quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Mônica: HQ "A Jovem Frankestônica"

Dia 31 de outubro é comemorado o Dia de Halloween e então mostro uma história que a Mônica trocou de corpo com um Frankenstein, assustando todo mundo e dando muita confusão. Com 12 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 102' (Ed. Abril,  1978).

Capa de 'Mônica Nº 102' (Ed. Abril, 1978)

O cientista Barão Francostim deseja trazer à vida o monstro Frankenstein que criou, sem sucesso, pede perdão aos seus ancestrais, quando vê que o medidor de ondas cerebrais estava a zero e por isso não podia viver e pergunta ao seu assistente Igor se não foi comprar um cérebro para o filho dele e responde que não encontrou no supermercado.

Barão Francostim planeja procurar alguém que empreste suas ondas cerebrais para ele, pensa no Igor, mas acha que deve existir gente mais inteligente. A campainha do castelo toca, era a Mônica, Igor atende e diz para ela que o Barão a espera. Mônica se espanta com o banquete oferecido na mesa e pergunta de que Barão ele era. Diz que é Barão Francostim, ela acha que já ouviu falar desse nome, mas deixa pra lá.

Mônica quer que ele compre voto para a eleger rainha da rua, tem que vender mais dez votos para poder concorrer no concurso e só conseguiu vender dois: para o Cebolinha e para o Cascão. Barão compra os dez votos e mostra o dinheiro e como ela vendeu todos os votos, senta na cadeira para beliscar o almoço. Nessa hora, o Barão aciona o mecanismo para passar a inteligência dela para o Frankenstein, aperta o botão e depois de transferir a inteligência, ordena que seu filho levante. 

O Frankenstein não acorda e Barão reclama que a menina dentuça é burra e, assim, a Mônica no corpo do Frankenstein dá soco neles, perguntando quem é dentuça e burra, diz que só por que comprou dez votos não têm direito para xingá-la e vai embora, atravessando a parede e estranhando que ali tinha uma parede. O Barão lamenta que a personalidade da Mônica também foi transportada para o outro corpo e manda Igor buscá-la.

Mônica fica feliz que pode participar do concurso, quando se depara com uma árvore, pensando que era um arbusto. Um homem vai pegar maçãs e se assusta com o monstro na árvore e sai correndo. Mônica estranha que ele correu. Depois, vê Cebolinha e Cascão com o Sansão, Mônica surge e os meninos se assustam e desmaiam e ela estranha, achando que foi como se viram um monstro. No concurso da rainha da rua, todos saem correndo quando a veem e ela acha que ganhou o concurso por terem deixado a taça lá e tinha ninguém concorrendo com ela.

Mônica vai contar a novidade para os pais, Seu Sousa quer que a filha lhe dê um beijo nele e vendo como monstro, os dois desmaiam. Mônica acha que os pais não gostam mais dela, estranha a epidemia de desmaios, os pais acordam e fogem mostrando cruz para ela. Há várias pessoas em frente à casa com clava com fogo na mão para acabar com o monstro que viram, Igor aparece na parte de trás da casa e leva a Mônica. 

O povo segue os dois até chegarem ao castelo. O Barão conta que quer desfazer tudo, foi um erro que cometeu, não adianta criar novas criaturas, a humanidade não aprendeu a aceitar nem as que estão aí, melhor desistir de experiências que ninguém compreende, melhor criar máquina que desentorta banana  ou transformar alface em escarola. 

O povo lá fora manda o monstro sair, surge a Mônica e estranha que era só uma menina com dentões como do monstro e acham que viram uma ilusão de ótica. O Barão ainda quer vender lembrancinhas de miniaturas de Frankenstein ou banana desentortada e eles não querem saber de vendedores que querem só encher saco. No final, já na casa da Mônica, Cebolinha e Cascão comentam o que a Mônica passou, mas veem que ela ficou só quase normal porque agora é fã Nº 1 de Frankenstein, com boneco, vários pôsteres, revistas e assistir seus filmes.

Uma história de terror sensacional e de excelente qualidade em que a Mônica troca de corpo com um Frankenstein que o cientista Barão Francostim criou através de ondas cerebrais dela. Não sabia que além da troca de corpo, o Frankenstein também herdaria a personalidade da Mônica geniosa, braba e briguenta. O povo da rua se assusta com o monstro e querem acabar com ela, o Barão faz Mônica voltar ao normal por conta de humanidade não estar preparada para novas experiências.

