sexta-feira, 30 de março de 2018

Chico Bento: HQ "Cria coelhos"

Compartilho uma história bem divertida de quando o Chico Bento comprou um casal de coelhos na feira dando muita confusão para ele. Com 12 páginas no total, foi publicada em 'Chico Bento Nº 52' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Chico Bento Nº 52' (Ed. Globo, 1989)

Começa com o Chico Bento e o seu pai, Seu Bento, animado por ter vendido as abóboras do sítio na feira, quando Chico vê um cara vendendo coelhos e pede para o seu pai comprar. Seu Bento diz que não porque dá muito trabalho e deixa o filho olhando os coelhos enquanto vai comprar algumas coisas para a mãe na feira.


Chico pega no coelho, achando bem fofinho e o vendedor pergunta se quer comprar e faz por um preço bem barato. Chico diz que só tem cem Cruzados e o vendedor aceita, deixando ficar com o casal de coelhos que tinha para poder ir embora logo e que aí eles teriam crias e Chico ia ficar com porção de coelhinhos. Chico paga e deixa os coelhos dentro do seu chapéu.


Chico sai da feira com seu pai e no caminhão os coelhos começam a fazer cosquinhas na cabeça e ele começa a gargalhar. Seu Bento estranha a risada e Chico diz que é porque está contente por estar voltando para casa. Quando chegam em casa, Chico vai direto para o quarto, com um pouco de culpa por ter desobedecido o pai, e deixa o casal de coelhos em gaveta de uma cômoda até que tenha coragem de contar para o pai.


Os dias passam e Chico vai cuidando dos coelhos dentro da gaveta e não conta nada para o pai até que tem uma surpresa de aparecer mais 3 coelhinhos na gaveta. Eram filhotes do casal. Em seguida a sua mãe, Dona Cotinha bate na porta para limpar o quarto dele e estranha o filho estar trancado lá. Ela diz ainda que vai limpar tudo, inclusive as gavetas e tem sentido um mau cheiro lá. Chico se assusta e diz que não precisa porque ele mesmo faz a limpeza. Enquanto varre, Chico reclama que os coelhos estão dando mais trabalho que pensava.


Passa mais uns dias Chico chama o Zé da Roça para conhecer os 5 coelhos. Quando abrem a gaveta, encontram vários coelhos na gaveta, que acabam saindo pra fora. Chico e Zé da Roça recolhem os coelhos e põem alguns na gaveta e outros no armário do quarto. Chico tem a ideia de distribuir os coelhos antes que se multipliquem mais, quando aparecem os seus pais contando novidade que vão viajar e ficar uns dias fora. Eles vão visitar um primo de Minas Gerais que quebrou a perna e Seu Bento tem que ajudá-lo no roçado e vão sair dentro de meia hora. Com isso, Chico lamenta que não vai poder se livrar dos coelhos.


No caminho da viagem, Seu Bento percebe que o filho está triste e diz que sempre gostou de viajar para Minas e Chico diz que dessa vez vai sentir falta de casa e só fica pensando nos coelhos em toda a viagem e enquanto está na roça do seu primo de Minas. Tudo que ele faz só fica pensando nos coelhos, preocupado com as crias deles, até dormindo ele não parava de pensar. Até que o primo do seu pai fica curado e a família do Chico volta para casa.


Quando chegam, Chico impede os pais entrarem na casa, fica na frente da porta e sugere para eles almoçarem na vila enquanto ele guardas as malas. Seu Bento diz que quer descansar e vai entrar. Quando abre a porta, surgem vários coelhos para fora, assustando todo mundo. Seu Bento pede explicação ao Chico e ele diz que comprou os coelhos na feira escondido, mas não sabia que eles se multiplicavam tanto assim.

Não dá nem tempo do Seu Bento dar bronca ou surra no Chico, pois os coelhos passam a invadir as plantações do sítio, dando vários prejuízos; Eles tentam pegar os coelhos um a um, mas são rápidos e não conseguem. Dona Cotinha tem a ideia de preparar uma sopa de cenoura, que faz atrair todos os coelhos em volta da panela e assim eles conseguem prender os coelhos em uma rede gigante.


