Zé Munheca foi um personagem criado nos anos 60, ficou muito tempo no limbo do esquecimento e que voltou a aparecer nos gibis. Nessa postagem, falo sobre esse personagem.
Zé Munheca foi criado nos anos 60 em páginas semanais publicadas no jornal "Diário Popular" de São Paulo. Um personagem avarento, mesquinho, ou seja, um verdadeiro pão-duro, que faz de tudo para não gastar dinheiro com qualquer coisa. Tudo ele acha caro demais e acaba criando um jeitinho para compensar o preço alto.
Suas histórias sempre eram mudas, que é algo bem interessante de entender as piadas só através dos desenhos, retratando essa crítica social às pessoas avarentas, permitindo refletir e discutir até que ponto se deve gastar ou não. Ele é magro, de óculos, cabelo parecendo um bigode, sempre se vestindo de camisa vermelha. No início dos anos 70, foi até considerado como um dos principais personagens do Mauricio de Sousa até então, como consta essa página que mostro abaixo do livro "A Linguagem dos quadrinhos: o universo estrutural de Ziraldo e Mauricio", do autor Moacy Cirne, de 1971.
Trecho do livro "A Linguagem dos Quadrinhos; o universo estrutural de Ziraldo e Mauricio (1971) |
Depois de um tempo, Zé Munheca voltou a aparecer, dessa vez nos gibis convencionais da Ed. Abril. Estreou em 'Mônica nº 141' e 'Cebolinha nº 109', ambos de janeiro de 1982. Como ficou algum tempo sem aparecer, Zé Munheca foi até considerado como um personagem novo. é que nas capas de gibis da Editora Abril falavam que tinham a estreia de um novo personagem. Para as crianças da época podiam ser de fato uma novidade, mas para os seus pais, por exemplo, já conhecia o personagem pelos jornais.
As histórias seguiam esse estilo de serem mudas e curtas, variando de 1 ou 2 páginas no total, o contorno dos quadrinhos era serrilhado, e retratando esse lado pão duro dele. Talvez até algumas dessas histórias foram republicações das páginas semanais dos anos 60 e 70. Nessa história publicada em 'Cebolinha Nº 110' (Ed. Abril, 1982), por exemplo, ele não queria fazer a barba em barbearias porque eram caras demais e só fez quando estavam oferecendo demonstração grátis de um novo aparelho de barbear.
As histórias seguiam esse estilo de serem mudas e curtas, variando de 1 ou 2 páginas no total, o contorno dos quadrinhos era serrilhado, e retratando esse lado pão duro dele. Talvez até algumas dessas histórias foram republicações das páginas semanais dos anos 60 e 70. Nessa história publicada em 'Cebolinha Nº 110' (Ed. Abril, 1982), por exemplo, ele não queria fazer a barba em barbearias porque eram caras demais e só fez quando estavam oferecendo demonstração grátis de um novo aparelho de barbear.
HQ publicada em 'Cebolinha Nº 110' (1982) |
Já nessa história publicada também em 'Cebolinha Nº 110' (Ed. Abril, 1982), ele foi capaz de arrumar emprego como lanterneiro só para assistir ao filme de graça, sem pagar a entrada do cinema e ainda pedir demissão depois do filme acabar.
HQ publicada em 'Cebolinha Nº 110' (1982) |
Porém, o personagem não ficou muito tempo nos gibis daquela época, saindo logo, no máximo em 1983. Talvez por esse fato do Mauricio não gostar do personagem, ou até pelas crianças também não terem gostado. A partir daí, ele sumiu de vez sem ter nem referência em lugar nenhum. Nem nos almanaques da Editora Globo republicaram as histórias que sairam nos gibis da Editora Abril.
Até que em 2005, Zé Munheca voltou a ser lembrado, aparecendo na história "Todos os Zés", de 'Mônica Nº 234'. Nessa história metalinguística e informativa, foram mostrados os personagens da MSP que tem "Zé" no nome, como Zé Luis, Zé da Roça, Zé Lelé, Zé Vampir, Zé Finado, etc. E o Zé Munheca apareceu nela, em 2 quadrinhos: um anunciando o nome dele e outro junto com todos os outros personagens.
Quando foi falado dele na história não foi mostrado detalhes de sua personalidade, só mostrando o seu nome e dizendo que era pão duro no desenho, diferente de personagens que apareceram no início, como o Zé Luís e Zé da Roça, que deram mais detalhes. Abaixo, o trecho que o Zé Munheca aparece nessa história, junto com os outros personagens "Zé".