O Barão tinha que saber que naturalmente iria ter também a personalidade da Mônica ou de quem quer que fosse fazer a transferência de cérebro para o Frankenstein criar vida. Mônica não sabia que tinha trocado de corpo com o Frankenstein e foi legal as pessoas se assustando e ela não saber por quê. Com a transferência de cérebro, o corpo da Mônica ficou imóvel e o rosto do Frankenstein não devia assumir características da Mônica como cabelo e dentes, teria que ser o rosto como o Barão criou, só a personalidade ser dela, pelo visto deixaram assim para dar graça e reforçar que o Frankenstein era a Mônica. Ainda teve o Barão aprendendo lição sobre a humanidade, mostrou mensagem para os leitores de intolerância, pessoas que abominam tudo que é diferente, serviu recado a quem tem preconceitos e não toleram nada.

Foi engraçado absurdos e tiradas como ter um castelo mal assombrado como da Transilvânia no bairro do Limoeiro, o assistente achar que um cérebro é encontrado em supermercado, o Barão não querer fazer transferência com o Igor porque não era inteligente, fazer aparecer um banquete na mesa do nada e mudar de roupa de um quadrinho par ao outro, tanto para conversar com a Mônica quanto fazer a transformação, a Mônica não se ligar que era um Frankenstein, as caras das pessoas se assustando com ela, principalmente as do Cebolinha e Cascão quando a viram, e até desmaiando e o final da Mônica virar fã de Frankenstein, ser seu grande ídolo e ter tudo dele.

O concurso de rainha da rua foi no sentido de menina mais bonita e não ser dona da rua, coisa que ela já era. Mônica vendeu ingresso para o Cebolinha e para o Cascão, na certa foi na autoridade, na ameaça que se não comprassem, iam apanhar, coisa bem no típica da Mônica dos anos 1970. Interessante ver costumes da época dos anos 1970 com pai lendo jornal e mãe fazendo tricô, coisas que depois ficaram como comportamento de avós, principalmente tricô.

A história foi inspirada no filme "O Jovem Frankenstein" de 1974, um clássico do cinema. Deu para ver que as histórias em 1978 já estavam com uma linguagem mais informal no final dos anos 1970. Curioso que a Mônica dessa vez não falou "gozado!" quando dizia "engraçado!", apesar de já ter essa palavra nos gibis desde que começaram.  Incorreta atualmente por conta de absurdos de troca de corpos, capaz de acharem que as crianças ficariam traumatizadas com a Mônica como Frankenstein e o corpo da Mônica imóvel, sem vida, povo reunido querer jogar fogo nela, Mônica bater em adultos e com calcinha à mostra quando aparecia de costas, além de ser proibida a palavra louco nas revistas atuais provavelmente para não confundir com o personagem Louco.

Os traços ficaram espetaculares, com ar legítimo de história de terror de fato. Seu Sousa não aparecia muito nos anos 1970 e quando aparecia tinha traços nesse estilo, só a partir dos anos 1980 que o pai da Mônica dos quadrinhos passou a ter traços parecidos com a caricatura do Mauricio de Sousa. Teve erro assistente Igor com jaleco branco na 3ª página da história (página 5 da revista) e Mônica sem rosto amarelo na árvore diante do catador de maçãs no último quadrinho da 7ª página da história (página 9 da revista) . Não considero erro de meninos com cores de roupa trocadas ao se assustarem ao ver a Mônica Frankenstein no quarto quadrinho da página seguinte, pode ter sido de propósito no sentido de que de tanto medo que sentiram as cores das roupas deles se inverteram, situação semelhante que acontecia com desenhos animados da época.

Foi republicada em 'Almanaque da Mônica Nº 27' (Ed. Abril, 1985) e novamente depois em 'Almanaque da Mônica Nº 9' (Ed. Globo, 1988). Muitos Almanaques de 1988 tiveram republicações de histórias de 1978 e 1979 que já haviam sido republicadas em 1985 e 1986, 2 a 3 anos antes. Foi bom para quem começou a colecionar a partir de 1987 para conhecê-las, já quem acompanhou transição entre as editoras pode não ter gostado de reler tantas histórias que tinha lido há pouco tempo. 