Seu Bento consegue vender os coelhos e com o dinheiro que conseguiu dá para pagar o prejuízo das plantações que os coelhos comeram. Chico pensa que o pai vai dar uma surra nele por ter comprado os coelhos, mas o Seu Bento perdoa por ele não ter feito por mal e não ia adivinhar e ainda dá de presente ao Chico um coelho daqueles, mas um só para não dar crias. Chico fica feliz e leva para o quarto e sai para pegar uma cenoura. No final, a gente descobre que era uma coelha, a mesma que o Chico comprou na feira e o coelho que ele também havia comprado estava na gaveta o tempo todo, prestes a começar tudo de novo.


Essa história é muito boa, mostrando como a desobediência do Chico em comprar coelhos que o pai não deixou pôde causar tanta confusão para ele. Ele não tinha conhecimento que coelhos reproduzem rápido e o vendedor, sabendo disso, queria se livrar dos coelhos vendendo muito barato (cobrou menos que o preço do gibi que foi de 250 Cruzados para ter uma ideia!) e acabou acontecendo do Chico criar ninhada em casa. Engraçado ver o Chico sem entender a aparição de mais coelhos sempre quando abria a cômoda do quarto e todas as situações que passou pra ver conseguia se livrar deles, piorando quando eles viajaram. 


Os traços muito caprichados e encantadores, bem típicos do final dos anos 80. Na época gostavam muito de mostrar os personagens chorando de boca aberta olhando pra cima, aparecendo praticamente só a boca. Cores muito boas também e as letras até ficaram um pouco diferente o padrão que era, mas sempre feitas a mão, o que fazia a diferença nos gibis antigos.  Eles caprichavam na arte do título, dessa vez colocando um coelho lá. Os detalhes na feira bem interessante também, como  a parte do vendedor vendendo galinhas e a mulher fazendo cara feia pensando que era com ela. Todos esses detalhes que faziam a diferença.


Tem umas curiosidades como o Seu Bento aparecer como fornecedor de feira, ou seja, vender suas plantações para a feira. De vez em quando tinham histórias assim como empreendedor vendendo produtos para feira. Outra coisa interessante é a presença de um primo distante do Seu Bento com filho pequeno, consequentemente primos do Chico Bento também. As vezes apareciam outros primos e primas do Chico sem ser o Zeca da cidade e o Zé Lelé. Sempre esses outros primos e familiares aparecendo só em uma história e nunca mais sendo vistos depois.


Nunca foi republicada até hoje. Quase todas dessa época já foram republicadas, essa deveria ser por volta de 2001, mas acabou não sendo por causa das várias situações incorretas nela. O próprio tema de criar coelhos escondido dentro de uma gaveta já é considerado um maltrato a animais e aí já não republicariam. Tem também a desobediência do Chico de ter comprado os coelhos e o Seu Bento insinuando a dar um "couro" (surra) no Chico e isso não é bem vindo hoje de pais baterem nos filhos, além do Chico falando "Diacho!", palavra proibida atualmente, Seu Bento dirigindo sem cinto de segurança e fumando cachimbo no final. Tudo isso não é permitido nos gibis atuais e algumas dessas situações seriam alteradas, estragando toda a história. Outra coisa alterada seria o valor que o Chico pagou pelos coelhos, "cem Cruzados" seria alterado para "Real". 


A Panini estava re-republicando histórias do Chico de 1989 nos gibis há algum tempo e mais uma vez não foi republicada. Ou seja, ela é uma história muito boa e rara, já que é impublicável pela MSP por conta do politicamente correto, mas se for pra estragar com alterações é melhor que fique sem republicar mesmo.

17 comentários:

  1. Que HQ nota DEZ foi essa? xD Nunca tinha lida antes...vlw, Marcos!! :D

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    1. Excelente história, sem dúvida. Muito rara mesmo. :D

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  2. kkkkk. Engraçada demais essa história.