Trecho da HQ "Todos os Zés" , de 'Mônica N º 234' (Ed. Globo, 2005) |
Após essa aparição-relâmpago, voltou a aparecer na edição especial "Lostinho Perdidinho nos Quadrinhos" (Ed. Panini, 2007), junto com vários personagens do limbo que estavam presos na ilha todos esses anos, fazendo referência que ele era um personagem esquecido. Também foi participação com aparições bem rápidas.
Trecho de "Lostinho - Perdididnho nos Quadrinhos" (Ed. Panini, 2007) |
Depois apareceu na capa da 'Mônica # 50', de 2011, e participou na história de abertura "Mistério Cinquentão", em que a Mônica vai atrás do Cebolinha e de pistas, visitando todos os núcleos de personagens. Ao visitar a ilha dos personagens do limbo, o Zé Munheca aparece com outros personagens que estão no limbo do esquecimento e, mais uma vez, fazendo referência que é um personagem esquecido. Só que ele apareceu só em 1 quadrinho. E dessa vez falou.
Trecho da HQ "Mistério cinquentão", de 'Mônica nº 50' (Ed. Panini, 2011) |
Logo depois em 'Mônica nº 51' e em 'Cascão nº 51', de 2011, Zé Munheca passou a ter histórias solo inéditas nos gibis da Panini. Marcou então a volta do personagem aos gibis depois de muitos anos sem produzir nada novo, já que as outras aparições foram apenas participações. Abaixo, a história de 'Mônica Nº 51', que marcou a sua volta:
Trecho da HQ "Um presente para a namorada", de 'Mônica nº 51' (Ed. Panini, 2011) |
Em vários gibis, passaram a ter histórias de 1 ou 2 páginas e mudas, continuando a ser um cara mesquinho. Eles continuaram a colocar os traços serrilhados no contorno dos quadrinhos, mas, por causa do politicamente correto, não tem aquele brilho que era nos até os anos 80, deixando tudo mais amenizado, como é de se esperar nos gibis da fase Panini. Ou seja, ele até continuou mesquinho, mas tudo tratado de forma amena. Outra diferença é que passaram a colocar título nas histórias, e não deixando apenas "Zé Munheca".
Trecho da HQ "É caro!", de 'Cebolinha Nº 68' (Ed. Panini, 2012) |
Suas histórias ficaram muito frequentes em 2012, quando a maioria dos gibis tinha alguma história dele. Depois suas aparições foram diminuindo nos gibis e atualmente aparece pouco, bem raramente, mas não sumiu de vez, aparecendo de vez em quando ainda pinta nos gibis. A última aparição até o momento dessa postagem foi em história de 2 páginas em 'Turma da Mônica Nº 98', de 2015.
Zé Munheca é um personagem legal, que não mereceria ficar tanto tempo no limbo. Suas histórias retratando a avareza, sempre rendiam ótimas piadas. Tomara que continuem fazendo histórias com ele, apesar de não serem iguais às antigas por causa do politicamente correto.
Outra série de postagens que adoro. Que pena personagens tão interessantes assim, abandonados no limbo. Abraços, Marcos.
ResponderExcluirhttp://kleitongoncalves.blogspot.com.br
Verdade, Kleiton, realmente esses personagens não mereciam ficar no limbo, tinham características marcantes q rendiam ótimas hqs. Valeu por ter gostado da postagem e dessa série. Abraços
ExcluirA MSP deveria incentivar personagens como o Zé Munheca, que com sua participação, ajudam os roteiros a sair da mesmice em torno apenas da rotina de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali.
ResponderExcluirAo infantilizar as tramas, e centrar cada vez mais apenas nos âncoras da turminha, a MSP afasta o leitor que quer uma experiência maior com o universo mauriciano, afinal, foram mais de 200 personagens criados ao longo dos anos, e hoje em dia quase tudo gira em torno dos 4 principais. Corre o risco dos gibis de hoje ficarem parecendo Teletubbies. Abraços.
Concordo. Vivo repetindo isso...Eles não sabem como usar o que tem. São muuuuiiiitooos personagens disponíveis. Renderia inúmeras histórias! O próprio título "Turma da Mônica" pra mim deveria sempre centralizar a história de abertura em núcleos secundários (Hqs de abertura com Papa-Capim, Horácio, Turma da Mata, Astronauta e etc), ou mesmo secundários da turminha (Jeremias, Titi e até mesmo os pais, como uma aventura de abertura com Seu Cebola e tals).