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 27' (Ed. Abril, 1985)
Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 9' (Ed. Globo, 1988)

domingo, 27 de outubro de 2024

Capa da Semana: Magali Nº 270

Dia de "Halloween" chegando e então mostro uma capa em que a Magali trabalha como escultora de abóboras para as crianças fantasiadas levarem para a festa de "Halloween" que iam. Magali se mostrou uma excelente escultora, se tratando de comida ela é especialista em tudo que faz, as crianças só tiveram sorte de ela não comer as abóboras antes de esculpir.

Foi uma das raras capas da MSP com referência a "Halloween", uma das únicas, junto com as de 'Chico Bento Nº 88' (Ed. Abril, 1985) e 'Mônica Nº 196' (Ed. Globo, 2002). Apesar de capas com bruxas e monstros servirem, mas não tinham elementos que reforçassem e nem foram pensadas especialmente para a data. Também não tinham histórias sobre esse tema específico de "Dia das Bruxas", foram fazer mais a partir da Editora Panini.

A capa da Semana é de 'Magali Nº 270' (Ed. Globo, outubro/ 1999).

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

O Aniversário do Cebolinha: HQ "Um presente lambão"

Hoje, dia 24 de outubro, é o aniversário do Cebolinha e, então, mostro uma história em que o Cebolinha leva para casa um cachorro que viu na rua, dando muita confusão em sua festa de aniversario. Com 17 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 183' (Ed. Globo, 2001).

Capa de 'Cebolinha Nº 183' (Ed. Globo, 2001)

Dona Cebola confere que está tudo em ordem para a festa de aniversário do Cebolinha e vai comprar o presente de carrinho de bombeiro para o filho. Cebolinha chega e pergunta para a mãe se pode ficar com ele. Dona Cebola diz que já ele já havia pedido e está saindo para comprar, quando se depara com um cachorro dentro de casa.

Cebolinha fala que deu nome de Pitoco ao cachorro em homenagem ao Capitão Pitoco das história sem quadrinhos, que o pedido de presente era ele, que o cachorro o seguiu do campinho até ali, até por ter ficado jogando bolachinhas para ele. Dona Cebola diz que ele já tem o Floquinho, dois cachorros é demais, Cebolinha  fala que pode trocar o carrinho de bombeiro pelo cachorro com  presente de aniversário e Dona Cebola deixa até aparecer o dono.

Cebolinha espera que Pitoco não tenha dono e vai mostrar a casa para ele, apresenta para o Floquinho, dizendo que teria que dividir a casinha e os cachorros brigam. Cebolinha leva Pitoco para dentro de casa, Dona Cebola não quer porque os convidados do aniversário estão chegando, mas eles chegam naquele momento. Quando abre a porta, era Mônica, Cascão e Magali e Pitoco avança neles e lambe o Cascão.

A turma pergunta que cachorro é aquele, Cebolinha diz que ganhou de aniversário, quando Pitoco mija ao lado da mesa da festa. Cebolinha quer ajuda para limpar antes que a mãe veja, mas Dona Cebola chega logo e vê o xixi ali. Cebolinha dá desculpa que é guaraná e Dona Cebola manda o filho limpar. Em seguida, chegam os outros convidados e Pitoco os recepciona com lambidas no Franjinha.

Depois, começa a festa, Cebolinha manda Pitoco ficar ali enquanto guarda os presentes, depois que volta quer colocar música e dá falta do CD da "Britnei Espirro" (Britney Spears). Pitoco estava com o CD na boca e deixa todo babado. Então, vão ouvir o CD de cantigas de ninar do Ursinho Bilu que a Mônica levou e brincam de dança da vassoura: quando parar a música, trocam de par e quem sobrar fica com a vassoura.


Quando para a música, Pitoco ficou com a vassoura e vai derrubando tudo pela sala. Cebolinha tira a vassoura da boca dele e o deixa preso no quarto. A turma fica assustada com o "monstro" enquanto Pitoco latia no quarto. A turma reclama dos latidos e do nada ele para. Cebolinha vai conferir e vê Pitoco destruindo seus presentes. 

Em seguida, o cachorro vai atrás da turma para lambê-los, correm dele e derruba Dona Cebola que estava levando salgadinhos e refrigerantes. Pitoco se esconde na caixa de mágicas que o pai alugou para a festa e joga tudo na sala, aí além de cachorro, ficaram coelhos e pássaros pela sala e a turma desesperada.

