domingo, 13 de julho de 2025

Cascão: HQ "Cascóquio"

Compartilho uma história de paródia de Pinóquio em que o Cascão é Cascóquio, que sofre sendo um boneco de madeira que nariz cresce cada vez que conta mentira. Com 17 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 68' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Cascão Nº 68' (Ed. Globo, 1989)

Escrita por Rosana Munhoz, conta que o carpinteiro Pepeto, que construía bonecos de madeira, era solitário e conversava sozinho provocando risadas de quem passava na rua, sendo taxado de louco. Pepeto compra um gato e um peixinho, mas mesmo assim não tapou a boca do povo. Em um dia que se sentia mais solitário do que nunca, constrói o boneco de madeira mais perfeito que fez, resolve chamá-lo de Cascóquio e queria que ele fosse gente para conversar com ele.

Uma boa estrela no céu ouve, se transforma em fada-madrinha e faz Cascóquio a se portar e falar como  gente. Cascóquio não gosta que ela bateu na cabeça dele com a varinha de condão, a Fada acha que ele é malcriado e diz que vai continuar sendo boneco de pau até merecer ser gente, nariz vai crescer toda vez que contar mentira e deixa uma mosca falante com ele por não ter consciência e vai embora.

Cascóquio mostra a língua e chama a Fada de chata, a Mosca Falante lhe dá lição de moral e Cascóquio corre pela casa jogando inseticida na Mosca, acordando Pepeto, que fica feliz que seu boneco se mexe e fala, mesmo sendo de madeira e passa a conviver com Cascóquio, o gato e o peixe. 

Cascóquio só tem defeito de morrer de medo de água porque a madeira faz a madeira empenar e, depois de uns dias, apareceram manchas de sujeira nele e o cabelo pareceu impressão digital e passou a contar mentiras para o pai que tomava banho e lavava tudo, e seu nariz passou a crescer. Pepeto avisa que ele vai passar a ir para escola para aprender a ser asseado.

Cascóquio vai para a escola, com a Mosca falante a tiracolo e outras moscas se juntam a ela, ficam falando e ele manda se calarem. O lobo Lobórgio e o porco Torniquete veem o boneco de madeira falante, Lobórgio acha que pode ficar rico com ele e inventa que na escola tem mais de 20 banhos por dia ao saber que ele iria pra lá e que detesta banho e faz com que Cascóquio vá com ele para outro lugar. A Mosca tenta impedir, Lobórgio sopra, fazendo parar longe e Cascóquio vai com Lobórgio e Torniquete.

Na segunda parte da história, Cascóquio é levado para um circo, é vendido por Lobórgio e passa a ser  a atração de único boneco falante do mundo e o dono, Zé Trambolho, manda cantar e dançar. Cascóquio fica parado, com medo, a plateia reclama que boneco não se mexe e querem dinheiro de volta. Cascóquio começa a suar de nervoso, fazendo a plateia fugir por causa do mal cheiro.

Zé Trambolho expulsa Cascóquio, que fica triste perdido na rua, quando passa um trem da alegria e dos prazeres o chamando que ali criança se diverte sem pagar, sem trabalho, escola e responsabilidades. Cascóquio entra e depois vê que todas as crianças viraram porcos, inclusive ele. Era um trem mágico que crianças malcriadas viravam porquinhos e o maquinista as vendiam na feira.

Cascóquio salva todos, tirando os vagões do maquinista e promete voltar depois para fazê-los voltarem ao normal. Após dias de caminhada, ele consegue voltar para casa e tem a surpresa que estava vazia, Pepeto havia saído pelo mundo a procura dele, que começa a chorar, achando que foi um menino mal. A Mosca falante volta e avisa que Pepeto foi engolido por uma baleia, maior bicho do planeta e que vive no mar.

Cascóquio entra no barco com medo rezando para Fada Da Estrela que se sair desta, promete que vai ser um bom menino. Encontram a baleia, Cascóquio tira a pena do seu chapéu faz cosquinha no nariz da baleia, que espirra, jogando Cascóquio para longe e soltando Pepeto, o gato e o peixe. A baleia tenta pegá-los de novo, caem no mar e se afogam. Cascóquio diz que não sabe e nem quer nadar.

