domingo, 29 de setembro de 2024

Magali: HQ "Quem prova, nem sempre aprova!"

Em setembro de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "Quem prova, nem sempre aprova!" em que a Magali arruma confusão em querer tomar várias amostras grátis de sorvete que o supermercado estava oferecendo. Com 6 páginas, foi história de abertura publicada em 'Magali Nº 138' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Magali Nº 138' (Ed. Globo, 1994)

Magali está comprando balas no supermercado quando vê a atendente Dona Odete chamando pra provarem amostra grátis do sorvete "Gelabom". Magali aceita, Odete dá um sorvete de rum com jaca, Magali quer mais, Odete dá a amostra, avisando que o certo é um copinho por pessoa. Depois, Magali volta para o final da fila para conseguir outra amostra, Odete diz que já deu duas amostras e agora chega, são ordens do chefe. Magali diz que é tão pouquinho que nem dá para sentir gosto do sorvete, é regulagem, aí Odete dá outro copinho, avisando que é o último.

Depois, Magali se disfarça com esfregão na cabeça para pedir mais uma amostra. Odete dá uma, mas desconfia. Magali ainda se disfarça mais três vezes com apetrechos do supermercado e na última, Odete arranca o disfarce dela e chama o gerente Afrânio. Quando voltam, veem Magali tomando todo o sorvete no pote original.

Seu Afrânio tem ideia de Magali fazer publicidade para eles e avisa que ela pode tomar o sorvete que quiser, é só dar uma opinião sobre ele. Assim, manda chamar câmeras para gravar o comercial e na hora, Afrânio pergunta, diante das câmeras, por que Magali tomou tantas amostras do sorvete "Gelabom" e ela responde que é ruim para caramba, mas de graça até injeção na testa. No final, Afrânio e Odete saem correndo furiosos atrás da Magali pela rua para bater nela e Magali fala que desconfia que o que eles querem dar agora não é amostra.

História curtinha para padrão de abertura e muito divertida. Magali não se contentava tomar só uma amostra grátis do sorvete que o supermercado estava oferecendo e faz de tudo para tomar outras amostras. Após o gerente descobrir, deseja que ela faça a publicidade do sorvete, só que não contava que a Magali seria sincera demais dizendo que é ruim, mas tomava porque era de graça.

Magali não entendia que amostra grátis é uma tática do supermercado de oferecer só um pouco do produto para cada pessoa que possa provar como é e incentivar comprar o produto completo se gostar. Não daria só uma pessoa tomar várias amostras que até não sobraria par aos outros. Ela que comprasse o sorvete se queria tomar mais, a atendente até foi legal com ela, mas tudo tem limite. Os pais não dão limite à filha e dá nisso de passar vergonha no supermercado.

O gerente Afrânio tinha que ter orientado o que ela devia dizer no comercial, pelo visto imaginava que a Magali queria sorvete porque era gostoso, não contava que ela ia dizer aquilo. Teve sorte que não foi transmissão ao vivo, se quisessem podia gravar de novo com as devidas orientações, mas por causa da sinceridade dela contra o sorvete, não quiseram conversa, não mereceria sorvete, e, sim, surra, até por causa do prejuízo que já tinha dado antes, afinal, foram 7 amostras que ela tomou, fora o pote do sorvete quando ficou sozinha no momento que a Dona Odete chamou o gerente.

Mostrou que a Magali tem coisas que não gosta, mas come porque o negócio dela é comer, seja o que for, não pode ficar sem comer por muito tempo e come qualquer coisa por compulsão mesmo se não gosta do paladar. Foi engraçado ver Magali pegando uma amostra de sorvete atrás da outra, pessoal da fila com cara feia com a atitude dela e, principalmente tomando o pote todo, os disfarces da Magali para enganar a atendente e o final rachar de rir. Interessante darem sorvete de rum para criança por ter bebida alcoólica, deveria ser oferecido só para os adultos do supermercado. Também sempre era legal a  autonomia das personagens crianças irem sozinhas em supermercados, cinemas, etc, sem os pais ou adultos, rendiam ótimas histórias assim.

Os disfarces que a Magali fez pareciam situações de desenhos animados como Pernalonga, Pica-Pau, Manda-Chuva, Scooby Doo, por exemplo, que se disfarçavam para se livrarem de perigo ou tirar proveito de algo, eles se inspiravam em desenhos para fazerem histórias. O sorvete "Gelabom" foi paródia do sorvete "Kibom". É incorreta atualmente por egoísmo da Magali de querer todo sorvete para ela, criança tomar sorvete de rum e ir sozinha em supermercado, adultos quererem bater na Magali, poderiam também implicar com orelhão por ser algo mais datado, se fosse hoje, o Afrânio ligaria através do celular dele. 

