Desde 2012, Pelezinho voltou a ter gibis nas bancas, sendo que nenhum deles são histórias inéditas. "As Melhores Histórias do Pelezinho" e "Pelezinho Coleção Histórica", nas bancas, são republicações dos gibis dele da Editora Abril dos anos 70 e 80, além do livro "As Tiras Clássicas do Pelezinho", em livrarias, que republicam as tiras antigas de jornais. , todos são republicações dos gibis dele da Editora Abril dos anos 70 e 80. Vale a pena comprá-los. Nessa postagem eu falo do gibi "As melhores histórias do Pelezinho" nº 4, o último que chegou nas bancas.
"As Melhores Histórias do Pelezinho" (MH-PLZ) é uma revista bimestral de 68 páginas. Tem formato tipo gibi convencional sem lombada, mas se trata de almanaque mesmo porque são republicações. As histórias republicadas têm foco nas últimas edições de Pelezinho da Editora Abril (por volta de 1981/ 82), enquanto que em "Pelezinho Coleção Histórica" republica as primeiras histórias em sequência e na íntegra. Seguindo esse raciocínio, para quem compra as duas edições, vai ter desvantagem de chegar uma hora que isso vai se inverter. E, com isso, as histórias que saírem em "MH-PLZ" já vai tê-las na "Coleção Histórica" e vice-versa. E também a gente sabe que a coleção será limitada.
Como na Editora Abril, Pelezinho só teve 58 edições, "MH-PLZ" deve ir até esse número ou até menos um pouco, por alguns motivos: o primeiro que "MH-PLZ" tem 68 páginas enquanto que em PLZ da Editora Abril tinham 52 páginas. Fora que as revistas da Editora Abril tinham sessão de cartas e muitas páginas de passatempos nas primeiras edições e agora na "MH-PLZ" não tem. Outro motivo é que provavelmente vão insistir em não republicarem histórias totalmente incorretas no julgamento da MSP. Acho que "MH-PLZ" só terá mais de 58 edições se republicarem novamente as histórias (re-republicações) ao longo das edições, ou senão façam uma 2ª série dessa coleção, exatamente como fizeram como os Almanaques do Gibizinho da Mônica quando não tiver mais histórias apropriadas para reedição. Claro que devem republicar também as histórias que saíram nos especiais das Copa 1986 e de 1990 (esse último já da Editora Globo), mas mesmo assim não alcançaria muito além de 58 números. A "Pelezinho Coleção Histórica" também será limitada.
Capas de "As Melhores Histórias do Pelezinho" nº 1, 2 e 3 |
Eu coleciono, já que eu não tive muito contato com as histórias do Pelezinho, mas das poucas que eu tinha lido, gostei muito. Claro que a maioria das histórias tem foco em futebol, mas por incrível que pareça não fica repetitivo só falar de futebol, são histórias gostosas de ler, fora que são de uma época que o incorreto predominavam nas histórias. Além do mais, não é comum republicarem histórias da Editora Abril hoje em dia. Nem dá pra comparar com as histórias do Ronaldinho Gaúcho que, de semelhante, só histórias voltadas ao futebol. Em "Ronaldinho Gaúcho" é tudo simples, ele não tem uma turma igual ao Pelezinho, os personagens são todos inspirados na sua família, não tem nem vilão antagonista que tenha inveja dele e queira tomar o seu lugar, como o Jão Balão da turma do Pelezinho. Sem contar o predominio do politicamente correto cansativo, comum aos gibis da atual Turma da Mônica.
Agora falando da edição nº 4, como sempre muito boas as histórias. Esse número tem 12 histórias, incluindo a tirinha final. O que chamou a atenção que foram poucas histórias falando de futebol nessa edição. Foram mais situações cotidianos do Pelezinho e sua turma. O gibi dele é marcado com histórias curtas e objetivas, incluindo as de abertura, e as dessa edição não foi diferente. Gostei da história de abertura que tem um diabo presente, coisa que não tem nas revistas inéditas da MSP hoje em dia.
