sábado, 30 de agosto de 2025

Mônica: HQ "A conquista da Terra"

Mostro uma história em que a Mônica tenta ajudar o roteirista a ter inspiração para criar uma história sobre extraterrestres. Com 13 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 193' (Ed. Abril, 1986).

Capa de 'Mônica Nº 193' (Ed. Abril, 1986)

Mônica encontra a Magali, pergunta se vão brincar de casinha e Magali responde que não pode porque está atrasada e Mônica ainda pergunta atrasada por quê, se vai abrir uma nova lanchonete no bairro. Depois, Mônica vê o Cebolinha, que também diz que está atrasado e Mônica comenta que deve está mesmo, que até falou certo.

Em seguida, Mônica vê Cascão, Titi e Jeremias, pergunta se estão atrasados, eles confirmam e ela repara que todos estão estranhos, aí vê a si mesma dizendo que está atrasada, comenta que até ela está estranha e logo cai em si que aquela não é ela, ela que é ela, que a outra é uma impostora e acha que é um plano do Cebolinha, quando veem todos entrando em uma nave espacial e fica sem entender nada.

Aparece o Robson Lacerda, o roteirista da história, dizendo que ele é quem está entendendo nada, bolou uma história genial, já a tinha toda na cabeça e ele perdeu a inspiração. Era uma história de seres extraterrestres que queriam conquistar a Terra, faziam duplicatas das personagens e depois raptavam os terráqueos um a um, só que foi tomar café e perdeu o fio da meada e que tem que fazer alguma coisa senão a sua produção de hoje vai ser um zero à esquerda.

Mônica dá uma sugestão de continuação da história, ela entra na nave, os extraterrestres contam para as duplicatas o plano de que conseguiram penetrar nas casas dos terráqueos e agora as duplicatas vão ter que aprisioná-los. Mônica aparece, diz que falharam quando deixaram a duplicata dela cruzar seu caminho e bate em todos os ETs, que vão embora e a paz volta a reinar na Terra. Robson diz que está simples demais, quer umas 10 páginas no mínimo, mais trama, situações emocionantes e desfecho inesperado e do nada ele tem a inspiração para criar a história do zero.

Na nova história, Cebolinha encontra uma nota de cem Cruzados e era uma armadilha para ser capturado pelo extraterreste, conta que aqueles lá são duplicatas dos amigos, que ele será o próximo e que antes que alguém perceba, toda a população da Terra será de duplicatas e poderão dominar o mundo. Os ETs buscam outras vítimas para fazerem duplicatas, Mônica encontra nota de Cem Cruzados. O ET tenta pegar a Mônica, que bate nele e corre atrás até em direção à nave espacial.

O outro ET manda os androides duplicatas atacarem a Mônica, que destrói todos e vai ao fundo da nave onde estava presa a turminha de verdade. Mônica entorta as grades da cela, soltando todos, saem da nave e os ETs vão embora para a Terra. No final, tudo voltou à paz na Terra, porém quase tudo, porque Cebolinha rabisca desaforos para Mônica no muro e ela quer bater nele.

Mônica gosta da história, só do final que não. Robson diz que tem que ter um final engraçadinho e vai a MSP para ver se o pessoal do estúdio gosta. Depois, ele volta contando que a história foi aprovada e que a cota dele de hoje foi preenchida, porém amanhã começa tudo de todo e precisa pensar em um novo tema até lá.

História legal de metalinguagem em que o roteirista perde inspiração para criar a sua história sobre extraterrestres invadirem o planeta Terra e a Mônica tenta ajudá-lo. Primeiro, ela mostra a sua versão para continuação após ele perder a inspiração, mas ele não gosta por ser curta demais e depois consegue inspiração para criar a história toda do zero. É aprovada pelo pessoal do estúdio, a cota do dia foi preenchida, mas ele precisava  ver o novo tema para a próxima história que tinha que criar.