Os traços ficaram bons, típico de histórias dos anos 1990. Teve erro da Odete aparecer sem lábios com batom em alguns quadrinhos. Vale destacar que a partir de setembro de 1994 começou o "3D Virtual" nos gibis da Turma da Mônica, que marcou época. Primeiramente em capas como essa da 'Magali Nº 138' e a partir de novembro daquele ano em histórias também. Consistia de desenhos repetidos que adotando a técnica indicada dava para ver as imagem em profundidade virtual como se tivessem saindo do papel. Então, o "3D Virtual" está completando 30 anos também este mês, mais detalhes dessa técnica, pode ver AQUI. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Cascão: HQ "O Cara-Mole"

Mostro uma história em que o Cascão teve rosto molengo permitindo que modelassem da firma que quiser após ter ficado em uma invenção de um cientista. Com 15 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 101' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Cascão Nº 101' (Ed. Globo, 1990)

Na indústria "Kabum", o chefe do cientista Policarpo manda jogar fora a sua experiência nova, não quer gastar verba da empresa com coisas inúteis. Policarpo conta que a fórmula dele vai revolucionar o mundo dos brinquedos, o chefe fala que vai é arruinar e manda jogar fora o barril todo. Policarpo joga fora em um terreno abandonado perto da empresa e lamenta pelo desperdício da fórmula.

Depois, Cascão aparece ali, vê a fórmula do Policarpo, se joga nela pensando que era lama e se diverte muito. Passa a mão no rosto para tirar o excesso da lama e para turma não pensar que ele era um porquinho, e a surpresa que realmente ficou com cara de porco e ele não percebeu. Cebolinha se espanta que Cascão virou um porquinho. Cascão acha um exagero só porque ele tomou um banho de lama. 

Cebolinha leva Cascão para se ver no espelho e se assusta, afinal, de manhã estava normal. Cebolinha diz que foi por causa da mania dele de não tomar banho só podia dar nisso e ao pôr mão no nariz do Cascão, afunda. Cascão manda arrumar, Cebolinha estica e piora, fazendo o amigo parecer o Pinóquio. Cebolinha conta que a cara do Cascão está mole que nem massa de modelar e recomenda irem ao médico, mas antes quer modelar a cara como era antes para ninguém se assustar.

Cebolinha deixa Cascão como uma caricatura que faz no muro e Cascão reclama que ele sempre foi um péssimo desenhista e escultor. Cascão tenta conserta, quando a Mônica aparece. Cebolinha disfarça e tenta esconder o Cascão. Mônica quer saber o motivo de se esconder e pensa que é um plano infalível contra ela. Quando Cascão mostra o rosto, está com a cara do ator "Tôni Bamos" (Tony Ramos).

Mônica diz que isso é coisa típica do Cebolinha de esconder "Tôni Bamos" dela e vai embora com o Cascão para mostrar o seu ídolo Tôni para suas migas e repara que na TV ele era bem mais alto e que está um cheirinho ruim por ali. Cascão reclama que está com problemão e a Mônica não larga do pé e resolve mudar a cara de novo para dar maior susto da paróquia nela. Quando apresenta para as amigas, ele estava com a cara do cantor "Flavio Junior" e Magali, a amiga e as mulheres do bairro avançam nele e Mõnica diz que jurava que era o "Tôni Bamos".

Cascão modela uma cara de monstro e as mulheres saem correndo. Mônica pergunta quem é ele e pelo cheiro descobre que é o Cascão, que cria outra cara de monstro. Mônica tenta modelar e faz um coelhinho e Cebolinha diz que parece um burro. Cebolinha fala que não é hora de fazer coelhinho na cara do Cascão, mais legal fazer um marciano. Em seguida, Mônica faz uma chaleira e depois Cebolinha, uma caricatura da Mônica, que fica braba e corre atrás do Cebolinha.

Cascão manda acabarem com a palhaçada e prestarem atenção neles. Mônica e cebolinha o levam para o Doutor Paulo Meximuda, que diz que entende bem em querer fazer plástica, se ele tivesse aquela cara horrível faria o mesmo e a irmã gêmea poderia aproveitar para fazer também. Já o carequinha não tem solução, não fazem implante de cabelo. 

Mônica fala que o Cascão está com cara mole, dá para fazer qualquer coisa com ele. O Doutor examina e diz que alguma coisa alterou a estrutura dos tecidos dele e agora é como se fosse de massa e não pode operá-lo porque mesmo se reconstruísse o original, no primeiro toque mudaria de novo. Então, sugere dar um emprego ao Cascão na clínica, de mostruário vivo para mostrar aos clientes exatamente de como ficariam após a operação e a turma vai embora.

