de Bauru que foram visitá-lo, que ele é brigadeiro e está louco para vê-lo de uniforme. Magali sai correndo para comer bauru e brigadeiro. Depois que volta, Mônica diz que a Denise e a Juju vão brincar de roda com elas. As cantigas falam de café, leite e mingau, dá vontade da Magali comer e sai correndo no meio da brincadeira. 

Quando volta, as meninas tinham ido embora e elas resolvem brincar de outra coisa que não lembre o assunto proibido e Mônica pergunta ao Cebolinha se pode jogar futebol com os meninos. Ele diz que elas são café-com-leite, não dá vontade na Magali porque ela tinha acabado de tomar e Mônica fala com Cebolinha que não quer saber o que elas são, e, sim, se podem jogar por bem ou por mal. Cebolinha avisa aos meninos que Mônica e Magali vão entrar senão vai dar bolo e Magali tenta resistir para não comer bolo.

Durante o jogo, Cebolinha chama Cascão de goiabão por ter deixado a Magali passar com a bola. O goleiro diz que Magali não faz gol nem por um sonho, a chama de docinho e o outro diz que vai ser sopa. Magali chuta forte pensado em um sonho e faz gol. Cebolinha reclama que foi um baita frango, chama o goleiro de pamonha e outro menino chama de bananão e todos gritam insistentemente que foi marmelada porque a Magali não devia ter entrado.

Magali sai correndo para casa para comer, Mônica chama os meninos de insensíveis e bate neles, que falam que a Mônica não é bolinho, é pimenta ardida e osso duro de roer. Mônica vai para casa da Magali e resolve comer com ela, achando que também é meio influenciável.

História engraçada em que a Magali imagina comida com tudo que as pessoas falam. Mônica tenta ajudar a amiga a controlar a compulsão e esquecer sobre comida, mas os amigos não ajudam falando palavras que lembram comidas nas conversas e nas brincadeiras. No final, Magali continuou compulsiva e ainda influenciou a Mônica a ser também.

Magali tão compulsiva, só pensa em comer, que não pode falar de comida que tem que comer, nem pensou nos outros significados das mesmas palavras que já pensava que era comida. Estava em um dia tão paranoico que se ela visse o seu gatinho Mingau, era capaz de comer mingau ou até querer comer o próprio gato. Mônica podia ter avisado para os amigos a não falarem de comida na frente da Magali nas conversas como antes de brincar de roda com a Denise e a Juju e no futebol logo depois que o Cebolinha falou que elas são café-com-leite. 

Foi engraçado Magali confundido coisas como patente brigadeiro com doce brigadeiro, goleiro frango com frango para comer, etc. De fato falamos algo relacionado a comidas o tempo todo, até em jogo de futebol se fala de comida e nem percebemos porque não levamos ao pé-da-letra como a Magali. Essa história ajudou os leitores a entender e conhecer outros significados da mesma palavra de forma bem natural e divertida e não extremamente didático como são nas histórias atuais.

Foi bom ver a Mônica autoritária dos velhos tempos dando bronca no Cebolinha e ordenando que elas iam jogar futebol por bem ou senão apanhavam. Vimos que o Jeremias teve um tio brigadeiro, patente de hierarquia militar, sendo que esse parentesco não foi falado depois em outras histórias e nessa ficamos  na imaginação de como era o tio dele. A Denise ainda com visual diferente a cada história, dessa vez foi loira bem diferente da atual que conhecemos e a menina Juju foi só figurante, não apareceu depois em outra história.

Incorreta hoje em por dia por Magali ter compulsão alimentar, comer bastante, inclusive ficar 2 horas almoçando e sem aprender nada no final e ainda levando a Mônica também ser influenciável com comida, meninos com preconceito das meninas jogarem futebol com eles e achando que foi marmelada a Magali fazer gol, Cebolinha chutando perna do menino no jogo, meninos surrados após apanharem da Mônica. Também são proibidos atualmente palavrões que o Cascão falou no jogo e a palavra "louco" provavelmente para não confundirem com  o personagem Louco. Aliás, as expressões e palavras  assim de duplo sentido mostradas como "vai dar bolo", "vai ser sopa" e chamar alguém de pamonha, por exemplo, não são aceitas nos gibis atuais e procuram substituir. O que ajudaria as crianças conhecerem novas palavras, proíbem de conhecer.

