quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Livro L&PM: As Melhores Histórias do Chico Bento


Nessa postagem mostro como foi o livro "As Melhores Histórias do Chico Bento", da coleção da editora L&PM lançado em 1991.

Esse livro tem formato de 21 X 28 cm, 52 páginas e papel de miolo off-set, tanto na versão capa cartonada quanto capa dura. Na capa, sempre com o personagem em uma situação ou com um objeto que tem a ver com sua personalidade, o Chico está ao lado de um passarinho, representando o seu universo rural. Ficou muito legal.

O frontispício com o título "Bão mermo é lá na roça", fala do tranquilo cotidiano do Chico na roça e que o personagem foi inspirado no tio-avô do Mauricio. Na página de evolução, mostra 2 imagens do Chico Bento. sendo uma de quando ele foi criado, em 1961, e outra dos anos 80, mais precisamente tirada da capa de 'Chico Bento N º 47' (Ed. Abril, 1984).

Evolução do Chico Bento

Em seguida, as histórias republicadas. Foram 9 histórias no total entre 1973 a 1984, que dessa vez seguiram uma ordem cronológica e, como de praxe, sem alterações em relações às originais, preservando, inclusive os códigos, quando tinham. Nas histórias dos anos 70 com o Chico falando certo e nas dos anos 80 com os primórdios do caipirês, tudo exatamente igual como foram nos gibis originais. 

A maioria foram tiradas de gibis do Cebolinha e só 3 histórias dos anos 80 foram tiradas dos gibis do Chico Bento. Dá para notar também que histórias com o Zé da Roça foram a maioria, com 5 no total. O Zé da Roça foi o primeiro personagem criado desse núcleo, junto com o Hiro e só depois de um tempo que criaram o Chico, que era coadjuvante no início e depois se tornou o protagonista do núcleo rural. Então, era comum o Zé da Roça aparecer muito com o Chico Bento nas primeiras histórias dos gibis dos anos 70 e era ele quem fazia a duplas dos caipiras atrapalhados e lerdos.

A relação de histórias republicadas (todas da Editora Abril), com número da edição e ano foram essas:
  1. Eu quero dormir (CB # 6, de 1973)
  2. Chico Bento
  3. O Saci (CB # 8, de 1973)
  4. Vamos pegar goiaba (CB # 9, de 1973)
  5. Ó, chuva danada! (CB # 15, de 1974)
  6. Ou nós acabamos com as formigas... (CHB # 36, de 1983)
  7. O trabalho enobrece (CB # 143, de 1984)
  8. Garoto nota dez (CHB # 43, de 1984)
  9. Quem paga o pato? (CHB # 51, de 1984)

Começa com "Eu quero dormir", em que o Zé da Roça vai dormir na casa do Chico, que não consegue pegar no sono e tenta fazer de tudo para dormir. Mostra um Chico lerdo, bem ao estilo do Zé Lelé, que ainda não havia sido criado ainda naquela época. Na história sem título de 2 páginas que vem em seguida também mostra esse lado lerdo do Chico, com ele tentando pescar. Zé da Roça aparece no quadrinho final.

Trecho da HQ "Eu quero dormir" (1973)

Em "O Saci", mostra o Chico querendo caçar um saci que havia surgido na região. Representa histórias do Chico contracenando com seres do folclore brasileiro, muito comum nas histórias dele. Vó Dita participou dessa história e dá para notar que ela era desenhada bem diferente do que a gente vê hoje.

Trecho da HQ "O Saci" (1973)

Em "Vamos pegar goiaba", Chico tem que pegar goiaba para sua mãe e Zé da Roça mostra que pegar goiaba do pomar do seu João é melhor. Apareceu um Seu João, de quem o Chico tentava pegar goiaba quando o Nhô Lau não existia. Provavelmente essa foi a sua única aparição. E curioso também não mostrar o rosto da mãe do Chico, com ela aparecendo só de costas.

Já  na história "Ô chuva danada",  Chico e Zé da Roça fazem a dança da chuva ao contrário para ver se acabava o temporal na roça, também tudo de uma forma bem atrapalhada e lerda, como prevalecia suas histórias nos anos 70.

Trecho da HQ "Ô chuva danada!" (1974)

Em seguida começa as histórias dos anos 80, começando com "...Ou nós acabamos com as formigas..." em que Chico reclama que as formigas estão acabando com as plantações da roça e enquanto seu pai prepara um veneno para acabar com elas, Chico e Zé da Roça passam a caçar içás perto do formigueiro para comerem. Mais uma vez presença do Zé da Roça, que foi bom para comparar a diferença dos traços da dupla nos anos 70 e 80.