Cascão conta que se ele conseguisse moldar a cara de novo, era só não mexer nunca mais. Ele tenta e modela a cara da Xuxa. Ele desmancha e na hora aparece o cientista Policarpo e acha maravilhoso. Cascão conta que tomou banho de lama perto da Fábrica "Kabum" e Policarpo explica que aquilo era um super creme mutante, sua invenção para tornar mutáveis os rostos das pessoas, era para ser lançado no mundo dos brinquedos, mas o patrão não quis, e se enjoassem da brincadeira, era só lavar o rosto para tirar.

Cascão chora porque nunca vai voltar ao normal porque ele nunca lavou o rosto. A turma revela lado bom que ele pode assustar as pessoas e trabalhar na TV ou no circo, Cascão vai chorar com rosto colado na árvore e para sua surpresa a lava limpa o rosto, tira a invenção e volta ao normal. Cascão fica feliz e vai embora com os amigos. Policarpo diz que se tivesse cara como a dele, não ia querer voltar ao normal e não sabe porque desprezam a invenção dele, tem mil e uma utilidades. Assim, na hora de encontrar com sua namorada, Policarpo usa sua invenção para ficar bonito e ela elogia que ele é um gatão.

História muito engraçada em que o Cascão fica com rosto molengo após ficar na invenção do cientista pensando que era lama. Também nem para reparar que a consistência da tal lama estava diferente,  mais cremosa. O rosto podia ter a forma que quiser esculpindo como uma massa de modelar. Cascão passou vários sufocos e depois descobriu que resolveria o problema se lavasse o rosto, mas como se recusava a se molhar, ficaria condenado a ficar com cara mole para sempre se não fosse suas lágrimas para tirar a invenção da cara.

Coitado do Cascão passar por isso, se soubesse que aquilo não era lama, nem tinha entrado. Se a Marina existisse na época, o Cascão teria o problema resolvido porque ela seria a única que poderia modelar o verdadeiro rosto dele. Foi desesperador para ele de voltar ao normal só se lavasse o rosto, as lágrimas foram salvadoras. Não tinha padrão na questão de lágrimas, as vezes nem saíam quando o Cascão chorava, outras vezes saíam, mas ele ligava que podia se molhar com ela, outras vezes nem ligava, variava de acordo como seria melhor para o roteiro. 

Vimos que a invenção só funcionava no rosto porque senão o Cascão poderia ter todo o corpo modelável por ter ficado todo nela. Policarpo não disse no início como era fórmula que ia revolucionar, aí a gente viu na prática como era só depois que o Cascão mergulhou nela. Dessa vez a transformação foi através de uma cientista e não por causa de magia de uma bruxa ou fada. Essas eram as formas que podia acontecer transformações com personagens. 

Policarpo falou que o Cascão era feio, mas ele também era, mas se salvou ao usar a invenção. Realmente seria muito bom se existisse uma invenção assim, não teria mais gente feia na Terra, não precisaria mais clínicas de cirurgias plásticas e seria uma ótima brincadeiras para crianças. Como o patrão não aceitou, Policarpo poderia ter mostrado sua invenção para outras empresas sem ser a que ele trabalha. Policarpo até lembra o Zé Luís com cabelo mais claro e apareceu só nessa história, o que era normal de personagens criados para aparição única. Ficou na imaginação como era a cara do patrão do Policarpo já que mostrou só a voz saindo do prédio da fábrica.

Todas as transformações na cara do Cascão foram divertidíssimas, uma melhor que a outra e de rachar de rir, ele como Mônicafoi ótimo. Mônica, as meninas e mulheres foram bobas de acreditarem que Tony Bamos e Flavio Junior iam estar no Bairro do Limoeiro, estava na cara que não era eles, aliás, muito engraçadas as caracterizações como os artistas, teve paródias também nos nomes do ator Tony Ramos e do cantor Fabio Junior. Vimos que a Mônica gostava mais do Tony Ramos por ser retratada como noveleira. E ainda teve referência à Xuxa quando Cascão modelou a cara dela.

Foi engraçado ainda tiradas como  Policarpo achar duro cientistacomo ele trabalhar oara gente sem imaginação, Cebolinha dizer que só poderia dar nisso se transem porco de verdade por Cascão não tomar banho, as brincadeiras dos amigos modelarem cara do Cascão sem se preocupar em com o que estava enfrentando , o doutor zoar todo mundo com suas aparências e querer dar emprego de mostruário vivo ao Cascão. Poderia ter aceito o emprego, pelo menos ganhava uma graninha.