Os traços muito bonitos da fase clássica que davam gosto de ver, com direito a olhos com curvas sem fundo branco para demonstrar intensidade de raiva. Pena as cores bem escuras, principalmente no vermelho e nas peles dos personagens, apesar de ainda no padrão de tons pasteis.

domingo, 10 de novembro de 2024

Turma da Mônica: HQ "Diabruras no Parque"

Em novembro de 1994, há exatos 30 anos, foi publicada a história "Diabruras no Parque" em que um diabinho resolve fazer maldades no Parque da Mônica. Com 13 páginas, foi publicada em 'Parque da Mônica Nº 23' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Parque da Mônica Nº 23' (Ed. Globo, 1994)

No inferno, o Diabinho pergunta para a sua mãe se pode brincar de fazer maldades com os humanos, ela deixa, avisando que não é para chegar cedo porque isso é para bons meninos. O Diabinho solta fogo na cara da mãe como se fosse um beijo e ela o acha o máximo. 

Na superfície, o Diabinho estranha que os meninos não estão futebol no campinho e nem as meninas não estão brincando de casinha e ele é pisoteado pela Mônica e Magali correndo, falando que vão chegar atrasadas, a turma toda está lá. O Diabinho se pergunta para onde elas vão e logo vê que era o Parque da Mônica e quer aprontar lá. 

Assim, se disfarça de menino humano e consegue entrar. Admira que o Parque é grande e bonito, mas logo se dá conta que é um diabinho mau e corrige que gostou de nada. Fica em frente à "Tumba do Penadinho", comenta que tem uma tumba lá e faz com que o Cebolinha entre lá pensando que ia se assustar. 

Quando o Cebolinha volta, agradece, não se cansa de visitar a "Tumba do Penadinho" quando vai lá. O Diabinho entra na tumba para saber o que tem lá e acha divertido vendo os monstros lá. Sai rindo, Cebolinha pergunta se foi legal e o Diabinho responde que mais ou menos, que gosta de emoções mais fortes. 

Cebolinha o leva para o "Brinquedão". Diabinho fala que vai aprontar muito ali, Cebolinha diz que ele quem vai aprontar com ele, jogando na piscina de bolas. Diabinho acha gostoso e não machuca, mas se corrige que é uma pena. Acha uma delícia escalar a rede para a base espacial. Lá, Cascão avisa que a Mônica foi para o "Fundo do Mar". O Diabinho diz que não sabe nadar e eles contam que é um labirinto vertical. 

Os meninos falam que vão dar nós na orelha do coelhinho da Mônica. Diabinho resolve ir porque adora uma maldade. Lá, ele acha divertido e os meninos veem que Mônica e Magali estavam indo para a lanchonete. Diabinho fica com pena de sair do "Fundo do Mar" e Cascão avisa que ele pode voltar ali quando quiser.

Na lanchonete, veem só a Magali comendo sanduíches e ela diz que a Mônica foi para o "Cinema 3D". Diabinho diz que nunca foi ao cinema e os meninos contam que nele parecem que as coisas saem da tela. Diabinho acha tudo lindo demais. Avistam a Mônica e o Diabinho pega o Sansão e sai correndo pelo Parque. Diabinho se esconde no "Carrossel do Horácio", Mônica vê e ele sai correndo, lamentando que estava gostoso ali. Mônica alcança e bate nele.

A turma descobre que era um diabinho de verdade. Fala que vai destruir todo o Parque, nem seu pai faria maldade pior. Mônica  tenta impedir, ele joga fogo do tridente e a espanta. Diabinho quer começar destruir o "Brinquedão", mas desiste porque quer brincar nele mais vezes, aí pensa em destruir o "Fundo do Mar", mas acha que seria uma pena e comenta que ainda não foi na "Casa do Louco". Começa a chorar, achando que é um fracasso, não consegue destruir nada.