A campainha toca, era Maria Cleuza, a dona do cachorro, estava triste que fugiu e por isso demorou para chegar. Na verdade, se chamava Rosquinha, Maria Cleuza vê, fica feliz e pergunta por onde ele andou. Cebolinha responde que só estava dando um auê dentro da casa dele e pode levá-lo e, assim, Maria Cleuza leva o Rosquinha.

Dona Cebola sente pelo filho, Cebolinha diz que no fundo preferia o carrinho de bombeiros mesmo. Dona Cebola fala que ligou par ao marido e ele vai comprá-lo. Seu Cebola chega com o presente, diz que o carrinho acabou e trouxe outro, um cachorrinho de corda e Cebolinha desmaia, pensando que era um filhote de cachorro que nem o Pitoco/ Rosquinha.

História legal em que o Cebolinha pede pra mãe um cachorro que viu na rua como presente de aniversário e passa sufoco na sua festa com o cachorro que era bagunceiro e lambe os convidados, faz xixi no chão, corre pela casa atrás dos convidados, derruba móveis e os presentes que o Cebolinha ganhou. No final, a verdadeira dona aparece, leva o cachorro e Seu cebola dá um presente de um cachorrinho de corda e Cebolinha desmaia, pensando que era um filhote de cachorro.

Se o Cebolinha soubesse como era o Pitoco, nunca teria cogitado de levá-lo pra casa. Cebolinha aprendeu lição de que não deve levar cachorro que não conhece para casa e ficou aliviado que tinha dona. Foi engraçado ver as peripécias do Pitoco na festa, apesar de bonzinho, queria brincar com todo mundo que parecia que estava atacando os convidados. O presente do Seu Cebola na caixa, o Cebolinha não deu pra ver que era boneco de corda, por isso pensou que era um filhote de cachorro de verdade. Se fosse de verdade, seria pior porque um filhote é mais arisco ainda.

Engraçado a Monica chamando o cachorro de monstro mesmo tendo o Monicão que tem comportamento bem semelhante que o Pitoco. Magali ficou preocupada se ele comia muito porque poderia comer toda a comida da festa e sobrar nada para ela. Cascão se molhou com a lambida, mas vimos que ele gosta de se molhar com lambida de cachorro, gosta também de suor, talvez por aspecto nojento, o que não gosta é de água limpa. 

Vimos também que o Cebolinha é fã da Britney Spears, não foi  a única vez que demonstrou interesse por ela, tiveram outras histórias depois com ele citando a cantora, sempre parodiada como Britnei Espirro. Legal também a rivalidade canina entre o Floquinho e o Pitoco, apesar de ambos serem bonzinhos, mas têm ciúmes e não gostam de outro cachorro na mesma casa. 

O Nimbus se interessou por mágica na festa porque já tinham mudado personalidade de que ele era o mágico oficial da turma, se o Pitoco não tivesse estragado a caixa de mágica, tudo indica que o Nimbus seria o mágico da festa. A Marina teve medo do Pitoco, algum tempo depois deixaram a Marina com característica de que tinha medo de cachorros, atualmente essa personalidade dela foi descartada.

Capitão Pitoco é um super-herói famoso de histórias em quadrinhos e desenhos animados ficcional da MSP  de quem os meninos eram fãs e já foi tema de histórias próprias a partir dos anos 2000, assim como o Ursinho Bilu, personagem ficcional de desenhos animados que a turminha assistia, também citado nesta história, presente a partir dos anos 1990. 

Tudo indica que a história foi escrita pelo Paulo Back e colocou a menina dona do cachorro chamada de Maria Cleuza, com uma função que seria da Denise, provavelmente para homenagear o roteirista Emerson Abreu e a história dele "O concurso das Denises", de 'Mônica Nº 160' (Ed. Globo, 2000), onde foi revelado que a verdadeira Denise se chamava Creusa Maria.

A história não foi uma ideia original, já tiveram outras histórias em que o Cebolinha e a Mônica levam cachorros de rua para casa e mãe que não quer cachorro em casa, a mais recente, até então, foi "Adivinha quem veio para morar?", de 'Cebolinha Nº 87' (Ed. Globo, 1994), sempre são divertidas histórias assim. Curioso que nesse gibi do 'Cebolinha Nº 183' tiveram duas histórias com cachorro lambão no mesmo gibi, essa de abertura e outra de miolo, só que com o Bidu sendo o cachorro lambão.