Os traços bonitos, com direito a curva nos olhos quando tinham excesso de raiva,pena, etc, e sem fundo branco nos olhos. Incorreta atualmente por causa dos  excessos de absurdos, Cascão dentro na lama, apesar de não ter sido lama de fato, ele se sujou e fez apologia como se fosse uma e gostar muito, as crianças com autonomia de irem à clínica sozinhas sem adultos juntos. Também são proibidos a  palavra "Droga!" assim como expressões populares e que também dão duplo sentido, tipo "Como é duro", "não dê bola", chamar alguém de "gatão", etc, e que não estejam de acordo com a norma culta da escrita como "arrumar ele". Tudo isso alterariam hoje.

sábado, 21 de setembro de 2024

Cebolinha: HQ "A travessia"

Em setembro de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "A travessia" em que o Cebolinha tem que passar do banheiro para o quarto sem que a Mônica e a sua paquera Juliana, que estavam na sala, o vejam pelado. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 93' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Cebolinha Nº 93' (Ed. Globo,1994)

Cebolinha está tomando banho quando a mãe, Dona Cebola, avisa que tem visita na sala para ele. Cebolinha fica chateado por ser bem na hora do banho, acha que deve ser o Cascão por terem marcado jogar bola e chegou mais cedo. Cebolinha vê que não tem toalha e nada para se secar e resolve ir pelado até o quarto e o Cascão não ia ligar de vê-lo pelado, quando vê que era a Juliana, a menina mais fofa da rua, junta com a Mônica, a menina mais forte, e não pode passar pelado pela sala até o quarto.

Mônica reclama da demora do Cebolinha e quer  voltar mais tarde e Juliana quer ficar esperando porque já estavam lá. Mônica não sabe por que ela faz tanta questão de falar com o moleque bobo, Juliana diz que acha o Cebolinha um amor de garoto e Mônica fala que tem gosto para tudo. Juliana elogia que ele é sensível, educado, inteligente, gatinho, etc, deixando Cebolinha nas nuvens e Mônica pergunta se ele é tudo isso, por que está deixando elas esperarem. Juliana acha que aconteceu um imprevisto e vai explicar tudo quando chegar.

Cebolinha tem que dar um jeito de aparecer logo, tem ideia de passar correndo pela sala e elas nem vão notar que estão pelado, mas imagina que elas viram com a decepção da Juliana e a Mônica dando soco de vergonha que viu. Cebolinha diz que é uma encrenca, se pergunta o que pode ser pior, quando ouve Juliana que está com vontade de ir ao banheiro e Mônica querer levá-la até lá. Quando elas vão para lá, Cebolinha disfarça que é uma estátua de anjinho peladinho. Mônica acha que é esquisito, Juliana acha que parece o Cebolinha com o nariz pequenininho e Mônica diz que o nariz pequenininho e o resto também.

Cebolinha tenta aproveitar para sair dali, mas Mônica volta logo e ele fica em outra posição. Mônica estranha a posição diferente e acha que nem é estátua e quando vai tocar, Juliana sai do banheiro e elas voltam para a sala. Mônica acha que o Cebolinha está fazendo elas esperarem de propósito, Juliana aposta que ele vem em 5 minutos e Mônica aposta que se não chegar dentro desse tempo, é provado que é um moleque.

Cebolinha acha que agora é questão de honra, vai ao banheiro e sai pela janela, dar a volta pela casa do lado de fora e entrar pela janela do quarto dele. Além do sufoco que passa como quase ficar entalado na janela, cair com bunda no chão e força para abrir janela do quarto, várias mulheres e meninas o viram pelado na rua.

Chegando no quarto, troca de roupa, passa perfume e vai ao encontro da Juliana, faltando segundos para acabar o prazo da aposta. Mônica reclama que esperaram por 2 horas, Cebolinha se desculpa porque estava se arrumando para ver meninas tão lindas. Juliana confirma que ele é sensível, educado e inteligente e diz que ia tomar sorvete com a Mônica e pensou em convidá-lo. Cebolinha aceita e eles vão para a sorveteria. Mônica estranha que a estátua não estava mais ali, Cebolinha diz que a mãe deve ter tirado e afirma que a Mônica gostou daquela estátua. 