ExcluirPs: Ao menos o foco nos 4 não é tão intenso quanto antigamente quando se trata da turminha. Eles tem usado muito a Denise e principalmente o Xaveco. Sinceramente acho que o Maurício só não transforma o quarteto em sexteto pra não perder a tradição ou mesmo pra não perder a piada de chamar de secundário.
É mesmo, Paulo, ficar focado só nos 4 principais se torna cansativo. Tem muitos personagens, esquecidos ou não, q rendem excelentes hqs e não são tão infantis. Se soubessem mesclar seria ótimo. Antigamente era assim e não era a toa pessoas de 15, 16 anos ainda liam gibis.
ExcluirMas, parece q infelizmente a intenção atual é essa dos gibis serem voltados a crianças até 8 anos de idade, no máximo. Por isso a qualidade tão boba q se encontra, parecendo Teletubbies.
Unknown, eu tbm penso assim. O gibi Turma da Mônica devia ter histórias dos secundários na abertura, e, não só dos principais, principalmente hqs da Mônica. Fica parecendo um gibi da Mônica, só q com menos páginas.Concordo tbm q não transforma o quarteto em sexteto para não perder a tradição.
Excluirnos gibis turma da monica vivo esperando uma historia onde o personagem principal é a denise -.-
ExcluirA Denise está sempre aparecendo contracenando com a turma, mas hqs solo dela realmente é difícil.
ExcluirQue legal esse post, Marcos. Não sabia que ele era tão antigo. Pra mim, ele tinha surgido nos anos 80 (tenho, inclusive, algumas revistas da época que traziam na capa "Conheça o novo personagem: Zé Munheca!"
ResponderExcluirEu tbm não sabia q ele tinha surgido nos anos 80, até por ver capas assim dizendo q ele era um novo personagem. Dava essa impressão mesmo q era um novo personagem. Uma pena q não encontrei nenhuma página semanal antiga pra ilustrar, mas pela foto do livro dá pra confirmar. De qualquer forma, ele ´e um personagem bem interessante, podia ter siso mais aproveitado.
ExcluirEngraçado que naquele livro já aparece o Frank como personagem, e vc tinha dito que ele só surgiu no fim dos anos 70 ou início dos 80 junto com Lóbi e Dona Morte. Mas enfim, esse é outro assunto...
ResponderExcluirDe qualquer forma, ótima postagem. A melhor série do blog pra mim! Adorei saber um pouco mais detalhadamente sobre o personagem. Tudo bem explicado! E que realmente continuem com o personagem, pois gera ótimas gags.
Ps: Adorei a piada do lanterneiro, e apesar de ser da fase nova, também achei genial a piada das pérolas!
Sim, Frank, Cranicola e Muminho aparecem aí e pelo visto haviam sido criados e apareciam em tiras de jornais da época. Não tenho material dessa época, aí não sei a data certa q estrearam, mas acredito q no final dos anos 60, mas aparecendo bem raramente, pq nos pocktes L&PM apareciam bem pouco.
ExcluirA piada do lanterneiro achei muito engraçada, a da pérola tbm foi legal, mas a maioria da Panini as piadas são mais amenas. Tomara q tenha mais hqs dele nos gibis. Legal q gostou da postagem, obrigado. Eu não gosto muito dessa série rs.
O único gibi com histórias dele que eu tenho é o mônica 75 da Panini. Eu gostei dese personagem, é o tio glunc dos tempos modernos. Bem legais os traços da história do cebolinha 110.
ResponderExcluirSim, ele lembra o Tio Glunc, só q bem mais pão duro. O tio Glunc tinha diferença q queria enriquecer a todo custo. Os traços da Ed. Abril eram bem melhores, sem dúvida.
Excluirmarcos se me permite você cometeu alguns erros nesta postagem. Escreveu filem ao invés de filme, e na descrição da história "É caro" falou que era do Cebolinha 51, mas é 68.
ExcluirOk. Já corrigi.
ExcluirE mais uma vez nos lamentamos pela desvalorização de mais um personagem, infelizmente a culpa do politicamente correto é da própria sociedade, se a Turma da Mônica continuasse abusando poderia acabar.
ResponderExcluirDeve ser difícil para os roteiristas seguirem esse padrão de politicamente correto, ao menos o Zé Munheca não estragaram tanto, mas aposto que se tivessem mais liberdade renderia ótimas histórias.