Foi bom que "Um presente lambão" teve uma piada final. Histórias de aniversário ou comemorativas atualmente não têm mais piadas finais, agora finais são só personagens juntos desejando feliz aniversário para o aniversariante, ficando repetitivo, quando a gente vê história comemorativa, a gente já sabe como é o final sem nem ler o gibi por dentro, fica cansativo. É incorreta hoje em dia por Cebolinha trazer um cachorro desconhecido de rua para casa e ainda obrigar a mãe a aceitar ficar com o cachorro e não ter um final feliz para ele justo no seu aniversário, além da Dona Cebola aparecer de avental na primeira página.

Os traços ficaram bons, mas já começando a dar diferença em relação aos dos anos 1990, já dando cara de estilo dos anos 2000. Mônica e Magali dessa vez apareceram de sapatos na festa por ser data especial, mas teve erro de elas aparecerem sem sapatos na antepenúltima e penúltima páginas da história. Curioso também o título de ter crédito como "Aniversário do Cebolinha" e não apenas "Cebolinha", era um costume que colocavam em histórias dos anos 2000 com esse tema, para enfatizar que era uma história de aniversário.

FELIZ ANIVERSÁRIO, CEBOLINHA!!!

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Chico Bento: HQ "Meu doce portuguesinho"

Em outubro de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "Meu doce portuguesinho" em que o Chico Bento fica com ciúmes e discute com um menino português pensando que estava dando em cima da Rosinha. Com 9 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 203' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Chico Bento Nº 203' (Ed. Globo, 1994)

Chico Bento pede uma paçoca na venda do português Seu Manuel, que continua limpando o copo sem vender para o Chico e diz que estava com a cabeça nas nuvens porque tem uns parentes que vieram visitá-lo. A paçoca é vendida, depois que sai, Chico comenta que Seu Manuel fala engraçado e que vai levar a paçoca para a Rosinha e dizer que a paçoca é que nem ela: doce, pura e sincera.

Chegando lá, vê a namorada conversando com um menino e fica com ciúmes. Chico dá bom dia e fala para Rosinha que trouxe uma paçoca, que é igual a ela: doce, falsa, fingida. Rosinha lhe apresenta seu amigo português, o Victor, sobrinho do Seu Manuel, que vai cumprimentar o Chico perguntando como está e Chico dá um tapa na mão dele, dizendo que está de pé. Rosinha manda Chico ter mais modos com o Victor que veio de Portugal, Chico pergunta quando ele vai voltar e Victor responde que de hoje a oito dias, se calhar e Chico pergunta se encalhar onde.

Rosinha diz que o Victor tem um jeito meio diferente de falar e estava ensinando umas palavras para ela. Victor conta que acha o Brasil "uma terra mui, mui gira", Chico não entende e pergunta se ele acha que são pirados. Victor fala que gira é o mesmo que bestial  e Chico dá um soco no olho do Victor por achar que o português chamou todos brasileiros de bestas. 

Rosinha explica que bestial em Portugal significa sensacional, incrível, maravilhoso e pergunta se Victor está bem. Ele diz que precisa de um "penso rápido" e Chico dá gargalhada que ele precisa aprender a pensar rápido para não falar besteira e apanhar. Rosinha fala que "penso rápido" em Portugal é curativo. Chico diz para o Victor que falam tudo errado e, se quiser, o leva para escola para aprender Português. Victor diz que fala Português muito bem, vem da terra de Camões e Chico fala que o que o poeta dele faz com as mãos, ele faz com os pés.

Victor acha que Chico passou dos limites e se preparam para brigar, dizendo que vai dar uma "tareia" e Chico, uma "bifa na orelha". Rosinha impede a briga, diz que os portugueses e brasileiros têm que ser amigos, foram os portugueses que descobriram o Brasil. Chico achava melhor que podia ter deixado coberto mesmo e diz que se quiser continuar sendo namorada dele, não  é para conversar com o Victor e, assim, Rosinha termina namoro com o Chico.

Nos outros dias, Chico fica escondido atrás da Rosinha e do Victor, aonde eles iam, ele ia atrás, Vê os dois comendo pastel de Santa Clara, especialidade de Portugal, na venda do Seu Manuel e Chico se convence que perdeu a Rosinha, imagina que um dia vão abrir uma padaria juntos, cada vez que for comprar pão será um sofrimento e pior Victor levar Rosinha para Portugal como navegador português.