Cebolinha fica aliviado que se livrou de uma situação superchata quando, em frente a casa, várias mulheres e meninas estão furiosas, o chamando de carequinha sem-vergonha, que pulou a janela pelado e que saiu correndo nu em frente aos olhos inocentes da sua filha. Dão vassouradas nele e depois Mônica dá uma coelhada na cabeça dele, dizendo que agora lembra de uma estátua de anjinho pelado e o chama de desaforado, e Juliana vai embora chorando e decepcionada.

Cebolinha fica irritado, dá pulos se perguntando o que mais falta lhe acontecer, quando a bermuda rasga a costura, ficando com cueca a mostra. No final, fica atrás de uma moita em frente a sua casa até de noite, esperando que ninguém mais passe pela rua para só assim poder voltar para casa.

História muito engraçada em que o Cebolinha tinha que ir pelado do banheiro ao seu quarto para colocar roupa só que não contava que a Mônica e a Juliana, menina que estava apaixonada por ele, estavam esperando na sala. Passa vários sufocos para elas não o verem nu até ter ideia de passar do banheiro para o seu quarto pelo lado de fora da casa. A princípio consegue, mas não sabia que várias mulheres e meninas tinham visto pelado na rua, ficaram constrangidas e deram vassouradas nele bem na frente da Mônica e da Juliana. No final, fica sem a Juliana e ainda rasga a bermuda e tem que ficar escondido atrás da moita até ninguém na rua passar e não ter outra vergonha.

O Cebolinha se deu muito mal dessa vez, apanhar de todo mundo e ainda ficar sem namorada e ficar horas na rua para não passar outra vergonha com bermuda rasgada. Ele tinha que ter levado para o banheiro a roupa que ia se trocar após o banho, independente de ter visita ou não em casa, se tivesse levado roupa, nada disso teria acontecido. Nem precisava ficar na moita só porque a bermuda rasgou, para quem andou pelado na rua, andar de bermuda rasgada era nada, fora que ainda estava de cueca, nem é vergonhoso isso. 

Cebolinha vive xingando que a Mônica é gorducha, mas vimos que ele é bem gordinho também, a ponto de até ter dificuldade passar pela janela do banheiro. As mães na história não deviam implicar só porque o Cebolinha estava nu, era só uma criança, tinha nada de atentado ao pudor e que pudesse traumatizar as filhas delas de ter visto. Até lembra o politicamente correto de hoje, só que agora com uma proporção muito maior do que essa história. 

Deu uma impressão que a Mônica estava com ciúmes da Juliana interessada pelo Cebolinha, estava com cara braba e tempo todo falando mal dele na frente da amiga, principalmente quando ela o elogiava, para ver se ela desistia do Cebolinha. A Juliana apareceu só nessa história como de costume em personagens secundários. Absurdos como Cebolinha aparecer seco de um quadrinho para o outro, das meninas não ouviram quando ele estava falando ali do corredor ao lado da sala e não terem reconhecido que era o Cebolinha como estátua e a Mônica ter um relógio de pulso a tiracolo em um só quadrinho para cronometrar a aposta que fez com a amiga e sumir a partir do quadrinho seguinte deram um charme a mais.

Foi engraçado ver o Cebolinha flutuando com os elogios e cair ao ver a realidade, diálogos como Juliana dizer que Cebolinha era um amor de garoto e a Mônica responder que tem gosto para tudo, Cebolinha imaginar como seria se ele fosse pego pelado, fingindo ser estátua,  ser acusadode atentado ao pudor e levar vassourada das mulheres. Agora a parte mais hilária é quando Cebolinha estava como estátua a Mônica dizer que o nariz é pequenininho e o resto também, foi de rachar de rir da Mônica ter maldade e reparar no pintinho dele. De curiosidade, a música que o Cebolinha cantou no banho no início da história  foi o seu tema do Disco (LP) da Turma da Mônica de 1987.

Essa história "A travessia" foi inspirada na clássica "Como atravessar a sala", de 'Mônica Nº 186' (Ed. Abril, 1985). Teve semelhança com a ideia central da anterior em que a Mônica flagra o seu paquera Reinaldinho na sala após ela sair do banho com toalha e tem que ir para o quarto sem que Reinaldinho, Cebolinha e Cascão a vejam, só que o desenrolar entre essas tramas ficam diferentes, inclusive o final em que na da Mônica são os meninos, as visitas da moradora, quem se dão mal e nessa do Cebolinha é o próprio morador da casa que não termina bem. As duas muito bem elaboradas e maravilhosas, mas achei mais engraçada essa do Cebolinha. As histórias da MSP não têm cronologia e são como que tudo acontece pela primeira vez, mas se não fosse, até pode dizer que essa de 1994 fica uma vingança da Mônica por causa do Cebolinha ter levado o Reinaldinho na casa dela em 1985.