A Mosca Falante tem uma ideia e manda Cascóquio contar mentira atrás da outra. Ele conta, dentre outras coisas, que gosta de água, tomou 10 banhos hoje, que ele é mais bonito que o "Edson Celuloso", que o "Pato Ronald" é personagem do Mauricio de Sousa, o nariz cresce muito, fazendo uma ponte para Pepeto sair do mar junto com o gato e o peixe.

A Fada viu tudo e transforma Cascóquio em um menino de verdade como recompensa e faz a baleia voltar a ser uma menina gulosa, a Magali, que ela tinha transformado em baleia. Cascóquio pede para a Fada destransformar os meninos do trem que viraram porquinhos e ela realiza desejo dele. No final, Pepeto, antes solitário, passou a ter dois filhos, um sujinho e uma gulosinha, e todos viveram felizes para sempre.

História legal de paródia do filme Pinóquio, sem dúvida muito organizada, vários detalhes e reviravoltas e dividida em dois capítulos, em que uma fada faz o boneco de madeira Cascóquio criar vida só que por ter sido malcriado com ela, faz com que o nariz cresça toda vez que conta mentira. Cascóquio passa vários sufocos virando atração de circo por ser enganado por dois vilões, vai parar em um trem mágico virando porco que nem outras crianças que estavam lá e tem que salvar Pepeto que foi engolido por uma baleia. No final, a fada recompensa transformando Cascóquio em menino de verdade, a baleia em uma menina gulosa, fazendo Pepeto ter dois filhos que não tinha.

Pepeto poderia deixar os outros pensarem que era louco, ninguém tinha a ver com isso. Se não se importasse com o que outros pensavam, não teria criado o Cascóquio, mas também não conseguiria um casal de filhos no final, o chamado males que vem para o bem. A Fada foi bem esquentada, só porque Cascóquio reclamou da varinha na cabeça deu castigo nele. 

A Mosca Falante era toda correta para ver se Cascóquio se tornava obediente, ele não gostou da mosca a tiracolo. Se Cascóquio fosse obediente e fosse para escola como o pai mandou, não teria passado tanto sufoco. Foi muito inocente de não saber o que era escola e baleia, mas não tem culpa, afinal, ele antes era só um boneco inanimado sem conhecimento do mundo real, mas sabia que pena dava cócegas, oque ajudo a tirar seu pai e os bichos dentro da baleia. 

Uma surpresa a Magali ter sido a baleia por causa de castigo da Fada não ter gostado que era muito gulosa. Encaixou muito bem com ela já que ela come de tudo igual uma baleia. A Fada só fez voltar ao normal porque seria bom para o Pepeto ter dois filhos. História passou mensagem de forma divertida de não ser malcriado,  desobediente e não contar mentiras para não se dar mal na vida.

Foi engraçado ver Cascóquio jogando inseticida na mosca falante, as mentiras relacionadas a banho, plateia do circo fugir em disparada depois do Cascóquio suado, absurdo de peixe no aquário se afogando no mar, excelente paródia do ator Edson Celulari como "Edson Celuloso" e referência a Pato Donald como "Pato Ronald", personagem da Disney citado na mentira que ele era personagem do Mauricio de Sousa. 

Foi uma paródia do filme do Pinóquio de 1940, um clássico do cinema, adaptado para a personalidade do Cascão. Eles gostavam de fazer adaptações a fábulas famosas com os personagens do Mauricio e ficavam muito boas, muitas vezes ficavam até melhores que as fábulas originais. Antes da Magali ter revista, histórias de fábulas eram mais com o Cascão, tinham com outros personagens, mas a maioria era com ele. E curiosamente, o Cebolinha foi o que menos teve histórias assim. 

Comparando com filme, o Grilo Falante virou mosca, Gepetto se chamou Pepeto, as mentiras do Cascóquio foram relacionadas a banho e medo de água, a Ilha dos Prazeres virou Trem da Alegria e dos Prazeres e no filme, Pinóquio e crianças foram transformados em burros no filme e na HQ, Cascóquio e crianças, em porcos, e no filme a baleia era real e não era transformação de alguém. 

Traços ficaram excelentes, dava gosto de ver desenhos tão caprichados assim. O gato da história é o Mingau, foi a primeira vez que o Mingau apareceu em uma revista do Cascão. Presenças da Magali e do Mingau serviram para divulgar a revista da Magali lançada 6 meses antes desta história de agosto de 1989. Quem sabe a intenção inicial era o Pepeto ser o Tio Pepo no rascunho e desenharam errado até por ele não ser ainda conhecido,  pelo menos teve semelhança de nome e de ele criar brinquedos de madeira.