Recentemente essa história foi republicada na 'Coleção Histórica Nº 36' onde avacalharam com essa história, mudando todo o texto dela, não só o caipirês (que foi adaptado para deixar igual aos gibis atuais), como mudar certas palavras que a MSP achou incorretas, como mudar "disgramada" para "danada" e "bundinha" para "rabinho", entre outras mudanças. Ficou uma história toda zoada na CHTM 36, assim como o texto de todas as histórias daquele gibi. 

Já nesse livro "As Melhores Histórias do Chico Bento" não só o texto ficou tudo igual, deixando o código e o "1983 Mauricio de Sousa Produções" no rodapé, exatamente igual à original, indicando que foi história de abertura. Então nesse livro é uma forma de ler essa história com o seu texto original.

Trecho da HQ "...Ou nós acabamos com as formigas..."

Em "O trabalho enobrece", a Rosinha manda o Chico trabalhar no roçado em vez de ficar dormindo o dia todo. Representa história do Chico com a Rosinha, além de mostrar o lado preguiçoso do Chico. Já em "Garoto nota dez", Chico comemora que finalmente tirou nota dez na prova, querendo mostrar a notícia para os seus amigos, mas todos estão cabisbaixos, cheios de problemas, que corta o seu clima de felicidade.

O livro termina com a incorreta "Quem paga o pato?" em que o Chico mata um pato em uma caçada, mas se arrepende quando vê que deixou 3 patinhos órfãos e passa a cuidar deles. Representa histórias sobre ecologia, com um detalhe de mostrar o Mauricio no final achando que a história foi piegas demais e manda o roteirista reescrever a história. Outros tempos. Hoje em dia o Mauricio iria aceitar o primeiro final.

Trecho da HQ "Quem paga o pato?" (1984)

Como pode ver é um livro muito bom, pena que não teve nenhuma história com o Zé Lelé, o primo Zeca da cidade e o Nhô Lau. Como o livro só tem 52 páginas, não dá para colocar todos os personagens do núcleo do Chico. Nota-se também que teve bastante histórias de 1973 com o Zé da Roça e acho que podiam ter colocado alguma história da 2ª metade dos anos 70 no lugar de uma dessas, até para mostrar os traços superfofinhos e a chance de ter alguma história com o Zé Lelé, pelo menos. Mesmo assim vale muito a pena ter esse livro na coleção, afinal tem muitas histórias clássicas dos anos 70. Foi uma bela comemoração dos 30 anos de criação do Chico Bento até então. Recomendo.

10 comentários:

  1. A intenção do livro foi essa de mostrar a personalidade do Chico e comparar os traços. Concordo q vc q as hqs do Chico nos anos 80 eram melhores q as dos anos 70, mas se colocassem nesse livro mais hqs dos anos 80 seriam muitas hqs recentes de menos de 10 anos até então, sem contar q as dos anos 80 estavam sendo republicadas nos almanaques convencionais, aí não valeria a pena, ia se tornar só um almanaque comum.

    Eu acho estranho um pouco as hqs do Chico dos anos 70, não tinha nada definido na personalidade deles, e ele falava certo aí não era a mesma coisa. Quando o Chico ganhou gibi próprio ficou melhor.

    Abraço

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  2. Adorei o desing da casa no primeiro quadrinho da história "Eu quero Dormir". Parece mesmo uma casa da roça, bem bonita e detalhada.

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    1. Eu tbm gostei muito. Bem caprichado os desenhos dessa história.

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  3. Valeu pela sugestão, Fabiano. Se der eu faço.

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  4. Essa coleção é divina! Ainda vou comprar! Sobre uma página pro seu blog, acho uma excelente idéia! Eu com certeza curtiria! Abraços, amigo!

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    1. Muito boa essa coleção. Quando vc tiver não vai se arrepender. Sobre a página, se der eu faço.

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  5. Eu li os livros dessa coleção na minha escola quando eu era criança. Eu amava. Que nostalgia achá-los citados por aqui.

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    1. Nostalgia boa. São excelentes esses livros. Mostrei cada um deles individualmente aqui no Blog.

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  6. Se Maurício de Sousa fosse americano, com um mercado gigantesco e numa língua dominante, seria cultuado igual ao Disney.

    Todos os personagens são maravilhosos. Fez parte da vida de pessoas de várias gerações.

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    1. Verdade. Ele teria um reconhecimento mundial igual a Disney. Mas os brasileiros o consideram muito, marcou gerações.

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