Chico corre atrás da Rosinha, não querendo que isso aconteça, bem na hora que a Rosinha estava se despedindo do Victor, que estava voltando para  Portugal com a família. Rosinha diz que ele estava de férias, vai sentir falta dele, não por estar interessada, só é um amigo e gosta é do Chico e dar um beijo nele. No final, Chico fala que quem foi para Portugal, perdeu o lugar.

História engraçada em que o Chico vê o menino português conversando com a Rosinha e fica com ciúmes e ainda implica e debocha do jeito de falar do Victor e pensa que era outra coisa por causa da diferença do dialeto português. Passa várias mancadas até terminar namoro com a Rosinha, passando a imaginar várias coisas do futuro entre Rosinha e Victor e Chico só volta a fazer as pazes com a Rosinha no final depois que o Victor volta para Portugal.

Chico machista não aceitava sua namorada conversando com outro que pensava que estava sendo traído. E por não entender certas palavras que o Victor falava, partiu para briga. Foram engraçados os trocadilhos com dialetos diferentes como "calhar" em Portugal, pensar que é encalhar, "gira" pensar que é pirado,  "bestial", pensar que é besta, "penso rápido", pensar rápido para não falar besteira.  Mesmo quase perdendo a Rosinha, Chico não aprendeu a lição e continuou sendo machista, achando bom que o português perdeu a Rosinha para ele. Aliás, Rosinha já estava na fase de reclamar de tudo, sem paciência com o Chico e terminar namoro por qualquer coisa.

A história mostrou contraste entre a roça e Portugal e problemas de comunicação já que aparentemente portugueses têm língua parecida com os brasileiros, mas têm palavras que são diferentes e causam estranheza e confusão, como as palavras "gira", "bestial" e tantas outras. Só não mostraram tradução nos diálogos de "calhar" (acontecer) e "tareia" (surra), mas pelo contexto dava para os leitores entenderem, menos o Chico. Também vimos palavras caipiras também difíceis de serem compreendidas como "enrabichar" e interessante que até que o Victor entendeu bem o que o Chico falava em caipirês, o Chico que não entendia o português. Chico não sabia nem quem era Camões, dizendo o que o poeta faz com as mãos, ele faz com os pés, foi demais assim como dizer bife na orelha na hora da surra. Foi bom que a gente aprende o dialeto de Portugal e seus costumes se divertindo, sem deixar tudo didático.

Destaque também o Chico comparar Rosinha como paçoca, antes e depois de ter a visto com o Victor, imaginando adulto indo comprar pão na padaria dos dois e irem para Portugal como as "Grandes Navegações" e que preferia que o Brasil continuasse coberto. Mostrou também a cultura portuguesa como os famosos pasteis de Santa Clara e no início do Chico pedir paçoca e Seu Manuel continuando a limpar o copo, uma referência no sentido de que portugueses são literais, tipo, o Chico perguntou se tinha paçoca e Manuel disse que tinha e pronto, Chico não perguntou que queria comprar uma. Aliás, Seu Manuel parece com o Seu Quinzão, pai do Quinzinho. Victor e seu tio Manuel apareceu só nessa história, como de costume com personagens secundários de intenção de aparições únicas. 

Os traços ficaram bonitos da fase consagrada dos personagens, pena as cores mais fortes e mais escuras como estavam colocando no segundo semestre de 1994. Incorreta hoje em dia por ter namoro, chacota com portugueses, brigas, Chico dar soco no Victor, aparecer dentro da lata de lixo, ser machista, ciumento e xenofóbico, sem aprender nada no final, nem pedir desculpas por ter sido tão grosseiro o tempo todo, achando bom que o Victor perdeu o lugar da Rosinha. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

sábado, 19 de outubro de 2024

Revista Turma da Mônica Nº 400

A Revista "Turma da Mônica" atinge a marca histórica de 400 edições lançadas no Brasil neste mês de outubro de 2024 e nessa postagem mostro como foi essa edição que está nas bancas.

A Revista "Turma da Mônica" começou sendo chamada de "Revista Parque da Mônica" em janeiro de 1993. Com a inauguração do Parque no Shopping Eldorado de São Paulo naquela data e com mais roteiristas na MSP e consequentemente mais histórias produzidas e aprovadas pelo Mauricio de Sousa, foi criada essa revista, além das outras dos 5 personagens principais, até também como forma de divulgação do Parque. Consistia de uma história de abertura com os personagens no Parque da Mônica e as demais histórias normais que saíam nas outras revistas. Seguiu com esse título até a sua edição "Nº 165", de setembro de 2006, quando terminou o ciclo da Editora Globo. 