Muito legal também a citação de que cabelo do Cascão é impressão digital servindo como homenagem ao Sergio Tibúrcio Graciano que colocava suas digitais para criar cabelo do Cascão. Recurso de narrador-observador era sempre bom, no caso ele era roteirista da história. Teve erro da baleia com língua branca no último quadro da página 15 da revista.

É incorreta atualmente por mostrar desobediência, retratar que crianças não deve ir para escola e ter responsabilidades, maquinista do trem querer vender crianças transformadas em porcos na feira, o porco Torniquete levar pancada de bengala na cabeça, personagem como Magali ser vilã e engolir o Pepeto e os bichos como baleia, Cascóquio enfrentar baleia, ficar rodeado de moscas e ser chutado pelo dono do circo, além de palavra proibidas "louco", "gozado", "energúmeno", esta também pelo motivo de ser de difícil entendimento para crianças. Aliás, o filme Pinóquio seria cancelado hoje em dia. 

A capa da revista teve alusão à história de abertura o que era muito raro naquela fase de final dos anos 1980. Só histórias especiais e importantes que tinham capas com alusão, demais revistas prevaleciam as gags.

Essa história nunca foi republicada até hoje, poderia ter sido a partir de 2000 quando estavam republicando histórias de abertura de 1989 do Cascão com frequência, mas acabou não sendo. Podem inicialmente ter deixado reservada para algum futuro Almanaque Temático sobre fábulas e acabaram esquecendo, não republicaram nem em 'Coleção Um Tema Só Nº 49' da Editora Globo de 2006 que só tinham histórias de fábulas do Cascão, nem em outros temáticos e nem no título 'Clássicos do Cinema'   da Editora Panini, aí talvez porque acharam incorreta demais para republicação. Então, essa é rara e só quem tem a revista original que a conhece.

terça-feira, 8 de julho de 2025

HQ: "Magali, tãão sensual"

Em julho de 1995, há exatos 30 anos, era publicada a história "Magali, tãão sensual" em que ela recebe dicas da Carminha Frufru para se tornar sensual e poder conquistar o menino que estava interessada. Com 10 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 158' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Magali Nº 158' (Ed. Globo, 1995)

Escrita por Rosana Munhoz,  começa com a Magali olhando para o Ivanzinho enquanto brinca no balanço e comenta que é um gato e queria que ele olhasse para ela um dia. Carminha Frufru ouve e dá gargalhada porque nunca o Ivanzinho ia olhar para a Magali, toda lisona, sem graça e sem um pingo de sensualidade, que é um dom para ter, umas nascem com, outras, sem, mas é possível melhorar e resolver dar uma ajuda para ela.

Carminha fala que o vestido está errado, revela nada,  uma alcinha caída com ombro à mostra, dá toque supersensual. O cabelo de vez em quando tem que dá jogada para os lados. Magali tenta, fazendo cara de nojenta, mas não fica muito bem por ser cabelos mais curtos. Carminha avisa que ela tem que usar correntinha no tornozelo, além de supercharmoso, chama atenção para as pernas, que no caso dela, não sabe se será vantagem, e se imitar o jeito dela e tentar imitá-la em tudo, não tem erro.

Magali compra a correntinha e começa a pôr em prática o que aprendeu com a Carminha. Encontra a Mônica, vê o vestido caído da Magali e tenta ajeitar. Magali diz que deixou assim para revelar o ombro, mostra a tornezeleira e Mônica pergunta por que deixou pulseira no pé. Magali joga cabelo para os lados e Mônica empresta pente para ela. Magali diz que a Mônica não entende de sensualidade, coisa que faz os meninos ficarem caidinhos, Mônica fala igual ao coelhinho dela e Magali diz que acha que funciona só com os meninos mesmo.

Aparecem Cebolinha e Cascão e Magali põe em prática a sensualidade com eles. Cebolinha fala que o vestido dela está caindo. Magali manda deixar assim, é de propósito Os meninos se espantam, ela acha que esta funcionando e eles comentam a marca feia da vacina dela. Magali pergunta cadê sensibilidade deles jogando cabelo para os lados e Cascão pergunta se é piolho, que tem um remédio que é tiro e queda.

