domingo, 31 de dezembro de 2017

Chico Bento: HQ "Pra ver o ano passar"

Mostro uma história em que o Chico Bento faz de tudo para ficar acordado à meia noite, até contando com ajuda de um galo pra se manter acordado na passagem de ano. Com 10 páginas no total, foi publicada em 'Chico Bento Nº 77' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Chico Bento Nº 77' (Ed. Globo, 1989)

Começa com o Zé da Roça chegando na casa do Chico Bento e a mãe dele, Dona Cotinha, diz que ele estava tomando café na cozinha. Zé da Roça chega lá e vê o Chico de pijama e tomando café, só que já eram 3 da tarde.  Zé da Roça fala que sabia que ele era preguiçoso, mas nem tanto. Chico diz que vai explicar, mas antes fica tomando várias xícaras de café, causando estranheza ao Zé da Roça.


Depois de ter tomado café, Chico pergunta que dia era hoje. Zé da Roça diz que era 31 de dezembro, último dia do ano. Enquanto troca de roupa, Chico pergunta o que vai acontecer à meia noite e Zé da Roça responde que é a passagem de ano, 1990. Então, Chico diz que acaba sempre dormindo na hora da passagem de ano e nunca vê nada, só os outros que festejam. Zé da Roça também diz que nunca vê e eles imaginam que o ano é um bebê cruzando o céu cheio de estrelas brilhantes ou um cometa que de repente faz uma curva, simbolizando, assim, a "virada do ano".


Chico diz, então, que ele acordou tarde e tomou muito café pra aguentar acordado até meia noite e que dessa vez não escapa. Já no lado de fora da casa, Chico fala que não vai fazer esforço nenhum e mostra o seu galo Gerineldo, que foi treinado o ano inteiro para cacarejar bem alto assim que vê que ele fechou os olhos. Zé da Roça fica animado pra ver a passagem de ano também e vai pra casa tomar café.


Chico comenta que o Zé da Roça correndo daquele jeito vai se cansar e acabar com sono depois e por isso ele não vai fazer nenhum esforço, até que surge um touro na frente dele, fazendo o Gerineldo fugir e o Chico é obrigado a correr por causa do toro atrás dele. Ele consegue pular uma cerca e consegue despistar o touro e fica na esperança que pelo esforço que fez na correria, não tenha sono na passagem do sono.


Chega de noite e começa o Réveillon na casa do Chico. Começam a aparecer os convidados, Chico põe roupa bonita de domingo, seu pai Bento fica jogando na varanda com os amigos, sua mãe  põe a mesa cheia de comidas gostosas. Chico comenta que todo ano ele se entope de comida dando sono depois e naquele ano ele ia comer bem pouquinho pra não dormir, e depois todos ficam na sala para conversar enquanto ele fica sentado no banco. Ele fala que nessa hora acaba  caindo de sono, mas naquele ano não, e que nem vai precisar do galo Gerineldo. Até que chega quinze para meia noite e do nada Chico dorme enquanto tava falando com o Gerineldo que estava bem acordado. Nessa hora, Gerineldo cacareja bastante, chacoalha o Chico e ele não acorda. Os pais veem o Chico dormindo e o leva para dormir na cama.


No quarto, Gerineldo joga balde d'água no Chico e ele não acorda. Como última tentativa, Gerineldo tira uma pena dele e espeta a bunda do Chico, que dá um salto bem alto da cama gritando de dor, acordando assim.  Chico viu que era o seu "galinho" que fez acordá-lo e Gerineldo diz que fez isso porque ele não é besta porque depois ia sobrar para ele. Eles vão até o lado de fora da casa e todos estavam reunidos na contagem regressiva de 10 segundos da passagem do ano. Chega 1990 e eles se abraçam, estouram champanhe, tocam buzina, batem panela e soltam fogos de artifício, deixando Chico surpreso.