É completamente impublicável hoje em dia por aparecer o Cebolinha pelado quase toda a história, iam dar em cima achando que é pornografia infantil, mesmo sendo só uma criança, além do Cebolinha levar vassourada, coelhada explícita, aparecer surrado, com galo na cabeça e com olho roxo, Juliana apaixonada pelo Cebolinha, envolver namoro e paquera entre crianças, a fala da Mônica dizer que o nariz pequenininho e o resto também. O Cebolinha trocar "R" pelo "L" em pensamentos também é errado pelo povo do politicamente correto e atualmente mudariam as falas com ele pensando certo.

Os traços ficaram encantadores do estilo clássico dos personagens, o Cebolinha em maior parte do tempo com dentes a mostra quando fica em situação de perigo deixou muito engraçado é característica de histórias da Rosana Munhoz, pelo visto quis dar a sua versão para história da Mônica de 1985. Teve erro do olho do Cebolinha com fundo da cor da pele e sem ser branco no 6º quadrinho da 10ª página da história (página 12 do gibi). Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Tirinha Nº 108: Magali

Nessa tirinha, Magali ouve no beco uma criança que estava com seu pirulito sendo roubado, aí ela vai lá, não para tentar impedir, mas pra disputar com o ladrão o roubo do pirulito. Definitivamente Magali era capaz de tudo para comer, até ser assaltante de pirulito era possível. Coitada da criança que foi assaltada por dois ao mesmo tempo e fica na imaginação como era o ladrão, qual dos dois roubou o pirulito ou se conseguiram de fato e se o assaltado era um menino ou uma menina. Muito boa.

Essa é completamente impublicável hoje em dia, não só por envolver bandido, como também a própria Magali ser uma ladra. Foi a primeira tirinha que a Magali teve crédito dela, já que não tinha gibi próprio e normalmente o crédito no alto era fixo da personagem titular do gibi, no caso, seria da Mônica, mesmo se ela não aparecia ou se não fosse piada sobre ela.

Tirinha publicada originalmente em 'Mônica N° 59' (Ed. Abril, 1975).

domingo, 15 de setembro de 2024

HQ "Rock In Bidu"

A nova edição do "Rock In Rio" no Brasil começou no dia 13 de setembro e, então, mostro uma história em que o Bidu teve sua historinha invadida para ter um festival de Rock lá. Com 5 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 73' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Cascão Nº 73' (Ed. Abril, 1985)

Dois empresários aparecem na história do Bidu comentando que ali era lindo, maravilhoso e um local ideal para o festival de Rock que estavam produzindo, e melhor que cantores poderiam desafinar a vontade porque estavam em uma história em quadrinhos e ninguém ia perceber. Eles saem para tentar alugar o espaço e Bidu aparece, estranhando que a história estava começando e pergunta o que aqueles dois estavam fazendo ali. Em seguida, pedreiros fazem construção da casa para o festival até o meio da página e depois de pronta, aparecem a plateia, com bastante metaleiros, fazendo fila para entrar no festival.

Bidu entra e vê as atrações internacionais, os seguranças querem ver as credenciais dele, Bidu pergunta por que queria uma e os seguranças expulsam, chutando o Bidu para fora, tratado como um Bugu da vida. Bidu espera o festival acabar do lado de fora, a plateia sai aos poucos bem louca, os empresários saem cheio de grana, mas dizendo que tiveram o maior prejuízo. No final, Bidu fica feliz em ter sua historinha de volta e uiva para a Lua para comemorar.

História legal, do tipo de metalinguagem, idealizada como homenagem ao primeiro "Rock In Rio" de 1985. Empresários alugam a historinha do Bidu para criar um festival de Rock contra a vontade dele. Depois da sua historinha ter sido invadida, Bidu preferiu fazer apresentação de uivar para a Lua, afinal para cachorro, melhor música é o uivo para Lua, sobrou pra Lua ouvir e aturar a desafinação do Bidu. Pelo visto quem negociou o aluguel da historinha do Bidu foi o Mauricio de Sousa, apesar do Bidu ser o chefe das suas histórias, mas o dono do espaço do ambiente é do Mauricio e da MSP e por isso o Bidu não sabia o que estava acontecendo lá antes de entrar. 

Mostrou todo o preparo para o festival de Rock desde a ideia de onde seria o local para realizar, a construção do palco, entrada do público, os shows dos roqueiros, expulsão de penetras, plateia atordoada após os shows e enriquecimento dos empresários e idealizadores do evento. Tudo de forma ágil e bem rápida, só como forma de homenagem e permitir roteirista fazer suas críticas ao festival. Até o logotipo imitaram no estilo do "Rock In Rio" verdadeiro, ficou muito bom. 