Magali se enche, reclama que eles são muito crianças e sai para procurar um garoto que aprecia a sensualidade dela. Encontra o Ivanzinho, põe em prática a sensualidade com ele, que a convida para tomar sorvete com ele. No caminho, Carminha Frufru joga sua sensualidade e convida o Ivanzinho pra tomar sorvete com ele, mas vê que está ocupado. Ivanzinho diz que nada e que a Magali estava de saída. Ela quer saber por que dispensá-la desse jeito. Carminha diz para ela que ninguém é páreo para ela em matéria de sensualidade.

Magali fala que não quer saber de menino bobão que só liga para aparências e é ela que está dispensando. Ela volta brincar de balanço, avisando que vai voltar a ser a Magali de sempre e quem quiser que goste dela deste jeito. No final, aparece o Quinzinho dando pão doce para Magali, dizendo que o que mais gosta nela é a simplicidade.

História engraçada que a Magali recebe dicas da Carminha Frufru pra se tornar sensual para conquistar o Ivanzinho, menino por quem estava interessada. Magali testa as dicas que recebeu com seus amigos, que nem ligam, e quando vai pôr em prática com o Ivanzinho, até consegue à princípio. mas não contava que a Carminha Frufru ia dar em cima dele, fazendo dispensar a Magali. No final, ela descobre que para o Quinzinho é a simplicidade dela que faz ficar vidrado nela.

Vimos a Magali bem para frente para idade dela, doida para conquistar o Ivanzinho que só se interessava por meninas sensuais, só que ele nem perdeu tempo de ficar com a Carminha Frufru porque era mais sensual a Magali. Se ela soubesse que o Ivanzinho era assim de trocar companheira como se troca de roupa, nem precisaria investir nele. 

Magali viu com Quinzinho que simplicidade era a melhor coisa que pode conquistar alguém. História mostrou, de forma muito divertida sem deixar piegas, mensagem de ser como você é, não mudar personalidade e preferências só para agradar os outros, quem gostar de você, vai gostar do jeito que exatamente é.  

Mônica e os meninos eram muito inocentes, não tinham malícia de sensualidade, o que era normal para a idade deles, a Magali é que estava muito avançada para uma menina de 6 para 7 anos pensar em coisas dessas, assim como a Carminha Frufru, que foi pior por ser sacana com a Magali, primeiro ensina as dicas de sensualidade e depois tira o pretendente da Magali. Se ela não aparecesse, a Magali conseguiria ficar  com o Ivanzinho como queria.

Muito divertida a conversa da Magali com a Mônica e depois com os meninos, como Mônica dizer se Magali está com pulseira no pé e emprestar pente quando Magali movimentava cabelo e os meninos repararem só na vacina feia da Magali e acharem que era piolho no movimento do cabelo dela. Foi engraçado também com a conversa inicial da Magali com a Carminha como as dicas para ser sensual de ombro para fora, movimentar cabelo para os lados e correntinha no pé, Carminha dizer que o vestido estava errado e Magali pensa que vestiu do avesso e Carminha dizer que perna da Magali não ser vantagem porque é fina demais.

Foi história sem a ver com comida já que estavam querendo diferenciar estilos de histórias dela com foco só em comida, ela até podia comer algo em alguma cena, mas não era o foco principal do roteiro. Prevaleciam as de comida, mas tinham também outros estilos de histórias.  Na época, a Magali dava em cima de outros meninos, mesmo tendo o Quinzinho como namorado fixo, mas nessa foi pior porque ficou claro que ela tinha namorado mesmo, caso de traição. Teve mais uma vez um menino "inho" diferente por quem as meninas se apaixonavam, dessa vez o Ivanzinho, que apareceu só nessa história.

Marcou a 3ª história da Carminha Frufru publicada e a parir de agora se tornando personagem fixa, aparecendo com frequência maior e nos primeiros anos e perturbar a Magali e algumas vezes a Mônica. Resolveram adotá-la como menina vilâzinha  para dar rivalidade a outras meninas. Foi a única vez que a Carminha apareceu morena, mas aparecia sempre com visual diferente a cada história que aparecia, assim como era com a Denise, e só teve visual padronizado a partir dos anos 2000. 

História impublicável hoje em dia por criança de 6 para 7 anos querer ser sensual para chamar atenção de menino que paquerava,  ensinar sensualidade para crianças, envolver namoro de crianças e traição da Magali por já ter namorado, além de palavras e expressões populares de duplo sentido  proibidos como "sem um pingo" e "tiro e queda". Tanto que nunca foi republicada até hoje, porque histórias de 1995 da Magali passaram a ser republicadas a partir de 2008 já na Editora Panini e o politicamente correto já estava predominante.