No dia seguinte, Zé da Roça encontra o Chico e fala que não conseguiu ver a passagem de ano porque acabou pegando no sono e pergunta se o Chico viu. Ele responde que até ficou bem acordado, mas bem na hora que o ano ia passar, o pessoal fez tanto barulho e estardalhaço, que não deu pra ver nem ouvir nada na hora do ano surgindo, terminando assim.


Uma história muito legal, mostrando que as crianças não conseguem ficar acordado até meia noite para ver a virada do ano e ficam imaginando como é. Para o Chico Bento e Zé da Roça, o ano era um bebê ou cometa que surgiam de repente no céu à meia noite e as pessoas davam boas vindas a ele e, então, quando o Chico viu a barulhada toda se decepcionou por não ter visto o bebê no céu como imaginava. Ele continuou pensando que o ano era um bebê, mas, na sua inocência e falta de explicação dos pais, o barulho e os fogos impediram de ver o ano-bebê. 


Interessante mostrar o galo Gerineldo fazendo de tudo para acordar o Chico, até balde com água fria jogou e nada de ele acordar, até ser espetado na bunda com a pena do galo. Era legal histórias do Chico ás voltas com os bichos. O Gerineldo só apareceu nessa história mesmo. Legal também ver a rotina simples de um Réveillon na roça do Chico Bento.  Os traços muito bons, bem típico dos anos 80 e consagrados, com direito a Chico com narigão do jeito como eu gostava.


De curiosidade, sempre que essa história foi republicada, eles alteram o ano "1990" para o ano corrente que está sendo republicada. Na própria Editora Globo já fizeram essa alteração, logo na primeira vez que foi republicada no almanaque "Mônica Especial de Natal Nº 3' (Ed. Globo, 1997), mudando "1990" para "1998" e nas outras vezes sempre alterados também, o que acho bobagem, pois a gente sabe que almanaques se tratam de republicações e podiam manter como foi no gibi original. Na Panini, além dessa troca de ano, eles ainda mudam tirando o cachimbo do Seu Bento na parte que ele estava conversando na cadeira de balanço com os convidados do Réveillon.


Outro ponto incorreto são os personagens soltando fogos de artifício nas mãos na hora da virada do ano e isso eles não aceitam hoje em dia e não fariam histórias assim atualmente. Talvez até quem sabe é por isso nunca mais fizeram histórias de Réveillon ultimamente, pois em algum momento teria que ter fogos de artifício para mostrar a passagem de ano. Eles fazem histórias de Natal sempre, mas histórias de Réveillon nunca mais teve.


Um detalhe na capa dessa edição 'Chico Bento Nº 77', que tiveram erros com o Zé Lelé aparecendo com dente e a Rosinha ficou com nariz como acento circunflexo ao invés do formato "c". Ficou diferente, mas mesmo assim muito boa a capa, principalmente a piada dos corações apaixonados do casal se misturando com as goiabas.

UM FELIZ ANO NOVO PARA TODOS!!!

24 comentários:

  1. eu estava lendo um almanaque com essa história agora mesmo,coincidência?talvez...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Foi coincidência, apesar de não ser difícil encontrar essa histórias em almanaques de Natal.

      Excluir
  2. Eu já tinha lido essa história em um almanaque da Panini, mas não me lembro qual...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Já foi republicada algumas vezes em almanaques de Natal, tanto da Globo e Panini, deve ter sido em algum dos últimos anos.

      Excluir
  3. Muito boa HQ! Também acho desnecessário mudar o ano quando republicam.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sem necessidade mesmo mudar o ano, embora tem alterações piores que essa.

      Excluir
  4. Bobagem deles mudarem ano nos almanaques só pra fingir que é história atual. Não são só histórias de Reveillon, qualquer coisa de ano mudam. Foram poucas histórias de Reveillon e tem muitos anos que não sai mais, eles que não gostam de fazer histórias assim.

