domingo, 25 de agosto de 2019

Cebolinha: HQ "A caveira dentuça"

Em agosto de 1989, há exatos 30 anos, era lançada a história "A caveira dentuça", em que Mônica, Cebolinha e Cascão foram até uma ilha atrás de vestígios de um tio-avô da Mônica que foi pirata para saber se ele foi dentuço ou não quando era vivo. Com 13 páginas, foi publicada em  'Cebolinha Nº 32' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Cebolinha Nº 32' (Ed. Globo, 1989)

Nela, Mônica e Cebolinha estão no quarto dela procurando uma raquete de pingue-pongue, quando Cebolinha encontra uma foto velha perdida de um homem fantasiado nas coisas dela. Mônica diz que era seu tio-avô Ricardo, foi um grande pirata, conhecido como Cacareco Barba Braba, o terrível. Mas ninguém sabe do seu paradeiro, dizem que morreu em uma ilha deserta no início do século XX depois de viver uma vida inteira de aventuras.


Cebolinha diz que ele foi muito corajoso, Mônica confirma, lembrando que o avô dela dizia que seu tio se parecia muito com ela. Cebolinha comenta que ele devia ser dentuço e tomou cuidado para esconder os dentões na foto e se a teoria dele estiver certa, a Mônica vai ser dentuça a vida inteira, é mal de família.

Mônica fica com raiva e Cebolinha propõe uma aposta que se o tio-avô dela for dentuço, ela para de bater nele e nos outros meninos e concordar com eles a chamarem de dentuça. Mônica diz que ele nunca vai provar isso e está com inveja porque teve um pirata na família. Ela acaba aceitando a aposta, mas não quer mais jogar pingue-pongue com ele, que debocha que se for com a raquete que ela não achou, não tem problema, é só rebater a bolinha com os dentões, deixando a Mônica fula, tacando um porta-retrato na porta, mas ele já havia ido embora e não acerta nele.


Cebolinha comemora que ela ficou louca da vida e no caminho encontra o Cascão. Antes de chamar o nome completo, Cascão interrompe falando não, já sabendo que se tratava de outro plano infalível, afirma que não vai participar e tem a força de vontade. Cebolinha diz que quem sabe Cascão era o pé-frio e ele não entrando vai dar certo. Cascão cai na lábia, diz que pé-frio é a vovozinha e acaba aceitando participar do plano. Cebolinha conta o plano, enquanto Cascão se acha um burro por ter aceitado participar.


No dia seguinte, Cebolinha pergunta se a Mônica estava pensando no tio-avô dentuço. Mônica responde que ele não era dentuço e Cebolinha duvida que ele era pirata. Mônica fala que ele era sim e vai provar. Nisso, surge uma ventania forte e acaba caindo um papel no rosto da Mônica. Quando ela vê, era uma mapa do tesouro escrito pelo seu tio-avô. Cebolinha reconhece que era um verdadeiro mapa do tesouro, mas para provar mesmo que era dentuço teria que seguir o mapa e buscar o tesouro.


Mônica não consegue ler o mapa por conta da ventania e Cebolinha grita que já é na hora do vento parar, dando a deixa que o vento foi causado por um ventilador ligado pelo Cascão, que estava escondido em uma moita perto. Já sem vento, Cebolinha diz que eles têm que dar 20 passos até o campinho e Mônica estranha se existia campinho naquela época. Depois Mônica lê 30 passos até o "Ricardão" e Cebolinha diz que era "riachão". Mônica comenta que só ele mesmo para entender uma letra feia daquela.


Depois teriam atravessar o riachão até a Ilha da Pulga. Mônica diz que lá era só um pedacinho de terra e com tanta ilha legal no mar, o tio Cacareco poderia ter escolhido uma ilha melhor. Cebolinha diz que quem sabe ele adivinhou que a sua sobrinha ia morar perto e quis facilitar as coisas. Mônica pergunta como vão achar um barco e Cebolinha lê no mapa que tinha um estacionado na moita e Mônica comenta que ele pensava em tudo, mas acha pequeno e Cebolinha diz que de tanto ficar na água, encolheu.