Teve um estilo bem diferenciado do que estamos acostumados, com 2 histórias em uma:  a do dilema de um roteirista de perder inspiração para criar uma história e a do roteiro da invasão de extraterrestres para dominar o mundo. Na verdade, 3 histórias já que a do extraterrestres teve a versão completada com a ajuda da Mônica e a outra criada pelo Robson. Era a cara dos anos 1980 histórias desse estilo. 

Mostrou que vida de roteirista não é fácil, não tem descanso, trabalho acaba nunca, tem meta de produção diária, quando termina de criar uma história já tem que pensar em outra. Teve diferencial que o roteirista foi parar na história em que ele próprio escreveu em vez da Mônica conversar com ele nos quadrinhos e ele no estúdio ou a Mônica pular dos quadrinhos para o estúdio. Robson foi parar nos quadrinhos sem explicação, foi lá e pronto, se fosse hoje teria que ter explicação que foi com o lápis mágico da Marina para amenizar o absurdo. 

Já sobre o roteiro criado de extraterrestres, as duplicatas não tinham personalidades reais, eram robôs criados e mandados pelos ETs, tanto que o Cebolinha duplicata falava certo, sem dislalia. Foi uma boa ideia dos ETs para conquistar a Terra, só não contavam em cruzar com a Mônica forte perdoava ninguém, nem ETs conseguem derrotá-la. Uma diferença entre as duas histórias de invasão dos ETs é que na primeira, os robôs apareciam nas casas dos terráqueos para criarem a forma de duplicatas deles e só depois que iriam capturá-los enquanto que na segunda, os ETs capturavam primeiro os terráqueos e depois formavam suas duplicatas ao entrarem na invenção dos ETs. A história enviada para o Mauricio aprovar foi a segunda, mas o leitor ainda pôde escolher qual seria a de melhor roteiro: a mais objetiva completada pela Mônica ou mais desenvolvida pelo Robson.

A história criada por Robson teve 6 páginas e não 10 como queria, mas foi aprovada mesmo assim. Foi engraçado ver a Mônica vendo a sua duplicata, pensar que ela própria estava estranha e cair em si depois, conversa dela com os leitores, a personificação do Planeta Terra com fone de ouvido representando que estava tudo em paz, Mônica e Cebolinha caírem no truque da nota de dinheiro no chão e chamarem o ET de lagartixão e Mônica surrar os ETs e entortar grade de cela só com sua força.

Foi legal também ver coisas datadas com a Mônica cantando "Óculos", música dos Paralamas do Sucesso, que fez grande sucesso na época, assim como destaque da moeda "Cruzado", lançada no Brasil há pouco tempo até então daquele maio de 1986. Inclusive, "Cem Cruzados" foi corrigido nos balões por última hora, dá para notar na fala do Cebolinha no 1º quadro da página 9 do gibi com Cruzado aparecendo sem espaço no balão e na fala da Mônica no 5° quadro da página 11 do gibi com fonte diferente. A história deve ter sido produzida em 1985, ainda com a moeda "Cruzeiro" e com a mudança para "Cruzado" em março de 1986, tiveram que fazer correção às pressas.

Metalinguagem estava em alta nos últimos anos da Editora Abril e primeiros da Globo, tinham muitas presenças do Mauricio de Sousa e dos roteiristas nas histórias nem que fosse só na última página para fazer a piada final e vimos que já deixavam bem explicada a rotina do estúdio de que eram roteiristas que faziam as histórias e o Mauricio quem aprovava. O Robson Lacerda continua até hoje na MSP, é o roteirista com mais tempo em atividade na empresa no momento, só que infelizmente agora as histórias dele são mais voltadas ao politicamente correto e didáticas envolvendo deficientes como a Tati com Síndrome de Down.