Traços ficaram bons com língua ocupando mais espaço na boca característicos dos anos 1990. Erro nariz da Magali no 3º quadro da 8ª página da história  (página 10 do gibi). Teve propagandas interrompendo a história em papel tipo capa fina entre as páginas 10 e 11, dessa vez foram do biscoito "Passatempo" com jogo de erros e do chocolate Turma da Mônica da "Nestlé". Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

sábado, 5 de julho de 2025

Capa da Semana: Cebolinha Nº 55

Nessa capa, o Cebolinha é encarregado de distribuir petiscos em uma festa e espeta tudo no cabelo dele por falta de espetos, deixando seus amigos surpresos com a façanha. Cabelo multifuncional como do Cebolinha podia acontecer de tudo, muito legal. Gostavam de colocar o Bidu nas capas antigas interagindo com a cena, ficava muito bom também, dava um charme a mais.

A capa dessa semana é de 'Cebolinha Nº 55' (Ed. Globo, Julho/ 1991).

terça-feira, 1 de julho de 2025

Chico Bento: HQ "Igualzinho a mim"

Mostro uma história em que o Chico Bento pede um sósia para o poço dos desejos para fazer as obrigações no lugar dele enquanto se diverte. Com 7 páginas, foi história de abertura publicada em 'Chico Bento Nº 90' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Chico Bento Nº 90' (Ed. Globo, 1990)

Chico Bento vai para escola, só que segue outro caminho, pega a vara de pescar que tinha deixado lá e vai direto para o ribeirão, deixando o material escolar onde estava a vara, dizendo que não vai estudar e espera que a mãe não descubra seu plano porque se descobrir vai levar uma sova grande e bom seria ter um irmão gêmeo, que iria estudar no lugar dele.

Nhô Lau aparece para pescar, Chico se esconde atrás da moita para ele não descobrir que estava lá e descobre que ali tem um poço dos desejos. Assim, ele deseja que apareça outro Chico que nem ele e aparece, igualzinho a ele, sem tirar nem por, e manda seu sósia ir para escola no lugar dele.

Chico comemora que agora vai fazer tudo que quiser e resolve roubar goiaba. Surge a Rosinha comentando que cruzou com ele no caminho da escola e que é para ele lhe dar outro beijo igual como deu agora há pouco. Por causa da cara que ele fez, Rosinha pergunta se ele não lembra mais, se perdeu a vergonha e Chico manda largá-lo, chamando de assanhada.

Depois, Chico fala que quando o Sósia voltar da escola, vai ver uma coisa e encontra a Professora Marocas falando com o Sósia que ele tirou dez na prova e que está orgulhosa dele. Chico, furioso, fala que pega o peste em casa. Lá, a mãe, Dona Cotinha, gosta que o Sósia já terminou o dever de casa, oferece doce de mamão e que depois pode brincar à vontade. O Sósia diz que quer ajudá-la e Dona Cotinha acha que ele é uma doçura.

Chico comenta que o poço não devia caprichar tanto, quando surge o Zé Lelé falando que veio pegar o porquinho que deu para ele na escola. Chico acha que agora o sósia passou da conta, encontra com ele e fala que vai pegar o dinheiro de volta com o poço. O Sósia diz que não vai mesmo, que queria um Chico igual e que ele é até melhor. Chico fala que ele não é original, o Sósia diz que todos o preferem. 

O Sósia corre atrás do Chico, que chega e entra no poço, pega a moeda e o Sósia some. Chico promete que nunca mais faltar na escola e que vai ser mais bonzinho com os pais e seus amigos. No final, descobrimos que o Sósia era o anjo da guarda do Chico saindo do poço dos desejos e diz que missão cumprida e que pode voltar para casa.

História legal em que o Chico Bento pede um sósia para o poço de desejos para se divertir enquanto o sósia faz as obrigações dele. Como não queria estudar, manda o sósia pra escola enquanto ele vai pescar e roubar goiaba, só que não contava que o sósia era melhor em tudo, dando orgulho para a mãe, para o Zé Lelé e até para Rosinha, deixando Chico furioso. Quando ele pega a moeda que havia jogado no poço, o sósia some, Chico se arrepende prometendo ser um bom menino e descobrimos que era tudo um plano do anjo da guarda para dar lição no Chico.