As bandas e cantores aparentemente não foram paródias dos que se apresentaram na época, foi apenas para mostrar que tinha apresentações de bandas de Rock, com exceção do que estava prestes a devorar um morcego que foi referência ao Ozzy Osbourne. Só errou em ter sido em casa de show, local fechado já que o Rock In Rio é em local a céu aberto.  Pode ser porque foi para ter a ideia melhor do Bidu ser chutado e ficar depois do lado de fora. Aliás, Bidu sentiu como o Bugu se sentia ao ser chutado pelos seguranças, Bugu deve ter se sentido vingado se soube disso.

Foi engraçado ver tiradas como cantores poderem desafinar porque estão em uma história em quadrinhos e ninguém percebe, a construção da casa de show em meia página, mas na realidade mostrando construindo tudo em um quadrinho, plateia exótica chegando, a paródia do nome cantor Raul Seixas como "Saul Seixas", Bidu chutado e dizer que foi tratado como um Bugu qualquer da vida e os empresários cheios da grana, mas ainda dizerem que tiveram prejuízos, como clara crítica que organizadores de festivais assim só querem lucrar. Legal também a história ser protagonizada só por cachorros, o que era comum nas histórias do Bidu de terem cachorros humanizados, exercendo funções que seriam de humanos. 

A história deve ter sido roteirizada em janeiro,  bem quando teve o festival, e só conseguiram encaixar em gibi no mês de maio. Os dois primeiros "Rock In Rio" (1985 e 1991) tiveram histórias em homenagem, respectivamente essa do Bidu e a do "Rock In Ferno" com a Turma do Penadinho, de 'Cascão Nº 124', de 1991. Já as outras edições do festival não tiveram histórias especiais, no máximo pode ter citado, mas sem ser o foco principal. Hoje o "Rock In Rio", prestes a completar 40 anos em 2025, está muito mudado, quase não em Rock, na edição deste ano só 2 dias reservados para Rock e sem Heavy Metal, menos artistas internacionais no geral e no lugar tem muito funk, pagode e até sertanejo, inclusive um dia só para artistas nacionais, descaracterizando o festival, cada edição piora.

Os traços desta história do Bidu ficaram ótimos, típicos de histórias de miolo dos anos 1980 e já na fase de traços consagrados dos personagens. Incorreta atualmente por não ser apropriado show de Rock em gibi infantil e elementos como Bidu sendo chutado. Foi republicada depois em 'Almanaque da Mônica Nº 48' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 48' (Ed. Globo, 1995)

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Mônica: HQ "O homem que veio de longe"

Mostro uma história em que um mago quer roubar o Sansão da Mônica para dar para a filha do Rei que estava doente.  Com 10 páginas, foi história de abertura publicada em 'Mônica Nº 24' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Mônica Nº 24' (Ed. Globo, 1988)

Em um reino do passado, aparece um feiticeiro para salvar a filha do Rei que estava muito doente. O Rei, desacreditado na cura da filha, deixa o Mago Merlão entrar, apesar de já ser o décimo a tentar, um a mais ou a menos não vai fazer diferença. Merlão quer o peso do Rei como recompensa porque é mais gordinho e o Rei o leva até ao quarto da filha.

No quarto, Merlão faz feitiços, palavras mágicas, tomar poção que é capaz até pedra ficar de pé e nada resolve. Até que a menina começa a falar que quer o coelhinho azul que viu no sonho. O Mago estranha já que nunca viu coelhinho azul e invoca seus poderes ocultos para saber onde acha e vê a visão da Mônica com o Sansão e acha que é feio e encardido. Como é o único azul que existe e pensando na grana, resolve ir para o futuro buscar o Sansão para a filha do Rei.

Chegando em 1988, o Mago Merlão surge diante de um motoqueiro em alta velocidade, que desvia e bate em um poste. Merlão acha que a moto é um cavalo esquisito perigoso que não tem arreio, depois vê um avião achando que é um pássaro enorme e barulhento e não admira ter coelhos azuis naquele mundo. 

Em seguida, pergunta ao Cebolinha uma informação e ele diz que não sabe de festa a fantasia ali. Merlão diz que não está fantasiado, Cebolinha pergunta se vai à reunião anual dos bruxos, o Mago fala que foi mês passado e quer saber sobre um coelhinho azul. 

Cebolinha conta que de azul só o coelhinho da Mônica e por pensar que o Mago não gosta dela, o ajuda a pegar o Sansão, desde que deixe dar uns nós nele. Depois, avistam a Mônica brincando com o Sansão, Cebolinha tenta pegar de fininho e entrega ao Merlão, que leva surra junto com o Cebolinha e ainda Mônica dá nó na barba dele. 