Cascão comenta que sua participação no plano acabou, pois nada faria entrar naquele barco, mas quando vê um menino espirrando água com uma arma, Cascão pula  até o barco desesperado e vai com eles até a Ilha da Pulga, mas Cebolinha avisa para ele não estragar o plano. Chegando lá, eles tinham que dar 5 passos em direção ao grande coqueiro e Cascão é obrigado a cavar a terra, já que ele foi até lá e que o Cebolinha já teve trabalho para enterrar. Mônica estranha ser caixa de sabão e Cebolinha diz que o tio era moderninho.


Eles encontram brinquedos velhos e um diário como o tesouro que diz que foi escrito pelo tio-avô dela. Cebolinha lê que ele enterrou os brinquedos lá e termina a carreira de pirata dele porque ninguém o levou a sério um pirata dentuço e viver na ilha até o fim da vida. Mônica toma o diário da mão do Cebolinha e começa a ler andando pela ilha, quando tropeça em algo. Era a caveira da cabeça do seu tio-avô e tem a surpresa que era dentuço. Cebolinha diz que isso prova que ele era dentuço. Mônica ainda pergunta para caveira se era seu tio mesmo. Cebolinha diz que é a pura verdade e que ganhou a aposta e Mônica acaba chorando no coqueiro e os meninos aproveitam para chamá-la de dentuça abridor de garrafa e a obrigam concordar.


Mônica lamenta o tio Cacareco ter feito isso com ela e se conforma em abrir o tesouro. Ela vê que só tinha brinquedos velhos, só cacarecos, e vai tirando pião, caminhãozinho e coleção de tampinha do Cascão. Ele fica brabo e grita com Cebolinha que pião e patins tudo bem, mas a coleção de tampinhas premiadas ele não deixava e é a última vez que entra em planos dele. Mônica ouve tudo, bate neles e faz eles remarem até de volta para casa, reclamando que já devia ter percebido a caveira de gesso e sabia que o tio Cacareco não ia desapontar.


No final, um menino da ilha ao lado avista a turma indo embora e avisa ao avô que eles tinham ido embora. O avô fala que ainda bem, pois eles podiam descobrir o tesouro que havia enterrado que era para o neto quando tiver mais idade e aí é revelado que era o tio Cacareco da Mônica que ainda era vivo e o neto falando que um deles tinha a marca da família deles, os dentões, confirmando assim que o tio-avô da Mônica era dentuço mesmo, só que estava banguela por conta da idade.


Essa história é sensacional mostrando o mistério se o tio-avô pirata da Mônica era dentuço ou não em mais um plano infalível do Cebolinha. Ele tinha boa imaginação para elaborar seus planos, o que rendiam ótimas histórias. Dessa vez o plano surgiu do nada ao ver uma foto do tio-avô da Mônica e como sempre ele e o Cascão apanhando e se dando mal no final.

Muito legal as tiradas de seguir o mapa do tesouro criado pelo próprio Cebolinha, com todos os seus garranchos de letras e até um diário ele criou dizendo que foi escrito pelo tio-avô da Mônica. Fazia ela de boba tranquilamente. Engraçado também quando Cascão recusava de participar dos planos, mas acabava aceitando depois de algum ponto fraco que o Cebolinha dizia. Só não gostei muito do Cascão indo de barco no riacho até a ilha, mas ele não se molhou e foi importante a presença dele para poder estragar o plano infalível no final. Outro personagem não ia sair tão engraçado como foi com o Cascão. Na parte que a Mônica troca "riachão" por "Ricardão" por causa dos garranchos da letra do Cebolinha, provavelmente foi uma homenagem ao Chaves, quando ele lia tudo errado nas cartas que tinha ler  no seriado.