Só que, como nada é perfeito, "MH-PLZ" também tem os inconvenientes de mudanças nas histórias originais para se adaptarem ao politicamente correto. Quando eles cismam com isso não tem jeito. Assim como já falei casos que aconteceram recentemente em Cascão 50 Anos e Almanaque da Mônica nº 38, nessa edição MH-PLZ não foi diferente. Tiveram algumas alterações, deixando claro que eu não tenho as revistas originais pra confirmar, mas pelo contexto que explico a seguir, está na cara que mudaram.
Na história de abertura eles mudaram a palavra "azar" para "má sorte". Como foi falado isso em uma Coleção Histórica em uma história do Chico Bento, nos gibis atuais, a MSP não coloca mais a palavra "azar" nas historinhas. Quando precisam colocar essa palavra, eles mudam essa palavra por "falta de sorte" ou "má sorte". E, consequentemente, nas republicações as alterações são inevitáveis. Acho totalmente sem noção a MSP agora se tornar também supersticiosa e mudar isso, não faz sentido algum excluir uma palavra do vocabulário. Um absurdo. Com isso, nas vezes que falaram "azar" nessa história do Pelezinho, mudaram para "má sorte" inclusive no título que deve ser "Azar à solta" e, na hora que o Teófilo supostamente falou "Que azar!" no gibi original, trocaram agora para "Que zica!", gíria que nem devia existir nos anos 80. Lamentável! Mostro alguns trechos dessa história deles não falando a palavra "azar".
Já na história "Um banho demorado", pelo menos mantiveram como na original com Pelezinho de bunda de fora ao tomar banho pelado no início. Na época era supercomum os personagens aparecerem pelados, tantas vezes o Chico Bento já apareceu pelado tomando banho no rio, por exemplo, hoje em dia é proibido nos gibis. Mantiveram também o Pelezinho chamando o Cana Brava de "cabeçudo" nessa história e os personagens xingando "Diacho!" em 2 histórias dessa edição, coisas que também não existem mais nas histórias atuais. Menos mal.
É bom lembrar que houve também uma alteração em "MH-PLZ" Nº 3 na história "Bonga e o príncipe desencantado" em que a Bonga conversa com um sapo que era príncipe, e que mudaram o sapo falando que era fã da Lady GaGa (Lady Caca na história). só queria saber qual cantor (a) original que eles mudaram. Deve ser um bem de época anos 80 para fazerem isso. Nessa história mantiveram os nomes do Toni Ramos, Fabio Junior e Ronnie Von (parodiados), sendo que vai saber se também na época não foram parodiados os nomes deles, e na republicação agora parodiaram. Agora alteram qualquer coisa sem mais, nem menos, não duvido nada. Sem contar que essas alterações nas histórias tem a falta de respeito com o roteirista original. Com certeza ele não gostaria de saber que o seu texto e trabalho foram alterados para atender aos novos padrões da MSP.
Fico pensando se fizessem histórias inéditas do Pelezinho, seria igual a qualquer gibi da Turma da Mônica. não teria o mesmo encanto. Se fazem essas alterações toscas nas histórias republicadas, então histórias novas deles não teriam graça. E juntando esses traços de atuais, nem se fala. É melhor mesmo que fiquem só com republicações mesmo para não estragar o personagem.
Apesar desses deslizes, é uma ótima coleção, e essa edição também é boa. Para quem pensa em colecionar apenas um título, a "Coleção Histórica" dele é melhor. Claro que "Coleção Histórica" tem algumas desvantagens, só que pelo menos o conteúdo original permanece, nem que tenha que falar nos comentários que "nas histórias de hoje não é mais assim" o tempo inteiro. Enquanto que em "MH-PLZ" podemos encontrar alterações em histórias. Fica a dica.