Merlão fica furioso, ninguém pode fazer mal a ele e lança uma ave gigante para atacar a Mônica, mas a Mônica a derruba com uma coelhada. Merlão concentra todos os seus poderes para conseguir o coelho e faz o Sansão se transformar em um monstro gigante perigoso. Primeiro ele grunge e depois de transformado, persegue a Mônica, que fica com medo e não quer mais saber dele. Merlão faz o Sansão voltar ao normal e o leva para o passado. 

No Reino, a menina fica saudável e feliz com o coelhinho azul e Merlão vai pegar a recompensa do peso do Rei em ouro, com o manto, a coroa e tudo. Os anos passam, a Princesa vai crescendo, até ficar adulta e conhece um Príncipe e joga o Sansão no baú. Depois do casamento, se mudam para outro reino, o baú cai da carroça e Sansão fica na estrada. Passam-se os anos e séculos e Sansão fica sempre ali quase enterrado até que em 1988 a Mônica, chorando que nunca será a mesma sem o Sansão, o encontra e termina com ela feliz que reencontrou logo o seu coelhinho.

História legal em que o Mago Merlão vai para o futuro buscar o Sansão da Mônica para tirar a filha do Rei de depressão por querer um coelhinho de pelúcia azul. Merlão tem ajuda do Cebolinha para roubar o Sansão e Mônica até faz não conseguirem seus objetivos, mas com o Merlão transformando o Sansão em um monstro, consegue levá-lo para a filha do Rei. Quando cresce, ela não quer saber mais do coelhinho e na caída na mudança, Sansão fica enterrado por séculos até Mônica consegui-lo de volta.

O sonho da filha do Rei foi uma visão já que não existia coelhinhos de pelúcia azul na época dela. Cebolinha tinha interesse em Merlão ficar com o Sansão para poder conseguir derrotar a Mônica. Podemos perceber que o Reino no passado ficava no Bairro do Limoeiro, bem próximo do local onde a Mônica estava brincando com o Sansão, dá pra concluir que o Reino ficava exatamente de onde o Mago Merlão surgiu diante do motoqueiro, foi parar onde ele estava só que no futuro. Tanto que depois que o Mago levou o Sansão, a Mônica conseguiu recuperar poucos minutos depois. 

Foi engraçado ver o Merlão querendo a recompensa com o peso do Rei por ser gordo e mais pesado, o Merlão estranhando os veículos do futuro como moto e avião que não conhecia, o diálogo do Cebolinha pensar que o Merlão estava fantasiado, só descobrindo que era Mago de verdade depois, Merlão fazendo dupla com o Cebolinha para roubar o Sansão e até apanhar junto com o Cebolinha, Mônica bater no Merlão, um adulto, e na ave gigante e dar nó na barba do Mago. Era muito bons esses absurdos e explorações da força da Mônica. Narrador-observador, que representa o próprio roteirista, contando a história, principalmente nas de fábulas, sempre era legal. O nome do Mago Merlão foi uma paródia do Mago Merlin.

Foi legal também que foi uma mistura de fábula e realidade atual por causa da viagem ao futuro do Mago Merlão, não ficou restrita ao Reino de época. Antes de priorizarem Magali com histórias de fábulas depois que ela ganhou gibi próprio, histórias assim podiam ser com qualquer personagem, sendo com mais vezes com a Mônica e o Cascão. Inclusive, em 1988 e 1989, tiveram bastantes histórias de fábulas e ambientadas em outras épocas protagonizadas pela Mônica e pelo Cascão.

Incorreta hoje em dia por mostrar menina doente com depressão sofrendo para ter coelhinho, Mago Merlão quase ser atropelado e acidente do motoqueiro e estar sem capacete, Merlão surrado e Cebolinha com olho roxo com surra da Mônica, Sansão como monstro que podem achar que traumatiza crianças e fora a palavra "Diacho!" ser proibida atualmente.

Os traços ficaram muito bons, típicos de histórias da segunda metade dos anos 1980 e as cores nesse estilo com um rosa mais voltado para o roxo davam um charme a mais. De erro foi o olho do roxo do Cebolinha sumir depois da Mônica bater na ave, embora isso acontecia muitas vezes, considero mais absurdo de olho roxo recuperar rápido do que erro em si. Já o Merlão aparecer sem nó na barba no quadrinho com ele chamando o Sansão monstro e logo depois voltar a ter nó, foi erro mesmo.