Histórias de pirata sempre eram bem envolventes. Era bom quando retratavam a família dos personagens, dessa vez foi um ancestral da Mônica, descobrimos um tio-avô dela do século XIX e que ainda era pirata. Os parentes dela, fora os principais, sempre foram marcantes e seguiam um estilo diferenciado do padrão. O grande absurdo ficou no final com o tio ainda estar vivo, se tornando uma grande surpresa para os leitores. Como ele havia sumido no inicio do século XX e já estavam no final do século, ele já teria uns 150 anos. Outro absurdo nela foi como o Cascão conseguiu arrumar tomada para o ventilador no meio da rua atrás da moita. Isso que se tornava legal nos gibis. 


Os traços lindos, cheio de ângulos diferentes, até com eles de costas. Colocaram a Mônica com dentões na frente quando mostrou todos os dentes quando estava com raiva, provavelmente para ter noção que era dentuça mesmo, mas normalmente personagens dentuços como Mônica, Titi, Chico Bento, não apareciam com dentões à mostra quando apareciam todos os dentes e agora na Editora Panini eles obrigatoriamente deixam personagens com dentões a mostra em situações assim. Prefiro sem dentões nesses casos. 

Tudo indica que  essa história foi escrita e desenhada por Rosana Munhoz. Até poderia ser criada hoje, só que iam dosar mais os absurdos, exagero de xingamentos com a Mônica, mudar o menino com arma na mão querendo espirrar água no Cascão, tirar a parte do Cascão se achando um burro por estar participando do plano, para não tachar um personagem como um burro e implicar que a suposta caveira da cabeça do Tio Cacareco era algo macabro e mudar isso. Ou seja, ia tirar o encanto. 



A capa do gibi teve alusão à história, mas eles não ficam vestidos de pirata durante a história. Pelo visto para ter uma ideia que se tratava de uma história de piratas. Na Globo, quando tinha  capas com alusão á história, nem sempre era tão fiel ao que acontecia na história. E de curiosidade, esse gibi foi a verdadeira edição "Nº 200" do Cebolinha se não tivesse reiniciado a numeração quando mudaram da Editora Abril para a Globo. Acho que se eles ainda estivessem na Abril na época, esse gibi teria uma história comemorativa da marca de 200 edições e essa iria para outra edição. Enfim, muito bom relembrar essa história "A caveira dentuça", bem marcante, há exatos 30 anos. 

15 comentários:

  1. Vale lembrar/resistrar que essa hq foi republicada em formatão no Gibizão da turma da Mônica N°4 pela Editora globo em Novembro de 1996... ;)

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    1. Exatamente, e também foi republicada no Clássicos do Cinema nº 6, de 2008. Engraçado que essas edições, tanto no Gibizão quanto no Clássicos, também republicaram a HQ 'Comandante Gancho' (uma paródia do filme Hook: A Volta do Capitão Gancho), de Cebolinha nº 71, de 1992.

      Mas segundo o site Guia dos Quadrinhos, "A caveira dentuça" também foi republicada no Almanaque do Cebolinha nº 56, de 2016. Até aí, eu apostaria 5 gibis que tiveram que fazer aquelas alterações esdrúxulas pra atender ao politicamente correto, acabando de vez com o charme da versão original, e enquanto eu não tiver esse almanaque pra confirmar melhor, eu prefiro ficar com o gibi original e as republicações anteriores, muito obrigado.

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    2. Sim, colocaram essa no Gibizão para preencher as paginas que faltavam, aí resolveram colocar essa que também tinha tema de piratas. Na Clássicos do Cinema foi uma reedição daquele Gibizão e devem ter feito alteração no Almanaque do Cebolinha 56 na parte do menino com arma.

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  2. Caramba! Eu sabia que um dia você iria falar dessa excelente e marcante história. Muito obrigado mesmo, Marcos!

    Eu conheci essa história quando baixei o gibi original de 1989 da internet (pra variar), e acabei gostando muito, se tornando até um das minhas favoritas do Cebolinha.

    E realmente, tudo indica que essa história aparenta ser mesmo da Rosana Munhoz, porque além de histórias sobre planos infalíveis, ela gostava muito de fazer HQs envolvendo fantasia, seres mágicos e contos de fadas. Na minha opinião, acho que histórias assim eram a marca registrada dela.