Incorreta atualmente por ter vários absurdos mostrados, inclusive de metalinguagem e Mônica entortar grades de cela com sua força, violência, Mônica surrar os extraterrestres, mesmo eles sendo vilões, Mônica com calcinha à mostra em alguns quadros, Cebolinha rabiscar desaforos para a Mônica direto no muro,  Jeremias com lábios com círculo em volta da boca (embora ele já tinha lábios comuns a partir de 1983, uma vez ou outra ele ainda aparecia com lábios com círculo rosa dependendo do desenhista). Além disso, evitam histórias de metalinguagem, preferencialmente mais restritas em histórias comemorativas ou com lápis mágico da Marina, e são proibidas coisas datadas como música antiga dos Paralamas e moeda Cruzado e também gírias e expressões populares de duplo sentido como "tô em parafuso", "perdi o fio da meada", "zero à esquerda", "leitores vão babar na história", etc.

Traços muito bonitos dos anos 1980 que davam gosto de ver. Teve erro de personagens com línguas brancas como Cebolinha no primeiro quadro da página 11 do gibi e Mônica no penúltimo quadro da penúltima página. Propaganda inserida na história foi só em uma página na lateral direita do lápis "Labra", sempre presente nos gibis da Editora Abril. Foi republicada depois em 'Almanaque da Mônica Nº 37' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 37' (Ed. Globo, 1993)

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Tirinha Nº 118: Cascão

Nessa tirinha, Cascão vê que um atleta ia fazer salto para cair em uma tina d'água e Cascão afasta a tina do lugar que estava achando que estava fazendo uma boa ação para ele não se molhar, mas que na verdade, o atleta ia morrer se esborrachando no chão com a atitude dele. Muito engraçado.

Cascão agiu como o Nico Demo, que seguia o estilo de que fazia o tipo de bom coração, com a intenção de sempre querer ajudar os outros, mas acabava atrapalhando em vez de ajudar, e, de quebra, ainda deu força para Dona Morte para levar a vítima. Como o Cascão não gosta de banho, pensa que todo mundo não deve tomar banho também, mostrando também seu lado egoísta, era muito bom quando ele agia assim. 

Tirinha publicada em 'Cascão Nº 102' (Ed. Abril, 1986).

sábado, 23 de agosto de 2025

Chico Bento: HQ "Rosinha, a herdeira"

Em agosto de 1995, há exatos 30 anos era publicada a história "Rosinha, a herdeira" em que a família dela ganha herança de um tio que havia falecido e o pai da Rosinha passa a não querer que a filha namore com o Chico Bento porque era pobre. Com 13 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 223' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Chico Bento Nº 223' (Ed. Globo, 1995)

O pai da Rosinha, Seu Antunes, recebe telefonema que o Tio Ernesto morreu, fica triste, mas abre sorriso quando descobre que o tio deixou tudo que tinha para ele e sua família e diz que amanhã eles vão até lá. O vendedor da venda dá os pêsames para Seu Antunes e entrega um papel. Seu Antunes pensa que era um bilhete, mas era a conta para pagar, afinal já que ficaram ricos, não vai mais vender fiado e Antunes nota que todos vão tirar casquinha.

Dona Rosália pergunta por que ricos e Antunes conta que Tio Ernesto tinha muitas fazendas, cabeças de gado, investimentos e tudo ficou com eles e conta para a Rosinha que virou herdeira. Aparece o Chico Bento, aflito que soube que o tio da Rosinha morreu, sente muito, Rosinha diz que não eram muito chegados, ele morava em Piraquacetuba do Norte. Chico abraça a Rosinha e Antunes cobra que intimidade era aquela. Rosinha fala que Chico é namorado dela, Antunes olha Chico da cabeça aos pés e diz para a filha que ele era namorado, não é mais, agora que é herdeira, precisa de namorado melhor.

Depois, Chico diz ao Zé Lelé que aconteceu uma desgraça, a Rosinha e ele não são mais namorados. Zé Lelé tenta correr para ver se ela ainda está livre, Chico diz que ainda se gostam, mas o pai dela não quer namoro só porque ela é herdeira, o tio da Rosinha morreu e ela herdou riqueza e o pai dela acha que ele é pobre para namorar com a Rosinha. Zé Lelé diz que como Chico sabe se ele não é herdeiro também e Chico vai perguntar para os pais, que falam que são só herdeiros de dívidas. Chico diz que isso não vai impedir de namorar a Rosinha e vai falar com o pai dela de novo e Zé Lelé diz que se conseguir nada, que avise aos amigos.