Ficou 4 meses fora de circulação e a partir de janeiro de 2007, quando foram para a Editora Panini, foi renomeada para "Turma da Mônica" e tinha uma faixa com subtítulo "Uma aventura no Parque da Mônica", ficando assim até a "Nº 44", de agosto de 2010, quando o Parque fechou. A partir da "Nº 45" do mês seguinte, ficou só "Turma da Mônica" como uma espécie de revista da Mônica com menos páginas e depois passaram a colocar também histórias de abertura do Cebolinha, do Cascão e da Magali, ficando assim até a segunda série da Panini (2015-2021). 

Atualmente, nesta terceira série da Panini, iniciada em março de 2021, estão focando colocar mais histórias de secundários da turma do Limoeiro, como Milena, Denise, Xaveco, Marina, André, etc, sendo quase todas as histórias de abertura são da Milena, e com menos presença possível de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, tanto nas de abertura quanto as de miolo, e também menos personagens secundários de outros núcleos como Penadinho, Tina, Astronauta, etc, nas de miolo. Então, como junta com a época do Parque da Mônica, a Revista Turma da Mônica, juntando todas as séries das editoras Globo e Panini, essa edição "Nº 65" da 3ª série da Panini é a verdadeira "Nº 400", levando 31 anos para atingir essa marca. É o último título de convencionais da MSP a alcançar essa marca, depois de Cascão, Chico Bento, Mônica, Cebolinha e Magali.

Verdadeira Turma da Mônica Nº 100 Até N° 400 [PMN #100 (G-2001), TM #35 (P-2009), #35 (P-2017), #65 (P-2024)]

Agora falando sobre essa edição, segue o estilo padrão que vem sendo este ano, quinzenal com 52 páginas, formato canoa, 8 páginas de passatempos e 1 página de seção de correspondências e custando RS 6,90. Tirando capas, contracapas, propagandas, passatempos e seção de correspondências, fica 35 páginas com histórias. Capa com alusão à marca histórica e um selo dourado das 400 edições e continua com contracapa sendo extensão da capa no lugar de uma propaganda  e colocando preços, códigos de barras, QR Code, selos, etc, tudo na contracapa. Em relação à distribuição, chegou aqui dia 9 de outubro. 

Foram 11 histórias no total, incluindo a tirinha final. A história de abertura comemorativa se chama "400: uma edição bombástica", escrita por Edson Itaborahy e com 12 páginas, em que na comemoração da revista "Turma da Mônica Nº 400", a Denise expulsa a Mônica e outros personagens da história por estarem ultrapassados, que quem tem conteúdo atualmente são personagens influenciadores e que ensinam como a Denise, a Milena e com alguma deficiência como o Luca, Dorinha, etc. Ficou um recado que Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali não estão com nada, sem identificação para os novos leitores e quem compra os gibis são por causa da Milena, Denise e afins e ninguém quer saber dos personagens clássicos. 

Bem ou mal retrataram uma realidade atual porque o público de hoje não gosta dos personagens incorretos com os bons costumes e são cancelados. Ninguém liga para menina invocada que bate em todo mundo, menino que troca letras, menino que não toma banho, menina comilona. Os bons são os que mostram representatividade, o público se interessa com os personagens que se identificam com eles na vida real, querem se ver nas histórias através dos personagens e não querem ver conflitos, absurdos, dar risadas e muito menos ver cenas politicamente incorretas.

Nesta história achei a Mônica muito amena, sem lutar por ter sido cancelada pelos leitores, sem discutir e brigar com a Denise e indo de boa para a sarjeta dos quadrinhos, mas como a Mônica está mudada do que era antigamente, então segue o padrão que ela se encontra atualmente. A história teve participação do Mauricio de Sousa, traços estranhos e, apesar de ter um carrossel na capa da revista, não teve nem citação ao "Parque da Mônica", que por 17 anos e 209 edições foram o tema desta revista. Bola fora.