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  3. Gostei desta história, porque ele me trouxe boas lembranças, pois quando eu era adolescente um vizinho amigo do meu pai tinha um casal de coelhos e eu ia lá só para vê-los, inclusive eles tiveram 3 filhotes depois, fora que eu frequentava muitas feiras parecidas com a mostrada no início da história. Bons tempos. Por isso que eu gosto muito das histórias do Chico Bento, eu me sinto como se estivesse mesmo numa região rural.

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    1. Bacana seu relato. De fato histórias do Chico a gente se sente como estivesse na roça mesmo.

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  4. Muito bom! Dei muita risada, aqui com essa história!

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  5. Hilária essa história haha pela sucessão de confusões que a reprodução dos coelhos causa. Demais a cena dos três correndo atrás dos coelhos pelo sítio!
    Fim dos 80, começo dos 90, pra mim a época de ouro da TM, pois eram as historinhas mais singelas, mais cotidianas não só do Chico como da TM em geral (nos anos 80 tinha muita história com bandido,eu não gostava, e nos anos 2000 já sabe, né?). Até daria pra ser republicada se só dependesse de trocar o "diacho" e tirar o cachimbo do nhô bento. Mas os coelhos na gaveta não teriam como disfarçar. Que pena!
    (falando nisso, outro dia estava lendo num almanaque uma história do TVluisão, e aparecia um passarinho num poleiro de forma que ficava muito claro que era uma gaiola no original. Aí no último quadrinho o pássaro aparece dentro de uma gaiola huauhauahuahuah quer dizer, as alterações são tão nas coxas que esses erros acabam saindo! fazem tanta questão de reparar histórias antigas mas deixaram passar justamente o que queriam suprimir hehehehe)

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    1. Muito boa. Eles não republicaram essa pelo visto por causa dos coelhos nas gavetas e do Chico ter desobedecido o pai. As outras coisas eles alterariam tranquilamente.

      Sim, eles não estão mais colocando passarinhos em gaiolas e fazem questão de mudar isso nos almanaques. Só que como muitas dessas alterações, eles tentam consertar o erro e fica pior do que seria se não mudasse, chegando a ponto de ser bizarro e ridículo. Tem alguns posts de alterações assim aqui no Blog, só não fiz mais por não estar comprando gibis novos.

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    2. eles não podem desobedecer os pais mesmo que tomem uma lição depois? Nessa história mesmo o Chico desobedece o pai mas depois se dá conta da situação insustentável que criou.
      Affe, querem agora que todos sejam filhos exemplares?

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    3. Pois é, não podem. Antes desobedeciam, mas sempre tinha a lição merecida, se davam mal no final. Agora é tudo exemplar, seguindo a cartilha do politicamente correto.

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  6. Pois é Marcos, nessa época os traços e expressões dos personagens eram mais naturais e mais bem desenhadas. Nas histórias atuais estão apelando para expressões e feições exageradas, muito mal feitas. Tem uma história recente do Mingau por exemplo,( Magali número 30 da Panini de outubro de 2017 - a história " A invasão dos besouros") que o Mingau fica nervoso e desenharam expressões do personagem que ficaram ridículas. Ele ficou irreconhecível de tão mal feito. Qual é o objetivo disso, afinal de contas? Antigamente, era tudo de muito bom gosto e bem feito. Hoje em dia, parece que querem é forçar a barra e chamar a atenção.

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    1. Concordo, os traços são horrorosos e muito forçados. Cada vez pioram mais. Fora que a maioria são traços de PC, sem ser a mão como era antes.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Feliz por finalmente ver essa história por aqui, eu tenho um certo carinho por ela por lembrar que na época em 1989 eu li essa edição na sala de aula na terceira série e a professora tomou
    ..rs
    .E desde então nunca mais eu vi essa clássica história , busquei em sebos,Internet etc,obrigado

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