Na casa da Rosinha, chora que perdeu o tio e o namorado. Seu Antunes fala que é para o bem dela, merece um namorado melhor, mais bem-nascido. Rosinha quer o Chico e Antunes diz que logo vai ter outros pretendentes batendo a porta, quando tem batida na porta. Era o Pedro Afonso, filho do fazendeiro dizendo que o pai o mandou lá para lhe dar os pêsames e também para conhecer a linda e herdeira filha. Rosinha fala que já conheceu e manda o menino ir embora.

Em seguida, vem outro menino, o Carlos Henrique. Chico está a caminho da casa da Rosinha e vê uma fila enorme de garotos ricos pretendentes de novo namorado para a Rosinha e Chico desiste. Dentro da casa, aparece o Genesinho, filho do Coronel, Rosinha fica furiosa, diz que ele chega e ela vai embora e foge pela janela, caindo em cima da barriga do Chico e os dois fogem juntos. Antunes pergunta pela Rosinha ao Genesinho, que diz que fugiu pela janela.  

Antunes encontra um bilhete, que fugiu para se encontrar com o Chico, não quer mais herança e pode ficar para o pai e para a mãe. Os pais vão atrás da Rosinha e Antunes consegue laçar o Chico, impedindo a fuga. Rosinha avisa ao pai que não vai desistir do chico, Antunes fala que a riqueza subiu a cabeça, aceita que ela namore o Chico, o importante é ser bom, honesto e trabalhador porque dinheiro eles já têm de sobra, porém eles têm que se arrumar, vão partir hoje para prestar as últimas homenagens ao tio e receber a herança.

Dois dias depois, Chico está preocupado que agora que estão ricos, está com medo do pai da Rosinha mudar de ideia e nunca mais voltarem para lá. Rosinha volta, diz que o pai não podia subir a cabeça de novo com a herança, veio sentado em cima dela, o Tio Ernesto fez uns maus investimentos no fim da vida e só sobrou um burrico como herança. Chico e Rosinha dão uma volta no burrico e no final Antunes fica pensando na herança linda que os netos dele vai ter.

História legal em que a família da Rosinha recebe herança do tio que morreu e o pai dela não quer que a Rosinha namore com o Chico porque era pobre e queria que a filha namore com meninos ricos da região. Forma fila de pretendentes, mas Rosinha queria o Chico e foge de casa para ficar com ele. Antunes descobre, impede a fuga e deixa a filha namorar com Chico. Depois recebe a herança e viu que tudo que o Tio Ernesto tinha era um burrico, tirando a chance de ficar rico.

Seu Antunes foi todo errado com a ganância da herança subir sua cabeça, não só se preocupar com o dinheiro da herança, dizer que estava triste com a morte do tio, porém mais feliz porque ia receber os bens do tio, como também impedir a filha de namorar o Chico Bento e empurrar um menino rico para namorar com ela. Teve seu castigo merecido de receber só um burrico de herança e se convenceu que o Chico era o melhor namorado para a filha, mesmo não sendo rico. Notícia se espalhou rápido como normal em cidades pequenas, Chico quase perdeu sua namorada, ainda bem que a Rosinha não queria um rico, sendo o Genesinho a gota d'água para resolver fugir de casa, dessa vez ela não cedeu aos encantos dele.

Foi engraçada do início ao fim com destaques dos pais da Rosinha chorarem e depois abrirem sorriso quando descobrem que herdaram tudo que Tio Ernesto tinha, inclusive o vendedor, Seu Antunes pensar mais na herança do que na morte do parente, vendedor não vender mais fiado e Seu Antunes achar que cobrar dívida agora é tirar casquinha da riqueza deles, Rosinha e Zé Lelé não saber o que é herdeira, Zé Lelé correr atrás da Rosinha quando soube que terminou com o Chico, confundir herdeira com time de futebol, dizer que na cabeça dele passa vento e só pensa de vez em quando para não gastar o cérebro, os pais do Chico dizerem que são só herdeiros de dívidas, os meninos ricos na porta formando fila para namorarem Rosinha, Antunes laçar o Chico e a decepção de receberem só um burrico como herança.