Parabéns pela postagem, é uma das melhores, não sei se vai ter da Dona Morte, é que gostaria de saber em que gibi que ela estreou, já que não tenho as primeiras edições da Coleção Histórica e fico curioso pra saber. Obrigado desde já.
Obrigado por ter gostado da postagem. Se não fosse pelo politicamente correto, a turma estaria bem melhor do q se encontra. Uma pena. Concordo q com tantas limitações, fica difícil os roteiristas criarem hqs.
ExcluirSobre Dona Morte não vai ter nessa seção pq ainda bem q ela nunca ficou sumida. Mas, nos gibis a Dona Morte estreou, a principio, em Cascão nº 15, de 1983. Não sei se teve alguma hq antes nos gibis da Mônica e Cebolinha, mas creio q não... pelo menos não vi alguma republicada antes dessa do gibi do Cascão. E nas tirinhas de jornais, ela existe desde os anos 70.
nossa NAO SABIA QUE ESSE PERSONAGEM ERA TÃÃO ANTIGO . muito bom o post . bjs
ResponderExcluirMuito antigo mesmo. Valeu por ter gostado.
ExcluirEu também achava que ele tinha estreado nos anos 80, porque esses tempos eu vi aquele gibi do Cebolinha 109 no mercado livre que dizia que era estréia do personagem! Adoro essa sessão do blog! É a melhor! Aguardando os novos personagens que virão aí! Abraços Marcos! O blog tá cada vez melhor!
ResponderExcluirEu tbm pensava isso. A gente tava enganado e vimos q ele é bem antigo. Q bom q gostou. Obrigado pelo elogio.
ExcluirDe nada! Um abraço!
ResponderExcluir:D
ExcluirMuito legal. Um personagem pão duro ou econômico demais pode fazer sucesso, como provado pela popularidade do pai do Chris, Julius. O Marcelinho, novo personagem, não parece um pouco com uma versão boa do Zé Munheca, podia ter sido filho dele, hasuhaus. Muito interessante esse livro citado, tem algum lugar na internet que eu possa encontrar? Ah... E essa lista do livro, tentei procurar alguns personagens que não conhecia mas não achei nada, você tem alguma ideia de quem seja Júlia, Diabinho, Rosa, Tunco, Zoca e Bolzão (desde quando o Piteco tem tantos personagens? xD). Ah, e interessante também que o Rei Leonino tá como 'Leonino I', da onde eles tiraram isso, foi falado nos quadrinhos que ele era o primeiro? Abraços.
ResponderExcluirEsse livro parece que dá pra encontrar em sites como Estante Virtual e Mercado Livre. Não conheço nenhum desses personagens, Diabinho que pode ser diabo criança que apareciam nas hqs. pelo visto apareceu como Leonino I pra variar, o mais certo é Rei Leonino.
Excluiro Zé Munheca participou de "Lostinho:Perdidinhos nos quadrinhos" e ele também falou
ResponderExcluirEntendi. Não sabia dessa.
Excluirultima vez que vi o Zé Munheca foi em um gibi de 2013,mas infelizmente perdi o gibi que tinha esse personagem tão comico e fantastico
ResponderExcluirEle era bom, pena que voltou pro limbo.
ExcluirZé Munheca está mais pra Chico Anysio do que pra Mauricio de Sousa, só fui tomar conhecimento dele através da internet, apesar de conhecer a maior parte da Turma da Mônica bem antes do incrível advento tecnológico se tornar popular, de uso irrestrito, democrático. Pros quadrinhos é um personagem de pouco apelo, por isso não emplacou, não conseguiu envolver os leitores como o rabugento Tio Patinhas por exemplo.
ResponderExcluirAcho o Zé Munheca neutro, provavelmente muitos não aceitaram. Ele até chegou a ter algumas histórias em gibis da Panini, mas já voltou pro limbo.
Excluirquem ta lendo esses posts em 2021 no meio de uma pandemia comenta ai cresci lendo almanaques da turma da monica gosto muiito até hoje tenho muitas historias inrteressantes que me remetem a minha infancia e adolescencia quando leio essas historias antigas tenho otimas recordaçaoes tbem acho que muitos personagens esquecidos no tempo deveriam voltar e fazer parte da nossa vida como um divisor de aguas .
ResponderExcluirVerdade, traz muitas recordações essas antigas. Tem personagens esquecidos que podiam voltar, sem dúvuda.
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