O sósia era melhor que o Chico em tudo, exemplar em casa, na escola, com a namorada e com os amigos. Eram iguais na aparência, só que na personalidade o sósia era o oposto do Chico. Não é à toa que o Chico não gostou vendo que tinham orgulho fazendo as coisas certas. O plano do anjo da guarda foi para dar lição no Chico de não matar aula, não ser levado e ser mais prestativo com os pais e amigos e deu certo, pelo menos nessa história já que logo depois Chico voltou a ser o menino arteiro que sempre foi.

Foi engraçado ver o Chico furioso com o sósia, seja tirando dez na escola, estudioso em casa e ajudar mãe e dar porquinho para o Zé Lelé, sendo o mais hilário foi a Rosinha assanhada com o beijão que o Sósia deu nela, Chico sempre foi tímido e do nada deu beijão nela. Rosinha não estudava com o Chico, só quando o roteiro pedia.

Anjos da guarda de personagens costumavam ser a cara deles. Embora na Turma do Bairro do Limoeiro o Anjinho era o anjo da guarda oficial de todos eles, mas ás vezes era retratado que cada um tinha seu próprio anjo da guarda, variava de roteiro.  Eram boas as histórias com sósias, todos os personagens já tiveram seus sósias, podiam até criar Almanaque Temático só com histórias com sósias, se resolvessem ousar e não insistirem sempre nos mesmos temas batidos. 

Gostava também de histórias de poços dos desejos, hoje em dia até ainda tem, mas com algumas adaptações, costumam colocar uma placa bem grande explicando que precisa jogar moeda para realizar desejo, como se não explicar, as crianças de hoje não sabem o que se trata o que era poço de desejos, e às vezes colocam que é uma fonte d'água dos desejos, não apenas um poço perdido no bairro sem utilidade para uso. Boa parte da fantasia é perdida assim com tudo explicadinho e mudarem para uma fonte.

É incorreta atualmente por Chico matar aula para pescar com tudo planejado, ideia que levar surra da mãe (personagens não podem mais apanhar dos pais), Chico querer briga com o Sósia, namorar Rosinha e ela assanhada pelo beijo que o Sósia deu nela, que na verdade era um anjo dando beijo nela, além de Dona Cotinha aparecer de avental dando ideia de dona-de-casa e as palavras "peste" e "roubar" são proibidas hoje, falam agora que eles pegam goiaba. Os traços ficaram bons do estilo consagrado dos personagens. E teve erro nariz da Rosinha em formato "^" no último quadro da página 5 do gibi. 

sábado, 28 de junho de 2025

Rolo: HQ "O terrível segredo!"

Mostro uma história em que o Rolo esconde um segredo dos seus amigos e faz de tudo para eles não descobrirem. Com 6 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 161' (Ed. Abril, 1986).

Capa de 'Cebolinha Nº 161' (Ed. Abril, 1986)

Rolo está uma lanchonete com Zecão e Jaime, olha a hora e avisa que tem ir. Os amigos falam que não são nem 8 horas e pedem para ficar mais. Rolo diz que tem um jogo de futebol no canal seis e não quer perder. Eles falam que vão juntos, Rolo fala que prefere assistir televisão sozinho, paga a parte dele e vai embora e Zecão diz que não sabia que o Rolo era fanático por futebol.

Rolo sai correndo para ver se dá tempo, chega em casa, fecha a porta e cortinas da janela. Com ninguém à vista, liga a TV e assiste à novela "Roque Sambeiro" e comenta com si mesmo que se a turma soubesse que ele assiste novelas, ia gozá-lo para o resto da vida e dessa, não perde um capítulo. 

Tina e Pipa tocam a campainha. Para elas não descobrirem seu segredo, finge que está assistindo futebol para irem embora logo, só que para surpresa do Rolo, elas adoram futebol e resolvem assistir junto com ele. Rolo disfarça, que foi indelicado e que elas preferem assistir outra coisa e muda par ao canal da novela "Roque Sambeiro". Tina fala que não precisa perder o jogo por causa delas, sabem que ele detesta novelas e ela muda para o canal do jogo.

Em seguida, Zecão e Jaime aparecem, preocupados que o Rolo saiu apressado da lanchonete e queriam saber se estava tudo bem. Rolo diz que está tudo ótimo, que as namoradas deles estão lá e aproveitem para fazer programa fora e o deixem lá assistindo ao jogo chato, levando todos em direção para fora de casa. Jaime fala que vão ficar, espera o jogo acabar e saem todos juntos.