Sobre o Chico dizer que eles são os mais ricos da família e Zé Lelé responder que é uma família de pés-rapados, se Zé Lelé é primo do Chico, é pobre também como ele, mas parece que nessa história eles não foram tratados como parentes, só como amigos. E leva a crer que a família do Zeca da cidade é mais rica que do Chico, a não ser que os pais do Chico consideraram que a riqueza não é de bens materiais e, sim riqueza de comportamento humano.

Como Seu Antunes não tinha telefone em casa, tinha que ir a venda para atender, deixava  número de telefone da venda com familiares e quando precisassem ligavam para lá, coisa bem comum na roça e em época que nem todos tinham telefone em casa. Impressionante tantos meninos ricos morando em Vila Abobrinha, local bem pequeno e pobre. O vendedor da venda lembrou o Nhô Lau, mas não era ele, apesar que o Nhô Lau ter venda na Vila Abobrinha. O pai da Rosinha se chama Seu Rodrigues atualmente, na época não tinha nome definido, aí nessa se chamou Seu Antunes.

Na época estavam com mais histórias de abertura com protagonismo maior da Rosinha e sempre eram boas. É incorreta atualmente por envolver namoro de crianças, querendo até fugir de casa para não se separarem, a falsidade e ganância do Seu Antunes por causa da herança, se preocupar mais com o dinheiro da herança do que com o tio que morreu, diz que está triste com a morte, mas muito feliz com os bens que ia receber, Dona Rosália aparecer de avental além de palavras e expressões de duplo sentido proibidas como "desgraça", "tirar casquinha", "pés-rapados", "subir a cabeça", etc, e algumas palavras diferentes do caipirês da Turma do Chico Bento como "mió" que colocam agora "mior".

Traços ficaram bons com personagens com bochechas mais arredondadas, típicos dos anos 1990. Tiveram erros da cortina sem contorno e desenhos de flores no 3º quadro da página 8 do gibi, Dona Rosália com boca sem lábios em alguns quadro e como ela apareceu de avental só no 1º quadro da página 9 do gibi, pode ser considerado erro também.  A história foi interrompida por propagandas em papel tipo capa fina entre as páginas 10 e 11, dessa vez com as propagandas do chocolate Turma da Mônica da "Nestlé" e de "Cenas Impossíveis" do Cascão. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

A Morte: HQ "Desencontros da vida... e da morte."

Mostro uma história em que um homem confundiu a Dona Morte com a mulher que trocava correspondências. Com 5 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 20' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Cebolinha Nº 20' (Ed. Globo, 1988)

Aprígio está ansioso que vai se encontrar com a Mirtes, com quem trocava cartas há meses e agora vem de Jaboatão para vê-lo. Em sua última carta, Mirtes diz que vai estar às 5 horas da tarde o esperando na estação vestida de preto. Ele põe um cravo vermelho na lapela do paletó e vai ao encontro. Chegando lá, Aprígio percebe que Mirtes está demorando e acha que ela desistiu de vir e que ele foi rejeitado. 

Em seguida, aparece a Dona Morte e Aprígio pensa que ela era a Mirtes porque estava vestida de preto,  lhe entrega flores e estranha que é magrinha, pois Mirtes sempre dizia que era gordinha nas cartas, acha que deve ter feito regime para agradá-lo e fala que deve estar emocionada em vê-lo porque a mão está geladinha. Dona Morte diz que é para ter mais respeito com ela, é a morte e veio buscá-lo. Aprígio diz que ela sempre gostou das frases profundas, pega a foice pensando que era a bagagem da Mirtes e para ajudar uma dama a carregar e pede para ela descobrir o rosto para acabar a curiosidade dele de como ela é. 