    Só é mesmo uma pena que essa história seja impublicável atualmente, como você disse. Mas só pra deixar esclarecido, essa história já foi republicada em duas ocasiões: no Gibizão da Turma da Mônica nº 4, de 1996, e no Clássicos do Cinema nº 6, de 2008, ambos também com a republicação da HQ "Comandante Gancho" (paródia do filme Hook: A Volta do Capitão Gancho), de Cebolinha nº 71, de 1992.

    Só que ao pesquisar o site Guia dos Quadrinhos, descobri que a história também teve uma republicação recente no Almanaque do Cebolinha nº 56, de 2016. Por aí, eu apostaria 5 gibis que fizeram aquelas alterações ridículas, estragando assim o charme da versão original, e enquanto não pudermos confirmar se aconteceu mesmo, prefiro ficar com o gibi original e as republicações anteriores, muito obrigado.

    Então, com isso dito, agradeço bastante por ter falado da história, que foi, sem dúvida, uma aventura e tanto pra turminha. Também gostaria que me desejasse boa sorte quando eu for procurar esse gibi do Cebolinha de '89 e as duas republicações antigas, porque essa mais recente vai ser de doer, pode acreditar.

    Uma boa noite e fortes abraços!

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    1. Quase certo ser história da Rosana, principalmente por causa do desenho. Se os desenhos foram dela, aí o roteiro seria dela, pois naquela época ela só desenhava algumas histórias escritas por ela.

      Nesse Almanaque do cebolinha 56 devem ter alterado pelo menos menino com arma, talvez colocando uma garrafa squeeze no lugar. Talvez na clássicos do Cinema também tenham mudado isso se não esqueceram de mudar. Que bom que você gostou, eu considero essa um clássico, muito marcante. Tomara que você consiga encontrar essas edições.

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  3. Excelente história do Cebolinha, com uma qualidade incrível, tanto no roteiro, quanto nos desenhos.

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    1. Essa é o máximo, dava gosto de ver os traços assim.

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  4. Quanto a encontrar tomadas na rua,não acho tão absurdo,te contrariando neste caso(pois eu sempre falava no assunto "absurdos").Nas ruas do Rio se vêem muitas gambiarras de gatos que fazem em postes de fiação elétrica.

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    1. Sim, mas no lugar que eles moram que é mais grama por todo lado, mais difícil encontrar uma fiação elétrica. Mas ele podia ter colocado uma extensão gigante até um ponto ou um estabelecimento perto que tinha alguma tomada. Apenas um detalhe que nem faz diferença, o que importa mesmo é a diversão da história.

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  5. Que história engraçada! O Cebolinha enganou a Mônica mas o tio dela realmente era dentuço mesmo.

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    1. Muito legal essa. Era muito bom ver a Mônica se passar por boba pelos meninos nas histórias de planos infalíveis.

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    2. Sim e eles adoravam se aproveitar da situação.

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  6. O final eu já imaginava que ele ia ser dentuço, mas a surpresa de ele estar vivo ainda. Ela já foi republicada na Panini, quase certo de terem alterado só a parte do menino com arma ao tentar molhar o Cascão e quem sabe a parte do Cascão se achar burro por participar do plano. Só que não creio que fariam um roteiro como esse como história nova.

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  7. Muito boa esta história e este gibi. O interessante é que me lembro perfeitamente do dia que comprei este gibi, eu tinha 10 anos. Lembro de quando fui na banca, comprei este gibi novinho, com as cores vivas e chamativas; e com o troco ainda comprei um chocolate chokito. Época do cruzado novo, inflação muito alta e mesada curta. Mas dá saudades, como esta postagem me faz voltar ao passado, obrigado Marcos por compartilhar estas histórias e gibis que marcaram nossa infância. Fico feliz também por eu ainda ter este gibi e estar também compartilhando com meu filho estas histórias tão legais.

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    1. Muito bom. Os gibis permitem essa nostalgia boa. Legal que você tem o mesmo gibi desde aquela época. Sobre as cores mais fortes é que quando o papel era oleoso ficavam mais vivas as cores. Na Globo, viviam mudando cores e papel toda hora, quando tinha esse papel oleoso eu gostava bastante também.

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