A turma fala que ele é só um diabinho e uma criança também e que é para dar tempo com as maldades e brincar com eles. No final, ele agradece a turma pela diversão e volta para o inferno. Lá, a mãe pergunta se o filho se divertiu muito, ele diz que demais, o pai elogia que o garoto lhe puxou e logo em seguida a mãe chama o marido, dizendo que não gostou nadinha de ver uma aréola em cima da cabeça do filho.

História legal em que um diabinho quis fazer maldades no Parque da Mônica, mas se encanta com o lugar, acha tudo divertido e não consegue destruir. Pensa que se destruísse, não poderia brincar outras vezes lá. O Parque era tão bom que consegue regenerar qualquer um, até um diabinho. Vimos que ele não era mau por completo, era incentivado pelos pais a fazer maldades. Seu lado criança falou mais alto e preferiu as brincadeiras como qualquer criança. Resta saber depois como os pais conseguiram tirar as ideias boas do filho depois ou se não conseguiram.

Foi engraçado o Diabinho primeiro dizer que gostava dos brinquedos do parque e depois se corrigir só porque tinha que ser mau, achar que entrar na "Tumba do Penadinho" era maldade e não era e sua tentativa fracassada de destruir o Parque. Teve absurdo de como o Diabinho entrou no Parque sem pagar ingresso, se não entrasse, nada acontecia e não teria história, por isso deixaram passar.

Legal mostrar que o inferno retratado como um lar com móveis e tudo, os diabos terem cotidiano como dos humanos como cozinhar, comparação de que maldade era a coisa boa para eles e faziam o contrário dos humanos como dizer que filho chegar cedo a casa não é bom, além do narrador se referir ao inferno como um lugar logo abaixo dos nossos pés. De quebra, vimos um tour pelo Parque da Mônica, com alguns brinquedos que se encontrava lá.

Esse Diabinho e seus pais apareceram só nessa história como de costume de personagens secundários de aparições únicas, fora que não tinham um Diabo fixo nas histórias da Turma da Mônica, era um diferente a cada história com personalidade de acordo com o tipo de história. Só na Turma do Penadinho que tinha o Diabão fixo, mas sempre desenhado diferente a cada história.

Os traços ficaram bons, típicos dos anos 1990. Incorreta atualmente por mostrar diabos, ainda mais com intenção de querer fazer maldades e não só mostrá-los, o Diabinho ser pisoteado pelas meninas e aparecer surrado após apanhar da Mônica, jogar fogo do tridente na Mônica e a mãe dele de avental. A ideia de que só meninos jogam futebol e só meninas brincam de casinha também é errada atualmente e implicariam também com expressões populares como "um barato".  Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Tirinha Nº 109: Cebolinha

 

Nessa tirinha, Seu Cebola se incomoda com Cebolinha tocando tambor alto dentro de casa e reclama que se o filho continuar com esse brinquedo, vai acabar ficando surdo. Então, Cebolinha resolve colocar fone de ouvido para tapar o barulho que escutava e por não ouvir direito, toca mais alto ainda e fica o som mais ensurdecedor para o Seu Cebola.

Cebolinha não entendeu a mensagem que o barulho estava incomodando, só se preocupou em continuar tocando o tambor sem ficar surdo. Seu Cebola quis ser educado com o filho e se deu mal, deveria ser enérgico com ele mandando parar de tocar o tambor ou, no mínimo,  que fosse tocar na rua. Se foi ele quem deu presente para o Cebolinha, com certeza se arrependeu muito de ficar surdo com isso. Foi legal também tamanho da onomatopeia para indicar intensidade do barulho de antes e depois do fone de ouvido, deu para mostrar para as crianças que quanto maior a onomatopeia, maior o barulho que personagens ouviam.

Tirinha publicada em 'Cebolinha Nº 103' (Ed. Globo, 1995).

domingo, 3 de novembro de 2024

HQ "O dia em que Piteco saiu da caverna"

Mostro uma história em que o Piteco tem sua caverna inundada com uma enchente e tem que procurar outro lugar para morar. Com 5 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 3' (Ed. Globo, 1987).