Dona Morte tira o capuz e Aprígio descobre que era a morte e lamenta que vai morrer sem conhecer o rosto da Mirtes. Dona Morte dá 5 minutos de vida para Aprígio para esperar a Mirtes chegar. Ela aparece, Aprígio manda Mirtes tirar o véu rápido para ele ver o rosto dela. Quando tira, vê que era uma velha feia e morre. No final, no cemitério, Aprígio fica feliz que morreu a tempo e se livrou de casar com uma mulher feia.

História legal em que a o Aprígio pensa que a Dona Morte era a sua paquera Mirtes com quem trocava correspondências e que finalmente iria vê-la e poder se casar com ela. Aprígio custa a acreditar que a Dona Morte não era a Mirtes, só acreditou quando mostrou o rosto da morte e avisa que iria buscá-lo assim que a Mirtes chegasse para acabar a curiosidade de como era o rosto dela e morreu feliz ao descobrir que ela era horrorosa e escapou de se casar com ela.  

Aprígio não queria morrer sem saber como era o rosto da amada, Dona Morte deu a chance de morrer sem ver o rosto. Ficou dado que morreu de susto ao ver uma velha feia, nem precisou a Dona Morte tacar foice na cabeça dele para matá-lo. Tinham vezes que personagens morriam sem presença física da Dona Morte dando foiçada. Mostrou também uma Dona Morte sensibilizada, com pena do Aprígio e dando mais minutos de vida para ele, era legal quando ela aparecia emotiva com suas vítimas e deixando mais tempo para levá-los para o além ou até nem levá-los. 

Até deu pena mesmo do Aprígio, mas depois de como se comportou não deu mais para ter pena.  preconceito dele era só de mulheres feias, e não com gordas já que foi visto que não ligava para isso nas cartas que recebeu.

Dona Morte mostrou o rosto para a vítima, só não mostrou para os leitores. Já tiveram histórias com Dona Morte sem o capuz e ela tinha cara de caveira. Dessa vez foi nomeada como "A Morte" sem ser "Dona Morte" até no título, algumas vezes deixavam assim nos anos 1980. 

Foi engraçado ver o lote de cartas que Aprígio recebeu, a ilusão de que Mirtes era linda e depois descobrir que era horrorosa, pensar que a Dona Morte era a Mirtes e custar a perceber e Dona Morte pedindo respeito com ela. Relacionamento por cartas era comum na época e até difícil de enviar fotos porque nem sempre dava para tirar, teria que gastar dinheiro pra mandar revelar,  hoje tudo isso é datado, hoje teria conversas por aplicativos e Aprígio já saberia como a Mirtes era por foto tirada na hora, aí já evitaria de todo esse transtorno para ele, morreria de outra coisa, mas não porque se apaixonou por mulher feia.

Traços muito bons, típicos de histórias de miolo dos anos 1980. Incorreta atualmente por envolver relacionamento amoroso, o preconceito do Aprígio com mulheres feias, a forma trágica do Aprígio morrer, humor negro, Dona Morte mostrar seu rosto, mesmo que não direto para os leitores, coisas datadas como cartas e relacionamentos por correspondências. 

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Magali: HQ "Pouco sal... mas muito açúcar"

Mostro uma história em que a Magali resolve mudar seu jeito de ser quando ouve que o menino fofo por quem tinha interesse falou que ela é aguada e sem-sal. Com 11 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 47' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Magali Nº 47' (Ed. Globo, 1991)

Escrita por Rosana Munhoz, começa com Magali ouvindo escondida a conversa entre Cebolinha e Ronaldinho, que analisa o que acha das meninas do Bairro do Limoeiro. Renatinho fala que a Denise é uma gracinha, a Aninha mais ainda, só que tem namorado. A Mônica parece meio invocada, mas tem personalidade. Já a Magali, gulosinha com vestidinho amarelo, é meio aguada, só pensa em comer, comer, fora isso sem nada especial, nem feia, nem bonita, uma sem-sal.