O resto do gibi foram histórias curtas com vários personagens secundários. Desde que os gibis passaram a ser quinzenais, eles estão padronizando as quantidades de páginas nas histórias. Agora costuma ser fixo de histórias de abertura com 12 páginas, quando muito com até 15 páginas e as demais histórias bem curtas entre 1 a 4 páginas, raramente mais que isso. Então, essa edição seguiu esse estilo com muitas histórias entre 1 a 4 páginas, por isso ter 11 histórias no total.

Após a de abertura, Denise tem outra história solo, "Carregador", com 4 páginas, em que ela precisa carregar seu celular e esquece que tinha emprestado para a Mônica e carregador vai passando de mão e mão de cada personagem. Mostra o uso de tecnologia nas histórias que está sendo muito presente, com personagens mexendo com celular, internet, redes sociais, para atrair atenção das crianças de hoje. E chato de personagens irem para histórias de outros personagens de núcleos diferentes através de lápis mágico da Marina, antigamente eles iam para outra história de boa, sem dar satisfação, só pelos absurdos dos quadrinhos, e agora tem que ser sempre com lápis mágico. Cansativo.

Em seguida vem "Tutti-Frutti", com 2 páginas  em que o Binho, irmão da Milena, quer comer tutti-frutti. História para ensinar para as crianças pequenas o que se trata embalagens de produtos que tem sabor tutti-frutti e tirar as dúvidas e ainda mensagem de reflorestamento no final. Bem fraquinha, já para o povo do politicamente correto é um tipo de história perfeita.

Depois vem Anjinho com a história muda "Nuvem rebelde", de 3 páginas, bem bobinha, em que ele tem que lidar com uma nuvem de chuva enquanto dormia. Depois dos passatempos, tem Luca com "Trocando teclas", de 2 páginas, em que o Luca troca os comandos dos botões da cadeira de rodas que o Franjinha projetou. Após, "Mágica de desaparecer", de 1 página, em que o Nimbus faz mágica para desaparecer as comidas na mesa. Agora todas as histórias têm que ter título obrigatoriamente, até as de 1 página.

Em "Lembra do "N-Sim"?", de 3 páginas, Tina faz a Pipa lembrar do grupo "N-Sim" e Pipa diz que era fã e ainda tem tudo guardado do grupo até hoje como páginas de fotos e recortes, pôsteres, etc. A paródia foi do grupo de boy band 'N Sync. Dessa vez até colocaram uma variação da palavra "louco" que vem proibindo, pelo visto variações permitem. Tina mexendo em laptop para mostrar cotidiano com tecnologia. Foi a única história dessa revista que consegui rir pelo final, que de fato foi engraçada e teve uma piada final digna. 

Em "Opostos", de 1 página, uma conversa de Dona Morte e Dona Cegonha sobre opostos de suas preferências. Em seguida vem "O panda", com 2 páginas, em que a Maria Cebolinha tenta explicar sobre a vida do urso panda na selva para a mãe, Dona Cebola. Todas as informações bem didáticas e até absurdo de como uma criança de 2 anos ter todo esse conhecimento de mundo animal. Agora histórias da Maria Cebolinha com seu urso panda de pelúcia que cria vida e fala só na frente dela, historinhas para agradar as crianças bem pequenas. 

A revista termina com "Um lindo desenho", de 4 páginas, em que a Tati vê a Marina desenhando e quer desenhar também. História para ensinar e mostrar visão de mundo de quem tem síndrome de down e dar representatividade. Pena que o roteirista Robson Lacerda já teve tantas histórias clássicas divertidas e agora tem que ficar restrito a histórias educativas assim.

Teve tirinha final com Do Contra querendo dar susto no Cebolinha. E no expediente final, confirma que é a edição "Nº 400", com contagem desde que a revista se chamava "Parque da Mônica" e continuam colocando que é uma revista mensal sem terem atualizado para quinzenal. 

Então, a revista seguiu os padrões atuais de ser cartilha educativa, ensinar coisas e dar lições de moral e representatividade, pouco humor, sem conflitos e traços digitais feios agradando em cheio a quem é a favor do politicamente correto e teve uma história comemorativa de 400 revistas de "Turma da Mônica" que dava para ser melhor e mais desenvolvida, mas pelo menos a marca histórica não passou em branco. Vale se quer ter edição especial de "Nº 400" na coleção. Fica a dica. As outras revistas "Nº 65" da primeira quinzena de outubro não comprei, portanto, não tem review delas aqui.