Capa de 'Cebolinha Nº 3' (Ed. Globo, 1987)

Piteco está dormindo na sua caverna e cai uma goteira em cima da sua cabeça bem no local que dorme. Tenta tapar o buraco da goteira com um pedaço de pau, aí piora e causa inundação na caverna. Ele conta para o Bolota, que convida para ficar na sua caverna. Só que tinham outras 84 pessoas morando lá, toda a família do Bolota morando junto desde o bisavô e até sobrinhos, que faziam turnos para dormir, comer, sentar, etc.


Piteco recusa, falando que é um lobo solitário, não vai se adaptar com o mundão de gente. No caminho, ele vê que as outras cavernas estão superlotadas. Até que encontra uma caverna vazia, pronta para morar, mas um corretor de imóveis avisa que o aluguel é 3 mil machadinhas, três meses adiantados, dois avalistas, contrato só para um ano. Piteco sai, falando que a especulação imobiliária chegou à Pré-História, vai conferir sua caverna e ainda estava inundada.

Assim, Piteco tem ideia de criar uma palafita com madeiras de troncos de árvores que encontrou. O povo vendo a moradia do Piteco no alto achou que ele era maluco, que essa moda nunca ia pegar. O tempo passa até chegar os tempos atuais, um professor paleontólogo e um grupo de crianças estão visitando uma caverna onde era a aldeia de Lem, um menino pergunta quando foi que criaram as palafitas e o professor conta que talvez seguiram algum líder pré-histórico, algum homem brilhante, corajoso e ousado e nunca saberão a verdadeira História.

Legal essa história em que o Piteco precisa arrumar outra moradia após a sua caverna ser inundada ao tentar consertar a goteira. Nota que tinham muitas cavernas lotadas e corretor de imóvel cobrando caríssimo o aluguel de caverna vazia. Na falta de uma moradia, resolve criar uma palafita para não ter gastos e se proteger de enchentes e animais, assim nasceu a primeira moradia de palafita da História.

Piteco era um privilegiado de conseguir morar sozinho até ter a enchente, todo mundo morava com muita gente em cada caverna. Vimos que até o Bolota morava com a família toda, precisando ter organização de turnos para se movimentarem dentro da caverna pequena com tanta gente. Pensávamos que ele morava sozinho como o Piteco, nunca teve cronologia na MSP, pelo menos nessa história foi assim para desenrolar melhor.

Foi engraçado Piteco causar enchente na caverna após a goteira, as cavernas lotadas, o corretor de imóveis com suas exigências para alugar. No final, não especificaram se o paleontólogo e as crianças estavam exatamente na caverna onde Piteco morava ou uma caverna qualquer, pela posição da entrada não era a caverna do Piteco, só que era o local onde era a Aldeia de Lem na Pré-História. 

Além da gente se divertir, ainda deu para ter uma reflexão sobre problemas habitacionais e de superpopulação, muita gente e poucas moradias para cada um, se virarem sem espaço de muita gente morando na mesma casa pequena, pessoas de baixa renda que não têm condições de comprar ou alugar imóveis e precisam morar em palafitas para se proteger de áreas com enchentes. Fizeram humor com problemas da sociedade, o que era muito comum na época.

As histórias do Piteco costumavam muito ter associação da Pré-História com a vida da atualidade, eram divertidas essas associações absurdas com coisas que nem existiam na Pré-História, como casas serem cavernas, Piteco dormir com travesseiro e cobertor, clava com prego, goteira em caverna, dinheiro ser machadinhas, corretor de imóveis, Piteco saber sobre especulação imobiliária, coisas que não existiam na época. 

O Piteco foi considerado o primeiro inventor da palafita, antes do Beleléu, qualquer um do núcleo dele podia ser o inventor fixo da Pré-História, a partir dos anos 2000 ficou o Beleléu como o inventor fixo. Na verdade, ele tinha aparecido em uma história de 1980 apenas como aparição única, mas em 2004 o roteirista Paulo Back voltou com o personagem em definitivo como inventor fixo da Pré-História. 

Incorreta hoje em dia pelos absurdos mostrados que não tinham na Pré-História e fazer humor com problemas sérios da sociedade, além da palavra "Droga!" ser proibida atualmente. Os traços muito bons da fase consagrada dos personagens, as cores assim dos primeiros números da Globo também ficavam muito bonitas, com destaque do tom de azul e da cor de tom mais rosado da pele dos personagens.