Magali, que esperava que Ronaldinho ia falar bem dela, fica decepcionada que o menino mais fofo acha que ela é aguada e o Cebolinha nem a defendeu, começa a chorar e diz que que pensava que ela era bonitinha, charmosa e com bom papo e vai à lanchonete comer dez baurus, dez cachorros-quentes e doze milk-shakes para afogar as lágrimas. 

Mônica aparece, comenta que nunca viu a Magali comendo tão triste, pergunta se a comida está ruim. Magali responde que não, Mônica pergunta porque então ela está tão aguada e Magali começa a chorar porque até a Mônica acha que ela é aguada. 

Magali fala que pensava que os amigos gostavam dela, mas a criticam pelas costas. Mônica que bate em todo mundo tem personalidade, ela que é aguada e que a partir de agora vai surgir uma nova Magali, não vão mais dizer que ela não tem sal e joga o sal dos saleiros na cabeça e vai embora. Mônica acha que a amiga pirou e Magali diz que não é só o jeito de ser que vai mudar, o visual também.

Depois, Jeremias vai com Xaveco procurar Magali para saber qual camiseta combina melhor com seu tênis novo. Quando chegam na casa dela, têm a surpresa da Magali com roupa diferente. Eles pensam que se enganaram de casa, ela diz que é a nova Magali e que podem chamá-la de Magá. Jeremias pergunta qual camiseta é melhor, Magali diz que tem mais o que fazer e as duas são horrorosas. Jeremias pergunta se aquilo era a Magali ou um pesadelo e Xaveco diz que acha que ela comeu demais.

Em seguida, Mônica comenta com o Cascão que a Magali pirou, quando ela aparece e Cascão diz que os marcianos chegaram. Ela fala que é a nova Magali, mais rebelde, irreverente, pós-pós-moderna e diferente da outra tontinha, boazinha e aguada. Surge o Cebolinha, dá gargalhada da Magali, que bate nele como seu canguru de pelúcia, porque isso é ter personalidade como eles gostam. 

Denise quer que Magali ajude nos seus problemas e ela diz que está sem tempo, o menino quer ler a poesia que fez e ela acha uma tolice e todos estranham. Mônica diz que ouviu umas coisas sobre ser sem-sal de um tal de Ronaldinho e Cebolinha deduz que Magali ouviu a conversa deles e não a defendeu porque não podia dar uma canguruzada nele.

Ronaldinho aparece, Magali pergunta se não está a reconhecendo, ele diz que não e quem sabe se ela tirar a fantasia. Magali fala que  agora é a Magá, uma menina supermoderna e que tem personalidade, que mudou em tudo, menos na vontade de comer quando aparece um vendedor de carrinho de cachorro-quente. Ronaldinho fala que nunca viu nada mais ridículo, ela copiou um pouco de cada coisa e acha que isso é ter personalidade, só não pendurou melancia no pescoço porque comeria em um segundo, antes a achava meio sem-sal, agora acha completamente biruta.

A turma joga baldes d'água no Ronaldinho, falando que acham um aguado. Magali fica feliz que os amigos fizeram isso por ela, os amigos contam que gostam do jeito que ela é, companheira, amiga, sensível, inteligente, meio comilona e querem a velha Magali de volta. Ela diz que aprendeu que devemos ser como somos, nem que achem que é sem-sal. Mônica fala que ela tem muito açúcar e todos vão tomar sorvete. No final, Ronaldinho se encanta com a Magali, acha uma grande garota e se pergunta se um dia ela dá bola para ele.

História legal em que Magali ouve o menino Ronaldinho falando mal dela, que é aguada e sem-sal e faz drama porque não imaginava que ele pensasse isso dela e resolve ser outra Magali mais moderna e com personalidade para agradar o Ronaldinho. A turma estranha comportamento da Magali e quando ela encontra o Ronaldinho, tem a surpresa dele mandar a real que estava ridícula e biruta, deixando magoada e a turma intervém jogando água nele por  acharem que é aguado e no final reconhece que a Magali era uma grande garota e sonha em ela dar bola para ele um dia.