    Obrigado. Um feliz Ano novo pra vc também, tudo de bom

    ResponderExcluir
  5. Zé Lelé com dente igual ao Chico? Parece que o desenhista confundiu as coisas..hehehe! Mas feliz ano novo pra você! Adoro seu site, venho aqui frequentemente! Ótimo trabalho!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É, ficou diferente. Não sei se queriam colocar de boca aberta e acabou ficando com dente no lugar. Qualquer forma não ficou ruim, já tiveram histórias na Ed. Abril com ele com dente.

      Excluir
    2. Obrigado. Feliz Ano e valeu por gostar do blog.

      Excluir
  6. e agora mudam a moeda também. Fui criança nos anos 90 e lembro de ler história em almanaques com os personagens falando de cruzeiro, cruzados, quando a moeda aqui já era real. Agora passam tudo pra real, mesmo quando a história tem evidentemente mais de 20 anos.

    ResponderExcluir
  7. Marcos, estou lendo o livro do Maurício de Sousa(história que não está no gibi), e tem um capítulo em que ele fala do politicamente correto. Ele mesmo acha uma bobagem realizar tantas mudanças, mas ele tenta buscar um equilíbrio pra não desagradar tanto todas as partes. Disse que já recebeu reclamação de pais em relação a armas (ele lamenta tirar a arma do nhô lau, por exemplo), bebida...até já pediram pra ele pra mônica não bater mais nos meninos! Então ele diz que tenta se adaptar sem descaracterizar ao máximo.
    É o público que manda, não ele.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Por público que manda se entenda uma minoria de menos de 5% dos leitores, mas que faz barulho enquanto os outros 95% ficam calados.

      Excluir
    2. Já ouvi relatos dele falando disso. Aí acaba prevalecendo a opinião dos pais conservadores. Uma pena

      Excluir
    3. Marcos, você só se engana dizendo que são os pais conservadores. Quem impõe o politicamente correto são justamente os que gostam de chamar a si mesmo de progressistas.

      Excluir
    4. Carlos, não é verdade. Os progressistas reprovam piadas que discriminem grupos sociais historicamente oprimidos (negros, mulheres etc) porque consideram que é "chutar cachorro morto". Mas quem vem com essa de achar que criança é um ser de porcelana imaculado são os conservadores, aquele mesmo grupo que pressionou o fim da exposição do santander, por exemplo.

      Excluir
  8. O pessoal parece que não entender que essas revistas são feitas para crianças de menos de 10 anos e não para adultos colecionadores. Para uma criança a data original, que muitas vezes é anterior ao próprio nascimento, deixa a história confusa.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ainda assim elas sabem que são republicações de histórias antigas e aí uma data antiga sabe que não é história nova. De qualquer forma, em vista do que mudam, trocar datas é o de menos.

      Excluir
    2. Não sabem não. Já fiz esse teste com crianças muito inteligentes, menores de 10 anos, e nunca nenhuma tinha parado um minuto para pensar que os almanaques são republicações.

      Excluir
    3. Eu sempre soube que eram republicações e não só pelo aviso que era republicações nas capas, mas dava pra perceber diferença nos traços. Talvez hoje por não mostrar na capa que é republicação (apesar do frontispício mostrar) e os traços mais parecidos com os atuais, embora já dá diferença, aí elas custam a perceber que são republicações.

      Excluir
    4. eu sempre soube que eram republicações, desde criança

      Excluir
  9. Bem lembrado. Moedas eles também mudam.

    ResponderExcluir
  10. Cara tinha lido esse gibi em 1989-1990, tinha 9 anos na época e resolvi procurar. Muito massa a historinha sempre existia essa fantasia de ano novo em mim. Pena que a gente cresce e parte da magia fica pra trás. Mas retrata bem minha infância esse conto. Valeu por postar e fazer observações interessantes.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Legal que gostou, é bem encantadora essa história. Também fez parte da minha infância.

      Excluir