Rolo pensa sobre o que poderia acontecer no capítulo que ia perder, não aguenta curiosidade e entrega para os amigos que quer assistir à novela dele, assume que assiste "Roque Sambeiro", e daí, e que quando pode também assiste "Qui-Qui-Qui" e à novela das seis e pergunta o que tem de errado nisso. A turma fala que nada, todo mundo assiste novela, estão evoluindo, tratando assuntos atuais e polêmicos, cada um assiste ao que prefere e só um tolo tem preconceito com isso. Termina com todos assistindo "Roque Sambeiro" e Rolo com maior vergonha.

História legal em que o Rolo esconde de seus amigos que assiste novelas, principalmente "Roque Sambeiro" e faz de tudo para não descobrirem seu segredo com medo de ser zoado porque era noveleiro. Achava que novelas eram coisas só de mulheres e que iam ter preconceito, mal sabia que eles estavam nem aí para o que ele assistia, se preocupou à toa com o que podiam falar dele. O segredo do Rolo os leitores descobriram logo na segunda página, aí depois ficou mistério como o Rolo ia continuar escondendo dos amigos, foi legal isso.

Foi engraçado ver a forma do Rolo se trancar na casa, as desculpas dele para poder assistir á sua novela, quase expulsar todos de forma delicada e a vergonha no final depois de receber a lição. Dessa vez não foi história do Rolo com confusão com a mulherada, às vezes mudavam para variar, e não foi só a Tina quem deu lição de moral no Rolo, foram todos seus amigos. História mostrou, de forma divertida, como as novelas influenciavam a maioria da população, só saíam de casa depois que acabavam e a mensagem de você viver a vida como gosta e não ir atrás do que os outros pensam, se as pessoas vão falar mal, se vão reprovar ou não. 

Descobrimos que o time da Tina que torce é o São Paulo. Engraçado nomes dos times do jogo de futebol que o Rolo colocou e o "Plim" imitando o "Plim! Plim!" de intervalo da TV Globo. Interessante também eles mudarem canal de TV para outro sem controle remoto, coisa que era muito comum na vida real da época porque poucas TVs tinham controle e eram mais caras. 

A novela "Roque Santeiro" estreou há exatos 40 anos, em 24 de junho de 1985, na TV Globo, foi fenômeno e quiseram retratar em história. Teve também o livro pocket "As Melhores Piadas do Roque Sambeiro" em janeiro de 1986, tudo que estava em alta na atualidade gostavam de criar histórias, inclusive novelas de sucesso. "Roque Santeiro" já tinha acabado quando essa história do Rolo foi lançada, porém roteirizada enquanto a novela estava no ar. Engraçadas as paródias de nomes de personagens de "Roque Santeiro" e "Qui-Qui-Qui" da novela "Ti-Ti-Ti". A novela das 6 em questão que estava no ar e citada pelo Rolo seria "De Quina pra Lua" e o canal 6 passando futebol seria a TV Manchete embora parece que em São Paulo os números de  canais eram diferentes.

Incorreta hoje em dia por envolver novela em gibi infantil, os rapazes bebendo chopp, que é completamente abolido nos gibis atuais,  mentiras do Rolo para enganar os amigos, preconceito, além de palavras proibidas de duplo sentido como "gozar", "Droga!", "pombinhos" e alterariam a televisão de tubo para uma LED por não gostarem de coisas datadas.

Traços muito bons do estilo consagrado da Turma da Tina dos anos 1980. Teve erro de camisa e tênis do Jaime brancos no 2º quadro da penúltima página e absurdo do nada poltrona virar sofá depois que Tina e Pipa chegaram. Normalmente o Jaime tinha cabelo laranja, dessa vez ficou marrom e a camisa da Pipa deixaram amarela em vez de branca por padrão. Curiosamente, essa história foi republicada depois 2 vezes, uma republicação perto da outra, de um ano pra outra. republicada primeiro em 'Almanaque do Cascão Nº 34' (Ed. Globo, 1996) e novamente depois em 'Almanaque do Cebolinha Nº 41' (Ed. Globo, 1997).

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 34' (Ed. Globo, 1996)
Capa de 'Almanaque do Cebolinha Nº 41' (Ed. Globo, 1997)