Magali foi fofocar conversa dos outros, ouviu o que não queria. Como o Ronaldinho era garoto novo no bairro e não conhecia tão profundo as garotas, via mais a aparência delas e o pouco que reparava de atitudes não era suficiente para julgar como era de verdade. Depois que viu os amigos demonstrando carinho de como a Magali realmente era, Ronaldinho passou a mostrar interesse por ela pela personalidade real dela.

Magali levou muito a sério do que o Ronaldinho pensava dela, se fosse outra, deixava para lá, perdia o encanto por ele e seguia a vida dela. Piorou por Cebolinha não ter defendido e quando a Mônica também falou que ela era aguada e pensou que todos os amigos também pensava disso dela, mas viu que eles gostavam do jeito que ela era e que não precisava mudar.  Cebolinha não ia defender Magali mesmo, ele gosta de azucrinar as meninas e vimos que o Ronaldinho era sincero demais a ponto de magoar os outros.

Foi engraçado Magali ouvindo conversa atrás da moita, falando sozinha, comendo para fugir dos problemas, como se tivesse se embriagando com bebida alcoólica, Mônica chamar a amiga de aguada por estar comendo triste, Jeremias vendo a nova Magá perguntar se aquilo era a Magali ou um pesadelo e Xaveco dizer que acha que ela comeu demais, Cascão diz que os marcianos chegaram, Cebolinha levar canguruzada na cabeça e Ronaldinho dizer que ela só não pendurava melancia no pescoço porque ia comê-la em um segundo.

História mostrou a característica da Magali que era bem usada de ser conselheira dos amigos, confidente, boa ouvinte, pronta para ajudá-los quando Jeremias procura a Magali para ela ajudar a escolher qual melhor camisa, Denise a procura para ouvir seus problemas e o menino que pede para ela ler a poesia que fez. Quando mudou de personalidade como Magá, deixou de agir assim de ajudar com problemas dos outros, mas a característica de ser comilona não deixou de lado, mesmo que a história não teve foco em comida, Magali teve seus momentos de comilona intactos. Teve também mensagem de não mudar seu jeito de ser para agradar os outros, tem que ser você mesmo, ninguém merece mudar por causa dos outros. 

Apesar de que em 1991 o Quinzinho já era namorado fixo da Magali, tinham histórias que se interessava por outros garotos e como o Quinzinho não apareceu, não pode afirmar que ela tinha namorado nesta história. Ronaldinho foi mais um menino fofo "inho" diferente por quem as meninas eram apaixonadas. Ele só apareceu nesta história assim como o menino loiro poeta, que até lembra o jeito do Quinzinho. 

Jeremias com seu visual tradicional, sendo que apareceu de tênis pra atender melhor ao roteiro, mas foi só nesta história, depois voltou com tradicional sapato azul. Denise aparecia diferente a cada história, esse estilo de rabo de cavalo foi a que mais apareceu nessa fase. Denise não apareceu mais no final assim como o Cascão não apareceu no quadro em que ele saíram tomar sorvete, enquadrando em casos de que personagens desaparecem do nada depois quando tinham muitos reunidos.

Traços muito bem caprichados de davam gosto de ver com direito a curvas nos olhos quando os personagens estavam bastante brabos, ficando melhor ainda. Incorreta atualmente por interesse de namoro da Magali pelo Ronaldinho, fofoca, Magali comer exageradamente na lanchonete e jogar sal nela mesma, surra explícita do canguru de pelúcia na cabeça do Cebolinha, além de proibidas expressões populares de duplo sentido expressão como "saber em primeira-mão", "aguada", "sem sal", "tirar sarro", "dar bola", etc. O  balão de que dizem que a Aninha tem namorado, pode ter sido fala do Ronaldinho ou do Cebolinha, não ficou claro, aí se intenção foi fala do Cebolinha, seria erro porque teria que ter falado "namolado".